Elaboração de Agenda de Desenvolvimento para o Território de Abrangência do Plano de Desenvolvimento Regional Sustentável do Xingu - ADT XINGU



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Transcrição:

Elaboração de Agenda de Desenvolvimento para o Território de Abrangência do Plano de Desenvolvimento Regional Sustentável do Xingu - ADT XINGU Sumário Executivo CONSÓRCIO VIVA XINGU

Sumário Executivo CONSÓRCIO VIVA XINGU

APRESENTAÇÃO 3 A ADT Xingu é uma proposta de modelo para o desenvolvimento da região do Xingu, pautada no estabelecimento de uma agenda de longo prazo rumo à sustentabilidade, considerando as transformações recentes da região, impulsionadas pela implantação de grandes empreendimentos, com destaque à Usina Hidrelétrica de Belo Monte e ao asfaltamento da Transamazônica. Atende à missão do BNDES voltada a promover o desenvolvimento sustentável e competitivo da economia brasileira, com geração de emprego e redução das desigualdades sociais e regionais, adotando como uma de suas estratégias a integração da abordagem de desenvolvimento territorial sustentável à função de financiamento de atividades econômicas, prevista na Política para Atuação no Entorno de Projetos, aprovada em novembro de 2009. A Agenda foi desenvolvida mediante um processo de co-criação com atores regionais e locais, respeitando as características socioambientais da região do Xingu, suas demandas e suas potencialidades, e apresenta como principal resultado a proposta de um conjunto de iniciativas para implantação em curto e médio prazos, organizadas sob visões de futuro e objetivos estratégicos traçados para a região no longo prazo. Trata-se de uma contribuição para o planejamento das ações do Comitê Gestor do Plano de Desenvolvimento Regional Sustentável do Xingu, que, atuando na região desde 2011, representa experiência inovadora na participação ativa da sociedade para a tomada de decisões no âmbito de processos de desenvolvimento sustentável na Região Amazônica e em todo o País.

1. Contexto, Construção e Produtos da ADT Xingu Tendo como referência o Plano de Desenvolvimento Regional Sustentável do Xingu (PDRSX), a Agenda de Desenvolvimento para o Território de Abrangência do Plano de Desenvolvimento Regional Sustentável do Xingu ADT Xingu constitui um instrumento de planejamento para apoiar as ações do Comitê Gestor do PDRSX (CGDEX), no curto, médio e longo prazos. O objetivo básico da ADT é auxiliar na promoção das oportunidades de desenvolvimento econômico, social, ambiental e institucional na região do Xingu, mediante a proposta coordenada de ações e investimentos de diversas naturezas, priorizados com base no planejamento e pactuação territorial e na atuação integrada dos agentes locais e regionais. O PDRSX, criado pelo Decreto Federal nº 7.340, de 21/10/2010, surgiu de uma parceria entre o Governo Federal e o Governo do Estado do Pará e representa mecanismo para a descentralização de políticas públicas. A região do Xingu é uma das doze regiões de planejamento do Pará que tem sido objeto da implementação de planos de desenvolvimento com base nas potencialidades locais, por meio do Planejamento Territorial Participativo (PTP). Com a implantação de grandes projetos de infraestrutura na região, tais como a Usina Hidroelétrica de Belo Monte, tornou-se prioridade absoluta a elaboração de um planejamento para a região, visando à maximização dos benefícios gerados pelos empreendimentos e à mitigação de possíveis impactos negativos, especialmente os de natureza social e ambiental. 4 O mesmo decreto criou o Comitê Gestor do PDRSX, composto por 30 representantes dos três níveis de governo e sociedade civil, com as seguintes atribuições: monitorar a execução e a efetividade do PDRS Xingu; promover a articulação entre os instrumentos de planejamento governamentais e entre os órgãos públicos e, quando necessário, desses com as entidades da sociedade, com a finalidade de implantar as ações do PDRS Xingu de forma eficiente, eficaz e ágil; promover avaliações periódicas sobre a execução e efetividade do PDRS Xingu; revisar e atualizar o PDRS Xingu sempre que considerar necessário; elaborar relatório anual sobre a execução e efetividade do PDRS Xingu; elaborar no prazo de até seis meses seu regimento interno. A atuação do Comitê Gestor na região conta com a destinação de R$ 500 milhões previstos no leilão da UHE Belo Monte para investimentos no PDRS Xingu. CONSÓRCIO VIVA XINGU

1. Contexto, Construção e Produtos da ADT Xingu O PDRSX é dirigido a um território com 260 mil km2, correspondente aos 11 municípios do Estado do Pará que compõem as Áreas de Influência Direta e Indireta da Usina Hidrelétrica de Belo Monte, estabelecidas no Estudo de Impacto Ambiental EIA do empreendimento. Esses municípios são os seguintes: Altamira, Pacajá, Uruará, Placas, Vitória do Xingu, Brasil Novo, Medicilândia, Senador José Porfírio, Anapu, Porto de Moz e Gurupá (Figura 1.1). A ADT Xingu foi elaborada para esse mesmo território. Gurupá: 8.534km² 5 Porto de Moz: 17.423 km² Senador José Porfírio: 14.366km² Vitória do Xingu: 2.965km² Pacajá: 11.824km² Anapu: 11.886km² Altamira: 160.003km² Brasil Novo: 6.368km² Medicilândia: 8.279km² Uruará: 7.194km² Placas: 7.194 km² TOTAL: 259.652 km² Figura 1.1 Área de Abrangência do PDRSX e da ADT Xingu

O território alvo do PDRSX e da ADT se insere na Região Amazônica, depositária de uma das mais extraordinárias riquezas biológicas do planeta, presentes nos ecossistemas florestais e não florestais, assim como nos ecossistemas aquáticos. Essa área é, provavelmente, uma das regiões mais emblemáticas do território brasileiro. Para a história moderna, ela começa a ser revelada na década de 1940, especialmente durante e após a épica expedição Roncador-Xingu. Esse ciclo representou, acima de tudo, o reconhecimento, pela sociedade brasileira, da existência de um Brasil indígena com direito à cidadania, especialmente territorial. Nos últimos 50 anos, contudo, inúmeras contradições do desenvolvimento nacional mostraram ali a sua face: ocupação econômica desregrada, tensões socioambientais, problemas fundiários, contribuindo, pouco a pouco, para a desestruturação do território, para o qual é necessário um eixo de desenvolvimento que, ao mesmo tempo, potencialize suas qualidades reconhecidas nos planos nacional e internacional. Neste contexto, o território da ADT Xingu promove transformações nas suas formas atuais de gestão mediante a adoção de medidas de curto, médio e longo prazos, conforme algumas abaixo elencadas: Em primeiro lugar, a firme determinação de tomar o território em todas as suas especificidades (meio ambiente, capital social, história, cultura etc.) como aquilo que deverá conferir a ele seu caráter único e, por isso, capaz de fazer frente à competição representada por outros territórios, inclusive aqueles mais dotados de recursos de infraestrutura, logística etc.; Em segundo lugar, o reconhecimento da fluidez e instabilidade de algumas instituições (direito de propriedade, direito agrário, gestão municipal, presença insuficiente de organismos federais e estaduais etc.) por se tratar, ainda, de uma região de fronteira do desenvolvimento; Em terceiro lugar, o reconhecimento de que a presença de organizações não-governamentais, associações de produtores, moradores, povos indígenas e populações tradicionais pode e deve ser uma mola propulsora deste novo modelo de desenvolvimento. Tais medidas constituíram pressupostos básicos da ADT Xingu e estão consolidadas nos principais produtos dos estudos realizados. 6 CONSÓRCIO VIVA XINGU

1. Contexto, Construção e Produtos da ADT Xingu PROCESSO DE CONSTRUÇÃO DA ADT XINGU 7 O processo de construção da ADT Xingu teve por base a adoção de métodos e procedimentos apoiados na co-criação, materializada na discussão, debate a pactuação de todos os seus conteúdos com o CGDEX e suas Câmaras Técnicas, dando suporte e continuidade: À política de Entorno de Projetos do BNDES no sentido de oferecer à região uma Agenda de Desenvolvimento Territorial articulada por meio de uma Carteira Estratégica de Iniciativas (CEI); Ao PDRSX, atualizando informações sobre o território, suas questões e demandas; Ao Planejamento Estratégico das oito Câmaras Técnicas (CTs) do CGDEX - proposta de continuidade da reflexão estratégica do PDRSX -, consagrando diretrizes para as CTs, no sentido de orientar o desenvolvimento regional; Aos anseios da sociedade, com sua capacidade associativa para resolver seus principais problemas, tendo culminado na ativação e canalização de suas forças sociais, formalizadas institucionalmente por meio das CTs e empoderamento do Comitê Gestor. Fomento às atividades produtivas sustentáveis Infraestrutura para o desenvolvimento CT03 Inclusão social e cidadania CT02 CT04 Ordenamento territorial, regularização fundiária e gestão ambiental CT01 CT05 Monitoramento e acompanhamento da implementação das condicionantes previstas no Licenciamento Ambiental da UHE Belo Monte CT08 CT06 Educação CT07 Povos Indígenas e Populações Tradicionais Saúde Figura 1.2 Câmaras Técnicas do CGDEX

Além da discussão com as Câmaras Técnicas do CGDEX, a ADT foi desenvolvida também com a participação de representantes das esferas públicas dos governos federal, estadual e municipal, de organizações não governamentais, da sociedade civil e instituições de ensino e pesquisa (Figura 1.3). Para tanto, foram realizadas mais de 70 entrevistas com atores selecionados, na própria região, em Belém, Brasília e Rio de Janeiro, colhendo-se percepções e sugestões desses atores que foram analisadas e incorporadas aos estudos. MMA MS DNIT IBAMA FUNAI EMBRAPA BNDES 8 Web cidadania Xingu MPOGF MME MEC STN CONAMA INCRA MPF IBGE IFC - Banco Mundial Fundação FORD Prelazia Xingu MI MCTI MC ICMBIO FUNASA ANAMMA MPEG USP Gov. PA Segurança Pública Fundo DEMA Prefeitura Vitória do Xingu Prefeitura Uruará Xingu Vivo Prefeitura Pacajá Prefeitura Medicilândia Prefeitura Brasil Novo Sindicato de Produtores Rurais de Altamira Prefeitura Anapu Casa das Familias Rurais de Altamira Prefeitura Gurupá Norte Energia Prefeitura Altamira CEPLAC IBIO ISA EMATER - PA TNC FETAGRI/ Regional GTA SUDAM CPT IDEFLOR Câmaras Técnicas PDRS - Xingu SEBRAE - PA ITERPA IPAM FGV Gov. PA Indústria, Comércio e Mineração Gov. PA Agricultura Gov. PA SEMA UFPA Gov. PA Planejamento, Orçamento e Finanças Gov. PA Saúde Pública e Defesa Gov. PA Desenvolvimento Economico e Incentivo à Produção Gov. PA Casa Civil Gov. PA Integração Regional, Desenvolv. Urbano e Metropolitano Gov. PA Fazenda TCMPA Gov. PA Educação Gov. PA Articulação Municipal Prefeitura Senador José Porfírio Prefeitura Porto de Moz Prefeitura Placas Instituto Peabiru Fundação Viver, Produzir e Preservar SOMEC IMAZON Gov. PA PM FLONA de Altamira REBIO Nascentes do Cachimbo RESEX Iriri RESEX Rio Xingu FLONA Trairão RESEX Riozinho do Anfrísio Figura 1.3Instituições e atores consultados CONSÓRCIO VIVA XINGU

1. Contexto, Construção e Produtos da ADT Xingu OS PRODUTOS FINAIS DA ADT XINGU 9 Iniciada em setembro de 2013 e concluída em novembro de 2014, a ADT Xingu foi elaborada com o apoio financeiro do Fundo Estruturador de Projetos do BNDES. Ao longo desses 14 meses de trabalho, a ADT foi construída a partir de um trabalho de co-criação com as Câmaras Técnicas do CGDEX (CTs), envolvendo desde a estruturação de um diagnóstico pactuado do território até a elaboração dos produtos finais. Desse trabalho conjunto, foram gerados quatro relatórios principais: Subsídios ao Planejamento do CGDEX, contendo os resultados do diagnóstico da região e a identificação dos principais problemas, orientados por Câmara Técnica, e a sugestão preliminar das iniciativas que viriam a compor a Carteira Estratégica de Iniciativas, objeto do produto seguinte; Carteira Estratégica de Iniciativas CEI, apresentando um conjunto orgânico de iniciativas (ações, estudos, projetos, programas ou obras) proposto para a região do Xingu e previsto para início em curto e médio prazos, orientado não mais por temas de cada CT, mas por visões de futuro e objetivos estratégicos a serem alcançados no território, no longo prazo, e considerando a atuação conjunta das CTs; Concepção do Sistema de Monitoramento, apresentando o delineamento dos métodos e das formas de acompanhamento da implantação da CEI, mediante o monitoramento de uma série de indicadores, com potencial de avaliar os resultados da efetiva implantação das iniciativas recomendadas pela Carteira; Modelo de Governança, contendo a proposta de um conjunto de ações - executadas dentro de uma estrutura jurídico-política e administrativa - voltadas para a promoção do desenvolvimento territorial. O formato da governança sugerido procura atender, ainda, às necessidades de uma constelação de protagonistas, que os vincula às iniciativas constituintes da CEI, a serem selecionadas pelos atores do território como capazes de concretizar o desenvolvimento pretendido.

