INVESTIGAÇÃO DE COMUNICANTES DE TUBERCULOSE: DESEMPENHO DOS SERVIÇOS DE SÁUDE

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Transcrição:

INVESTIGAÇÃO DE COMUNICANTES DE TUBERCULOSE: DESEMPENHO DOS SERVIÇOS DE SÁUDE DAIANE MEDEIROS DA SILVA DÉBORA RAQUEL SOARES GUEDES TRIGUEIRO ANA PAULA DANTAS SILVA MEDEIROS LUANA CARLA SANTANA OLIVEIRA JORDANA DE ALMEIDA NOGUEIRA Grupo de Estudo e Qualificação em Tuberculose- PPGEnf- Universidade Federal da Paraíba- João Pessoa- Paraíba- Brasil jal_nogueira @yahoo.com.br 1. INTRODUÇÃO A Tuberculose (TB), mesmo após mais de uma década de sua declaração como problema emergencial de saúde, ainda constitui, entre as doenças infecciosas, a principal causa de óbitos entre adultos ao redor do mundo. O Brasil é um dos 22 países priorizados pela Organização Mundial da Saúde (OMS) que abrangem 80% da carga mundial da doença, ocupando a 19ª posição no ranking em incidência de casos. Em 2010 foram notificados 70.601 casos novos da doença, com incidência de 37,9 e prevalência de 29 casos por 100.000 habitantes, respectivamente (BARREIRA, 2011). Tais informações apontam o risco que a população tem de ser infectada ou reinfectada pelo bacilo da TB. Esse risco dependerá da intensidade e tempo de exposição ao bacilo, além de características como, idade, estado imunológico e nutricional, doenças intercorrentes, condições sócio-econômicas (MENEZES, 2002). Vale destacar que a investigação de comunicantes de pacientes com TB, constitui-se um importante meio de prevenção de ocorrência de novos casos da doença. Indivíduos acometidos pela forma pulmonar da doença, sem tratamento, são capazes de infectar anualmente 10 a 15 pessoas (GAZETTA et al., 2006). O Programa Nacional de Controle da Tuberculose (PNCT) estabelece como eixo estratégico prioritário para enfrentamento e controle da doença, a busca pelo diagnóstico precoce de casos estimulando a captação e exames em sintomáticos respiratórios (SR) na demanda dos serviços de saúde e na comunidade (HABIBULLAH, 2004; SANTOS, 2005). Uma vez identificado um caso novo da doença, deve-se seguir a investigação epidemiológica através da oferta de exames entre os comunicantes do doente (MONROE et al., 2008). Embora recomendado pelo PNCT, o controle dos comunicantes como meio de diagnóstico precoce e diminuição da disseminação da doença, não tem sido adotado como prática na rotina dos serviços de saúde. Um dos obstáculos relaciona-se ao pouco reconhecimento dos profissionais de saúde quanto à importância desta ação como medida de identificação de novos casos, além da falta de acompanhamento sistemático através de registros no sistema de informação (GAZETTA et al., 2008). Considerando a relevância da avaliação dos comunicantes e as ações de prevenção na família e comunidade como parte da vigilância à saúde, este estudo se propôs a analisar o desempenho dos serviços de saúde na investigação de comunicantes de doentes de tuberculose. 2. METODOLOGIA Pesquisa epidemiológica, seccional (inquérito), de abordagem quantitativa, realizada em João Pessoa- PB, município eleito pelo Ministério da Saúde como prioritário ao controle da

