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Transcrição:

EDEM NÁPOLI DIREITO CONSTITUCIONAL 3ª edição revista, atualizada e ampliada Coleção CONCURSOS PÚBLICOS : Henrique Correia e Élisson Miessa 2018

Capítulo 1 TEORIA DA CONSTITUIÇÃO 1. CONCEITO DE CONSTITUIÇÃO Antes mesmo de partirmos para o enfrentamento do conceito de Constituição, é preciso que se diga que não há uma definição una acerca do seu objeto. De todo modo, malgrado não se possa extrair da doutrina um conceito único, é bem verdade que as definições não são destoantes. Na lição do Professor Dirley da Cunha Júnior, podemos conceituar Constituição, objetivamente, como um conjunto de normas jurídicas supremas, que estabelecem os fundamentos de organização do Estado e da sociedade, dispondo e regulando a forma de Estado, a forma e sistema de governo, o seu regime político, seus objetivos fundamentais, o modo de aquisição e exercício do poder, a composição, as competências e o funcionamento de seus órgãos, os limites de sua atuação e a responsabilidade de seus dirigentes, e fixando uma declaração de direitos e garantias fundamentais e as principais regras de convivência social. No mesmo passo, para Marcelo Novelino, a palavra Constituição pode ser definida, em termos jurídicos, como o conjunto sistematizado de normas originárias e estruturantes do Estado que têm por objeto nuclear os direitos fundamentais, a estruturação do Estado e a organização dos poderes. De todo modo, tendo como base o novo Direito Constitucional, o que não se pode perder de vista é que a Constituição é um organismo aberto, vivo e em constante evolução. Efetivamente, essas características são indispensáveis para que ela possa acompanhar as mutações e evoluções sociológicas do mundo circundante, e não cair no limbo do esquecimento, desgastada pelos paradigmas do passado, tornando-se, pois, obsoleta. 2. SENTIDOS OU CONCEPÇÕES DE CONSTITUIÇÃO Antes de falar dos diferentes sentidos de Constituição, necessário se faz fixar a premissa segundo a qual, para cada concepção diferente, o leitor deve per-

26 DIREITO CONSTITUCIONAL PARA CONCURSOS PÚBLICOS EDEM NÁPOLI quirir: quem foi o principal expoente daquela acepção, qual foi a obra através da qual o sujeito se tornou conhecido, e, por fim, qual a mensagem disseminada na obra em comento. 2.1. SENTIDO SOCIOLÓGICO Seguindo a trilha do raciocínio esposado acima, pode-se afirmar que o principal nome do sentido sociológico de Constituição foi Ferdinand Lassalle. Evoluindo, a obra através da qual Lassalle se tornou conhecido por disseminar este sentido de Constituição foi Que é uma Constituição. E concluindo as três ideias básicas (autor, obra e ideia disseminada), identifica-se que, com o sentido sociológico, Constituição nada mais era do que a soma dos fatores reais de poder que regem uma sociedade. Destrinchando a noção do sentido sociológico de Constituição, para Lassalle, o Texto Supremo de um Estado deveria corresponder à própria realidade social. De nada adiantaria ter uma Constituição que previsse uma série de garantias, mas essas garantias não pudessem ser observadas na prática. Esta Constituição, no seu sentir, seria utópica e não passaria de mero direito de papel. É a partir daí que Lassalle distingue a Constituição real da Constituição jurídica. Esta (a jurídica), definitivamente, não corresponde àquilo que se pretende de uma Constituição, pois está pautada na utopia do dever ser. Aquela (a real), de fato, para ele, representa o que se pode esperar de uma Lei Fundamental: que ela realmente corresponda à realidade social, tendo ressonância na vida das pessoas, e situando-se no plano do ser, jamais no plano do dever ser. Ilustrando sua tese, num sentido metafórico, Lassalle propõe o seguinte raciocínio: se eu planto uma figueira no quintal da minha casa e fixo no seu caule uma placa dizendo esta árvore é uma macieira, só por isso a árvore deixará de ser figueira? Ele próprio responde que não. Afirma que por mais que os amigos e familiares que por ali passem, em respeito e consideração, concordem com o quanto escrito e nada digam em sentido contrário, nem por isso a árvore deixará de ser uma figueira. Isto porque, quando os frutos dessa árvore advierem, estes frutos não poderão mascarar e esconder a realidade, pois em vez de maçãs, brotarão figos.

