3. Após o oferecimento de informações, a medida liminar foi deferida nos seguintes termos:

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1 PROCESSO Nº / PRC MANDADO DE SEGURANÇA Nº PROCEDÊNCIA : DISTRITO FEDERAL RELATOR : MINISTRA CÁRMEN LÚCIA IMPETRANTE : CARLOS EVANDRO PEREIRA DE MENESES IMPETRADO : TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO LITISCONSORTE: UNIÃO I Trata-se de mandado de segurança, com pedido de liminar, contra os acórdãos ns. 6088/2010, 5914/2011 e 9512/2011 da Primeira Câmara do Tribunal de Contas da União, que condenaram o Impetrante a ressarcir a quantia de R$ ,33 (cento e dezesseis mil, oitocentos e cinco reais e trinta e três centavos), por não ter comprovado a aplicação de recursos disponibilizados ao Município de Serra Talhada, PE, pela Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e do Parnaíba - CODEVASF. 2. Relata o Impetrante, em síntese, que o TCU desconsiderou as provas apresentadas na tomada de contas porque não conseguiu apresentar os extratos da conta vinculada ao Convênio, já que a Caixa Econômica Federal não os forneceu desatendendo às solicitações do Município e às determinações da Corte de Contas e do Poder Judiciário. 3. Após o oferecimento de informações, a medida liminar foi deferida nos seguintes termos:

2 7. Para deferir a medida liminar em mandado de segurança, o art. 7º, inc. III, da Lei n /2009 e art. 203, 1º, do Regimento Interno do Supremo Tribunal exigem a conjugação de relevante fundamento e a circunstância de que do ato impugnado possa resultar a ineficácia da medida caso essa venha a ser deferida somente ao final. Na espécie, os requisitos estão presentes. 8. Em , o Tribunal de Contas da União, por meio do Ofício n. 1538/2009, solicitou ao gerente da agência de Serra Talhada/PE da Caixa Econômica Federal que enviasse extratos bancários da conta n , ( ) contendo toda a movimentação, bem como cópias frente e verso dos cheques e/ou lançamentos debitados na referida conta, com identificação dos respectivos favorecidos. Em , reiterou o pedido (Ofício n. 22/2010), que, no entanto, não foi atendido. A Tomada de Contas Especial n / foi julgada pela Primeira Câmara do Tribunal de Contas da União, em , sem que os documentos solicitados tivessem sido juntados. Nos dias 21, 24 e 29 de setembro de 2010, a Prefeitura do Município de Serra Talhada/PE, por meio dos Ofícios n. 230/2010, 236/2010 e 241/2010, solicitou ao gerente da Caixa Econômica Federal da Agência daquele Município que enviasse os extratos da conta-corrente n e da conta vinculada de aplicação financeira e as cópias dos cheques emitidos. Em , a Primeira Câmara do Tribunal de Contas da União negou provimento ao recurso de reconsideração interposto pelo ora Impetrante na Tomada de Contas Especial n / e, a respeito dos extratos bancários, ressaltou: 9. Ademais, apesar de asseverar que faria a juntada aos autos dos extratos bancários solicitados à Caixa Econômica Federal em setembro de 2010 (fls , anexo 3), para demonstrar a regular aplicação dos valores, o recorrente não o fez. Por consequência, impossível estabelecer o nexo de causalidade entre os comprovantes de despesas acostados aos autos e os recursos descentralizados à municipalidade pela Codevasf. Assim, não há como acolher suas razões recursais. 2 Em , o Prefeito do Município de Serra Talhada/PE, ora Impetrante, por meio do Ofício n. 210/2011, reiterou os pedidos feitos ao gerente da Caixa Econômica Federal da agência daquele Município. Em 1º , o Município de Serra Talhada/PE ajuizou a Ação Cautelar de Exibição de Documentos n , com pedido de medida liminar, contra a Caixa Econômica Federal, para que fosse determinada a exibição dos extratos bancários desde até a data atual (emissão do extrato) e as microfilmagens dos cheques emitidos, da contacorrente n e conta de aplicação, agência 0914, da CEF, ou o depósito em cartório, no prazo máximo de 05 (cinco) dias (fl. 7 da prova 1). Em , o juízo da 18ª Vara Federal da Seção Judiciária de Pernambuco deferiu a medida liminar para determinar que a Caixa Econômica Federal apresentasse os documentos requeridos no prazo de cinco dias (fl. 55 da prova 1). Essa determinação, no entanto, não foi cumprida, conforme certidão à fl. 107 da prova 1. A Ação Cautelar de Exibição de Documentos n está conclusa para sentença desde , conforme consta do sítio da Justiça Federal de Pernambuco.

