METILA) VIA POLIMERIZAÇÃO RADICALAR CONTROLADA POR TRANSFERÊNCIA

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Transcrição:

SÍNTESE DO POLI (METACRILATO DE METILA) VIA POLIMERIZAÇÃO RADICALAR CONTROLADA POR TRANSFERÊNCIA DE ÁTOMO UTILIZANDO 2,2,2- TRIBROMOETANOL COMO INICIADOR M. R. CHINELATTO 1 e L.M.F. LONA 1 1 Universidade Estadual de Campinas, Faculdade de Engenharia Química, Departamento de Engenharia de Materiais e de Bioprocessos. E-mail para contato: mrchinelatto@gmail.com e liliane@feq.unicamp.br RESUMO A polimerização radicalar controlada via transferência de átomo (ATRP) é uma técnica eficaz para a preparação de materiais poliméricos com diferentes arquiteturas e funcionalidades, tendo uma vasta aplicação em áreas tecnológicas. Neste contexto, o objetivo deste trabalho é sintetizar macroiniciador de polimetacrilato de metila através da ATRP, utilizando um novo iniciador bifuncional 2,2,2 Tribromoetanol (TBE). O catalisador utilizado é o brometo de cobre, e o ligante Pentametildietilenotriamina, sendo este sistema ainda não reportado na literatura. A metodologia desenvolvida neste trabalho utiliza vials de 20 ml como reator, temperatura de 80 C, agitação magnética e purga de nitrogênio. A caracterização estrutural foi realizada por ressonância magnética nuclear de hidrogênio e espectroscopia de infravermelho com transformada de Fourier, indicando a síntese do macroiniciador. A cromatografia de permeação em gel indicou polidispersidade de 1,1, caracterizando uma polimerização controlada. 1. INTRODUÇÃO O controle das funcionalidades nas cadeias poliméricas (grupos associados às extremidades das cadeias) pode ser utilizado para modificar a estrutura da cadeia. As técnicas de Polimerização Radicalar Controlada (CRP) que descrevem a preparação de polímeros funcionais englobam principalmente as técnicas ATRP (Atom-Transfer Radical Polymerization), NMRP (Nitroxide-Mediated Radical Polymerization) e RAFT (Reversible-Addition Fragmentation Chain Transfer). O processo (ATRP) consiste na geração de um radical através de uma reação reversível entre um sal de metal de transição complexado (geralmente brometos ou cloretos de cobre) e um derivado halogenado (geralmente um haleto derivado do monômero ou do iniciador a ser usado). O sal do metal de transição é responsável pela clivagem homolítica do derivado halogenado. A transferência de átomo ocorre via um mecanismo reversível de transferência de elétron por esfera interna. Em função do efeito do radical dormente, o equilíbrio se desloca no sentido das espécies dormentes, resultando em uma baixa concentração de radicais, aumento do crescimento da cadeia e