CAPÍTULO 1 TEORIA DA CONSTITUIÇÃO 27» Já caiu! O concurso de Analista do TJ/SE, em 2011, com o Cespe, trouxe a seguinte assertiva. A concepção sociológica, elaborada por Ferdinand Lassalle, considera Constituição como sendo a somatória dos fatores reais de poder, isto é, o conjunto de forças de índole política, econômica e religiosa que condicionam o ordenamento jurídico de determinada sociedade. De fato, como visto, a assertiva está correta. 2.2. SENTIDO POLÍTICO Como principal expoente do sentido político de Constituição tem-se Carl Schmitt. A obra através da qual Schmitt se tornou conhecido por disseminar o sentido político de Constituição foi Teoria da Constituição. Para ele, Constituição deveria ser percebida como o conjunto de normas, escritas ou não escritas, que sintetizam exclusivamente as decisões políticas fundamentais de um povo. Para o autor, decisões políticas fundamentais seriam aquelas normas indispensáveis à construção de um modelo de Estado, vale dizer, normas relacionadas à organização do Estado, à organização dos Poderes e aos direitos e garantias fundamentais. Sem a presença dessas normas, não haveria como se pensar num Estado politicamente organizado. E foi nesse contexto que Carl Schmitt distinguiu Constituição de leis constitucionais. Constituição seria aquele diploma que efetivamente trouxesse as normas imprescindíveis à construção de um modelo de Estado. Do outro lado, leis constitucionais seriam as normas desprovidas de essencialidade constitucional. É dizer, ainda que essas normas (lei constitucionais) estejam aderidas ao Texto Maior, não se pode chamá-las de Constituição justamente por versarem sobre matérias sem nenhuma (ou com pouca) relevância constitucional. Constituição, por sua vez, corresponderia à noção de norma constitucional material. Ou seja, a norma deve ser entendida como Constituição não pelo fato de ter aderido formalmente ao Texto Supremo, mas sim por trazer no seu conteúdo, na sua substância, matéria de relevância constitucional. Matéria, como já mencionado, indispensável à construção de um modelo de Estado.

28 DIREITO CONSTITUCIONAL PARA CONCURSOS PÚBLICOS EDEM NÁPOLI E essas matérias, frise-se, são aquelas relacionadas à organização do Estado, à organização dos Poderes e aos direitos e garantias fundamentais. 2.3. SENTIDO JURÍDICO O sentido jurídico de Constituição é marcado pela presença do mestre de Viena, Hans Kelsen, como principal expoente, como precursor desse sentido. A principal obra de Kelsen a traduzir essa ideia de Constituição, sem dúvida, é Teoria Pura do Direito. Nessa obra tem-se que, sob um prisma nitidamente normativista, Kelsen percebia Constituição como norma pura, suprema e positivada. Enquanto Lassalle, no seu sentido sociológico, entendia que a Constituição estava situada no plano do ser, Kelsen, no seu sentido jurídico, colocou a Constituição no plano do dever ser. O austríaco, nessa perspectiva altamente normativista, tentava ao máximo se afastar da ética, da moral e da axiologia, sempre com o objetivo de se desvencilhar de possíveis interpretações dúbias. Isto porque, para ele, ao contrário do que entendia Lassalle, o Direito não poderia ser fruto da realidade social, mas sim fruto da vontade racional dos homens. Kelsen entendia a Constituição como fundamento de validade de todo o ordenamento jurídico. Numa relação de verticalidade hierárquica, todas as espécies normativas deveriam obedecer ao quanto disposto na Constituição. Esta ocupava o ápice da pirâmide normativa. E para explicar onde a Constituição buscava seu fundamento de validade, Kelsen distinguiu o sentido lógico-jurídico, do sentido jurídico-positivo de Constituição. Para ele, no sentido lógico-jurídico, Constituição nada mais seria do que a própria norma hipotética fundamental, cuja função é servir de fundamento lógico transcendental de validade da Constituição jurídico-positiva. Por ser hipotética, não se poderia ver essa norma. Ela situava-se no plano das ideias, no plano do suposto. Por sua vez, com o sentido jurídico-positivo, a Constituição era percebida como a própria norma positivada. Esta sim, situada não no plano do suposto, mas sim no plano do posto, palpável e visível.

