Educação. em Saúde VOL. 77 PUBLICAÇÃO AUTORIZADA. Glicogenose. Orientações para pacientes

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Transcrição:

Educação em Saúde VOL. 77 PUBLICAÇÃO AUTORIZADA Glicogenose Orientações para pacientes

O que é glicogenose? É um grupo de doenças que alteram o metabolismo do glicogênio (uma forma de glicose que se acumula no fígado). Há várias manifestações da glicogenose: hepática (afeta o fígado), muscular (afeta o músculo) e hepática e muscular (afeta fígado e músculo). Cada uma apresenta uma forma diferente de tratamento nutricional. Aqui, vamos abordar a glicogenose hepática. O que é glicose? Glicose é o açúcar que está no sangue e alimenta todas as células do corpo. Quando nos alimentamos, os níveis de glicose no sangue sobem, virando fonte de energia. A parte que não é usada se transforma e é armazenada no fígado na forma de glicogênio. Um indivíduo que apresenta uma falha na atividade de qualquer enzima responsável por armazenar ou liberar o glicogênio apresenta a glicogenose. Esta falha ocorre por problemas genéticos, de nascença, podendo se manifestar mais tarde na vida. Alimento dentro do estômago se transforma em glicose Glicose entra na corrente sanguínea Glicose não utilizada é armazenada no fígado como glicogênio Entendendo o metabolismo da glicose e glicogênio: Devemos manter o nível da nossa glicose do sangue (glicemia) adequada para o bom funcionamento do corpo. Quando nos alimentamos, a glicemia

aumenta alimentos como o açúcar simples (sacarose) fazem isto rapidamente. Já carboidratos complexos (amido de milho cru, cereais integrais) aumentam a glicemia de forma mais lenta e a mantém estável por mais tempo. Para manter a glicose normal, o corpo recorre ao glicogênio, para evitar a hipoglicemia (açúcar baixo no sangue) nos períodos em que não estamos nos alimentando. O que acontece na glicogenose tipo I? A glicogenose tipo I é uma doença hereditária causada pela falta da enzima do fígado que transforma o glicogênio em glicose. Sem essa enzima, em situações de jejum, não conseguimos manter o açúcar do sangue normal e ocorre a hipoglicemia. Entre os sintomas agudos estão fome, tremores, suor frio, cansaço fácil, sonolência, perda de consciência podendo evoluir para convulsão. O indivíduo pode apresentar ainda falta de energia, baixo crescimento, cansaço constante, irritabilidade, fígado grande, problemas nos rins. A longo prazo, podem surgir nódulos no fígado e aumento dos rins, além de problemas intestinais, de imunidade e infecções de repetição. Qual o tratamento das glicogenoses? Alimentação frequente e com itens que mantêm os níveis de glicose normais e que evitem o depósito de glicogênio no fígado. Para isso, é necessário receber amido de milho cru a cada quatro horas (a rigidez no horário é fundamental), consumido preferencialmente com água, em temperatura ambiente. Na glicogenose tipo I devem ser excluídos da dieta a sacarose (açúcar comum), lactose (leite) e frutose (frutas). Na glicogenose tipo III e IX não é necessário restringir a lactose, contudo a ingestão de proteína deve ser acima de 3 gramas / kg / dia. Além da

hipoglicemia, que pode com o tempo não ser percebida, o não cumprimento das orientações dietéticas pode levar a outros problemas, como aumento do fígado com ou sem tumores, pedra nos rins, perda de proteína pelo rim e atraso de crescimento (baixa estatura). Assim, o tratamento é essencial para prevenir ou impedir o avanço de tais complicações, além de promover o crescimento e o desenvolvimento adequados. É necessário tomar algum remédio para o tratamento? Algumas vitaminas e medicamentos podem ser prescritos, para tratar ou prevenir complicações em determinados órgãos. O que é hipoglicemia? Hipoglicemia é quando a glicemia fica abaixo de 60 mg/dl. Em pacientes com glicogenose, o valor de 75 mg/dl é um sinalizador de que a pessoa já deve ingerir algum alimento permitido para evitar a queda da glicose do sangue. Para o bom controle metabólico, é importante manter glicemia capilar acima de 80mg/dl. O que fazer em caso de hipoglicemia? Dar imediatamente soro glicosado 50% (sachê de glicose) ou açúcar simples diluído em água (duas colheres grande de açúcar diluído em 30 ml de água ou mais) pela boca ou pela sonda. Em caso de desmaio ou crise convulsiva, deve-se esfregar açúcar nos lábios ou na região anal e levar a uma emergência para usar o soro glicosado na veia. Quando a criança já estiver consciente, dê algum alimento permitido. Monitore nas próximas horas. Em caso de persistência dos episódios, entre em contato com a equipe médica.

A atividade física pode ser realizada? Os pacientes com glicogenose devem sempre ser encorajados a realizar atividades físicas regulares, com um planejamento adequado para evitar a hipoglicemia durante o exercício. Converse com o seu médico sobre isso. O ideal é oferecer um lanche e/ou amido antes e após o exercício (combinado com o nutricionista). Todos tipos de esportes podem ser praticados. Quais alimentos estão proibidos: De modo geral, a dieta deve ter exclusão de sacarose, frutose, lactose e sorbitol (glicogenose tipo I). Alguns rótulos não são claros sobre a existência de açúcar. Aqueles com glucose, xarope de glucose, fructose, dextrose, açúcar mascavo, mel, sumos de fruta, sorbitol, polióis, fenóis, caramelo, xarope de milho, açúcar, sacarose e lactose devem ser excluídos. Sempre que possível, leve à consulta os rótulos de alimentos industrializados consumidos para avaliação da nutricionista e equipe médica. Recomenda-se fortemente o consumo de alimentos integrais, pois mantêm a glicemia estável, têm menor índice glicêmico e mais fibras e nutrientes que auxiliam na digestão. O nutricionista ajudará você a entender o que é preciso saber sobre a dieta especial e esclarecer dúvidas relacionadas à sua alimentação.

Coordenadoria de Comunicação do HCPA - novembro/16 - PES077-277887 Aprovado pelo Conselho Editorial em novembro/16 SERVIÇO DE NUTRIÇÃO E DIETÉTICA SERVIÇO DE GENÉTICA MÉDICA Rua Ramiro Barcelos, 2350 Largo Eduardo Z. Faraco Porto Alegre/RS 90035-903 Fone 51 3359 8000 Fax 51 3359 8001 www.hcpa.edu.br