O relatório denominado Subsídios ao Planejamento do CGDEX foi elaborado a partir da discussão do contexto atual do território da ADT em conjunto com as oito Câmaras Técnicas do CGDEX, num processo que se desenvolveu desde o início do mês de julho até outubro de 2014, tendo como principais resultados: um diagnóstico da região, abordando os temas diretamente relacionados com o foco de atuação de cada CT; a identificação dos principais problemas da região e também das suas potencialidades, relacionados com os mesmos temas; a indicação preliminar de uma série de iniciativas para solução dos problemas identificados e para otimização/valorização das potencialidades locais e regionais. As iniciativas sugeridas pela ADT nesse relatório foram discutidas e consensadas com as CTs, visando à elaboração da Carteira Estratégica de Iniciativas - CEI, próximo produto da Agenda. definido em maio de 2013, e a disponibilidade de recursos financeiros do PDRSX e de outras fontes. A partir da definição das Iniciativas integrantes da CEI, e tendo como principal referência os objetivos estratégicos antes referidos, foi elaborado o relatório Concepção do Sistema de Monitoramento, que apresenta uma relação de indicadores a serem monitorados ao longo do tempo, visando acompanhar a implantação progressiva das Iniciativas recomendadas pela Carteira. Os resultados desse monitoramento serão, ao mesmo tempo, úteis para avaliar os resultados da CEI e para retroalimentá-la, possibilitando redefinir prioridades, ou estabelecer mudanças de rumos das ações do CGDEX no médio e longo prazos, caso se mostre necessário. 10 A Carteira, composta por 173 Iniciativas foi estruturada mediante uma análise de convergência realizada entre as iniciativas dirigidas a cada CT, previamente apresentadas no produto anterior, complementada por uma análise das interfaces entre essas iniciativas, à luz de sete grandes visões de futuro e 18 objetivos estratégicos traçados para o território. Além das próprias iniciativas definidas em conjunto com as CTs, como insumos básicos para a montagem da Carteira, foram considerados também o Planejamento Estratégico do CGDEX, CONSÓRCIO VIVA XINGU

1. Contexto, Construção e Produtos da ADT Xingu 11 De posse das Iniciativas constituintes da CEI, foi elaborado o Modelo de Governança, que apresenta, em síntese, uma proposta de ampliação do arranjo institucional existente que permite a efetiva implantação da Carteira, visando dotar a região da ADT: de um conceito sólido de território competitivo que possa ser traduzido numa prática adequada; de instrumentos de gestão capazes de conduzir o conjunto de atores a viabilizar projetos que alavanquem o desenvolvimento com fortes características de territorialidade, no curto, no médio ou no longo prazo, com envolvimento de várias fontes de recursos, inclusive da destinação de parte dos R$ 500 milhões previstos no leilão da UHE Belo Monte para investimentos no PDRS do Xingu. Além disso, visa consagrar uma forma de gestão ancorada na convergência entre a participação comunitária e a eficiência e eficácia da administração pública. Nesse sentido, a CEI demanda um modelo mais estruturado de gestão, elaboração e monitoramento de projetos, assim como cria a necessidade de captação de novas fontes de recursos. O esquema abaixo possibilita visualizar mais claramente as inter-relações entre os quatro produtos finais da ADT antes descritos. Diagnóstico Pactuado Identificação de Questões e Potencialidades Subsídios ao Planejamento do CGDEX Análise de Convergência INTRA INTER CT Planejamento Estratégico da do CGDEX CGDEX Recursos (R$ 500 mi) e outros Carteira Estratégica de Iniciativas Institucionalidade para Implantação da CEI Modelo de Governança Orientação por CT Visão de Futuro e Objetivos Estratégicos Orientação por Visão de Futuro e Objetivos Estratégicos Indicadores para Acompanhamento da CEI Sistema de Monitoramento

A CEI identificou demandas e explicitou iniciativas importantes, adequadas e necessárias ao desenvolvimento sustentável do território de abrangência do PDRSX. Tais iniciativas, entretanto, serão realizadas de maneira mais eficiente e eficaz, se a atual estrutura de governança do PDRSX for ampliada e fortalecida, fato que possibilitará a captação de novas fontes de recursos e o aperfeiçoamento da gestão das ações e projetos em execução na região. Por fim, o Sistema de Monitoramento proposto será capaz de mensurar a efetividade das ações e dos projetos atualmente propostos para a região, não apenas os originados no âmbito da ADT Xingu, mas também os relacionados a outros Programas, como o Plano Básico Ambiental PBA da UHE Belo Monte. Desta forma, quanto mais rápida e intensa for a apropriação pelo território dos instrumentos disponibilizados pela ADT Xingu, mais fácil será a promoção das oportunidades de desenvolvimento econômico, social, ambiental e institucional na região, objetivo básico da ADT. 12 Todos os mapas, dados e informações que foram coletados durante o desenvolvimento da ADT Xingu estão armazenados e organizados no Banco de Dados e Sistema de Informações Georreferenciadas do projeto, que poderão ser consultados e atualizados ao longo do tempo. CONSÓRCIO VIVA XINGU

2. Visão do Território 2.1. População e Projeções Demográficas SITUAÇÃO ATUAL De acordo com os dados do Quadro 2.1, a população total dos 11 municípios que compõem a região da ADT, em 2010, era de 360.832 habitantes, sendo Altamira o município mais populoso, abrigando cerca de 28% da população total da região de estudo, e Senador José Porfírio o de menor população (3,6% do total), muito próxima à de Vitória do Xingu. Essa população correspondia a cerca de 6% da população do Estado do Pará no mesmo ano. Quadro 2.1 População da Região da ADT Xingu 2010 Município Total Rural % da Pop Total Urbana % da Pop Urbana 13 Altamira 99.075 14.983 15 84.092 85 Uruará 44.789 20.359 45 24.430 55 Pacajá 39.979 26.232 66 13.747 34 Porto de Moz 33.956 19.373 57 14.583 43 Gurupá 29.062 19.482 67 9.580 33 Medicilândia 27.328 17.769 65 9.559 35 Placas 23.934 19.080 80 4.854 20 Anapu 20.543 10.710 52 9.833 48 Brasil Novo 15.690 8.791 56 6.899 44 Vitória do Xingu 13.431 8.069 60 5.362 40 Senador José Porfírio 13.045 6.575 50 6.470 50 Total da Região da ADT 360.832 171.423 48 189.409 52 Total do Estado do Pará 7.581.051 2.389.492 32 5.191.559 68 Fonte: IBGE, 2010 As Figuras 2.1 e 2.2 ilustram a distribuição da população no território da ADT, considerando também os limites dos setores censitários definidos pelo IBGE. A densidade demográfica dos municípios, dada em hab./ha, é baixa, tal como ilustra a Figura 2.3. Verifica-se que não ultrapassa 10 hab./ha, sendo as maiores densidades observadas nos setores censitários que se situam ao longo do traçado da BR-230 e também na porção norte da região, nos municípios de Gurupá e Porto de Moz.

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15 2. Visão do Território 2.1. População e Projeções Demográficas

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2. Visão do Território 2.1. População e Projeções Demográficas O Quadro 2.2 mostra a população total dos municípios da região da ADT do último período intercensitário e as respectivas taxas anuais de crescimento geométrico. Quadro 2.2 População da Região da ADT Xingu (2000-2010) e Taxa de Crescimento Geométrico Anual 17 Município Pop Total 2000 Pop Total 2010 Taxa 2000-2010 (%) Altamira 77.439 99.075 2,49 Uruará 45.201 44.789-0,09 Pacajá 28.888 39.979 3,30 Porto de Moz 23.545 33.956 3,73 Gurupá 23.098 29.062 2,32 Medicilândia 21.379 27.328 2,49 Placas 13.394 23.934 5,98 Anapu 9.407 20.543 8,12 Brasil Novo 17.193 15.690-0,91 Vitória do Xingu 11.142 13.431 1,89 Senador José Porfírio 15.721 13.045-1,85 Total da Região da ADT 286.407 360.832 2,34 Fonte: IBGE, 2010 Observam-se taxas de crescimento próximas à média da região da ADT nos municípios de Altamira, Gurupá e Medicilândia; Uruará, Brasil Novo e Senador José Porfírio apresentaram perda de população no período analisado. A população de Vitória do Xingu cresceu a uma taxa inferior à média da ADT, enquanto os demais municípios apresentaram ganho de população a taxas superiores à média da ADT, com destaque a Anapu e Placas. Cabe acrescentar que, neste mesmo período, a população do Estado do Pará cresceu 2,04% ao ano e a do Brasil, 1,17% (IBGE, 2010). Quanto aos fluxos migratórios recentes, são diferenciados em relação aos fluxos anteriores, sendo mais intensos em Altamira, mas também em Brasil Novo e Gurupá. Além disso: Os fluxos são predominantemente interregional (83,9%)inter-regionais (83,9%) entre 2000 e 2010, com destaque para os migrantes do MA, TO, MT e GO; Os principais municípios receptores foram Altamira, Pacajá, Uruará e Anapu.

SITUAÇÃO FUTURA Visando apresentar um panorama da população futura da região da ADT Xingu, foram realizadas projeções demográficas, em duas vertentes teóricas que se complementam. A primeira se baseia no comportamento demográfico histórico natural dessa população. A segunda considera a implantação da UHE Belo Monte e sua geração de empregos e efeitos sobre o crescimento populacional. POPULAÇÃO TOTAL A soma das projeções realizadas para cada um dos dois componentes - população natural mais população migrante originária do empreendimento - resultou nas projeções para a população total para os anos de 2014 a 2030. O fluxograma a seguir apresenta, de forma esquemática, a metodologia utilizada, mostrando como cada uma das variáveis contribuiu para a composição final da estimativa da população esperada em função dos efeitos da implantação do empreendimento. 18 POPULAÇÃO NATURAL POPULAÇÃO ORIGINÁRIA DO EMPREENDIMENTO População Ocupada População Economicamente Ativa - PEA População Desocupada População Não Economicamente Ativa - PNEA Membros da família Pessoas que permanecerão no território da ADT Emprego Direto Emprego Indireto Originário do Emprego direto Originário do Emprego Indireto Emprego Indireto Emprego Indireto Figura 2.4 - Metodologia das projeções demográficas CONSÓRCIO VIVA XINGU

2. Visão do Território 2.1. População e Projeções Demográficas Foram elaborados três cenários de projeções demográficas, considerando a população natural da região e a população aportada pela implantação da UHE Belo Monte: Cenários População Natural População Originária do Empreendimento 19 Cenário I - Período 2014 a 2020 taxa média de crescimento populacional para o conjunto dos municípios observada entre 2010 e 2013 com redução paulatina até 2020 atingindo a taxa estimada para o estado do Pará no ano de 2020. - Período 2021 a 2030 mesma taxa anual de crescimento demográfico estimado para o estado do Pará pelo IBGE. - Período 2014 a 2030 - o crescimento da população migrante irá acompanhar a evolução dos empregos diretos e indiretos gerados pela UHE Belo Monte. - cerca de 1/3 da população a ser desvinculada da construção da UHE Belo Monte deverá permanecer na região. Cenário II Cenário III - Período 2014 a 2020 - taxa média de crescimento populacional observada para o conjunto dos municípios entre os anos de 2010 e 2013 deverá se manter entre os anos de 2014 e 2020. - Período 2021 a 2030 a taxa média de crescimento populacional do conjunto dos municípios deverá reduzir no mesmo ritmo da estimada pelo IBGE para o estado do Pará. - Período 2014 a 2020 - taxa média de crescimento populacional observada para o conjunto dos municípios entre os anos de 2010 e 2013 deverá se manter entre os anos de 2014 e 2020. - Período 2021 a 2030 a taxa média de crescimento populacional do conjunto dos municípios deverá reduzir no mesmo ritmo da estimada pelo IBGE para o estado do Pará. - Período 2014 a 2030 - o crescimento da população migrante irá acompanhar a evolução dos empregos diretos e indiretos gerados pela UHE Belo Monte. - cerca de 1/3 da população a ser desvinculada da construção da UHE Belo Monte deverá permanecer na região. - Período 2014 a 2030 - o crescimento da população migrante irá acompanhar a evolução dos empregos diretos e indiretos gerados pela UHE Belo Monte. - cerca de 2/3 da população a ser desvinculada da construção da UHE Belo Monte deverá permanecer na região.

