Supremo Tribunal Federal

Transcrição

1 Diário da Justiça de 01/06/ /05/2007 PRIMEIRA TURMA RELATOR : MIN. RICARDO LEWANDOWSKI AGRAVANTE(S) : JOSÉ BERNARDO RAMIRES CARAVELAS E ADVOGADO(A/S) : EDUARDO JERONIMO PERES E AGRAVADO(A/S) : CARMELINA LEMBO SULTANI ADVOGADO(A/S) : VERA LUCIA INACIO DA SILVA E EMENTA: PROCESSUAL CIVIL. AGRAVO REGIMENTAL EM AGRAVO DE INSTRUMENTO. RECURSO EXTRAORDINÁRIO. INTEMPESTIDADE. SUSPENSÃO DE PRAZO. FÉRIAS COLETIVAS. I - A EC 45/04 acrescentou o parágrafo XII ao art. 93 da Constituição Federal, que diz: a atividade jurisdicional será ininterrupta, sendo vedado férias coletivas nos juízos e tribunais de segundo grau, funcionando, nos dias em que não houver expediente forense normal, juízes em plantão permanente. Assim, observa-se da redação do mencionado artigo que tal regra não se estende aos Tribunais Superiores. Precedente. II - A jurisprudência desta Corte tem se orientado no sentido de que compete ao Tribunal ad quem a verificação da tempestividade do recurso que há de julgar, pois a interposição do agravo devolve à esta Casa o exame irrestrito dos requisitos de admissibilidade do recurso extraordinário, dentre os quais, o da sua tempestividade. Precedentes. III - Agravo regimental improvido. A C Ó R D Ã O Vistos, relatados e discutidos estes autos, acordam os Ministros da Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal, sob a Presidência do Senhor Ministro Sepúlveda Pertence, na conformidade da ata de julgamentos e das notas taquigráficas, por decisão unânime, negar provimento ao agravo regimental no agravo de instrumento, nos termos do voto do Relator. Brasília, 15 de maio de 2007.

2 AI AgR / SP Supremo Tribunal Federal RICARDO LEWANDOWSKI- RELATOR

3 15/05/2007 PRIMEIRA TURMA RELATOR : MIN. RICARDO LEWANDOWSKI AGRAVANTE(S) : JOSÉ BERNARDO RAMIRES CARAVELAS E ADVOGADO(A/S) : EDUARDO JERONIMO PERES E AGRAVADO(A/S) : CARMELINA LEMBO SULTANI ADVOGADO(A/S) : VERA LUCIA INACIO DA SILVA E R E L A T Ó R I O O Sr. Ministro RICARDO LEWANDOWSKI: - Trata-se de agravo regimental interposto da decisão que negou seguimento ao agravo de instrumento por intempestiva a interposição do recurso extraordinário. O agravante sustenta que, tendo o Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo permanecido inerte quanto à tempestividade do recurso extraordinário, ele acabou por atestá-la. Sustenta, ainda, a ocorrência da suspensão dos prazos nos períodos de 2 a 31 de janeiro e 2 a 31 de julho, em virtude das férias coletivas, motivo pelo qual encontra-se tempestivo o referido recurso. É o relatório.

4 15/05/2007 PRIMEIRA TURMA V O T O decisão impugnada: O Sr. Ministro RICARDO LEWANDOWSKI (Relator): Assim a Trata-se de agravo de instrumento contra decisão que negou seguimento a recurso extraordinário. Bem examinados os autos, verifico que o recurso extraordinário foi interposto intempestivamente. O acórdão recorrido foi publicado em (fl. 599). A petição do extraordinário foi apresentada somente em (fl. 605), após o decurso do prazo legal. 693.) Isso posto, nego seguimento ao recurso. (Fl. Bem reexaminada a questão e sem embargos dos argumentos expendidos pelos agravantes, verifica-se que a decisão não merece reforma. A EC 45/04 acrescentou o parágrafo XII ao art. 93 da Constituição Federal, que diz: a atividade jurisdicional será ininterrupta, sendo vedado férias coletivas nos juízos e tribunais de segundo grau, funcionando, nos dias em que não houver expediente forense normal, juízes em plantão permanente.

5 AI AgR / SP Supremo Tribunal Federal Assim, observa-se da redação do mencionado artigo que tal regra não se estende aos Tribunais Superiores. Ocorre que o agravante, em suas razões, não observou que, no caso, a interposição do recurso extraordinário dá-se perante o Presidente do Tribunal de Justiça e não perante esta Corte, não havendo falar, portanto, em suspensão de prazo em decorrência de férias coletivas. Conforme mencionado na própria petição de agravo, Antes da EC 45 (reforma do Judiciário), as férias forenses eram coletivas em dezembro e janeiro para os tribunais superiores, para a segunda instância e até na primeira instância em alguns Estados. Agora, apenas o STJ e STF gozam de férias coletivas (fls. 703 e 704). Quanto às férias coletivas para juízos e tribunais de 2º grau, trago o posicionamento desta Corte quanto à sua inconstitucionalidade, extraído do julgamento da ADI 3.823/DF, Rel Min. Cármen Lúcia, julgada em 6/12/2006, Informativo 451 do STF: O Tribunal deferiu medida cautelar em ação direta de inconstitucionalidade ajuizada pelo Procurador- Geral da República para suspender a eficácia do Ato Regimental 5/2006, do Tribunal de Justiça do Distrito Federal e Territórios TJDFT, e da Resolução 24/2006, editada pelo Conselho Nacional de Justiça CNJ, que dispõem sobre as férias coletivas nos juízos e tribunais de 2º grau. (...) Entendeu-se que os atos normativos

6 AI AgR / SP Supremo Tribunal Federal impugnados violam, a princípio, o art. 93, XII, (...), e o art. 103-B, 4º, (...), ambos da CF. Ademais, tenho que igualmente não prospera o argumento quanto à convalidação da tempestividade do recurso extraordinário pelo Presidente do Tribunal a quo. A jurisprudência desta Corte tem se orientado no sentido de que compete ao Tribunal ad quem a verificação da tempestividade do recurso que há de julgar, pois a interposição do agravo devolve à esta Casa o exame irrestrito dos requisitos de admissibilidade do recurso extraordinário, dentre os quais, o da sua tempestividade. Nesse sentido: AI AgR/PE, Rel. Min. Celso de Mello; AI AgR/DF, Rel Min. Moreira Alves; AI ED/SE, Rel Min. Joaquim Barbosa. Isso posto, nego seguimento ao agravo regimental.

7 PRIMEIRA TURMA EXTRATO DE ATA RELATOR : MIN. RICARDO LEWANDOWSKI AGRAVANTE(S) : JOSÉ BERNARDO RAMIRES CARAVELAS E ADVOGADO(A/S) : EDUARDO JERONIMO PERES E AGRAVADO(A/S) : CARMELINA LEMBO SULTANI ADVOGADO(A/S) : VERA LUCIA INACIO DA SILVA E Decisão: A Turma negou provimento ao agravo regimental no agravo de instrumento, nos termos do voto do Relator. Unânime. 1ª. Turma, Presidência do Ministro Sepúlveda Pertence. Presentes à Sessão os Ministros Marco Aurélio, Carlos Britto, Ricardo Lewandowski e a Ministra Cármen Lúcia. Subprocurador-Geral da República, Dr. Rodrigo Janot. Ricardo Dias Duarte Coordenador