3 Carlos Evandro Pereira de Meneses, ora Impetrante, protocolou petição no Tribunal de Contas, em , e informou ter ajuizado a Ação Cautelar de Exibição de Documentos n e ter obtido a medida liminar pleiteada. Em , protocolou nova petição para esclarecer que a medida liminar ainda não teria sido cumprida pela Caixa Econômica Federal e ressaltou que juntaria os documentos, assim que fossem recebidos. Em 1º , a Primeira Câmara do Tribunal de Contas da União rejeitou os embargos de declaração opostos por Carlos Evandro Pereira de Meneses na Tomada de Contas Especial n /2008-8, sob os seguintes fundamentos: 6. Inexiste omissão no acórdão guerreado. A plataforma de argumentos e fatos consignados em seu relatório, voto e acórdão se baseou em documentos presentes aos autos. A direção que o colegiado tomou ao decidir não poderia fundar-se em outros insumos senão nas provas documentais e na lei que disciplina a interposição de recursos no âmbito do Tribunal de Contas da União. Meras alegações e a ausência do extrato bancário da conta-corrente do convênio impossibilitaram o exame dos demais probatórios de execução do objeto, considerando-se que somente o extrato é suficiente para demonstrar o nexo de causalidade entre os valores recebidos dos cofres federais e sua efetiva aplicação no objeto. Essa é a razão do não acolhimento daqueles documentos como hábeis para aprovar as contas do recorrente (...). 3 Em , o ora Impetrante foi comunicado, por meio do Ofício n /2011 do Tribunal de Contas da União, do julgamento dos embargos de declaração e notificado para, no prazo de 15 (quinze) dias, (...) comprovar, perante o Tribunal, o recolhimento da dívida aos cofres da Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e do Paranaíba CODEVASF a quantia de R$ ,33 (cento e dezesseis mil oitocentos e cinco reais e trinta e três centavos) (prova 12). 9. Os extratos bancários da conta-corrente n da Caixa Econômica Federal relacionada ao Convênio Codevasf n /00 foram inicialmente requisitados pelo Tribunal de Contas da União, que julgou a Tomada de Contas Especial n / apesar de não terem sido juntados esses extratos. O Impetrante despendeu esforços para obter os extratos bancários em questão, remeteu ofícios ao gerente da agência da Caixa Econômica Federal localizada no Município de Serra Talhada/PE e ajuizou ação cautelar de exibição de documentos. O Tribunal de Contas da União, mesmo após ter sido informado pelo Impetrante da medida liminar deferida na Ação Cautelar de Exibição de Documentos n , julgou os embargos de declaração sem aguardar a apresentação dos extratos que ele entende indispensáveis para demonstrar o nexo de causalidade entre os valores recebidos dos cofres federais e sua efetiva aplicação no objeto (Acórdão n. 9512/2011). Assim, nesse exame preliminar e precário, próprio das liminares, demonstra-se a inobservância do princípio constitucional da ampla defesa, pois o Impetrante ficou impossibilitado, não por culpa sua, de produzir provas que considera essenciais à sua defesa. Ademais, o indeferimento da medida liminar poderá resultar na ineficácia da medida, caso essa venha a ser deferida somente ao final, em

4 razão da determinação para que o Impetrante comprove o recolhimento de R$ ,33 (cento e dezesseis mil oitocentos e cinco reais e trinta e três centavos) aos cofres da Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e do Paranaíba Codevasf. 10. Pelo exposto, defiro a medida liminar para suspender os efeitos dos Acórdãos n. 6088/2010, 5914/2011 e 9512/2011 proferidos na Tomada de Contas Especial n / Defiro o pedido de ingresso da União no feito e sua intimação para os atos processuais ulteriores. 12. Vista ao Procurador-Geral da República (art. 12 da Lei n /2009 e art. 205 do Regimento Interno do Supremo Tribunal Federal) A União agravou da concessão da liminar, sustentando que a regularidade das contas poderia ser comprovada por outros meios, conforme informado pelo Impetrado. 5. É o relato do necessário. II 6. O TCU condenou o Impetrante pela ausência de comprovação da aplicação de recursos, desconsiderando os documentos apresentados, por entender impossível estabelecer o nexo de causalidade entre os comprovantes de despesas acostados aos autos e os recursos descentralizados à municipalidade pela Codevasf, em razão da ausência dos extratos da conta vinculada. 7. No caso, restou comprovado que a ausência dos aludidos extratos não pode ser atribuída ao Impetrante, mas unicamente à CEF. 8. Assim, eventual dúvida sobre os documentos apresentados pelo Prefeito ensejaria a conversão do julgamento em diligência não a desconsideração dos mesmos.

5 5 9. Ressalte-se que o nexo entre os comprovantes de despesas acostados aos autos e os recursos descentralizados à municipalidade pela CODEVASF pode ser comprovado via perícia, a partir da conta credora. 10. A liminar, portanto, merece ser mantida e a segurança concedida a fim de garantir ao Impetrante a produção das provas que forem necessárias. III 11. Diante do exposto, o parecer é pelo improvimento do agravo e concessão da segurança para anular os acórdãos do TCU. Brasília, 25 de outubro de PAULO DA ROCHA CAMPOS Subprocurador-Geral da República