EXCL/MHC-LIN/0688/2012 Marcadores precoces de prognóstico na Perturbação do Espectro do Autismo O desenvolvimento da comunicação e da linguagem Cláudia Bandeira de Lima, Guiomar Oliveira, Marina Vigário Universidade de Lisboa, Centro de Linguística da Universidade de Lisboa e Centro Hospitalar Lisboa Norte Universidade de Lisboa, Centro de Linguística da Universidade de Lisboa Universidade de Coimbra, Centro Hospitalar de Coimbra
Perturbação do Espectro do Autismo Introdução A Perturbação do Espectro do Autismo (PEA) carateriza-se por alterações da socialização/comunicação e comportamento (DSM 5); Perturbação do Neurodesenvolvimento com inicio nos primeiros anos de vida e mantendo-se crónica ao longo da vida; Surge associada na maioria das vezes a comorbilidades como: Perturbação de linguagem, Perturbação do Desenvolvimento Intelectual, Perturbação de défice de atenção e hiperactividade; A maioria dos casos não têm uma causa genética identificada.
Introdução Sinais precoces na comunicação e linguagem Os sintomas da PEA surgem nos dois primeiros anos de vida, mas o seu diagnóstico é feito apenas por volta dos 3/4 anos; comunicação contacto visual atenção conjunta expressões de prazer que acompanham o olhar uso do gesto (apontar; imitar; gestos sociais como adeus, sim, não) linguagem Aquisição tardia do balbucio Falha na reciprocidade entre as vocalizações da criança e a verbalização dos pais Diminuição da frequência e da qualidade das vocalizações Atraso na aquisição da 1ªpalavras Johnson, C.P.; Myers, S-M.,and the Council on Children With Disabilities (2007); Tuchman, R. & Rapin, I. 2006; Robins, D. L., Fein, D., & Barton, M. L. 1999; Wetherby, A., Woods, J., Allen, L., Cleary, J., Dickinson, H. and Lord, C2004..
Introdução Objetivo Investigar o desenvolvimento da Comunicação e Linguagem na PEA, para definir critérios precoces de prognóstico. Dar resposta à angústia dos pais sobre o outcome da doença do seu filho numa fase precoce de diagnóstico Aconselhar de forma mais ajustada sobre o tipo de intervenção terapêutica e a intensidade com que deve ser implementada Quando é que o meu filho vai falar? O meu filho vai ser igual aos outros? Vai aprender a ler e escrever? Vai ter uma profissão?
Metodologia Estudo Longitudinal com a duração de 2 anos. 19 crianças com PEA 29 meses (média) 13 crianças com DT 4/5 meses (média) Realizado através da recolha de dados: i) clínicos com aplicação testes psicométricos (CARS, ADI-R, Inventário de estereotipias, M-CHAT; Escala de Ruth Griffiths, Denver II, CSBS, CDI, TALC) ii) de produção de fala através gravações periódicas de interações livres pais-filhos (20m de duração de interação; e 10m de interação com técnica Lisbon Baby Lab) iii) de perceção de fala através de experiências com eye tracking. (Construção de 2 tarefas para eye tracking: contraste nativo/não nativo e wordlearning Lisbon Babylab)
Metodologia Crianças com o diagnóstico de PEA Crianças com um desenvolvimento típico Momento de diagnóstico 4, 6, 8,10, 12,14,16,18, 20 meses CSBS; CDI; Denver II; Perceção e Produção fala - FL Protocolo completo de testes. HSM 4,8,12 m 1 ano 16,20,24m Produção fala e Perceção FL 18 meses 24 meses M-CHAT CSBS; CDI; Produção de fala; Griffiths FL+HSM 2 anos 30 meses CSBS; CDI; Produção de fala; TALC
Metodologia Recolha produção fala Recolha perceção fala
Resultados Áreas Competências Tempo 0 (média) Sintomas autismo Tempo 1 (média) Cars 34 30 30 Tempo 2 (Média) QG 68,25 66,21 65,34 Perfil psicomotor Comunicação Locomoção 84,09 77,70 78,83 Pessoal/social 60,84 63,51 64,47 Audição e fala 45,91 48,83 53,34 Coordenação olho-mão 72,37 69,83 68,37 Realização 83,16 82,04 72,64 Raciocínio Prático 8,26 45,72 52,53 Total 25 38 43 Social 11 16 19 Linguagem 5 9 10 Simbólico 9 12 15 Quociente geral (p=0,03) Realização (p=0,01) Uso de gestos (p = 0,03) Fatores de neurodesenvolvimento que se correlacionaram com a posterior aquisição de número de palavras após 2 anos de seguimento. Linguagem Nº palavras 0 36,9 45,33