Os resultados obtidos foram os seguintes: Cenário 1: Crescimento suave no período 2014-2030- 63.000 pessoas, passando de 416,9 mil habitantes para 479,8 mil, sendo 470 mil naturais da região. Cenário 2: Crescimento demográfico entra em equilíbrio com as taxas médias do estado do Pará e a população passa de 416,8 mil para 582,9 mil habitantes. Cenário 3: Crescimento intenso da população migrante, com a população da região passando de 418 mil para 591,6 mil habitantes. As análises realizadas concluíram que o Cenário III é o mais provável de se concretizar, resultando nos dados do quadro abaixo: 20 Quadro 2.3 - Projeções demográficas realizadas pela ADT Xingu Cenário III Cenário III - 2000 a Taxas de Crescimento Anos 2030 Médio Anual do Período % Municípios, ADT e 2010/ 2020/ 2030/ 2000 2010 2.020 2.030 Estado do Pará 2000 2010 2020 Altamira 77.439 99.075 144.889 171.363 2,49 3,87 1,69 Anapu 9.407 20.543 34.403 53.982 8,12 5,29 4,61 Brasil Novo 17.193 15.690 17.027 16.750-0,91 0,82-0,16 Gurupá 23.098 29.062 37.396 44.636 2,32 2,55 1,79 Medicilândia 21.379 27.328 35.507 42.839 2,49 2,65 1,89 Pacajá 28.888 39.979 54.375 69.026 3,3 3,12 2,41 Placas 13.394 23.934 36.762 53.421 5,98 4,39 3,81 Porto de Moz 23.545 33.956 47.664 61.875 3,73 3,45 2,64 Senador José Porfírio 15.721 13.045 11.995 9.857-1,85-0,84-1,94 Uruará 45.201 44.789 48.570 47.935-0,09 0,81-0,13 Vitória do Xingu 11.142 13.431 17.264 19.916 1,89 2,54 1,44 Municípios da ADT 286.407 360.832 485.855 591.597 2,34 3,02 1,99 Estado do Pará 6.195.965 7.581.051 8.628.901 9.321.910 2,04 1,3 0,78 Elaboração Consórcio Viva Xingu, 2014 CONSÓRCIO VIVA XINGU

2. Visão do Território 2.2. Ordenamento Territorial, Regularização Fundiária e Gestão Ambiental ASPECTOS AMBIENTAIS A região da ADT se insere na bacia hidrográfica do rio Xingu, formada pelas sub-bacias representadas na Figura 2.5; o mapa de geodiversidade (Figura 2.6) representa a variedade de ambientes, fenômenos e processos geológicos que dão origem às paisagens. Esta diversidade de substrato, associada à disponibilidade hídrica, condiciona os diferentes tipos de habitats e, por consequência, de populações vegetais e animais. Segundo ilustrado na Figura 2.7, na região da ADT, estão localizadas várias Unidades de Conservação e Terras Indígenas, ocupando, respectivamente, 82.900 km² e 99.000 km², ou seja, 70% do território. 21 Figura 2 5 Sub-bacias Hidrográficas. Figura 2 6 Geodiversidade

CONSÓRCIO VIVA XINGU 22

2. Visão do Território 2.2. Ordenamento Territorial, Regularização Fundiária e Gestão Ambiental Uma análise prévia de lacunas de conservação considerando as Unidades de Conservação e Terras Indígenas existentes no território da ADT Xingu permitiu evidenciar que, entre os alvos de conservação (um total de 309 alvos) utilizados neste estudo, 34 (11%) são considerados protegidos, pois têm 100% de sua meta cumprida por UCs de Proteção Integral, 164 (53%) são considerados lacunas parciais, pois têm parte de sua meta cumprida por UCs de Proteção Integral e 111 (36%) são considerados lacuna total, porque ocorrem apenas fora das Unidades de Conservação de Proteção Integral. Considerando Terras Indígenas e todas as classes de Unidades de Conservação, exceto Áreas de Proteção Ambiental, as lacunas são reduzidas expressivamente: 262 (85%) alvos são considerados protegidos, 25 (8%) são considerados lacunas parciais e 22 (7%) são considerados lacunas totais (Gráfico 2.1). 23 Lacuna parcial Lacuna total Protegida 34 25 22 111 164 262 A B Gráfico 2.1 - Lacunas de proteção considerando (A) apenas UCs de Proteção Integral e (B) Territórios Indígenas e todas as UCs, exceto APA. Dessa forma, pode-se considerar o mosaico de UCs e TIs instituído nesta região eficiente na proteção de expressiva parcela da biodiversidade reconhecida nessa porção territorial.

Aplicou-se, ainda, o método de Planejamento Sistemático da Conservação (PSC), utilizado pelo Consórcio Viva Xingu para a identificação de áreas críticas complementares para a conservação, seja por meio de criação de Unidades de Conservação ou de implantação de Reservas Legais, considerando os atributos ambientais da região anteriormente descritos, a distribuição potencial de espécies-alvo (mamíferos, aves, repteis anfíbios, alguns grupos de invertebrados), os custos de conservação (considerando a presença de áreas agrícolas, urbanas, infraestrutura, entre outros aspectos que elevam os custos e implantação e manutenção de áreas), bem como metas de conservação. 24 As áreas críticas para conservação resultantes dessa análise levam em conta não apenas a distribuição dos alvos e suas metas, mas o melhor arranjo de áreas para cumprir as metas com o menor custo de conservação possível, mantendo a conectividade entre os ambientes terrestres e florestais selecionados. Muitas das áreas assim selecionadas se sobrepõem pelo menos parcialmente com Unidades de Conservação de Proteção Integral ou Uso Sustentável. A Figura 2.8 apresenta o resultado da seleção de áreas críticas sobreposto às áreas de vegetação nativa e as divisas municipais para o território da ADT. As áreas críticas foram classificadas em duas categorias, de acordo com sua integridade ambiental (Figura 2.9). Áreas de alta integridade foram classificadas como áreas relevantes para criação ou ampliação de Unidades de Conservação. Áreas mais fragmentadas, com uso antrópico mais intensivo foram classificadas como áreas relevantes para compensação ambiental, podendo ser incluídas nos Programas de Regularização Ambiental (PRA). CONSÓRCIO VIVA Figura 2.8 Áreas críticas para a conservação da biodiversidade. XINGU

25 2. Visão do Território 2.2. Ordenamento Territorial, Regularização Fundiária e Gestão Ambiental

CONTEXTO DO ORDENAMENTO TERRITORIAL Os principais instrumentos do ordenamento territorial e de gestão ambiental disponíveis para a região da ADT Xingu são: Macrozoneamento da Amazônia Legal, que identifica, em escala macro, diferentes zonas e, de acordo com suas características, orienta as formas de ocupação; Zoneamento Ecológico Econômico do Estado do Pará, que detalha o zoneamento para o Estado do Pará; Planos Diretores Municipais. Quanto à situação fundiária da região da ADT Xingu, foram identificadas as seguintes categorias: Terras Indígenas: são as áreas já declaradas como de direito originário dos índios, delimitadas e homologadas pela Presidência da República; Unidades de Conservação: áreas de Proteção Integral ou de Uso Sustentável definidas pela lei como áreas de domínio público tais como Parques; Estações Ecológicas; Reservas Extrativistas; Assentamentos de Reforma Agrária: áreas destinadas pelo INCRA a projetos de assentamento de trabalhadores rurais Áreas já regularizadas que podem ser divididas em: Imóveis Particulares: Títulos de domínio definitivos outorgados pelo MDA sob a égide da Lei nº 11.952 de 25 de junho de 2009; Áreas certificadas: particulares com cadastro de imóvel rural validado pelo INCRA com georreferenciamento sob a égide da Lei 10.267/01 (em elaboração). Áreas públicas onde a titulação foi indeferida. Áreas repassadas aos municípios. A Figura 2.10 ilustra essas categorias, podendo ser visualizada também a área já trabalhada pelo Programa Terra Legal. 26 CONSÓRCIO VIVA XINGU

27 2. Visão do Território 2.2. Ordenamento Territorial, Regularização Fundiária e Gestão Ambiental

PRINCIPAIS PROBLEMAS IDENTIFICADOS E SUGESTÕES No que se refere ao ordenamento territorial, o principal desafio será qualificar e rever os Planos Diretores Municipais, detalhando-os nas zonas rurais, considerando a dinâmica intermunicipal, a expansão de infraestrutura de transporte e energia, bem como a crescente expansão agropecuária, adequando-os aos zoneamentos ecológicos econômicos (ZEEs). Esta é uma condição necessária ao adequado ordenamento do território. A capacitação técnica de qualidade das equipes das prefeituras é igualmente prioritária na medida em que propicia melhor uso dos instrumentos de ordenamento e maior governança. verificou-se que a maioria das Secretarias Municipais de Meio Ambiente - SEMMAs está bem estruturada, restando o desafio de promover uma melhor capacitação de seus quadros técnicos em alguns municípios como Gurupá, Porto de Moz, Medicilândia e Uruará. São também prioritárias ações no sentido de implementar o CAR- Cadastro Ambiental Rural - em algumas áreas do território da ADT que vêm sofrendo maior pressão de desmatamento, a elaboração e implantação de projetos de recuperação de sistemas agroflorestais, no âmbito de Programas de Regularização Ambiental (PRA) e o mapeamento de áreas florestais degradadas. 28 Quanto à questão da regularização fundiária, esta é endereçada às instituições públicas que detêm competência legal para tanto. Essas instituições são: MDA-Ministério do Desenvolvimento Agrário, INCRA- Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária, o ICMbio-Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade e a SEMA/PA- Secretaria de Estado do Meio Ambiente do Pará, a FUNAI Fundação Nacional do Índio e o SPU- Serviço de Patrimônio da União. No que se refere à gestão ambiental, CONSÓRCIO VIVA XINGU

2. Visão do Território 2.3. Infraestrutura para o Desenvolvimento 29 CONTEXTO Em razão da relativamente nova ocupação e das suas características ambientais, a região da ADT Xingu sofre com a carência de infraestrutura. Dentre as recentes intervenções na região, destacam-se, além do asfaltamento de vários trechos da BR-230 e da BR-163, a construção da UHE Belo Monte, a instalação de usinas motogeradoras de eletricidade, a construção de moradias pelo programa MCMV- Programa Minha Casa Minha Vida -, reformas e obras no aeroporto de Altamira, obras de eletrificação do programa Luz para Todos e outras, ligadas ao PBA da UHE Belo Monte. Transportes O sistema de transportes na região da ADT envolve significativos desafios. As grandes distâncias e as condições de conservação implicam maiores custos logísticos, aumentando o custo de vida dos habitantes locais, afetando a competitividade da produção e, por vezes, comprometendo o seu escoamento. As principais vias de transporte são as rodovias BR 230, BR163, PA 415 e a hidrovia do Xingu. Existe na região também uma rede de aeródromos para aviões de pequeno porte, além de um aeroporto em Altamira, que opera aeronaves de porte regional (Figura 2.11). Na região da ADT, depois de a infraestrutura ter alavancado a ocupação demográfica, o sentido do processo foi invertido e, há algumas décadas, é o crescimento populacional e econômico que está demandando a infraestrutura, nas áreas de transportes, energia, comunicação, saneamento e habitação. No entanto, as características da infraestrutura na região também são determinadas pela baixa densidade demográfica dos municípios. PRINCIPAIS PROBLEMAS IDENTIFICADOS E SUGESTÕES

30 2.11 INFRAESTRUTURA DE TRANSPORTE NA REGIÃO DA ADT CONSÓRCIO VIVA XINGU

2. Visão do Território 2.3. Infraestrutura para o Desenvolvimento 31 Energia A distribuição de energia na região da ADT é feita pelas Centrais Elétricas do Pará a partir da Hidrelétrica de Tucuruí, exceto nos municípios de Gurupá e Porto de Moz, onde a energia é produzida localmente por falta de rede de transmissão. A integração dos nove outros municípios da ADT ao SIN- Sistema Interligado Nacional- é feita pelo chamado Tramo Oeste, que parte da usina de Tucuruí e atinge a Subestação de Altamira, de onde é feita a distribuição, estando prevista a duplicação da capacidade de transmissão pelo MME Ministério das Minas e Energia- para 2014. Atualmente, mesmo nos núcleos urbanos da região da ADT ocorrem frequentes interrupções do fornecimento de energia elétrica. A questão da disponibilidade de energia é apontada por alguns empreendedores locais como inibidora de investimentos produtivos. Evidentemente, uma parte dessa deficiência decorre dos problemas no fornecimento de eletricidade, necessária para a operação das telecomunicações. No entanto, a infraestrutura específica de telecomunicações existente também não é suficiente para atender as demandas. Tal infraestrutura pode representar um papel muito relevante como alternativa para contornar as dificuldades de integração por meio do sistema de transportes. Assim, identificou-se a necessidade de expansão do sistema de comunicação de dados, por meio da implantação de infovias e infocentros, e de expansão e melhoria do sistema de telefonia celular, bem como do cumprimento das metas de Universalização e Ampliação de Acesso e das regras do Programa Nacional de Banda Larga e do Atendimento Rural. Telecomunicações No âmbito das telecomunicações, os sistemas de transmissão de voz e dados (telefonia fixa, celular e acesso à internet) existentes na região são motivo de inúmeras demandas por parte da população e empreendedores.