CAPÍTULO 1 TEORIA DA CONSTITUIÇÃO 29 Essa divisão dos sentidos pode ser bem percebida na diagramação da pirâmide abaixo: Norma Hipotética Fundamental Constituição Federal Constituição Estadual Lei Estadual Decreto do Governador Res. do Secretário de Estado 2.4 SENTIDO CULTURAL, CULTURALISTA, TOTAL OU IDEAL (UMA CONEXÃO DOS SENTIDOS ANTERIORES) O sentido cultural também é chamado de sentido culturalista, sentido total ou sentido ideal de Constituição. Toda a doutrina sinaliza que essa concepção parte do pressuposto de que a Constituição é um produto da cultura, afinal, assim como o Direito, a cultura é resultado da atividade criativa humana. A ratio desse sentido reside na ideia de que todas as concepções anteriores possuem fundamento. O problema de cada uma daquelas visões é que elas foram estanques e se achavam bastante em si mesmas, não ensejando espaço para comunicação.» Atenção: Nesse passo, tem-se que a melhor acepção é aquela que percebe a Constituição como realidade social, como decisão política fundamental e como norma suprema positivada. Por isso se fala aqui na ideia de uma Constituição total. Pois é um mesmo documento englobando, num único prisma, os mais variados aspectos e os mais diferentes valores, como por exemplo de ordem econômica, moral, sociológica, filosófica, jurídica etc. Comungando desse sentido é possível citar alguns doutrinadores e suas obras no direito alienígena, a exemplo de Konrad Hesse, com A força normativa da

30 DIREITO CONSTITUCIONAL PARA CONCURSOS PÚBLICOS EDEM NÁPOLI Constituição e de Peter Häberle, com Hermenêutica Constitucional. A sociedade aberta dos intérpretes da Constituição: contribuição para a interpretação pluralista e procedimental da Constituição. No Brasil, por todos, Paulo Bonavides. Em síntese, esse é o sentido segundo o qual a Constituição nada mais é do que produto de um fato cultural oriundo da sociedade e que tem direta influência sobre ela. 3. CLASSIFICAÇÃO DAS CONSTITUIÇÕES Dentro da temática da classificação das Constituições, vários critérios foram apresentados pelos estudiosos do Direito com a finalidade em comento. De fato, inúmeros são os modelos classificatórios. Entretanto, dada a finalidade da obra, aqui serão apresentados os principais, aqueles que vêm sendo cobrados nos principais concursos públicos. 3.1 QUANTO AO CONTEÚDO Quanto ao conteúdo uma Constituição pode ser classificada como: material ou formal. Material Material é a Constituição cujas normas devem versar sobre aquelas matérias indispensáveis à construção de um modelo de Estado. Ou seja, seria o conjunto de normas, escritas ou não escritas, que sintetizam apenas a decisões políticas fundamentais de um povo, é dizer, normas relacionadas à organização do Estado, à organização dos Poderes e aos direitos e garantias fundamentais. Formal Já a Constituição formal, por sua vez, pode ser definida como o conjunto de normas necessariamente escritas que para serem consideradas constitucionais bastam aderir formalmente ao texto, independentemente do seu conteúdo. Aqui, como se percebe, a preocupação é com a forma, pouco importando o substrato material da norma. A Constituição brasileira de 1988 é formal, e um exemplo típico dessa identificação é o art. 242, 2º, segundo o qual O Colégio Pedro II, localizado na cidade do Rio de Janeiro, será mantido na órbita federal. Como se percebe, tem-se aí uma norma que é considerada constitucional pelo simples fato de ter aderido formalmente ao texto, já que é nítida a ausência de qualquer relevância constitucional em seu conteúdo.