tuberculose. Conta com 702.234 habitantes e organiza a atenção à saúde de forma regionalizada em cinco Distritos Sanitários com 180 Unidades de Saúde da Família (USF) perfazendo uma cobertura de 84% (IBGE, 2007). Para os casos de TB co-existem duas portas de entrada no município: USF e ambulatório especializado do Complexo Hospitalar Clementino Fraga (CHCF), considerado referência estadual para diagnóstico e tratamento da doença. O universo do estudo foi constituído por pacientes em tratamento de TB residentes em João Pessoa, sendo excluídos os pacientes menores de 18 anos e a população carcerária. O tamanho da amostra estimada foi calculada através do programa Statistic (usando os comandos Several means, ANOVA, 1-Way) e considerando os parâmetros: probabilidade do erro tipo I = 0,05; probabilidade do erro tipo II = 0,20; variação devido ao erro = 0,2, determinou-se que seriam necessários 98 informantes (HAIR et al., 2005). A seleção dos casos foi por conveniência devido à necessidade de coletar dados de todos os doentes em tratamento. Foram necessários quatro meses (julho a outubro de 2009) para que este valor mínimo fosse alcançado. Os dados foram coletados por meio de fontes primárias (entrevistas com doentes) utilizando-se um questionário adaptado e validado por Villa e Ruffino Netto (2009) contendo indicadores de avaliação das ações de controle da TB no âmbito da Atenção Primária a Saúde. Para este estudo foram eleitas as seguintes variáveis: Identificação de sintomáticos respiratórios no domicilio; Investigação laboratorial e radiológica dos contatos; Realização e acompanhamento por visita domiciliar; Diálogo com a família acerca da doença e do doente; Abordagem sobre as condições de vida da família. Os entrevistados responderam cada pergunta segundo uma escala de possibilidades preestabelecida, escala Likert, sendo que valor zero foi atribuído para resposta não sei ou não se aplica e os valores de 1 a 5 registraram o grau de relação de preferência (ou concordância) das afirmações. Os dados foram digitados e armazenados em planilha eletrônica do Microsoft Office Excel 2003 e transferidos para a Tabela de Entrada de Dados do Software Statistica 9.0 da Statsoft. As variáveis estudadas foram categorizadas ou dicotomizadas conforme suas especificidades, comparadas entre diferentes unidades de saúde e analisadas em tabelas de freqüências com aplicação do teste qui-quadrado ( 2 ) para avaliar proporções. A pesquisa foi submetida à apreciação do Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade Federal da Paraíba-UFPB, aprovada com o protocolo de n 0589. Foi garantido o sigilo das informações e o consentimento por escrito foi solicitado aos entrevistados. 3. RESULTADOS E DISCUSSÃO Para analisar o desempenho dos serviços de saúde que realizaram o diagnóstico da TB, optou-se por agrupá-los em três categorias: Serviços de Atenção Básica (AB) que compreendem as Unidades de Saúde da Família; Programa de Controle da Tuberculose (PCT)- Referencia Ambulatorial para TB e Serviços Especializados (SE), categoria que agrupou Hospitais Gerais/ Privados, Policlínicas, Consultórios Médicos Particulares. A Tabela 1 mostra que do total de casos diagnosticados no período estudado, 53 (54,0%) foram diagnosticados no PCT. A procura por Sintomáticos Respíratórios (SR) no domicílio foi realizada independente do tipo de serviço que diagnosticou a TB. No uso do teste de associação, ao nível de significância de 5% (α = 0,05), evidenciou-se a não existência de associação entre as variáveis que caracterizam a procura por sintomáticos respiratórios no domicílio do doente pelo serviço de saúde que diagnosticou a TB (p=0,5941). Quanto à visita no domicilio do doente a AB que apresentou maior percentual de cobertura, com 94,1% (p= 0,0274). Não houve associação entre as variáveis que analisam a avaliação dos comunicantes domiciliares com exame de escarro (p=0,9311), RX de Tórax (p=0,3215) e Teste Tuberculínico (p=0,1007). Entre os casos diagnosticados na AB, 58,8% dos comunicantes nunca foram investigados pela baciloscopia. Este percentual alcançou 69,8%