Habitação O número de domicílios com condições inadequadas é uma importante questão na região, seja por excesso de habitantes por cômodo, seja devido à insegurança e riscos à saúde, à falta de eletricidade, de saneamento ou de acessibilidade/mobilidade. Programas habitacionais para a contratação de unidades habitacionais, como o MCMV e outros mecanismos de financiamento habitacional são importantes instrumentos de melhoria da condição de habitação para a região. Entretanto, a população enfrenta dificuldades para acessar tais programas por conta de entraves, tais como a falta de regularização fundiária que determine a posse e propriedade dos terrenos, falta de comprovação de renda e outras documentações necessárias. Diversas iniciativas vêm sendo adotadas pelo governo federal para contornar essas dificuldades e viabilizar a implantação de novas unidades do Programa MCMV. Também o PBA (Plano Básico Ambiental) da UHE Belo Monte contribuiu para a construção de unidades habitacionais através do Plano RUC Reassentamento Urbano Coletivo e o CGDEX formou consórcio com os sindicatos de trabalhadores rurais, para prestar assistência técnica a cerca de 1.500 famílias que estão sendo beneficiadas pelo Programa Nacional de Habitação Rural (PNHR). As movimentações migratórias dificultam o planejamento de iniciativas de urbanização, pelo aumento acelerado da demanda. Por outro lado, a perspectiva de aumento da regularização fundiária, aliada à maior presença do Estado e à maior capacidade financeira de alguns municípios com a arrecadação de tributos e royalties decorrentes da geração de energia elétrica em Belo Monte, representam um importante vetor de melhoria das condições de habitação. Saneamento As condições de saneamento apresentam grande diversidade em razão das características dos municípios da região da ADT. Em Altamira e Uruará, predomina a população urbana, enquanto nos demais municípios a população rural é maioria. Na região, a maior parte das residências não é dotada de abastecimento de água canalizada ou atendida com rede de esgoto, utilizando-se de fossas sépticas. O quadro seguinte ilustra a situação dos municípios da região da ADT quanto ao abastecimento de água. 32 CONSÓRCIO VIVA XINGU

Domicílios Rede Pública Poço/ Nascente Outros Domicílios Rede Pública Poço/ Nascente Outros 2. Visão do Território 2.3. Infraestrutura para o Desenvolvimento Quadro 2.4 Abastecimento de Água por Origem dos Domicílios Particulares da ADT Dez/2002 e Jun/2014 Dezembro de 2002 Junho de 2014 Cobertura (%) Cobertura % Município 33 Altamira 10.893 25 59 16 16.986 21 75 4 Anapu* 1.859 6 89 5 3.569 6 91 2 Brasil Novo 2.771 47 49 4 4.941 58 41 1 Gurupá 4.145 29 27 44 6.055 41 15 44 Medicilândia 4.780 16 78 6 6.907 15 82 3 Pacajá 4.288 1 94 5 8.647 2 94 4 Placas 2.054 0 92 8 4.269 1 98 2 Porto de 5.285 46 21 33 5.275 45 25 31 Moz Sen. J. 2.994 56 32 12 2.915 62 30 8 Porfírio Uruará 3.739 2 83 15 9.518 0 98 2 Vitória do Xingu 1.775 10 77 13 2.446 26 66 8 Nota: Anapu: dados de dezembro de 2001 ao invés de dezembro de 2002 e dezembro de 2013 ao invés de junho de 2014. Fonte :SIAB/DATASUS disponível em http://www2.datasus.gov.br/siab/index.php?area=04, pesquisado em 07/08/2014. Os quadros seguintes apresentam as condições do esgotamento sanitário e disposição de resíduos sólidos na região, verificando-se serem bastante precárias.

Domicílios Esgoto Fossa Céu aberto Domicílios Esgoto Fossa Céu aberto Quadro 2.5 - Sistema de Esgotamento por Origem dos Domicílios Particulares da ADT Dez/2002 e Jun/2014 Dezembro de 2002 Junho de 2014 Cobertura (%) Cobertura % Município Altamira 10.893 0 87 13 16.986 2 88 10 Anapu* 1.859 2 62 37 3.569 1 77 22 Brasil Novo 2.771 0 86 14 4.941 0 98 1 Gurupá 4.145 0 64 36 6.055 1 33 67 Medicilândia 4.780 3 79 18 6.907 1 88 11 Pacajá 4.288 0 53 46 8.647 0 63 36 Placas 2.054 1 68 31 4.269 1 89 10 Porto de Moz 5.285 1 72 27 5.275 2 66 32 Sen. J. Porfírio 2.994 0 75 25 2.915 1 88 11 Uruará 3.739 1 63 36 9.518 0 96 4 Vitória do Xingu 1.775 3 78 19 2.446 5 80 16 Nota: Anapu: dados de dezembro de 2001 ao invés de dezembro de 2002 e dezembro de 2013 ao invés de junho de 2014. Fonte:SIAB/Datasul disponível em http://www2.datasus.gov.br/siab/index.php?area=04, pesquisado em 07/08/2014. 34 CONSÓRCIO VIVA XINGU

Domicílios Coletado Queimado/ Enterrado Céu Aberto Domicílios Coletado Queimado/ Enterrado Céu Aberto 2. Visão do Território 2.3. Infraestrutura para o Desenvolvimento Quadro 2.6 - Destino de Resíduo Sólido por Origem dos Domicílios Particulares da ADT Dez/2002 e jun/2014 Dezembro de 2002 Junho de 2014 Cobertura (%) Cobertura % Município 35 Altamira 10.893 64 19 17 16.986 75 17 8 Anapu* 1.859 5 45 49 3.569 39 49 12 Brasil Novo 2.771 32 42 26 4.941 52 45 3 Gurupá 4.145 14 19 67 6.055 43 44 13 Medicilândia 4.780 13 46 41 6.907 20 55 25 Pacajá 4.288 13 37 50 8.647 24 45 30 Placas 2.054 7 43 50 4.269 28 60 12 Porto de Moz 5.285 24 50 27 5.275 21 62 18 Sen. J. Porfírio 2.994 35 20 45 2.915 52 42 6 Uruará 3.739 21 36 43 9.518 44 50 5 Vitória do Xingu 1.775 11 36 52 2.446 51 32 17 Nota: Anapu: dados de dezembro de 2001 ao invés de dezembro de 2002 e dezembro de 2013 ao invés de junho de 2014. Fonte: SIAB/DATASUS disponível em http://www2.datasus.gov.br/siab/index.php?area=04, pesquisado em 07 de agosto de 2014. Entre as condicionantes acordadas no PBA da UHE Belo Monte, há diversas ações na área de saneamento, envolvendo os núcleos urbanos de Altamira e Vitória do Xingu, e as localidades de Belo Monte e Belo Monte do Pontal, contribuindo para melhoria das condições apresentadas. Segundo a Norte Energia, até janeiro de 2014, foram contratados R$ 400 milhões em projetos na área de saneamento básico na região do Xingu, para implantação de 170 km de redes de água potável, 220 km de redes de esgoto, estações de tratamento de água e esgoto, construção de aterro sanitário em Altamira e obras de drenagem urbana.

Praticamente 100% da planejada rede de esgotos e de tratamento e distribuição de água foram concluídos, utilizando equipamentos de última geração. SUGESTÕES O conhecimento do contexto da região e das suas principais demandas balizou a pesquisa de sugestões, visando à superação de obstáculos e à indução de mecanismos de desenvolvimento sustentável. Desse processo emergiu um conjunto de iniciativas estruturantes que, imagina-se, podem desempenhar o papel de núcleo do processo de transformação da infraestrutura da região a ser perseguido a médio e longo prazo, sem prejuízo de outras iniciativas, subsidiárias ou emergenciais que vierem a ser adotadas. terminais rodoviários precedendo a definição das respectivas obras), da energia (quando se sugere a implantação de um centro de estudos para aplicações de energias alternativas e a elaboração de estudo sobre oferta planejada/ tendências das demandas); comunicações (em que as ações de planejamento se mostraram necessárias previamente à implantação de infocentros e Cidades Digitais ) e saneamento (para o qual se sugere a elaboração de diagnóstico de oferta/ demanda nos municípios, como a primeira medida a ser tomada). 36 Para o conjunto de temas da infraestrutura, a elaboração de estudos que permitam adequado planejamento das obras muitas vezes foi o ponto de partida sugerido, como no caso dos transportes (com a elaboração de diagnóstico da situação dos terminais e hidrovias e dos CONSÓRCIO VIVA XINGU

2. Visão do Território 2.4. Fomento às Atividades Produtivas Sustentáveis CONTEXTO 37 Sucessivas decisões para ocupação da Amazônia, mediante a expansão das atividades produtivas e o povoamento regional a partir da abertura da BR 230 promoveram alterações expressivas na ocupação do território da ADT. Mais recentemente, acumularam-se novas mudanças, entre as quais aquelas associadas ao crescimento demográficourbano, com demandas sociais e econômicas intensas, mais concentradas em Altamira, enquanto se introduz capital físico importante, como a UHE Belo Monte, Linhas de Transmissão, asfaltamento de trechos da Transamazônica, terminal intermodal, implantação de serviços de saneamento, entre outros equipamentos sociais. Esse movimento provocou novos fluxos econômicos e demográficos, cuja acomodação entre os municípios do território da ADT tem levado a sucessivas mudanças nem sempre captáveis com os dados e informações disponíveis. instáveis e o mercado urbano tem se expandido celeremente, desorganizando o abastecimento e a prestação de serviços, com demandas explosivas para alguns segmentos de serviços principalmente nos municípios de Altamira, Senador José Porfirio e Vitória do Xingu, sem que a oferta tenha respondido. Há considerável aumento no custo de vida para a população residente com proliferação de situações de sobrepreços de bens e serviços. No futuro próximo, à medida que a população da região estabilizar-se em patamares rumo a algo como 600 mil pessoas (conforme as projeções realizadas por este estudo, para o ano de 2030), o mercado correspondente também deverá seguir a mesma tendência, podendo ter diversificada sua linha de produção, atendendo novos fluxos de produção e industrialização/beneficiamentos decorrentes. Novas transformações estão em curso, originadas de outras políticas públicas, que procuram rever a apropriação dos recursos naturais e o uso e ocupação do espaço, atuando na promoção da regularização ambiental dos imóveis rurais, na recuperação de passivos ambientais com geração de renda e segurança alimentar para as famílias, entre outros programas de incentivo ao avanço econômico e ambiental. Nesse quadro recente, as atividades produtivas da região têm permanecido

Em termos intra-regionais, é provável que os municípios da região da ADT, principalmente aqueles distribuídos ao longo da rodovia Transamazônica venham a sustentar uma rede urbana mais articulada, comandada por Altamira como centro regional, e com os municípios de Uruará, Pacajá e Anapu com importância crescente e na categoria em expansão. Em termos do perfil produtivo, a região da ADT possui economia com fluxos produtivos mais concentrados em Altamira, onde é gerado 40% do total regional. De maneira geral, no PIB Total com recorte setorial predominam atividades de comércio e serviços, com 65% do valor adicionado bruto total, diferindo bastante do perfil do Estado do Pará. Esse segmento terciário opera, não como um setor induzido, mas, alimentado pela administração pública (32,5%). Segue-se o setor primário agricultura, pecuária e extrativismo com valores bastante diferenciados, de 12% e 35%. A indústria, notadamente de beneficiamento mantém baixa participação, destacando-se apenas em Altamira. Em função de diversos indicadores e levantamentos realizados, e considerando-se as mudanças na história da região e agora a possibilidade de resolução do gargalo na oferta de energia e de logísticas de transportes, podem-se prever alterações no perfil do PIB. Acrescente-se ainda a forte possibilidade de implantação de uma unidade de mineração de ouro de grande porte na Volta Grande do Xingu, podendo encadear, no curto prazo, efeitos para trás sobre demandas por alguns insumos, além de novas demandas sociais. 38 Nesse processo pode-se prever que a produção regional irá se alterar, ainda que deva permanecer concentrada naquelas atividades já importantes na atualidade. Haverá alguns possíveis rearranjos, à medida que a agricultura familiar se fortalecer, respondendo às demandas regionais e, ainda, devem surgir melhores chances de exportação para produtos como cacau, mobiliário, peixes ornamentais e frutas entre outras oportunidades econômicas, como também na mineração. Espera-se ainda que as atividades rurais possam se reposicionar no contexto estadual, adquirindo mais vigor com ganhos locacionais. PRINCIPAIS PROBLEMAS IDENTIFICADOS E SUGESTÕES Tendo em vista essas perspectivas de mudanças, e considerando as Atividades Produtivas pactuadas com os integrantes da CT3, foram elaborados sumários dos encadeamentos produtivos com maiores chances de êxito, resumindo-se seus principais problemas, as demandas mais frequentes dos produtores e, por fim, os atores institucionais envolvidos no fortalecimento dessas atividades produtivas. As cadeias produtivas selecionadas foram: CONSÓRCIO VIVA XINGU