CAPÍTULO 1 TEORIA DA CONSTITUIÇÃO 31 Vale lembrar que como característica desse tipo de Constituição, não há que se falar em hierarquia entre as próprias normas da Lei Fundamental. Isso porque, formalmente falando, todas aderiram ao texto. Assim, na trilha desse raciocínio, alguns concursos já questionaram se existe hierarquia entre as normas da própria Constituição. A resposta é negativa. Apesar das questões, normalmente, não especificarem a hierarquia a que se referem (se formal ou material), no silêncio, leia-se hierarquia formal. E formalmente falando, inexiste qualquer subordinação hierárquica. Nessa esteira, pode-se concluir que o princípio da dignidade da pessoa humana, insculpido no art. 1º, III, da Magna Carta, fundamento da República Federativa do Brasil, possui do ponto de vista formal a mesma posição hierárquica da norma do art. 242, 2º, da CF/88, que, como visto, versando sobre o Colégio Pedro II, é norma desprovida de qualquer relevância constitucional. Entretanto, como já alertado, caso a questão se refira à hierarquia material, aí não há dúvidas. De fato, do ponto de vista substancial, valorativo ou axiológico, existe, sim, hierarquia entre as normas da Constituição da República. Não há como negar que o substrato material das normas consagradoras de direitos e garantias fundamentais, por exemplo, superam (e muito!) a importância de outras normas de mera organização administrativa. Cabe alertar que essa regra segundo a qual a Constituição brasileira é formal começou a ser mitigada a partir da inserção do 3º ao art. 5º da Constituição Federal de 1988. É que, segundo esse dispositivo, os tratados e convenções internacionais, que versem sobre direitos humanos, se forem aprovados em cada casa do Congresso Nacional, através do mesmo procedimento das emendas constitucionais, serão equivalentes às mesmas. Ou seja, dessa forma, será possível a existência de uma norma que tem status constitucional, mesmo estando fora da Constituição, é dizer, mesmo não tendo aderido formalmente ao texto, seja por obra do poder constituinte originário, seja por obra do poder constituinte derivado reformador.» Atenção Todavia, para provas objetivas, continuar com o posicionamento segundo o qual, quanto ao conteúdo, a Constituição brasileira se classifica como formal.