no PCT e 64,3% nos SE. O teste tuberculínico foi o exame menos requisitado nas três categorias de serviços avaliados. Não houve associação entre as variáveis que avaliam se o serviço de saúde que diagnosticou a TB conversou com os comunicantes domiciliares sobre a TB (p=0,5422), e sobre suas condições de vida (p=0,3846). Os resultados apontam para a necessidade de ajustes, seja no planejamento e/ou organização das ações, cujo enfoque privilegie o cumprimento das prescrições oficiais do PNCT. A investigação dos contatos caracteriza-se como uma sequência de atividades que vão desde o contato no domicílio, orientação sobre a doença, esquema terapêutico, tipos de drogas e efeitos, duração do tratamento, os benefícios do uso, e as conseqüências do abandono. Possibilita a aproximação entre familiares e profissionais de saúde e oportuniza a inclusão dos mesmos no tratamento do doente, sendo fundamental para o enfrentamento da doença, condução e êxito terapêutico (BUFFON, RODRIGUES, 2005; OLIVEIRA et al., 2009). Tabela 1: Associação entre os serviços de saúde que diagnosticaram a TB e conduta dos profissionais de saúde para investigação dos comunicantes. João Pessoa, 2009 (n=98). VARIÁVEL Serviço que diagnosticou TB AB PCT SE p n (%) n (%) n (%) Busca de SR no domicílio do doente Nunca 3 (17,6%) 10 (18,9%) 3 (10,7%) Às vezes 0 (0,0%) 2 (3,7%) 0 (0,0%) Sempre 14 (82,4%) 41 (77,4%) 25 (89,3%) 0,5941 Visitas no domicílio do doente Nunca 1 (5,9%) 15 (28,3%) 11 (39,3%) Às vezes 0 (0,0%) 7 (13,2%) 1 (3,6%) Sempre 16 (94,1%) 31(58,5%) 16 (57,1%) 0,0274 Avaliação dos comunicantes com BK Nunca 10 (58,8%) 37 (69,8%) 18 (64,3%) Às vezes 1 (5,9%) 2 (3,8%) 1 (3,6%) 0,9311 Sempre 6 (35,3%) 14 (26,4%) 9 (32,1%) Avaliação dos comunicantes com Raio X Nunca 10 (58,8%) 27 (50,9%) 14 (50,0%) Às vezes 1 (5,9%) 9 (17,0%) 1 (3,6%) 0,3215 Sempre 6 (35,3%) 17 (32,1%) 13 (46,4%) Avaliação dos comunicantes com TT Nunca 16 (94,1%) 48 (90,6%) 22 (78,6%) Às vezes 1 (5,9%) 1 (1,9%) 0 (0,0%) 0,1007 Sempre 0 (0,0%) 4 (7,5%) 6 (21,4%) Conversaram com os comunicantes sobre a TB Nunca 7 (41,2%) 25 (47,2%) 13 (48,2%) Às vezes 2 (11,8%) 1 (1,9%) 2 (7,4%) 0,5422 Sempre 8 (47,0%) 27 (50,9%) 12 (44,4%) Conversaram com os comunicantes sobre as condições de vida Nunca 14 (82,4%) 32 (60,4%) 15 (53,6%) Às vezes 0 (0,0%) 1 (1,9%) 1 (3,6%) 0,3846 Sempre 3 (17,6%) 20 (37,7%) 12 (42,8%) Legenda: AB- (Serviços de Atenção Básica) PCT- (Referência para TB) SE- Serviços Especializados ( Hospitais Gerais/Particulares, Policlínicas, Consultórios)

SR- Sintomático Respiratório BK- Baciloscopia de escarro TT- Teste Tuberculínico Estudo realizado em São José do Rio Preto-SP apontou insuficiência de monitoramento no controle dos comunicantes, assinalando que a atenção centra-se no indivíduo doente, isoladamente, com ações parciais sobre o comunicante e pequena valorização de ações preventivas (GAZETTA et al., 2008). Portanto a visita domiciliar caracterizaria-se como espaço privilegiado para a inclusão e envolvimento da família no cuidado ao doente de TB, bem como a oportunidade para identificação de novos casos (NOGUEIRA et al., 2011). Apesar de um percentual satisfatório de usuários atendidos pela AB terem mencionado receber atenção no domicílio, a utilização deste recurso como momento de investigação de fatores de risco ainda é incipiente. A investigação das condições de vida e de saúde da família foi mencionada como satisfatória apenas por 35 (34,6%) usuários entrevistados, ação predominantemente realizada pelos serviços especializados. CONSIDERAÇÕES FINAIS A atenção ao comunicante pelos serviços de saúde restringe-se a busca de sintomáticos respiratórios e visitas no domicilio do doente. Destaca-se deficiência na investigação bacteriológica e radiológica, baixa capacidade dos serviços na inclusão dos familiares no processo terapêutico do doente de TB. O cuidado ao doente de TB transcende a visão centrada na doença, e implica em mudanças nos paradigmas para reorientar os saberes e práticas de modo a alcançar o indivíduo em sua totalidade. As investigações dos casos suspeitos não podem se limitar ao usuário que procura o serviço de saúde. Os serviços de saúde devem assegurar a busca e identificação de casos suspeitos em locais que concentrem populações com maior vulnerabilidade ao adoecimento por TB, o que parece ainda não ser uma prática instituída. Palavras-chave: Tuberculose; Avaliação em Saúde; Saúde da Família. REFERÊNCIAS BARREIRA, D. Antigo e atual problema de saúde pública. Radis, n. 106, p. 20-21, jun 2011. BUFFON, M. C. M.; RODRIGUES, C. K. A. A saúde da família como enfoque estratégico para a organização da atenção primária em saúde. Revista Visão Acadêmica, v. 6, n. 2, 2005. GAZETTA, C. E. et al. O controle de comunicantes de tuberculose no programa de controle da tuberculose em um município de médio porte da Região Sudeste do Brasil. Jornal Brasileiro de Pneumologia, v. 32, n. 6, p. 559-565, 2006. GAZETTA, C. E. et al. Controle de comunicantes de tuberculose no Brasil: revisão de literatura (1984-2004). Revista Latino-Americana de Enfermagem, v. 16, n. 2, 2008. HABIBULLAH, S. et al. Diagnosis delay in tuberculosis and its consequences. Pakistan Journal of Medical Sciences, v. 20, n. 3, p. 266-69, 2004. HAIR JR, J. F. et al. Análise Multivariada de Dados. Porto Alegre: Bookman, 2005. INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA. Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão. 2007. Disponível em: http://www.ibge.gov.br/home/presidencia/noticias/noticia. Acesso em: 10 jun. 2010. MENEZES, R. P. O. Projeto de implantação do controle da tuberculose nas instituições penais do município de Salvador/BA. Boletim de Pneumologia Sanitária, v. 10, n. 2, 2002. MONROE, A. A. et al. Envolvimento de equipes da Atenção Básica à Saúde no Controle da Tuberculose. Revista da Escola de Enfermagem da USP, v. 42, n. 2, p. 262-7, 2008. NOGUEIRA, J. A. et al. Enfoque familiar e orientação para a comunidade no controle da tuberculose. Revista Brasileira Epidemiologia, v. 14, n. 2, p. 207-16, jun 2011.

OLIVEIRA, S. A. C. et al. Serviços de saúde no controle da tuberculose: enfoque na família e orientação para a comunidade. Revista Latino-Americana de Enfermagem, v. 17, n. 3, p. 77-83, 2009. SANTOS, M. A. P. S. et al. Risk factors for treatment delay in pulmonary tuberculosis in Recife, Brazil. BMC Public Health, v. 5, n. 25, 2005. Contato: Jordana de Almeida Nogueira Av. das Falésias 1260, casa A4.Ponta do Seixas, João Pessoa, Paraíba CEP: 58045-670 e-mail: jal_nogueira@yahoo.com.br