PERFIL DO LEITOR DE LIVROS Diego do Carmo (UNIOESTE) 1 Terezinha da Conceição Costa-Hübes (Orientadora - UNIOESTE)² Resumo: Analisando o ato de leitura entre diversas pessoas, o Instituto Pró-livro, em parceria com o IBOPE Inteligência, publicou, no ano de 2016, o livro que vem com o título Retratos de leitura no Brasil. Dentre os temas abordados, interessa-nos o tema Perfil do Leitor de Livro, que focaliza mais especificamente os perfis de leitores no Brasil em 2015, fazendo uma comparação com os dados de 2011. Assim, nosso objetivo neste artigo é identificar o perfil de leitores no Brasil, a partir da qual procuremos responder a seguinte questão: Quais os fatores que estimulam o ato da leitura? Os dados informativos nos quais nos amparamos foram geradas por meio de uma pesquisa quantitativa, realizada entre novembro e dezembro de 2015, em todas as regiões do Brasil. Entretanto, trataremos dessas referências de forma qualitativa, uma vez que pretendemos interpretar esses dados. Como resultado, queremos divulgar como foi à evolução na prática de leitura no Brasil. PALAVRAS-CHAVE: Perfil do leitor, ato de leitura, leitor ativo. Considerações Iniciais O livro Retratos da leitura no Brasil, em sua quarta edição publicada no ano de 2016 (cuja pesquisa foi realizada em 2015), tem o propósito de quantificar os hábitos e perfil de leitura do povo brasileiro. A quarta edição, em sua totalidade, visa, além de apresentar os resultados da pesquisa de 2015, fazer uma comparação entre os resultados e dados das pesquisas realizadas nos anos de 2000 (publicada em 2001), 2007 (publicada em 2008) e 2011 (publicada em 2012), focalizando diversos aspectos em relação ao leitor brasileiro. Entendemos que esse tema é interessante porque o ato de ler sempre foi de grande importância para a formação do sujeito. Com o surgimento de novas literaturas e novos gêneros de escrita, o perfil do leitor contemporâneo foi se redefinindo aos poucos e outros leitores foram surgindo. Grandes pensadores como Paulo Freire (2005) nos mostra a relevância da prática de leitura, destacando que o ato de ler só nos traz contribuição e um grande avanço para o nosso papel como cidadão em uma sociedade. 1 Aluno do Curso de Letras - Português e Italiano e suas Respectivas Literaturas da Universidade Estadual do Oeste do Paraná UNIOESTE. E-mail: diegodocarmo24@hotmail.com ² Profª Drª do Curso de Letras da Universidade Estadual do Oeste do Paraná UNIOESTE e Orientadora do projeto de ICV intitulado Letramento múltiplos e multissemiótico, com vigência até maio/2017. E-mail: tehubes@gmail.com 1
Nessa mesma direção, Martins (1999) afirma: Aprender a ler significa aprender a ler o mundo, e a função do educador não seria precisamente e de ensinar a ler, mas a de criar condições para o educador realizar a sua própria aprendizagem, conforme seus próprios interesses, necessidades, fantasias, seguindo as dúvidas e exigências que a realidade lhe apresenta (MARTINS, 1999, p. 34). Sendo assim, ao analisar o perfil do leitor de livro, neste artigo, buscaremos analisar e responder à seguinte pergunta de pesquisa: Quais os fatores que estimulam o ato da leitura? Na busca de alcançar a resposta, nosso objetivo principal é apontar o perfil do leitor brasileiro, traçando um paralelo com o leitor de 2011. Para dar conta do proposta, este texto encontra-se organizados em duas partes, além das considerações iniciais: primeiramente apresentamos nossa análise interpretativa dos dados que revelam o perfil do leitor; e, na sequência, as considerações finais. Análise interpretativa: Perfil do Leitor de Livros Ao iniciarmos a análise, partimos da premissa de que a leitura, além de nos ajudar em nosso crescimento em relação ao ensino, sempre esteve ligada ao nosso meio. É com a leitura que conseguimos expressar melhor, adquirir um bom vocabulário. Sendo assim, se estamos rodeados de leitura, basta exercermos o ato da leitura. Para Martins (2000), a leitura sempre esteve presente em nossas vidas porque começamos a ler desde quando nascemos, a partir do cheiro, da voz. Depois, lemos através de palavras, imagens, fala, símbolos, expressões. A partir de uma idade, desenvolvemos a leitura da escrita, aprendendo a ler o código escrito. Assim, as leituras não provem apenas de livros. Todavia, na pesquisa realizada pelo Instituto Pró-livro em parceria com o IBOPE Inteligência, os dados gerados consideraram a leitura do texto escrito. Assim, nesta análise olhamos para o capítulo Perfil do leitor de livros que se encontra presente no livro Retratos da leitura no Brasil, publicado em 2016. Os primeiros dados levantados na pesquisa para definir o perfil do leitor brasileiro teve o propósito de mostrar a região que possui o maior número de leitores ativos. O número de leitores ativo no Brasil subiu seis pontos percentuais entre 2011 e 2015. É o que revela a figura abaixo: 2