32 DIREITO CONSTITUCIONAL PARA CONCURSOS PÚBLICOS EDEM NÁPOLI 3.2 QUANTO À FORMA Quanto à forma, a Constituição pode ser classificada como: escrita ou não escrita. Lembrando que as Constituições escritas também podem ser chamadas de instrumentais, ao passo que as Constituições não escritas também podem ser chamadas de costumeiras ou consuetudinárias. Escrita A Constituição escrita, com o próprio nome sugere, seria o complexo de normas que estão disciplinadas formal e solenemente em um único documento exaustivo de todo o seu conteúdo. Assim, Constituição escrita é aquela cujas normas estão plasmadas em um documento único que as consolida e sistematiza. São exemplos de Constituições escritas a brasileira, a espanhola, a portuguesa etc. De mais a mais, do mesmo modo como foi advertido em relação à Constituição formal, é preciso perceber que o art. 5º, 3º, da CF/88, passou a permitir que tratados internacionais sobre direitos humanos, aprovados com o mesmo procedimento das emendas constitucionais, possuam o mesmo status que as normas da própria Constituição Federal, mesmo estando situados fora dela. Nesse sentido, doutrinadores como Paulo Bonavides já sinalizam a existência de uma Constituição legal, ou seja, uma Constituição escrita e que se apresenta esparsa ou fragmentada em textos.» Atenção: Porém, para provas objetivas, adotar o posicionamento de que a Constituição brasileira é escrita, guardando o raciocínio esposado acima para possível questão de prova dissertativa. Além da brasileira, ainda como exemplos de Constituições escritas no direito comparado, podem ser citadas as duas primeiras: a Constituição norte-americana (de 17 de setembro de 1787) e a Constituição francesa, de 1791. Lembrando que a norte-americana, à luz do escólio de Paulo Bonavides, voz autorizada na matéria, é uma Constituição escrita, porém complementada pelos costumes e pela doutrina da revisão judicial (precedentes judiciais). Não escrita De outra banda, Constituição não escrita (costumeira ou consuetudinária), ao contrário do que o próprio nome pode sugerir, não significa a Constituição que não possui nenhuma passagem escrita.

CAPÍTULO 1 TEORIA DA CONSTITUIÇÃO 33 Chama-se de não escrita a Constituição que esta pautada em textos esparsos, usos, costumes, convenções, e na evolução da própria jurisprudência. Assim, não restam dúvidas de que a Constituição não escrita possui, sim, partes escritas. Ocorre que essas partes escritas não estão dispostas formalmente em um único documento. Ao revés, podem ser encontradas em textos esparsos, dispersos e extravagantes. O exemplo mais ventilado de Constituição não escrita, no mundo, é a Constituição da Inglaterra, uma Constituição calcada, essencialmente, nos costumes. Advirta-se, entretanto, que, contemporaneamente, inexistem Constituições totalmente costumeiras, pautadas, apenas, na evolução da jurisprudência, nos usos e costumes. A Constituição inglesa possui, por exemplo, a Magna Carta (1215), o Petition of Rights (1628), o Habeas Corpus Act (1679), o Bill of Rights (1689), dentre outros diplomas normativos esparsos que, junto com os costumes e com a jurisprudência, formam, no conjunto global, a Constituição da Inglaterra. 3.3 QUANTO À ORIGEM Quanto à origem uma Constituição pode ser classificada como: promulgada, outorgada, cesarista ou pactuada. Promulgada Promulgada, também chamada de votada, popular, democrática, é aquela Constituição que conta com a participação popular no seu processo político de elaboração. No Brasil, como exemplos de Constituições promulgadas é possível citar: a Constituição Republicana, de 1891, a Constituição de 1934 (calcada na democracia social), a Constituição de 1946 (instituidora de um processo de redemocratização no Brasil) e a Constituição Cidadã de 1988, também fruto de uma Assembleia Nacional Constituinte. Outorgada Outorgada, também chamada de imposta ou carta política, é aquela Constituição que não conta com a participação popular no seu processo político de elaboração. São Constituições impostas unilateralmente pelo grupo, governante ou agente revolucionário.

