Estado de Minas MG 15/05/2009 Economia 12
Valor Econômico SP 15/05/2009 Brasil CAPA / A4
UOL Notícias SP 15/05/2009 Economia Online Comércio deverá dominar pauta da visita de Lula à China (Não Assinado) A viagem do presidente Luiz Inácio Lula da Silva à China, nos próximos dias 18 a 20 de maio, será marcada por interesses comerciais e tem como ponto de partida o fato de o país asiático ser hoje o maior parceiro de comércio do Brasil. No mês passado, a China ultrapassou a liderança de 80 anos dos Estados Unidos, com trocas comerciais com o Brasil que atingiram US$ 3,2 bilhões. Já as exportações e importações entre brasileiros e norte-americanos em abril somaram US$ 2,8 bilhões. A atual liderança da China, a única grande economia do mundo a crescer mais de 6% neste ano marcado pela crise mundial, deve repetir-se nos próximos meses no comércio com o Brasil, segundo especialistas. O interesse em aumentar o volume de comércio com o gigante asiático já foi expresso pelo governo brasileiro, que pretende também, segundo o próprio Lula, propor aos chineses a substituição do dólar pelas moedas dos dois países nas trocas bilaterais. Segundo o presidente, a crise mostra que, com o tempo, será necessário trocar o dólar como moeda de referência. "Como o dólar é atualmente a moeda universal, o dinheiro sai dos países emergentes e vai para os títulos do Tesouro americano, o que é um contra-senso. Precisamos criar novos mecanismos para não ficarmos tão dependentes do dólar", defendeu recentemente. Risco Na avaliação do economista José Carlos Oliveira, professor da Universidade de Brasília (UnB), a proposta brasileira será bem recebida pelo governo de Hu Jintao, mas há riscos para o Brasil. "Os riscos do dólar e do euro são transparentes no mercado, o que não acontece com o yuan, que pode ser manipulado por interesses do governo", disse Oliveira em entrevista à Agência Lusa. Segundo o economista, os empresários brasileiros precisam calcular o risco que representa uma operação deste tipo, definir até que ponto estão dispostos a aceitá-lo e incorporá-lo nas negociações. "Se houver espaço para administrar o risco, não há motivo para não fazer. O empresário brasileiro precisa ser agressivo, mas deve analisar também até que ponto a indústria chinesa vem complementar a indústria nacional ou destruir", ponderou. Risadas Já o economista Reinaldo Gonçalves, professor da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), disse que os chineses vão rir da proposta defendida por Brasília. "O comércio com moedas locais teria a única função de economizar uma operação bancária. Os chineses vão morrer de rir, porque ninguém quer ter contabilidade numa
moeda altamente instável, como o real", afirmou. Gonçalves disse que o câmbio estável na China, um dos fatores da boa competitividade do país, associado à mão-de-obra barata e à eficiência da economia, contrapõe-se a um câmbio "muito mal administrado no Brasil". "Nos últimos nove meses, o real foi uma das moedas que mais mexeu no mundo", explicou. Outra crítica do professor da UFRJ é de que a maior parte das exportações do Brasil para a China (80%) é composta por commodities - soja, celulose, minério de ferro -, enquanto as importações do gigante asiático são de produtos e serviços de alta tecnologia. "O Brasil pode virar um vagão de terceira classe de um vagão de primeira classe da economia mundial. Esta visita à China é mais um gol contra de Lula, porque este padrão de comércio baseado nas commodities representa uma volta ao século 19. O Brasil precisa de um upgrade no padrão de comércio", afirmou. Petróleo Outro assunto importante que deverá ser abordado no encontro de Lula da Silva e Hu Jintao é o petróleo. A Petrobras tem interesse em que a China financie a exploração dos campos do pré-sal e, em contrapartida, a estatal brasileira forneceria o produto aos chineses. Este é outro ponto de divergência entre os economistas José Carlos Oliveira e Reinaldo Gonçalves. "A relação entre China e Brasil é dominada pelo comércio. Agora pode ser dado o segundo passo - o financeiro. Isto pode ser interessante para os dois países", disse Oliveira. "Se a China investir no Brasil, vai ficar pouca coisa do investimento aqui. E os chineses vão, mais uma vez, usar a matéria-prima brasileira para abastecer suas empresas", afirmou Gonçalves. Esta será a segunda visita de Lula à China. A primeira foi em 2004.
Folha de Alphaville SP 15/05/2009 Economia Capa/ A 6