REPRESENTAÇÕES DOS DIRETORES DE ESCOLAS PÚBLICAS SOBRE VIOLÊNCIA NO MUNICÍPIO DE GOIÂNIA

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Transcrição:

REPRESENTAÇÕES DOS DIRETORES DE ESCOLAS PÚBLICAS SOBRE VIOLÊNCIA NO MUNICÍPIO DE GOIÂNIA Faculdade de Ciências Sociais Juliana Dias Moreira FURTADO, julianafurtado23@yahoo.com.br Dijaci David OLIVEIRA, dijaci@gmail.com Palavras-chave: 1.gestão escolar, 2.diretores escolares, 3.representações sobre violência. 1. Apresentação e Justificativa A violência nas escolas apesar de fazer parte de uma pequena proporção no contexto geral da violência no país trata-se de um problema social que tem incomodado a sociedade contemporânea e a opinião pública. A proposta do estudo é investigar como diretores de escolas públicas estaduais do município de Goiânia GO compreendem a violência na escola e quais são as políticas, programas e ações educativas praticadas pelas instituições escolares para o enfrentamento da violência nas escolas. O diretor como gestor escolar tem papel estratégico na escola no sentido de ser a figura responsável tanto pelas funções administrativas como pelas funções pedagógicas. Proponho que a responsabilidade das causas da violência nas escolas não é assumida pelos diretores assim como as medidas diretas para repreendê-la. A escola passou por um processo de massificação, hoje alunos com realidade bem díspares freqüentam o mesmo espaço, diferentemente da escola de alguns séculos atrás, que havia um padrão de alunos, com expectativas, sonhos e limites similares. Os alunos de hoje possuem expectativas, sonhos, valores, cultura, hábitos e limites diversos. A diversidade faz parte da realidade atual da escola, o público mudou, mas escola nem tanto. Assim, Chrispino (2007) aponta que as diferenças entre os alunos da escola atual, são causadoras de conflitos, se não trabalhada, no sentido da escola se preparar para lidar com essas diferenças, podem provocar manifestações violentas.

Essa pesquisa pretende contribuir para a construção de conhecimento sobre violência e a instituição escolar, procurando responder como é possível a escola contribuir para o enfrentamento da violência. 2. Objetivos Compreender a terminologia violência nas escolas por meio do levantamento sobre as representações dos diretores de escolas públicas estaduais; Conhecer as práticas de enfrentamento contra violência escolar exercidas pelas unidades escolares; Analisar os fatores que levam os diretores recorrerem a elementos externos à escola, como o batalhão escolar, para enfrentar a violência; Analisar como são construídas as práticas sociais, valores que indicam e normalizam as violências no âmbito da unidade escolar; 3. Metodologia A estratégia escolhida foi trabalhar com pesquisa bibliográfica e análise crítica dos textos, para refletir sobre as principais conclusões a respeito da violência na escola. Portanto, a pesquisa assume um cunho qualitativo. A pesquisa qualitativa lida com valores, crenças, representações, hábitos, atitudes e opiniões dos sujeitos (Minayo & Sanches, 1993). O objetivo foi realizar um estudo contendo informações sobre os últimos cinco anos, ou seja, desde 2005. Isto não significa que textos emblemáticos (clássicos entre outros) estão sendo deixados de fora, mas apenas que este período foi privilegiado. Tendo em mãos as análises das inúmeras pesquisas e textos publicados sobre o tema, além dos dados, realizou-se um estudo empírico para testar as principais teses levantadas pelos autores discutidos. Para isso foi elaborado uma pesquisa por meio de entrevistas com diretores de escolas estaduais do município de Goiânia. Atualmente o município de Goiânia conta com um universo de 135 Escolas Públicas Estaduais (dados retirados da Secretaria Estadual de Educação SEE). Trinta entrevistas com diretores de escolas públicas estaduais de Goiânia foram feitas e dezenove foram transcritas e analisadas.

Fazem parte dessa amostragem escolas de regiões de baixa renda quanto de alta, assim como regiões centrais e periféricas. 4. Análise dos Dados Durante o Projeto Escola que Proteje Secad/MEC, entrevistas com diretores de 30 escolas do município de Goiânia foram feitas. Dentro da proposta do presente projeto vinculado ao PROLICEN, dezenove entrevistas semi-estruturadas foram transcritas e analisadas. Os dados apresentados serão a análise dos discursos em comum entre os diretores. Seguimos com o primeiro ponto da pesquisa a ser analisado, a compreensão dos diretores de escolas públicas sobre violência na escola. Os três principais pontos em comum nos discursos dos diretores são que a violência na escola é compreendida como: a) reflexo da marginalização na sociedade; b) a violência possui vários seguimentos, ela pode ser velada, um exemplo são as brincadeiras de mau gosto ou a violência pode ser explícita, por exemplo, as agressões físicas; c) a falta de acompanhamento da família com a vida escolar do filho e a desestrutura familiar (ausência de uma família nuclear). No caso das escolas estaduais em Goiânia, o principal fator que tem contribuído para as ocorrências de violência na escola, de acordo com 57.9% dos diretores entrevistados, é a desestrutura familiar. Há vários elementos que podem ser atribuídos como desestrutura familiar. Desde a ausência de uma família nuclear (família constituída por pai, mãe e filhos), até violência doméstica e ausência dos pais em casa, devido à carga-horária de trabalho. A violência não vem somente extramuros, ela é um fenômeno produzido também na e pela escola. Responsabilizar os processos sociais mais amplos pelas causas da violência na escola é conveniente de certa forma, pois, retira do sistema de ensino sua responsabilidade sobre o processo de produção e enfrentamento da violência (ABRAMOVAY, 2006, p. 69). Na seguinte pergunta: Qual a relação entre a violência na escola e a violência doméstica/intrafamiliar? 73,69% dos entrevistados relacionam violência doméstica/intrafamiliar diretamente como causa da violência na escola. Um dos diretores afirma que: Aquele aluno que presencia ou sofre violência em casa, vai agir de forma violenta na escola.