34 DIREITO CONSTITUCIONAL PARA CONCURSOS PÚBLICOS EDEM NÁPOLI No Brasil, como exemplo de Constituições outorgadas tem-se: a Constituição Imperial, de 1824, a Constituição Polaca, de 1937, e as Constituições do regime militar, de 1967, juntamente com a EC n. 1/69, que formalmente era uma emenda, mas do ponto de vista material era uma constituição escancaradamente outorgada pela junta militar.» Já caiu! O concurso de Técnico Administrativo do TRE/ES, em 2011, com o Cespe, trouxe o seguinte enunciado. Denomina-se constituição outorgada a elaborada e estabelecida com a participação do povo, normalmente por meio de Assembleia Nacional Constituinte. Neste caso a assertiva está equivocada, pois o conceito apresentado na questão corresponde ao de Constituição promulgada. Cesarista Cesarista, por sua vez, seria aquela Constituição imposta por um ditador uma junta militar e submetida à posterior aprovação popular. Neste caso, a participação do povo não é democrática, afinal, visa apenas e tão-somente confirmar a vontade do detentor do poder. Os exemplos normalmente apontados pela doutrina são os de Augusto Pinochet, no Chile, e Napoleão Bonaparte, na França. Pactuada Finalmente, Constituição pactuada seria aquela Constituição firmada por um pacto, um acordo entre duas forças políticas adversárias. Como exemplos de Constituições pactuadas a doutrina aponta as Constituições espanholas de 1845 e 1876. 3.4 QUANTO À ESTABILIDADE, MUTABILIDADE, CONSISTÊNCIA OU ALTE- RABILIDADE Quanto à estabilidade, mutabilidade, consistência ou alterabilidade uma Constituição pode ser classificada como: imutável, fixa, rígida, semirrígida (também chamada de semiflexível) ou flexível. Imutável Imutável, como o próprio nome sugere, é aquela Constituição que não admite alteração no seu texto, por isso mesmo também são chamadas de permanentes, graníticas ou intocáveis. São aquelas Constituições que se pretendem eternas. Como as Constituições devem ser entendidas como organismos vivos, portanto, abertos às evoluções sociológicas, é possível concluir que as Constituições imutáveis estão fadadas ao insucesso.

CAPÍTULO 1 TEORIA DA CONSTITUIÇÃO 35 Fixa Fixa, por sua vez, é aquela Constituição cuja alteração depende da convocação do próprio poder constituinte originário. Também são chamadas de Constituições silenciosas pelo fato de não estabelecerem, de modo expresso, o seu trâmite de reforma. É uma espécie de Constituição também fadada ao insucesso, já que é inconcebível a ideia de convocação do próprio poder constituinte originário, toda vez que se quiser alterar a Constituição. Rígida Já sobre a Constituição rígida, a primeira coisa a ser dita é que, de fato, ela admite alteração no seu texto. Assim, rígida é aquela Constituição que pode ser alterada, mas cujo processo legislativo de alteração é mais formal, solene, complexo e dificultoso do que o processo de alteração das demais normas não constitucionais. Sobre essa espécie de Constituição, pode-se concluir que a maioria das Constituições do mundo são rígidas. Ainda, é correto afirmar que todas as Constituições brasileiras republicanas foram rígidas, inclusive a atual Constituição da República de 1988. A única Constituição do Brasil que não seguiu a mesma trilha foi a Constituição Imperial de 1824, considerada semirrígida, como será explicado. A rigidez da Constituição brasileira de 1988 pode ser percebida à luz do seu art. 60, que traz as regras procedimentais para a apresentação e aprovação de uma PEC (proposta de emenda à Constituição). Uma dessas regras estabelece, por exemplo, a necessidade de aprovação pelo quórum de 3/5 dos membros de cada casa (Câmara dos Deputados e Senado Federal), em dois turnos, com votação separada e desde que não esteja em vigência intervenção federal, estado de defesa ou estado de sítio. Lembrando que este assunto será detalhado mais à frente.» Já caiu! O concurso de Juiz do TJ/MS, em 2009, com o Cespe, trouxe o seguinte enunciado. Toda Constituição rígida é escrita. De fato, a assertiva está correta. Isso porque a noção de rigidez pressupõe uma Constituição escrita. Essa mesma prova trouxe outro enunciado.

