1. A Geografia cultural europeia de Quatrocentos e Quinhentos Módulo 3: A abertura europeia ao mundo - mutações nos conhecimentos, sensibilidades e valores nos séculos XV e XVI
Contextualização Nos séculos XV e XVI vive-se um dinamismo civilizacional notável numa Europa que se abre ao Mundo e ultrapassa as crises dos finais da Idade Média. É o tempo do Renascimento, movimento cultural iniciado na Itália. Baseado na Antiguidade Clássica, faz do Homem o centro do conhecimento, da cultura e da beleza artística. Embora a Itália, pela sua herança e contatos, sirva de matriz inspiradora ao ressurgimento greco-latino, toda a Europa participa da renovação cultural: da Península Ibérica à Polónia, da Inglaterra à Alemanha. Por toda a parte se fundem as novidades italianas com as descobertas e tradições locais. No Ocidente da Europa, Lisboa e Sevilha são portas abertas para o Mundo, como ponto de partida e chegada das rotas transoceânicas que interligam para sempre a Europa, a África, a América e a Ásia. Pelo conhecimento (de experiência feito) de novas terras, novos mares, novos povos, os países ibéricos contribuem para a vivência universalista da cultura do Renascimento.
Cronologia Ano s 143 4 145 6 147 8 150 9 151 6 Acontecimentos Cosme de Médicis, senhor de Florença Impressão da Bíblia por Gutenberg Lourenço de Médicis, senhor de Florença Erasmo publica o Elogio da Loucura Maquiavel publica O Príncipe 151 Lutero publica As 95 teses contra as
1.1. Principais centros culturais de produção e difusão de sínteses e inovações 1.1.1. As condições da expansão cultural Cerca de 1450 - arranque da Época Moderna; Abertura europeia ao Mundo com a descoberta das rotas do Cabo e das Américas; Arranque do processo que culminará com a superação das civilizações chinesa e islâmica pelos europeus; Recuperação dos índices demográficos, expansão das cidades, afirmação das elites burguesas e aristocráticas; Afirmação e centralização do poder monárquico; Progresso nas técnicas e conhecimento; Surgimento da imprensa.
1.1.2. O Renascimento eclosão e difusão A Itália: berço do Renascimento Principais centros e mecenas: Florença: os Médicis; Nápoles: Afonso V Roma: os Papas (ex.: Júlio II, Leão X); Veneza Milão (os Visconti), Ferrara (os Este), Mântua (os Gonzaga) e Urbino (os Montefeltro)
Outros centros: Países Baixos: duques da Borgonha França: Francisco I Império Germânico Inglaterra: Henrique VIII Península Ibérica; Portugal: D. João III Castela Europa Oriental: Hungria: Matias Corvino Polónia: Casimiro IV
2.1. O cosmopolitismo das cidades hispânicas Lisboa Nos primeiros anos do Quinhentos, metrópole comercial do mundo Placa giratória entre a Europa, a África, a Ásia (pela rota do Cabo) e a América Casas de Ceuta, da Mina e da Índia Estaleiros da Ribeira das Naus Rua Nova dos Mercadores Reconstrução urbanística Dinamismo demográfico Lisboa (1520).
Sevilha Pólo comercial articulado com o norte de África, o reino islâmico de Granada e as cidades italianas Articulação entre a Europa e a América Carreira das Índias (rota de Manilha até às Filipinas) Casa da Contratação Consulado do Comércio Contrastes económicos e sociais. Sevilha (século XVI).
Há duas cidades que, nesta época, poderíamos com razão chamar senhoras e, por assim dizer, rainhas do Oceano: é sob a sua direção e domínio que hoje em dia se processa a navegação em todo o Oriente e Ocidente. Uma delas é Lisboa, que reivindica para si o domínio sobre aquela parte do Oceano que, desde a embocadura do Tejo, envolve num imenso circuito marítimo a África e a Ásia. A outra é Sevilha, desde o rio Guadalquivir lançada para Ocidente, que abriu de par em par à navegação aquela parte do orbe hoje chamada Novo Mundo. Damião de Góis, Descrição da Cidade de Lisboa, 1541.
Rotas marítimas de Portugal e de Espanha