Figura 01 Aumento de leitores no país Fonte: Livro Retratos de leitura no Brasil (2016, p.58) Podemos notar que houve um avanço na leitura entre os anos de 2011 a 2015, o que significa dizer que um maior número de brasileiros está usufruindo da leitura. Na pesquisa abordada em 2007, foi considerado leitor todo aquele que leu, inteiro ou em partes, pelo menos um livro nos últimos três meses. A pesquisa mostrou dois dados positivos: o aumento do número de leitores (e um aumento no número médio de livros lidos) e uma ligeira mudança no perfil do leitor: apesar dos leitores presentes nas faixas etárias de idade estudantil continuarem sendo a maioria, foi registrado um crescimento na faixa etária mais velha, o que talvez indique uma tendência de desvincular a leitura como uma ferramenta de estudo. Outro dado levantado pela pesquisa em 2015 foi quanto ao número de leitores por sexo, conforme mostra a figura 02. Neste gráfico, analisamos a porcentagem de leitores por gênero no ano de 2011 e 2015. Podemos notar que houve um aumento surpreendente em relação aos leitores, mesmo assim o numero de mulheres leitoras ativas superam a porcentagem de homens leitores. Em 2015, o numero de leitores do sexo feminino aumentou para 59%. A diferença no número de leitores homens teve uma alteração significante: o percentual passou de 44% para 52% no mesmo ano. Vejamos: 3
Figura 02 Número de leitores por sexo Fonte: Livro Retratos de leitura no Brasil (2016, p.60) Outro dado importante levantado pela pesquisa foi em relação ao número de leitores e compradores de livros por classe social, conforme mostra a figura 03. Figura 03 Número de leitores e compradores de livros por classe social Fonte: Livro Retratos de leitura no Brasil (2016, p.62) A classe predominante que consome e são compradores ativos de livros são as classes A e B, o que se justifica devido à renda familiar, pois as classes A e B possuem uma renda familiar acima de cinco salários mínimos. Como o custo de livros hoje no Brasil ainda é muito alto, fica inviável para a maioria das pessoas das classes C, D e E, que ganha abaixo de cinco salários mínimos, investir nesse produto, uma vez que devem priorizar outras necessidades básicas, tais como, alimentos, roupas e remédios. 4
A pesquisa mais uma vez demonstra que a renda afeta consideravelmente o hábito de leitura, o que deixa evidente que uma política de incentivo à leitura só poderá funcionar se for uma política inclusiva e transformadora da sociedade brasileira. Considerações finais Buscamos, neste resumo expandido, realizar uma análise qualitativa de dados apresentados no livro Retratos da leitura no Brasil, em sua quarta edição, publicada no ano de 2016. As análises realizadas nos permitem concluir que o povo brasileiro obteve uma grande e significativa evolução na prática de leitura. Fazendo a comparação entre os anos de 2011 e 2015, percebemos que há 11% a mais de brasileiros que leem. Foram analisados também o perfil de leitor, estratificando-o por sexo e renda. Notamos que as mulheres se destacam na prática de leitura em relação aos homens. Os números de mulheres leitoras ativas superam a porcentagem de homens leitores em ambos os anos. Um dos dados analisados neste artigo demonstrou que a maioria dos leitores e compradores ativos de livros é das classes A e B, as quais possuem uma renda acima de cinco salários mínimos, o que nos leva a concluir que tendo uma renda maior, o leitor é estimulado à compra de livros, e tem mais condições de desenvolver o hábito da leitura. Pois o relevante é primeiro adquirir sustento, depois a cultura. Também foi possível perceber que outro fator que estimula o hábito de ler, diz respeito ao nível de escolarização. Leem mais aqueles que frequentam/frequentaram escolas e universidades. Logo, podemos afirmar que o estímulo à leitura está diretamente relacionado à escolarização, que determina em grande medida o acesso à cultura letrada; à classe social, uma vez que pessoas que ganham mais podem investir mais tempo e dinheiro em livros; e à influência materna que colabora para esta pratica. Referências FREIRE, Paulo. A Importância do Ato de Ler: em três artigos que se completam. 32 ed. São Paulo: Cortez, 2005. 80 p. 5
INSTITUTO Pró-livro; IBOPE Inteligência. Retratos de leitura no Brasil. MARTINS, Maria Helena. O que é leitura. 19ª ed. São Paulo: Editora Brasiliense, 1999. 6