36 DIREITO CONSTITUCIONAL PARA CONCURSOS PÚBLICOS EDEM NÁPOLI» Já caiu! Nem toda Constituição escrita é rígida. Aqui o enunciado também está correto. Muito embora exista a regra segundo a qual as Constituições escritas são rígidas, não existe impedimento à existência de uma Constituição escrita e flexível. A questão da rigidez constitucional também já foi cobrada junto com o tema do controle de constitucionalidade.» Já caiu! O Exame da OAB, em 2009, com o Cespe, trouxe o seguinte enunciado. Entre os pressupostos do controle de constitucionalidade, destacam-se a supremacia da CF e a rigidez constitucional. De fato, também aqui, a assertiva está correta. Para haver controle de constitucionalidade é preciso que haja uma Constituição formal, rígida (portanto suprema) e pelo menos um órgão com competência para o exercício do controle. Semirrígida ou semiflexível Semirrígida ou semiflexível é o tipo de Constituição que abarca, num só tempo, características da Constituição rígida, bem como características da Constituição flexível. Assim, semirrígida é aquela Constituição que possui uma parte que dispensa formalidade para alteração, e outra que reclama e exige esse formalismo. Parte dela pode ser alterada informalmente, do mesmo modo como se altera as demais normas não constitucionais, e outra parte só pode ser alterada por um processo mais solene, complexo e dificultoso. A doutrina sempre ventila como exemplo de Constituição semirrígida ou semiflexível a Constituição Imperial de 1824, notadamente em face do disposto no seu art. 178. Através deste dispositivo (substancialmente falando), separou-se a matéria constitucional (que exigia formalidade para alteração), da matéria não constitucional, (que, por sua vez, dispensava tal formalismo). Flexível Ainda, se diz flexível aquela Constituição cujas normas podem ser alteradas do mesmo modo como se alteram as normas infraconstitucionais, vale dizer, sem a necessidade de um processo formal, solene, complexo e dificultoso. Nesse passo, pelo menos formalmente falando, é possível perceber que não existe hierarquia entre as normas de uma Constituição flexível e as normas infraconstitucionais.

CAPÍTULO 1 TEORIA DA CONSTITUIÇÃO 37 Essa Constituição, portanto, não é dotada de supremacia formal. E essa ausência de supremacia conduz ao raciocínio de que as Constituições flexíveis, a rigor, não podem servir de parâmetro para controle de constitucionalidade. Por fim, ainda no quesito quanto à estabilidade, cabe alertar que alguns doutrinadores como Alexandre de Moraes classificam a Constituição brasileira como super-rígida. Isso porque, como se não bastasse possuir um processo legislativo de alteração mais complexo e dificultoso do que o processo de modificação das demais normas infraconstitucionais, ainda possui um grupo de normas que se apresentam como imutáveis. São as chamadas cláusulas pétreas, previstas no art. 60, 4º, CF/88. Entretanto, necessário registrar que essa posição não vem prevalecendo nas provas e concursos. O motivo da não adoção pelas bancas é simples: o próprio Supremo Tribunal Federal vem sinalizando no sentido de que as normas que constituem cláusulas pétreas não podem é ser abolidas (ou ser objeto de emenda constitucional tendente à abolição). Ou seja, a CF/88 não disse que tais normas são imutáveis, ou mesmo que não podem ser objeto de restrição. Assim, a partir desse raciocínio, tem-se que é plenamente legítima a alteração para ampliação do alcance interpretativo das cláusulas, bem como sua eventual restrição, no caso concreto, a partir de uma ponderação de interesses pautada na razoabilidade e na proporcionalidade. 3.5 QUANTO À EXTENSÃO Quanto à extensão uma Constituição pode ser classificada como: sintética (também chamada de enxuta, concisa, breve, sumária, sucinta, básica), ou analítica (também chamada de prolixa, ampla, extensa, larga, longa, volumosa, inchada). Sintética Sintética seria a Constituição que não desce a pormenores nos assuntos, se limitando a tratar dos princípios básicos estruturantes do Estado. Como não se propõem a falar sobre muita coisa, tendem a durar mais, vale dizer, tendem a conferir maior estabilidade ao corpo constitucional. Isso porque os seus preceitos passam por uma constante atualização interpretativa ao longo do tempo.