2. Visão do Território 2.4. Fomento às Atividades Produtivas Sustentáveis 39 Cadeia do Cacau Principais problemas: Cadeia do cacau ainda incipiente, com lacunas operacionais no cultivo, no nível de beneficiamento primário, na classificação de amêndoas aplicada apenas nas cooperativas de cacau orgânico e na comercialização; Dificuldades operacionais das seis cooperativas do Programa de Produção Orgânica; Baixos níveis de qualidade e identidade dos produtos (embalagem, especificações técnicas, validade em função da falta de estrutura de beneficiamento primário (cocho e barcaça), armazenagem e assistência técnica); Falta de registro junto aos órgãos de regulamentação e fiscalização para a produção e comercialização; Dificuldade de acesso aos créditos rurais, tendo como principais motivos a regularização fundiária e ambiental e o baixo grau de informação sobre o acesso ao crédito; Presença de atravessadores e feiras livres, mercados municipais e feiras do produtor com problemas de falta de higienização e organização dos produtos; Falta de investimento em novas tecnologias para toda a cadeia do cacau, como a dificuldade de reestruturação da CEPLAC para agilizar a transferência de tecnologia; Falta de política definida para o cultivo da lavoura cacaueira em toda a cadeia; Estrutura física para produção e armazenamento sem os padrões exigidos; Preços baixos e não diferenciados (no mercado local) inibindo a entrada de novos produtores; Ausência de um diagnóstico aprofundado com levantamentos e conhecimentos básicos, a partir da realidade local, para ser pensar, nos próximos 20 anos, os rumos da lavoura cacaueira da região da Transamazônica e da ADT. Agricultura Familiar Principais problemas: Convivência da pequena produção com a concentração de uma grande quantidade de terras públicas da União, sem o reordenamento fundiário; A precariedade na condição de subsistência, a rotatividade dos donos dos lotes, a qualidade do solo, a flutuação dos preços e a distância da sede das cidades influenciam a permanência ou não do colono ou assentado no seu lote;

Baixos rendimentos das culturas com falta de assistência, tanto técnica como de infraestrutura aos agricultores, incluindo os assentados nos projetos de colonização; Dificuldade dos agricultores para se organizarem e promoverem o atendimento a suas demandas como capacitação, preços competitivos, melhoria do fluxo de comercialização e de seus rendimentos, entre outros aspectos. Fruticultura permanente e temporária e horticultura Principais problemas: Deficiência de orientação, capacitação e associativismo dos agricultores para melhoria do fluxo de comercialização e seus rendimentos; Falta de encadeamento produtivo eficiente com segmentos industriais para beneficiamento das frutas; Dificuldades nas Secretarias Municipais de Meio Ambiente, na emissão do SIM (Selo de Inspeção Municipal); A Horticultura ainda não é relevante na região, mas com possibilidades de crescimento devido à escassez de alimentos e ao aumento populacional, principalmente nos municípios afetados pelas obras da UHE Belo Monte. da carne em distâncias econômicas; Logística comprometida, isolamento, distância e/ou insuficiência de frigoríficos; Exploração ineficiente de subprodutos como couro, sangue, ossos, sebo, miúdos, leite; Manejo inadequado e com baixa produtividade do rebanho em pastagens subutilizadas; Nutrição, pastagens com adubação ineficiente e/ou suplementação mineral inadequada; Falta de conhecimento, aporte técnico, instalações zootécnicas, sanitárias; Falta de mão-de-obra especializada; Falta de regularização das propriedades rural e ambiental; Arrendamento - pecuaristas destinam seus rebanhos para serem criados por pequenos proprietários ou assentados do INCRA em suas terras, dando-lhes em troca os novilhos que nascerem e algumas cabeças, podendo perder-se a origem do boi. 40 Pecuária de Corte Principais problemas: Dificuldade de alcançar mercados mais estáveis para o abate e processamento CONSÓRCIO VIVA XINGU

2. Visão do Território 2.4. Fomento às Atividades Produtivas Sustentáveis 41 Pecuária de Leite Principais problemas: Entendimento da pecuária como complementação de renda mais do que atividade comercial, resultando em dificuldades do pequeno produtor para alcançar mercados mais estáveis para a produção leiteira em distâncias econômicas; Logística comprometida, isolamento, distância e ou insuficiência de unidades de beneficiamento; Manejo inadequado e com baixa produtividade do rebanho em pastagens subutilizadas; Nutrição, pastagens com adubação ineficiente e/ou suplementação mineral inadequada; Falta de conhecimento, aporte técnico, instalações zootécnicas, sanitárias; Falta de mão-de-obra especializada; Falta de regularização das propriedades rural e ambiental; e Forte presença do atravessador. ambiental, havendo demora na liberação de projetos de manejo; Situações de desperdício no processo produtivo, dada a falta de informações sobre tecnologias e qualidade da madeira com aproveitamento comercial; Falhas na fiscalização em sucessivas etapas da extração, o que estimula a venda irregular; Presença de informalidade e situações de ilegalidade para obtenção da certificação de origem de florestas manejadas; Falta de transparência nos licenciamentos e falhas na fiscalização em sucessivas etapas da extração, o que fortalecem a venda irregular; Carência de energia e transportes adequados; Carência de mão-de-obra qualificada na extração e fabricação mobiliária. Madeira e Mobiliário Principais problemas: Extração madeireira com baixa produtividade e não aproveitamento integral das árvores derrubadas; Falta de regularização fundiária, dificuldades de licenciamento

Pesca e Aquicultura Principais problemas: As estruturas de embarque/desembarque do pescado, piers, atracadouros, estaleiros muitas vezes são precárias, convivendo com rede informal de recepção de pescado. Há, assim, significativo desperdício, o que colabora para a sobrepesca; Predomínio de sistemas familiares de pequeno porte, de modo geral não licenciados e com dificuldades de acesso a crédito; Deficiência da unificação da classe de aquicultores/pescadores para receberem orientação, capacitação e associativismo, tendo em vista melhoria do fluxo de comercialização e seus rendimentos; Presença de pesca ilegal; Dificuldade para inserção do pescado em mercados estáveis, como os institucionais; Na pesca ornamental do Médio Xingu há pescadores que começam a trabalhar com idade abaixo do permitido pelas leis brasileiras (16 anos), podendo caracterizar trabalho infantil. Mineração Principais problemas: Prática irregular da lavra garimpeira, principalmente a lavra de ouro, caracterizando uma atividade insustentável, quer sob o enfoque socioeconômico, quer sob o ponto de vista ambiental stricto sensu; o número de Permissão de Lavra Garimpeira - PLG requerida em relação a outorgada é de apenas 3,5%; Não cumprimento das normas legais trabalhistas trabalhador sem o vínculo empregatício, recebendo remuneração do proprietário do garimpo, por um percentual pequeno do minério extraído; Trabalho desenvolvido em condições marcadas pela precariedade; Não atendimento a legislação ambiental aplicável, com impactos ambientais e sociais; Falta de ordenamento da mineração de agregados para a construção civil (areia, cascalho, argila e baixa solicitação de requerimentos para extração); Ausência de estudos para aprofundar o conhecimento das reservas lavráveis de calcário; A forte informalidade presente na extração de ouro dificulta a obtenção de receita orçamentaria via CFEM, além da inserção no mercado externo, por vias legais. 42 CONSÓRCIO VIVA XINGU

2. Visão do Território 2.4. Fomento às Atividades Produtivas Sustentáveis Indústria, Comércio, Serviços e Turismo 43 Principais problemas: Atendimento inadequado de bens e serviços básicos à população dos municípios da ADT por insuficiência da oferta de produção e prestação de serviços e dificuldade de acessibilidade a Altamira e, ao mesmo tempo, com chances de redução da demanda no pós obra da UHE Belo Monte; Alto coeficiente de importação de bens básicos; Baixo encadeamento industrial entre as unidades extrativas vegetal e mineral e a de transformação, até mesmo de bens perecíveis básicos; Mercados instáveis e desorganizados na comercialização com demanda em célere expansão em Altamira, prejudicando ainda mais o abastecimento; Falta de instalações hoteleiras mais robustas para atender o turismo de negócio, mas com chance de retração no pós obra; Distinção quantitativa e qualitativa entre as demandas de contingentes urbanos em Altamira, população do meio urbano das pequenas cidades, populações à margem da Transamazônica, população ribeirinha, população rural dos assentamentos, requerendo projetos diferenciados em termos de perfil da renda e hábitos culturais; Em Altamira, falta de ordenamento de ocupação do solo para atividades industriais.

SUGESTÕES Para cada uma dessas cadeias produtivas, foi sugerido um conjunto de iniciativas que, grosso modo, incluem: Identificação de Planos e Programas existentes para a cadeia produtiva em questão; Identificação dos órgãos articuladores, das condições para participação e as medidas necessárias para adaptar os produtores locais às exigências desses programas; Sugestão de medidas para fortalecimento das associações de produtores visando facilitar o acesso à assistência técnica, transferência de tecnologia por centros de pesquisas, implantação de unidades piloto (quando for o caso); Sugestão de medidas para implantação de programas de capacitação voltados à agregação de valor ao produto primário, se possível; Orientação para participação em programas de aquisição de produtos locais e diversificação de mercados. 44 CONSÓRCIO VIVA XINGU

2. Visão do Território 2.5 Inclusão Social e Cidadania 45 CONTEXTO A análise da situação da inclusão social e do exercício da cidadania no contexto regional incluiu o levantamento de informações sobre: Pessoas em situação de vulnerabilidade de acordo com a raça, sexo, idade e situação de moradia, presença e quantidade de CRAS- Centro de Referência da Assistência Social, CREAS - Centros de Referência Especializado de Assistência Social e Casas de Acolhimento, cadastros dos Programas Bolsa Família e de Segurança Alimentar e informações do SINE- Sistema Nacional de Emprego; Presença e funcionamento de Conselhos Participativos na região; Dados sobre violência nas suas diversas formas, segundo o gênero, raça e idade da população; Meios de comunicação e equipamentos culturais presentes na região; atividades culturais e artesanais tradicionais ou não; Inclusão digital: número de computadores, telecentros, acesso público e gratuito, wi-fi. destaque para o município de Altamira, que em 2011 alcançou a 48ª posição entre os mais violentos do país. Uma análise mais detalhada dos índices de homicídios indicou que estes são especialmente elevados entre a população jovem e negra, fazendo-se urgente a adoção de medidas para mitigação desse quadro; Presença e funcionamento de Conselhos Participativos nos municípios da região: à exceção de Pacajá, mesmo os municípios mais estruturados, possuem menos de 50% dos Conselhos regularmente pesquisados pelo IBGE (Educação, Assistência Social, Segurança Alimentar, Tutelar, Criança e Adolescente, Idosos, da Pessoa com Deficiência, Mulher, Cultura, Urbano, Meio Ambiente e Transportes). Ainda assim, na maior parte dos casos seu funcionamento é irregular; PRINCIPAIS PROBLEMAS IDENTIFICADOS E SUGESTÕES Tendo em vista as informações coletadas, os principais problemas identificados foram: Altas taxas de violência na região, com

Quanto à Cultura e aos Esportes, observou-se que a região é carente de órgãos públicos dedicados a esses temas, bem como de informações sobre as atividades e equipamentos disponíveis. Foram coletados dados sobre a existência e quantidade de: Meios de Comunicação e Equipamentos Culturais bibliotecas, cinemas, centros culturais, rádios, teatros, telecentros; Atividades Artesanais culinária, fibras vegetais, dança, madeira, manifestação tradicional popular; e Grupos Artísticos artes plásticas, banda, coral, capoeira, escola de samba, desenho etc., verificando-se a existência de potencial para desenvolvimento de atividades que valorizem o patrimônio cultural regional, fazendo uso da legislação existente; A região possui mais da metade de sua população em situação de baixa renda, com renda mensal de até meio salário mínimo por pessoa, significando importantes demandas por programas e serviços sociais. As principais recomendações são: Maior conhecimento das políticas públicas desenvolvidas nessas áreas, buscando, sempre que possível, aumentar os recursos disponíveis no PDRSX com recursos oriundos de Planos e Programas Governamentais; Apoiar programas de capacitação e fortalecimento das entidades da sociedade civil, preparando-as para conceber, planejar, implantar e prestar contas de maior número de projetos e de projetos de maior alcance social; Apoiar programas de capacitação de agentes públicos que atuam nas áreas de interesse da CT4, de forma que os órgãos municipais responsáveis possam habilitar-se a receber verbas de Planos e Programas Governamentais, prescindindo dos recursos do PDRSX. 46 Assim, em razão dos problemas identificados, deliberou-se focar esforços em cinco eixos de trabalho: Segurança Pública e Justiça; Participação Social; Mulher; Cultura, Esporte e Lazer; e Assistência Social. CONSÓRCIO VIVA XINGU