O projeto pedagógico não adequado; não preparo de professores, diretores e demais funcionários; regras autoritárias e limitação de recursos didáticos comprometem a qualidade do ensino e conseqüentemente a relação entre alunos e outros atores sociais na escola. Quando é perguntado aos diretores sobre como a escola lida com as situações mais específicas, como de roubos e furtos, uso de drogas e de vandalismo dentro da escola, em nossos dados, dos 19 diretores entrevistados, 7 (36,84%) pedem auxílio ao Batalhão Escolar, 5 (26,32%) tentam resolver a situação de violência na escola, se não conseguirem, pedem auxílio ao Batalhão Escolar, 1 (5,26%) tenta resolver a situação de violência só na escola e 6 (31,58%) não responderam. O Batalhão Escolar da polícia militar surge nesse cenário para garantir a segurança dos alunos e demais agentes escolares. Diante da dificuldade dos dirigentes escolares lidarem com a violência na escola é possível notar no discurso dos diretores que a polícia está cada vez mais presente no ambiente escolar. 5. Conclusão / Comentários Finais Diante dos dados apresentados associados à discussão teórica podemos confirmar a hipótese da pesquisa, de que há uma desresponsabilização dos diretores de escolas públicas estudais em relação à violência na escola. Em vários pontos da pesquisa a violência na escola é relacionada com a família. Gonçalves (2006, apud Chrispino e Chrispino, 2008) apresenta que, existe a interpretação de que o estabelecimento tem o dever de vigilância e de guarda e cabe a ele evitar atos do educando. Gonçalves ainda lança a seguinte questão: se o estabelecimento não conseguiu cumprir sua obrigação e permitiu que ocorressem danos diversos, por que deveria responsabilizar os pais? É interessante notar ainda que, além dos diretores responsabilizarem a família como grandes responsáveis da violência na escola, quando há alguma situação de violência a maioria deles não sabem lidar com a situação e acabam por solicitarem o apoio de um elemento externo, no caso o Batalhão Escolar, para solucionar problemas de violência na instituição escolar. O Batalhão Escolar, que a princípio, tem um caráter preventivo e educativo (ABRAMOVAY,

2006, p.166), assume assim, a função de solucionar a situação de violência, situação essa que deveria ser assumida pelo gestor escolar. A todo momento, há uma busca do responsável pela violência escolar, mas não é percebido no discurso a preocupação do gestor escolar em definir o seu próprio papel em relação a violência escolar. Para a escola contribuir com enfrentamento da violência na escola, seus gestores devem assumir sua real responsabilidade e função frente à escola. Compreendendo a violência na escola não só como algo que é reflexo da violência extramuros. O esclarecimento e o treinamento profissional desses gestores é essencial para que o enfrentamento mais adequado da violência no ambiente escolar aconteça de fato. 7. Referências Bibliográficas ABRAMOVAY, M. et al. Cotidiano nas escolas: entre violências. Brasília: UNESCO, Observatório de violência nas escolas, MEC, 2006. ALMENDRA, Carlos Alberto da C. & BAIERL, Luzia Fátima. A violência: realidade cotidiana., Revista Sociedade & Cultura, Goiânia, v. 10, n. 2, p. 267-279, jul./dez, 2007. CHARLOT, B. Violência nas escolas: como os sociólogos franceses abordam essa questão. Sociologias, Porto Alegre, ano 4, nº8, p.v432-443, jul/dez, 2002. CHRISPINO, Álvaro; CHRISPINO, Raquel S. P. A judicialização das relações escolares e a responsabilidade civil dos educadores. Ensaio: aval. pol. públ. Educ., Rio de Janeiro, v. 16, n. 58, p. 9-30, jan/mar. 2008. GASPARIN, J. L.; LOPES, C. S. Violência e conflitos na escola: desafios à prática docente. Acta Sci. Human Soc. Sci., Maringá, v. 25, n. 2, p. 295-304, 2003. LAVILLE, Christian; DIONNE, Jean. A construção do saber: manual de metodologia da pesquisa em ciencias humanas. Porto Alegre: ARTMED, 1999. LEAL, Maria Cristina; ZALUAR, Alba. Violência Extra e Intramuros. Rec. bras. Ci. Soc., São Paulo, v. 16, n. 45, feb, 2001. MINAYO, M. C. S. ( Org ); DESLANDES, S.F.; CRUZ NETO, O. GOMES, R. Pesquisa Social: teoria, método e criatividade. Petrópolis, RJ: Vozes, 2003. Fonte de Financiamento: Programa Bolsa de Licenciatura (PROLICEN)