Momentos de recolha de dados Resultados comparação PEA/DT Conceito de idade mental: As populações foram emparelhadas em função da idade mental linguística existentes no momento inicial do estudo, um ano depois e dois anos depois. Comparação do perfil de desenvolvimento comunicativo e simbólico (CSBS) de acordo com idade mental PEA (n=19) / DT (n=11) 30 meses 22 meses 14 meses 0 10 20 30 40 50 60 Resultado da escala CSBS 80 60 40 20 0 Linguagem Expressiva CDI - Communicative development inventory MacArthur- Bates 39,4 36,9 6 0 14 meses 22 meses 30 meses PEA DT 72,07 45,33 DT PEA
Tempo em segundos Resultados Análise de produções de fala Total de produções ao longo do tempo PEA/DT TEMPO DE LATÊNCIA 1ª PROD PEA/DT 250 150 200 100 150 50 100 0 14M 24M 30M TEMPOS DE RECOLHA 50 0 14 24 30 PEA DT PEA DT 35 Prod Não Linguistica PEA/DT Prod_Linguistico PEA/DT 30 25 20 15 10 5 250 200 150 100 50 0 14 24 30 0 14 24 30 PEA DT PEA DT
Resultados Perceção de fala 0,9 0,7 0,5 0,3 0,1-0,1 Comparação DT (N=11)/ PEA (N=12) da proporção do olhar em tarefas de perceção - contraste nativo/não nativo Nativo DT (6 meses) PEA (31 meses) Não nativo 0,9 0,8 0,7 0,6 0,5 0,4 0,3 0,2 0,1 0 Comparação DT (N=11)/ PEA (N=12) na proporção do olhar em tarefas de perceção - Word Learning Controlos Bida Dida DT 14 meses PEA 31 meses Diferenças não significativas em ambas as tarefas entre as duas amostras (p>,05). Ao nível da perceção as crianças com PEA apresentam competências equivalentes aos bebés com 6m e 14m.
Conclusões Os fatores de prognóstico da PEA numa fase precoce foram o nível de desenvolvimento global existente à partida, o nível de Cognição não verbal e o uso de gestos comunicativos pela criança; Apesar do emparelhamento das amostras, verifica-se que o nível comunicativo na PEA é sempre inferior ao DT; O desenvolvimento linguístico na PEA faz-se de modo diferente relativamente ao DT, principalmente a partir dos 22/24 meses, com uma estagnação ou até decréscimo no total das produções produzidas e no nº de palavras adquirido reportados pelos pais; Ao nível da perceção as crianças com PEA permanecem mais tempo numa fase universal de processamento dos sons da fala.
Bibliografia Kuhl, P. K.. Early language acquisition: cracking the speech code. Nature Reviews Neuroscience, 2004, 5, 831-843; Saffran et al 1996. Statistical Learning by 8th month-old infants. Science, Vol. 274, 1926-1928; Tsao et al 2006. Perception of native and non native affricate-fricative contrast: cross language test on adults and infants. J. Acoust. Souc. Am. 120(4). Werker & Yung 2005. Speech Perception as a Window for Understanding Plasticity and Commitment in Language Systems of the Brain. Wiley Periodicals, Inc. Falck-Ytter, T., S. Bölte & G. Gredebäck. 2013. Eye Tracking in Early Autism Research. Journal of Neurodevelopmental Disorders 5(1): 1-13 Vigário, M., S. Frota & F. Martins (2011) Para uma caracterização da distinção entre palavras prosódicas e clíticos com base em dados de frequência. In XXVI Encontro Nacional Lisboa: APL, 266-281.da Associação Portuguesa de Linguística. Textos seleccionados. Lisboa: Associação Portuguesa de Linguística, 589-603. Karatekin, C. (2007). Eye tracking Studies of normative and atypical development.developemntal Review, 27, 283-348.
Acknowledgment Thanks for the team support in: Lisbon Baby Lab Faculdade de Letras: Hospital de Santa Maria/ Hospital Pediátrico de Coimbra Prof. Dra. Guiomar Oliveira Dra. Manuela Baptista Terapeuta da Fala Maria João Ximenes LógicaMentes Centro de Desenvolvimento Infantil Dra. Joana Silva Dra. Inês Matos