2. Visão do Território 2.6. Povos Indígenas e Comunidades Tradicionais CONTEXTO Demografia, Território e Padrão de Ocupação 47 Os povos indígenas e as populações tradicionais que vivem em Terras Indígenas e Unidades de Conservação de uso sustentável representam cerca de 5% da população do território da ADT Xingu, embora ocupem cerca de 70% das terras. Sua distribuição é desigual no território de abrangência da ADT, com a maior parte da população tradicional - cerca de 90%- vivendo dentro da Reserva Extrativista Verde Para Sempre, que possui população estimada em 10.000 (dez mil) pessoas. As taxas de crescimento populacional também são desiguais, com a população indígena crescendo até 8% ao ano, enquanto a população extrativista está praticamente estagnada. distribuídas ao longo dos rios, igarapés, lagos e furos. O mesmo ocorre com as populações indígenas, cujas aldeias estão de modo geral associadas aos cursos d água. No caso das reservas extrativistas do Médio Xingu, Xingu, Iriri e Riozinho do Anfrísio, cuja população agregada é um pouco superior a 200 famílias, há 21 comunidades distribuídas ao longo dos rios Xingu e Iriri e seus tributários Pardo e Anfrísio, como se vê no mapa a seguir: O padrão histórico e cultural de ocupação tradicional, influenciado pela disponibilidade de recursos naturais e a capacidade de suporte na sua exploração, revela-se através do grande número de comunidades

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2. Visão do Território 2.6. Povos Indígenas e Comunidades Tradicionais Por outro lado, segundo o ICMBio, chega a 70 o número de comunidades ribeirinhas vivendo em áreas protegidas, incluindo-se a ESEC Terra do Meio, como se vê na figura abaixo: Figura 2.13 Comunidades ribeirinhas em áreas protegidas 49 Fonte: ISA, 2013

Para efeito do componente indígena do Projeto Básico Ambiental (PBA-CI) da UHE Belo Monte, as terras e povos indígenas estão organizados em rotas, além dos citadinos que vivem em Altamira, a saber: Rota Volta Grande/ Bacajá: TI Paquiçamba (Juruna), TI Arara da VGX (Arara), TI Trincheira Bacajá (Xicrin do Bacajá), Área Indígena (AI) Juruna do km 17 (Juruna) Rota Xingu: TI Koatinemo (Asuriní do Xingu), TI Araweté Igarapé Ipixuna (Araweté), TI Apyterewa (Parakanã) Rota Iriri: TI Arara (Arara), TI Kararaô), TI Cachoeira Seca (Arara), TI Xipaya (Xipaya), TI Kuruaya (Kuruaya), e Citadinos Na região da ADT, existem ainda, 39 aldeias em 13 territórios, conforme descrito abaixo. Os casos especiais são: A TI Ituna-Itata, que se encontra interditada pela FUNAI por abrigar índios isolados e, portanto, não faz parte do PBA-CI e nem da ADT; A TI Apyterewa que faz parte do PBA-CI, mas está fora da área de abrangência da ADT; e As terras indígenas da etnia Kayapó localizadas no Alto Xingu que fazem parte da ADT, mas apenas de forma parcial do PBA-CI. Os povos indígenas que fazem parte da ADT Xingu estão relacionados no Quadro 2.6 a seguir: 50 Quadro 2.6 - Povos Indígenas da ADT Xingu Rota/Localização Terra/Área Indígena (nº de aldeias) Povo Aldeia Rota Volta Grande/Bacajá TI Paquiçamba (3) TI Arara da Volta Grande (2) TI Trincheira Bacajá (8) Juruna Arara Xikrin do Bacajá Paquiçamba Muratu Furo Seco Terrawângã Nova Mrôtdijãn Bacajá Pytakô Kenkudjoy Pat-krô Krãnh Kamok-tikô Pukuyaká AI Juruna km17 (1) Juruna Boa Vista CONSÓRCIO VIVA XINGU

2. Visão do Território 2.6. Povos Indígenas e Comunidades Tradicionais 51 Rota/Localização Terra/Área Indígena (nº de aldeias) Povo Aldeia Rota Volta Grande/Bacajá Rota Xingu Rota Iriri Alto Xingu TI Paquiçamba (3) Juruna Paquiçamba AI Juruna km17 (1) Juruna Boa Vista TI Koatinemo (2) Asurini do Xingu Itaa-ka Koatinemo TI Araweté Igarapé Pixuna (6) Araweté Aradití Djurantí Ipixuna Pakaña Paratatin Taakati Laranjal TI Arara (2) Arara Mangarapi Arumbi TI Kararaô (1) Kararaô Kararaô TI Cachoeira Seca (1) Arara Iriri Cujubim TI Xipaya (2) Xipaya Tukamã Tukayá Curuá TI Kuruaya (3) Kuruaya Irinapã Kurudatxe TI Baú (2) Kayapó Baú Kamaú Pykany Kubenkroke TI Menkragnoti (6) Kayapó Kawatum Pyngraitire Krimej Pukatoti A Figura 2.14 abaixo, indica a localização das aldeias indígenas

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2. Visão do Território 2.6. Povos Indígenas e Comunidades Tradicionais 53 Produção A produção extrativista é diversificada, diferenciada e marcantemente sazonal. Castanha, madeira, miriti, palmito, açaí, seringa, óleos ou resinas de diversas origens, propriedades e usos (copaíba, andiroba, breu branco, buriti, pracaxi, ucuúba, bacaba, patauá etc.), sementes florestais nativas para reflorestamento ou culinária, cipó, peixe, camarão, além de frutos, caças e produtos básicos da agricultura familiar são alguns dos produtos que caracterizam a economia das RESEX. Ressalte-se ainda a pecuária bubalina existente nos terrenos baixos da RESEX, remanescente das atividades existentes na área, anteriormente à criação da Unidade de Conservação. A distribuição da produção segue o padrão de distribuição da população, o que acarreta dificuldades logísticas pelas grandes distâncias fluviais a serem percorridas. Uma das alternativas para redução desses custos é concentrar o resultado da coleta e o seu beneficiamento em determinados pontos, estratégia que já vem sendo implantada no Médio Xingu e que envolve o conceito de mini usinas. Para tanto, é necessário o desenvolvimento de estudos para identificação dos usos industriais dos produtos locais, bem como para o desenvolvimento de novos mercados. Entretanto, a fragilidade das associações comunitárias tem representado um obstáculo para o alavancamento dessa estratégia. A pesca é outra atividade econômica de grande relevância para essas populações. Os principais problemas relacionados à pesca foram identificados como: Necessidade de fiscalização para inibição da sobrepesca; Risco de conflitos entre pescadores locais e pescadores de outras comunidades que buscam áreas relevantes para a pesca na região da ADT; Já entre as demandas importantes de produção das comunidades extrativistas, destacam-se: Necessidade de elaboração de Planos de Manejo nas Reservas Extrativistas; Assistência técnica rural de forma continuada, incluindo a alternativa de agroecologia para a as atividades de roça (agricultura familiar). Mas o estímulo mais importante para o desenvolvimento da roça pode se dar através de mercados institucionais como o Programa de Aquisição de Alimentos - PAA do Ministério de Desenvolvimento Social e o Programa Nacional de Alimentação Escolar PNAE do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE).

Infraestrutura As condições de navegação fluvial representam um fator diferencial importante entre o Baixo e o Médio-Alto Xingu, onde se localizam, como observado anteriormente, a totalidade dos territórios indígenas e três das cinco RESEX da região da ADT (Xingu, Iriri e Riozinho do Anfrísio). Devido à grande quantidade de pequenas ilhas, pedrais e corredeiras as condições de navegação no Médio-Alto Xingu são bastante adversas, particularmente na época de vazante dos rios, afetando não só os tempos de viagem de/para Altamira e, consequentemente, os fretes para intercâmbio de mercadorias entre as comunidades e o maior centro urbano regional (venda de produtos da floresta e compra de produtos de primeira necessidade), mas também os serviços públicos de saúde e educação, considerando que muitos profissionais destas áreas vêm de centros urbanos regionais ou de Altamira, onde se localiza o distrito de saúde indígena (DSEI). tradicionais do Xingu pode ser entendida com mais clareza no mapa de alcance dos serviços médicos a partir de centros urbanos que ficam ao longo do eixo da Transamazônica e no Baixo Xingu, como Porto de Moz e Gurupá, ou em cidades lindeiras da área de influência do PDRS, como Novo Progresso no Pará, Guarantã do Norte no Mato Grosso, e nas cidades paraenses de Prainha e Almeirim no rio Amazonas (Figura 2.15). Complementarmente, existe na região um sistema de pistas para pouso de aeronaves de pequeno porte com grande abrangência regional, em especial, no Médio-Alto Xingu. Esse sistema de apoio aeroviário tem grande relevância para os serviços emergenciais de saúde e vem sendo objeto de apoio do PDRS, como no caso da RESEX Riozinho do Anfrísio. 54 No Baixo Xingu, as condições de navegação são boas praticamente o ano todo, o que possibilitaria a consolidação de uma rota hidroviária desde Vitória do Xingu até as ilhas e de lá até Macapá e Belém, inclusive sob o ponto de vista do turismo amazônico. A relevância da questão da distância para os povos indígenas e comunidades CONSÓRCIO VIVA XINGU

55 2. Visão do Território 2.6. Povos Indígenas e Comunidades Tradicionais

Energia O sistema de energia que atende à grande maioria das aldeias e comunidades ribeirinhas é precário. A maioria das aldeias possui motor gerador a diesel para abastecimento de água e iluminação das casas e a manutenção desses equipamentos é de responsabilidade de cada comunidade. Há, porém, um compromisso da Eletrobrás em levantar, até o final de 2014, as necessidades das aldeias para posterior gestão junto à CELPA dentro do Programa Luz para Todos (PLT). Comunicações Os serviços atuais de comunicações se baseiam em rádio e foram, no caso das aldeias, expandidos para todas elas a partir do programa de comunicação indígena do PBA-CI. As aldeias mais próximas dos canteiros de obras de Belo Monte contam também com sinal de telefonia celular. Algumas aldeias contam ainda com telefones públicos, que, no entanto, recebem manutenção precária das operadoras e apenas duas têm acesso à internet. 56 Há placas solares em todas as aldeias, em geral, para manter as baterias dos sistemas de rádio, em um investimento que foi feito pelo programa de comunicação indígena do PBA-CI. No plano operativo do PBA-CI há também um projeto de energia elétrica ou de iluminação para todas as aldeias a partir da priorização do PLT para se garantir uma rede elétrica em cada uma delas. É preciso registrar também a presença de gargalos importantes relacionados à capacidade dos sistemas de energia elétrica existentes para o funcionamento das estruturas produtivas, tais como, serrarias, queijarias e processamento de frutas e que precisam ser equacionados. CONSÓRCIO VIVA XINGU

2. Visão do Território 2.6. Povos Indígenas e Comunidades Tradicionais 57 Saúde e Saneamento A responsabilidade e a qualidade dos serviços públicos de saúde e saneamento prestados marcam uma diferença importante entre os povos indígenas e as comunidades tradicionais, uma vez que, para os povos indígenas, há um Subsistema de Atenção à Saúde Indígena integrado ao SUS, que se materializa através da Secretaria Especial de Saúde Indígena (SESAI), da Casa de Saúde Indígena (CASAI) e do Distrito Sanitário Especial Indígena (DSEI) de Altamira, além de um Conselho Distrital de Saúde Indígena (CONDISI). Para os Kayapós e as comunidades tradicionais, no entanto, os serviços são precários e programas específicos para estes grupos ainda estão em implementação ou formação. Praticamente todas as aldeias do Médio Xingu possuem uma farmácia com um técnico de enfermagem, um Agente Indígena de Saúde (AISA) e um Agente Indígena de Saneamento (AISAN). A maioria das aldeias possui algum equipamento que disponibiliza água para as casas, mas são poucas as aldeias que possuem poços artesianos. No contexto do PBA-CI a previsão é de 37 projetos para obras de saneamento, além de uma nova sede para a DSEI que deve incluir uma Farmácia Verde, ou seja, a formulação dos remédios tradicionais, que pode servir também para as farmácias das Reservas Extrativistas. Para abastecimento de água as obras já estão concluídas na Rota Bacajá e encontram-se bastante adiantadas nas Rotas Xingu e Iriri. Os trabalhos mais atrasados referem-se ao manejo de resíduos sólidos, pois ainda não há uma política definida para as aldeias. Para a saúde indígena, o PBA-CI prevê a construção, instalação e operação de dois tipos de unidades básicas de saúde (UBS), segundo a Resolução 021 do CONDISI de 12 de março de 2014. A UBS Tipo I que se assemelha a um posto de saúde será instalada nas 37 aldeias, enquanto que as UBS Tipo II, que oferecem também serviços odontológicos e mais facilidades do que um posto de saúde, serão instaladas em oito polos regionais que englobam as 37 aldeias. Interessante observar que as UBS Tipo II poderiam cobrir também uma boa parte das populações extrativistas se fossem dimensionadas para isto. O fato de a saúde indígena ser tratada por uma estrutura específica para esse fim cria problemas de discriminação no atendimento entre as populações no Médio Xingu e uma eventual duplicação das redes de cobertura para as populações indígenas e extrativistas.