38 DIREITO CONSTITUCIONAL PARA CONCURSOS PÚBLICOS EDEM NÁPOLI Nesse sentido, um dos exemplos mais clássicos de Constituição sintética é a Constituição dos Estados Unidos da América, primeira constituição escrita do mundo, e que está vigendo até hoje, desde 1787. Durante esse período, os (poucos) preceitos previstos na Constituição norte-americana passaram por atualização mediante algumas emendas e, claro, interpretações provenientes da Suprema Corte. Analítica Já a Constituição analítica, por seu turno, é aquela constituição minuciosa, detalhista, rica em previsões longas e prolixas. É a constituição que desce a pormenores nos assuntos, fazendo com que o seu texto fique demasiadamente extenso. Tais Constituições muitas vezes tratam de assuntos que poderiam ter sido oxigenados em leis infraconstitucionais. A Constituição brasileira é um clássico exemplo de Constituição analítica. Isso porque é uma Constituição com pouco mais de vinte anos e possui duzentos e cinquenta artigos, sem falar nas emendas constitucionais e de revisão. 3.6 QUANTO À ELABORAÇÃO Quanto à elaboração uma Constituição pode ser classificada como: dogmática (também chamada de sistemática) ou histórica. Antes de definir qual seria o significado de cada uma dessas espécies de Constituição, é preciso atentar para uma dica preciosa.» Atenção: Toda Constituição dogmática necessariamente é uma Constituição escrita; e toda Constituição histórica é, necessariamente, uma Constituição não escrita. Partindo dessa premissa, fica muito mais fácil estabelecer a correlação entre os diversos critérios classificatórios. Dogmática Nesse sentido, complementando o raciocínio, tem-se que Constituição dogmática, como o próprio nome sugere, é aquela que fixa os principais dogmas do Estado, além de ser uma Constituição elaborada em um dado e determinado momento histórico a partir do qual ela começou a viger. O exemplo típico é a Constituição brasileira, produto do trabalho da Assembleia Nacional Constituinte, e promulgada no dia 05 de outubro de 1988, quarta-feira, às 16:00 horas.

CAPÍTULO 1 TEORIA DA CONSTITUIÇÃO 39 Histórica Já a Constituição histórica, por seu turno, é aquela que é produto da lenta e contínua evolução histórica dos costumes e das tradições de um povo. As Constituições históricas (não escritas, conforme mencionado) não são elaboradas em um dado e determinado momento, não se sabendo precisar ao certo, pois, a partir de quando elas começaram a viger. Conforme menciona Pedro Lenza, tais Constituições se aproximam, assim, da costumeira e têm como exemplo a Constituição inglesa. 3.7 QUANTO À IDEOLOGIA OU DOGMÁTICA Quanto à ideologia (ou quanto à dogmática, na lição de Pinto Ferreira) uma Constituição pode ser classificada como: ortodoxa ou eclética (também chamada de compromissória). Ortodoxa Ortodoxa é aquela Constituição que só enseja espaço para uma única corrente ideológica. A doutrina aponta como exemplos de Constituições ortodoxas as diversas Constituições da China marxista, bem como as diversas Constituições soviéticas de 1923, 1936 e 1977. Eclética Eclética, por sua vez, é a Constituição plural, multifacetária, aberta a várias ideologias, conciliatória, portanto, das diversas correntes ideológicas. Como exemplo de Constituição eclética tem-se a brasileira de 1988 e a Constituição da Índia de 1949. 3.8 QUANTO À ESSÊNCIA, ONTOLOGIA OU CORRESPONDÊNCIA COM A REALIDADE Quanto à essência, ontologia (ou critério ontológico), uma Constituição pode ser classificada como: normativa, semântica ou nominalista (também chamada de nominal ou nominativa). Porém, antes mesmo de partir para o enfrentamento de cada uma das espécies acima mencionadas, é preciso atentar para uma pergunta que constantemente vem aparecendo nas provas e concursos. Quem foi o precursor deste critério classificatório de constituição? A resposta é: Karl Loewenstein.