Na prática, entretanto, populações extrativistas acabam sendo atendidas pela rede disponível nas aldeias e viceversa, mas, em tese, as redes são de uso exclusivo. No longo prazo deveria se pensar na gestão da saúde e mesmo da educação de nível médio, por exemplo, a partir de relações e acordos que se deem entre as populações que vivem mais próximas. Já a situação das aldeias Kayapó, que não são objeto do PBA-CI, é bastante precária. Não há banheiros nos Krikré (casa) dos indígenas, pois esta necessidade ainda não foi assimilada pela cultura Kayapó. Apenas as farmácias das aldeias Kubenkokre, Kamaú e Baú possuem banheiros. O projeto da SESAI para oferecer água tratada nas aldeias ainda não foi efetivado e a água consumida vem direto do rio. O quadro das comunidades tradicionais não é muito diferente. Banheiros instalados com fossa existem apenas nos polos comunitários um por RESEX; a maioria das casas não tem banheiro e aquelas que possuem utilizam uma fossa comum. Na maioria das casas o lixo é queimado ou às vezes é depositado a céu aberto. O consumo de água é direto do rio, sem tratamento, com poucos casos de existência de bomba para transporte da água e de filtro para a água de beber. Algumas casas e polos têm poços amazônicos que fornecem água ainda não testada, mas que estão sendo muito utilizados para consumo. Há três postos de saúde funcionando com técnicos de enfermagem, instalados em áreas centrais das RESEX, requerendo deslocamentos que podem chegar a mais de 100 km para o atendimento da maioria da população. Comandos de saúde com médicos, dentistas e enfermeiros são realizados uma vez por ano. Apenas dois agentes comunitários de saúde (ACS) estão contratados na RESEX Riozinho do Anfrísio e dois microscopistas por RESEX, o que não é suficiente. O resgate de emergência é realizado por voadeira da associação ou por via aérea, com apoio da Secretaria Municipal de Saúde. CONSÓRCIO VIVA XINGU 58

2. Visão do Território 2.6. Povos Indígenas e Comunidades Tradicionais 59 Educação Praticamente todas as aldeias possuem escolas com professores (indígenas e nãoindígenas) e algumas escolas possuem merendeiras e outros servidores. Hoje existem também escolas polo em cada rota. No âmbito nacional, a evolução institucional e didática oficial para a educação indígena data de 30 de outubro de 2013 com a Portaria nº 1.062 do Ministério da Educação, que instituiu o Programa Nacional dos Territórios Etnoeducacionais PNTEE. Os territórios etnoeducacionais são espaços de concertação em que os entes federados, as comunidades indígenas, as organizações indígenas e indigenistas e as instituições de ensino superior pactuam as ações de promoção da educação escolar indígena, efetivamente adequada às realidades sociais, históricas, culturais, ambientais e linguísticas dos grupos e comunidades indígenas. No caso do Médio Xingu o TEE já tinha sido criado em 2011 e teve seu plano de ação aprovado em maio de 2012. PRINCIPAIS PROBLEMAS IDENTIFICADOS E SUGESTÕES Na segurança territorial e conservação ambiental: a celebração do direito real de uso (CCDRU) de comunidades tradicionais se limita a parte da RESEX Riozinho do Anfrísio. Unidades de Conservação incidem em terras públicas da União e do Estado do Pará não repassadas ao ICMBio e terras devolutas ainda não arrecadadas. Há entradas de pessoas de fora sem autorização, roubo intenso de madeira na RESEX Riozinho do Anfrísio, pesca e caça irregular nas unidades, além de reativação de algumas fazendas. Na Verde para Sempre, que é uma das reservas mais ameaçadas, é preciso elaborar, aprovar e executar o plano de manejo e proteção da UC, além de fortalecer o Conselho Deliberativo. Não há um escritório do ICMBio em Porto de Moz e poucos servidores do instituto na região. Para os povos indígenas os principais problemas são: roubo de madeira e invasão de garimpo na TI Baú com aliciamento de lideranças pelos infratores. Demarcação física e levantamento dos não-indígenas moradores das TI Cachoeira Seca e Arara da Volta Grande do Xingu, com pagamento das benfeitorias e extrusão dos posseiros (condicionantes de Belo Monte). Extrusão também na TI Apyterewa. Planos de Vigilância Indígena sendo construídos a curto prazo nas TIs Arara, Koatinemo e Trincheira Bacajá e demanda de fiscalizações terrestres para controle de extração ilegal de madeira (Cachoeira Seca, Arara, Trincheira Bacajá e Apyterewa) e garimpo (Manelão, balsas na TI Kuruaya, garimpos pequenos em Apyterewa) e fluviais (pesca de pessoas de fora das TIs e Ucs).

As principais sugestões apresentadas consideram, basicamente, o valor do território ocupado pelos povos indígenas e comunidades tradicionais na Amazônia, cujo modo de vida é consistente com o ritmo e limitações naturais, ou seja, em sintonia com os ciclos e a capacidade de suporte da própria natureza; depende, assim, do desenvolvimento de um novo paradigma econômico, em que a valoração dos bens e serviços de um território com estas características leve em conta a forma como eles são obtidos, onde e por quem. Nesse novo paradigma, o patrimônio genético, o conhecimento tradicional e os serviços ambientais prestados por ecossistemas relevantes, como os amazônicos, serão fundamentais para a sustentabilidade destes territórios no longo prazo. Em termos práticos, estes atributos podem ser valorizados, por exemplo, a partir da conservação e do conhecimento da biodiversidade, do carbono e da contribuição de ecossistemas terrestres e aquáticos à manutenção do ciclo hidrológico regional. regulamentando o pagamento de serviços ambientais (ou no caso socioambientais) e outra no âmbito das convenções internacionais de biodiversidade e mudanças climáticas. Também no campo do acesso ao patrimônio genético (PG), é de se esperar o avanço das autorizações pelo CGEN Conselho de Gestão do Patrimônio Genético para bioprospecção e/ou desenvolvimento tecnológico com conhecimento tradicional associado (CTA). De qualquer forma, esse é o cenário de sustentabilidade no longo prazo que se imagina para os povos indígenas e as comunidades tradicionais, a combinação de produtos e serviços locais diversificados e diferenciados, mas explorados sob baixo impacto local, com uma remuneração pela proteção dos serviços ambientais prestados pelo território e a repartição dos benefícios da exploração do patrimônio genético amazônico a partir do conhecimento tradicional. 60 No longo prazo, isto é, no horizonte da ADT (2030), parece razoável assumir que a sustentabilidade do território ocupado pelas populações tradicionais e os povos indígenas na Amazônia e, em particular, na bacia do rio Xingu, possa receber um incentivo pelo reconhecimento do papel que estas populações cumprem ao proteger o serviço ambiental prestado por seus territórios. Nesse sentido, há duas frentes de negociação: uma no âmbito nacional onde tramitam, tanto no Senado, como na Câmara Federal, projetos de lei CONSÓRCIO VIVA XINGU

2. Visão do Território 2.7. Saúde CONTEXTO De acordo com a Resolução nº 90, de 12 de junho de 2013, a região de saúde de Altamira abrange os seguintes municípios: Altamira, Anapu, Brasil Novo, Medicilândia, Pacajá, Porto de Moz, Senador José Porfírio, Uruará, Vitória do Xingu. O município de Placas está na região de saúde Baixo Amazonas e o município de Gurupá na região de saúde de Marajó Ocidental. De acordo com o Anexo da Resolução CIB n 90, de12/06/2013, a denominação dessa região de saúde passou a ser Marajó I. Do ponto de vista da estrutura de atendimento à saúde, a região mostra-se bastante carente, conforme se observa nos quadros a seguir: 61 Quadro 2.7 - Número de Hospitais na Região da ADT Xingu- Série de 2000 a 2012 Número de Hospitais 2000 2001 2002 2003 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 Altamira 3 3 3 3 4 6 6 6 6 5 4 Anapu - - - - - - - - - - 0 Brasil Novo 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 Gurupá 1 1 1 1 - - - - - 1 1 Medicilândia 1 1 1 1 - - - - - - 0 Pacajá 1 1 1 1 - - - - - - 0 Placas - - - - 1 1 1 1 1 1 1 Porto de Moz 1 1 1 2 1 1 1 1 1 1 1 Senador José Porfírio - - - - - - - - - - 0 Uruará 3 3 2 2 1 1 1 - - 1 0 Vitória do Xingu - - - - - - - - - - 0 Fonte: Data SUS Observe-se no quadro acima a redução do número de hospitais no município de Altamira, embora se trate do município polo regional e de período de forte crescimento da demanda em razão da onda migratória decorrente da construção da UHE Belo Monte. A mesma observação deve ser feita quanto ao número de leitos hospitalares, apresentado no Quadro 2.8, a seguir:

Quadro 2.8 - Total de leitos (série de 2006 a 2012) Número de leitos hospitalares, ambulatoriais e de urgência TOTAL 2007 2008 2009 2010 2011 2012 Altamira 411 399 396 410 333 311 Anapu 23 23 23 23 23 29 Brasil Novo 59 59 58 58 57 57 Gurupá 25 25 25 25 25 25 Medicilândia 47 47 47 47 47 47 Pacajá 43 43 43 46 42 42 Placas 32 32 32 32 30 31 Porto de Moz 34 34 37 54 53 53 Senador José Porfírio 5 5 5 21 20 20 Uruará 63 73 73 61 64 64 Vitória do Xingu 6 7 12 16 16 16 62 Fonte: Data SUS De acordo com o Ministério da Saúde, o número ideal de leitos para cada mil habitantes é de 2,5 a 3 leitos, mas na região, apenas Altamira e Brasil Novo apresentam indicadores compatíveis com essa recomendação. O quadro abaixo mostra o número de postos e centros de saúde por 10.000 habitantes na região da ADT. CONSÓRCIO VIVA XINGU

2000 2001 2002 2003 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2. Visão do Território 2.7. Saúde Quadro 2.9 - Número de Postos e Centros de Saúde por 10.000 hab. (série de 2000 a 2012) 63 Nº de Postos e Centros de Saúde por 10.000 hab. Altamira 3,23 3,17 2,76 2,72 3,74 3,26 3,3 3,24 2,93 2,88 2,93 Anapu 3,19 3,37 3,51 3,67 7,78 2,81 2,58 3,92 3,89 3,27 3,6 Brasil Novo 3,49 3,35 3,26 3,17 2,81 3,2 3,58 3,54 4,46 5,14 4,45 Gurupá 8,66 8,48 8,34 9,03 7,65 8,61 8,3 8,62 7,57 7,79 7,68 Medicilândia 3,27 3,24 3,68 3,65 3,54 3,54 3,41 3,38 2,93 2,88 3,19 Pacajá 2,08 2,06 2,03 2,01 1,92 1,56 1,47 1,67 1,75 1,96 1,92 Placas 2,99 2,92 2,85 2,79 2,56 2,23 2,1 2,04 1,67 2,02 1,96 Porto de Moz 4,25 4,28 3,16 3,05 3,35 4,53 4,33 3,92 2,94 2,88 2,81 Senador José Porfírio 2,54 2,7 2,82 2,97 5,83 4,2 4,81 4,85 4,6 4,67 4,75 Uruará 1,55 1,47 1,82 1,75 1,17 2,28 2,29 2,37 1,79 1,79 1,79 Vitória do Xingu 2,69 2,73 2,76 2,79 2,94 4,13 5,1 3,1 2,23 2,2 2,18 Fonte: Data SUS Em destaque no quadro acima, os municípios em melhor situação (Medicilândia) e pior situação (Uruará) quanto à presença de Postos ou Centros de Saúde/ 10.000 habitantes. Já quanto à presença de profissionais da saúde, a região mostra-se subatendida quanto ao número de médicos em todos os municípios (nenhum atinge o índice recomendado pelo Ministério da Saúde que é de 1 para 1.000 habitantes), odontólogos (todos os municípios ficam abaixo do índice recomendado que é de 1/50.000 habitantes). Os municípios da ADT Xingu ficam também abaixo da média brasileira quanto à presença de profissionais da área da enfermagem.

PRINCIPAIS PROBLEMAS IDENTIFICADOS E SUGESTÕES À luz do contexto apresentado, e das análises realizadas, identificaram-se os problemas listados abaixo como aqueles que demandam soluções mais urgentes. Dificuldades para contratação dos profissionais da saúde nos estabelecimentos dos municípios; Dados demográficos desatualizados, o que impacta diretamente o repasse de recursos; Desconhecimento efetivo sobre a condição das unidades de saúde que estão sendo construídas com recursos do PDRSX e como está sua operação, sendo necessário monitoramento contínuo das obras; Desatualização dos dados acerca das unidades de saúde e dos serviços em execução e desenvolvimento, por conta da dificuldade de acesso à internet e do baixo conhecimento técnico dos servidores quanto aos procedimentos dos sistemas informatizados do SUS. Esse desconhecimento impede o planejamento de ações especificas; O CNES (Cadastro Nacional de Estabelecimentos de Saúde) não é devidamente preenchido pelas Secretarias de Saúde. Na mesma situação estão as unidades de saúde das RESEX. É necessário que as Secretarias de Saúde dos municípios atualizem as informações; Outra dificuldade diz respeito ao PPI Programação Pactuada Integrada e a necessidade de repactuação para atualizar os dados e permitir a intervenções dos serviços de saúde no território; Ausência de uma rede de atendimento da saúde mental consolidada no território; Além da diversidade do público a ser atendido pelo SUS, há dificuldades de acesso de informações tanto em relação ao público beneficiário quanto das estruturas e serviços existentes, principalmente quando se referem às populações indígenas e moradores das RESEX. Quando esses dados existem, eles não estão necessariamente atualizados ou não são fidedignos. As sugestões apresentadas incluem: Atualização contínua dos dados da área da saúde pelos órgãos responsáveis; Formação e capacitação continuada dos profissionais da área de saúde; Ampliação dos quadros de profissionais; Ampliação da atuação na área da saúde indígena; Implantação de serviços de saúde voltados aos segmentos mais vulneráveis da população (mulheres, crianças e adolescentes, idosos). 64 CONSÓRCIO VIVA XINGU

Urbana Estadual Urbana Federal Rural Municipal Urbana Municipal Rural Privada Urbana Privada Total de Escolas População de 0 a 16 anos- Censo 2010 2. Visão do Território 2.8. Educação CONTEXTO Ensino Infantil, Fundamental e Secundário Em 2010, para uma população de 123.482 habitantes com idade de 0 a 16 anos existiam na região da ADT 970 escolas de Educação Infantil, Primeiro e Segundo Graus, distribuídas conforme o Quadro 2.10 abaixo: Quadro 2.10 - Escolas de Educação Infantil, Primeiro e Segundo Graus Públicas e Privadas nos municípios da região da ADT Xingu. 65 Município Altamira 7 1 77 49 1 7 142 30.211 Anapu 2 0 41 4 1 1 49 7.338 Brasil Novo 1 0 35 5 1 0 42 4.751 Gurupá 1 0 104 6 1 0 112 11.844 Medicilândia 1 0 58 7 1 0 67 8.670 Pacajá 2 0 159 13 1 1 176 14.047 Placas 1 0 71 4 1 0 77 8.361 Porto de Moz 1 0 135 6 0 0 142 14.386 Senador José Porfirio 1 0 32 5 0 0 38 4.864 Uruará 1 0 81 7 2 2 93 14.878 Vitória do Xingu 1 0 28 0 3 0 32 4.132 Total de Escolas 19 1 821 106 12 11 970 123.482 Fonte: Mapa de Oportunidades e Serviços Públicos - MOPS - Ministério de Desenvolvimento Social MDS- 2013

Quanto ao atendimento por nível educacional, a situação na região é precária, à exceção do ensino fundamental, onde 100% das crianças estão matriculadas. Na educação infantil, isto é, na faixa etária de 0 a 5 anos, nenhum dos municípios consegue atender mais de 39% da população. No Ensino Secundário, as poucas escolas de segundo grau existentes estão quase sempre localizadas na zona urbana, exceção feita a algumas escolas de nível técnico- profissionalizante. Observe-se que para esta faixa etária (16 a 22 anos) não há informações sobre a população. Mesmo assim, é relevante a queda do número de matrículas se comparada ao número potencial de formados no ensino fundamental em todos os municípios. O Quadro 2.11 expõe os dados sobre o número de matrículas no Ensino Médio: O Quadro 2.11 - Matrículas no Ensino Médio Público Município Matriculados Ensino Médio Público 2012 66 Altamira 5.207 Anapu 880 Brasil Novo 776 Gurupá 1.026 Medicilândia 900 Pacajá 1.089 Placas 580 Porto de Moz 1.372 Senador José Porfírio 537 Uruará 1.657 Vitória do Xingu 543 Fonte: INEP 2013. Outros dados pesquisados como os índices de aproveitamento escolar medidos pelo IDEB e distorção idade/série indicam que a qualidade do ensino na região constitui também um desafio importante. CONSÓRCIO VIVA XINGU

2. Visão do Território 2.8. Educação 67 Ensino Técnico, Profissionalizante e Superior Com o surgimento de novas oportunidades econômicas na região após a chegada da UHE Belo Monte, ocorreu uma expansão da demanda por mão-de-obra qualificada voltada tanto para novos serviços públicos como privados. Essa nova oferta de ensino superior e de cursos técnicos instalou-se, em sua maioria, na cidade de Altamira, polo econômico da região. A região da ADT conta com seis universidades/ faculdades particulares, oito projetos de Casas Familiares Rurais- CFRvoltados ao ensino profissional de jovens da zona rural e uma unidade do SENAI, localizada em Altamira, entre outras instituições. Analfabetismo As taxas de analfabetismo são calculadas para pessoas com idades acima de 15 anos. Na região da ADT Xingu, o analfabetismo constitui um dos desafios educacionais a serem enfrentados. Os dados estão disponíveis para o ano de 2010 e apresentam-se conforme o Quadro 2.12 a seguir: Quadro 2.12 - Taxa de Analfabetismo nos Municípios da ADT, Estado do Pará e Brasil Taxa de analfabetismo - 2010 (%) Brasil 9,61 Estado do Pará 11,74 Altamira 12,45 Uruará 15,11 Vitória do Xingu 16,09 Porto Moz 17,12 Brasil Novo 17,83 Medicilândia 18,35 Anapu 19,24 Placas 21,46 Pacajá 21,53 Senador José Porfírio 22,71 Gurupá 24,82 Fonte: IBGE, 2010

PRINCIPAIS PROBLEMAS IDENTIFICADOS E SUGESTÕES Da avaliação do contexto da educação, obteve-se uma lista de prioridades tendo em vista a identificação dos principais problemas do setor na região: Necessidade de ampliação de vagas para o ensino infantil; Necessidade de ampliação de vagas para o ensino médio; Necessidade de ampliação da oferta de cursos de ensino superior e profissional; Necessidade de oferecer oportunidades de aperfeiçoamento profissional aos professores de ensino infantil, fundamental e médio; Não abordada especificamente através dos dados disponíveis, mas verificada nas reuniões com representantes das Câmaras Técnicas, necessidade de formação de professores nas RESEX, que sejam parte das comunidades locais; Da mesma forma, não abordada especificamente através dos dados disponíveis, mas verificada nas reuniões com representantes das Câmaras Técnicas, necessidade de rever o sistema de financiamento do transporte escolar em virtude das grandes distâncias percorridas nos trajetos casa/escola. 68 CONSÓRCIO VIVA XINGU

3. A Carteira Estratégica de Iniciativas - CEI 69 Com base nas análises do contexto da região, consultas e discussões com as Câmaras Técnicas, foi elaborado um conjunto de propostas de iniciativas, com poder alavancador, reunidas na Carteira Estratégica de Iniciativas CEI, um dos produtos finais da ADT Xingu. Os pressupostos considerados para montagem da Carteira são operacionais, isto é, devem dar os contornos para a construção da CEI e, desta forma, evitar extrapolar o seu real papel ou subestimar seu conteúdo. São eles: Adicionalidade e complementariedade: articulação das Iniciativas com investimentos em curso e programados, considerando-se as políticas públicas incidentes na região e respectivos planos e programas; Grandes projetos estruturantes de infraestrutura econômica: capazes de desencadear fortes efeitos multiplicadores na matriz produtiva. Integrantes do PAC e/ou PPA, são considerados implantados na região em seus respectivos prazos. Com esse atributo, inclui-se, por exemplo, a conclusão do asfaltamento da BR-230. para o desenvolvimento da região. As propostas de inciativas da CEI são, desta forma, complementares e contribuem para inibição de custos amazônicos, dando conta de entraves logísticos no escoamento da produção inter e intraregional e da oferta de energia, além de propor soluções para gargalos dos setores de saneamento básico, habitação e comunicações, com regularidade e confiabilidade no seu atendimento. Regularização Fundiária: entende-se que a questão maior relativa à titularidade das terras para melhorar a segurança jurídica e financeira de investidores na região será solucionada gradativamente e Iniciativas nesse sentido estão sendo propostas, tendo em vista agilizar sua evolução. A partir dessa estruturação do capital físico da região, gargalos e elos faltantes podem ser identificados na infraestrutura econômica, encontrandose nichos com grande valor estratégico

Ao longo da maturação da CEI privilegiou-se o conceito de desenvolvimento endógeno local, baseado na capacidade da região do Xingu para a mobilização social e política de seus recursos humanos, materiais e institucionais, rumo à prosperidade continuada. Ou seja, um processo de mudança, valorizando-se seu crescimento interno, com a atuação de seus líderes políticos, empresariais, comunitários locais, mais do que movimentos de instituições e de propostas externas à região. Os debates realizados com as Câmaras Técnicas em calendário contínuo foram de fundamental importância para o entendimento da região e seus objetivos estratégicos e para a definição das Iniciativas que compõem a CEI, aportando sugestões e alinhando os rumos a partir da vivência dos seus próprios problemas, adquirida pelo CGDEX ao longo de três anos de trabalho e assegurando a desejada legitimidade sociopolítica da Carteira no âmbito da região do Xingu. 70 Dois tipos de análise de convergência foram realizados para compor a CEI: Intra Câmara Técnica (CT) e Inter CT. As análises Intra CT tiveram por objetivo consolidar todas as Iniciativas Estratégicas pactuadas com cada uma das oito Câmaras Técnicas, conforme esquema abaixo. Iniciativas As Iniciativas convergem para a solução de problemas identificados no diagnostico de um dado tema por CT Conjunto de Iniciativas por tipo: ação, estudo, projeto, programa, obra CEI por CT Figura 3.1 - Análise de Convergência Intra CT CONSÓRCIO VIVA XINGU

3. A Carteira Estratégica de Iniciativas - CEI Uma vez definido o rol de Iniciativas no âmbito de cada CT, constituído por um total de 173 propostas, as análises Inter CT foram realizadas com apoio da ferramenta de planejamento denominada Gráfico de Objetivos e Meios GOM. CEI por CT CEI entre CTs - Aplicação do GOM 71 Figura 3.2 - Análise de Convergência Iner CT O GOM considera as relações de causa e efeito entre ações/projetos que convergem para objetivos num dado marco temporal e, sucessivamente, ao longo do tempo, apoiados em visões de futuro estratégicas para a região em foco. Assim, dadas trajetórias desejáveis para a região, que se suportam em visões de futuro também desejáveis, são definidos objetivos estratégicos e os meios para eles sejam alcançados (no presente caso, as Iniciativas que compõem a CEI). A leitura do GOM, feita da esquerda para a direita, traduz a natureza top down do planejamento (análise no sentido do todo para as partes, ou de cima para baixo ), e feita da direita para a esquerda, a natureza botton up (análise no sentido das partes para o todo, ou de baixo para cima ) possibilitando visualizar a convergência buscada entre visões de futuro, objetivos estratégicos e iniciativas, considerando o conjunto da região de interesse, independentemente de avalições estritamente setoriais.

A técnica permite análises de consistência entre as propostas da CEI, eliminando-se objetivos e ações conflitantes ou repetidos, e sombreamentos, entre outras inadequações. Garante, portanto, a convergência das análises e os resultados esperados. A Figura 3.3., abaixo, representa esquematicamente a técnica de análise do GOM: Figura 3.3 Representação Esquemática do Gráfico de Objetivos e Meios - GOM TRAJETÓRIAS VISÕES DE FUTURO OBJETIVOS ESTRATÉGICOS INICIATIVAS DA CEI 72 Leitura do todo para as partes Leitura das partes para o todo CONSÓRCIO VIVA XINGU

3. A Carteira Estratégica de Iniciativas - CEI Trajetórias: traduzem a finalidade maior da CEI no longo prazo (horizonte de 2030), rumo ao desenvolvimento sustentável que se pretende garantir. Envolvem juízos de valor e atitudes, manifestados desde a elaboração do PDRSX e reafirmados pelo CGDEX e suas Câmaras Técnicas, consubstanciados no Planejamento Estratégico do Comitê, de maio de 2013 e em reuniões realizadas sucessivamente com representantes locais/regionais. 73 DESENVOLVIMENTO TERRITORIAL ALAVANCADO PELA CAPACIDADE SOCIAL E POLÍTICA DA REGIÃO XINGU DESENVOLVIMENTO TERRITORIAL COM RESPEITO À DIVERSIDADE SOCIOAMBIENTAL DESENVOLVIMENTO TERRITORIAL GARANTIDO POR PLANEJAMENTO REGIONAL CONTINUADO DESENVOLVIMENTO TERRITORIAL DIFERENCIADO POR AÇÕES INOVADORAS

Visões de Futuro as trajetórias definidas para a região da ADT, para serem garantidas nas próximas décadas, se desdobram em sete Visões de Futuro que exprimem dimensões de processos sustentáveis. São elas: 74 CONSÓRCIO VIVA XINGU

3. A Carteira Estratégica de Iniciativas - CEI Objetivos Estratégicos declaradas as Trajetórias da região da ADT, com suas Visões de Futuro, são elencados 18 Objetivos Estratégicos que serão perseguidos/alcançados no horizonte de 2030, lembrando que esses objetivos constituem o dual das questões e problemas identificados no Diagnóstico da região da ADT. Oferecem soluções para os itens relevantes e críticos da dinâmica de desenvolvimento da região. São eles: 75