diminuição da terminação biomolecular. Na técnica ATRP é usado um sistema composto de monômero, iniciador com transferência de halogêneo, catalisador (composto de uma espécie de metal de transição) e ligante que complexa o metal relativamente forte, sendo sua principal função solubilizar o sal do metal de transição no meio orgânico. (MATYJASZEWSKI; XIA, 2001) Para metacrilatos, o cobre é o metal de transição que possui superioridade em relação aos outros metais, pois gera polímeros bem definidos, com baixa polidispersidade e de menor custo, sendo assim, é o mais utilizado na técnica ATRP. Para a síntese de PMMA via ATRP, os iniciadores contendo grupos funcionais terminais não interferem na polimerização; apenas ao final, o polímero carrega a funcionalidade em sua extremidade, ou seja, não há reações secundárias. A polimerização do MMA via ATRP vem sendo estudada desde 1995. Matyjaszewski foi o pioneiro a relatar dados de PMMA com grupos terminais utilizando cloreto de 1- feniletil (1-PECl) como iniciador, cloreto de cobre (CuCl) como catalisador e bipiridina (bpy) como ligante, sintetizado pela técnica de ATRP. Hawker et al. (1998) estudaram a eficácia de um iniciador com dupla funcionalidade na molécula. Inicialmente estudaram a eficiência do iniciador com dupla funcionalidade em monômeros vinílicos. O iniciador 2,2,2-tribromoetanol (TBE) foi utilizado pois este apresenta em sua estrutura a hidroxila proveniente de um composto álcool e três bromos acoplados à cadeia, caracterizando-o como um iniciador com dupla funcionalidade, além de os autores relatarem à disponibilidade e baixo custo do mesmo. O trabalho consistiu na utilização do TBE como iniciador, CuBr como catalisador e bpy como ligante para homopolimerização do estireno. Os resultados obtidos foram polímeros controlados com baixa polidispersidade. Similarmente, o mesmo procedimento foi realizado para homopolimerização do MMA utilizando TBE como iniciador e dibromobis (trifenilfosfina) níquel II (NiBr2(PPh3)2) como catalisador. O TBE é largamente conhecido na medicina, sendo amplamente utilizado como anestésico. Contudo, em detrimento da sua estrutura, esta substância foi bem-sucedida quando utilizada como iniciador funcional para ATRP, conforme reportou Hawker et al. (1998) Moineau et al. (1999) obtiveram funcionalidades com grupos ácidos e hidróxidos em MMA utilizando ácido 2- bromo 2-metilpropionico e TBE respectivamente. Neste processo os autores obtiveram polímeros funcionalizados e controlados, porém, o tempo reacional foi alto (média 47 horas), pois realizaram a síntese em solução. Dirany et al. (2011) sintetizaram poliestireno (PS) com hidroxila nas terminações, com polidispersidade inferior a 1,3 por ATRP utilizando TBE como iniciador, em seguida, utilizaram o (PS- OH) como macroiniciador para formação do copolímero poli-ácidolático via polimerização por abertura de anel. Apesar do potencial do TBE, existem poucos trabalhos reportados na literatura utilizando este iniciador em ATRP, sendo assim, o interesse pela utilização do TBE em sínteses de polímeros aumenta a cada dia. Grassi (2013) sintetizou poliestireno via ATRP utilizando TBE como iniciador e

posteriormente utilizou este PS-OH como macroiniciador para copolimerizar o poli (ácido lático) (PLA), obtendo PS-b-PLA. Camilo (2015) sintetizou polimetacrilato de metila (PMMA) com TBE a fim de copolimerizar a sacarose com este macroiniciador e obter novos produtos e aplicações. Este trabalho utilizou TBE como iniciador, HMTETA como ligante e CuBr como metal de transição. Em razão do alto potencial do TBE, neste trabalho, o PMMA foi sintetizado via ATRP usando TBE como iniciador, CuBr como catalisador e PMDETA como ligante. Este sistema reacional, composto destes quatro componentes, ainda não foi reportado na literatura. 2. METODOLOGIA Para síntese do PMMA via ATRP foram utilizados vials de vidro com capacidade de 20 ml com tampa de rosca e septo de silicone. A agitação dos vials é promovida por agitador da marca IKA, modelo C-MAG HS-7 e agitador magnético a uma rotação constante. Os vials ficam suspensos no banho de silicone, a fim de que exista um filme do fluido térmico abaixo deles. Há entrada contínua de nitrogênio gasoso através de uma seringa na vazão de 0,08 kgf/cm² Utilizou-se razão molar de 100:0,5:2:1 para monômero, catalisador, ligante e iniciador. Pesouse, nesta ordem, o catalisador (CuBr) e o ligante (PMDETA) e adicionou-se em um vial que continha um agitador magnético a temperatura ambiente sem a presença do gás nitrogênio. Após, adicionou-se 80 % de MMA e agitou-se por 20 minutos em atmosfera inerte. Em seguida o vial foi fechado, mantendo a purga de nitrogênio, e foi submetido ao banho de silicone com temperatura de 80 ºC. Em seguida, com auxílio de uma seringa, foi adicionado o iniciador TBE diluído em 20 % de MMA e foi acionado o cronômetro. Alíquotas da mistura reacional foram retiradas em tempos pré-determinados com o auxílio de uma seringa. Após 120 minutos de reação, não foi possível retirar mais alíquotas, devido à elevada viscosidade do meio. As alíquotas retiradas eram adicionadas em água destilada para a precipitação do polímero, que foi lavado e submetido à filtração comum, utilizando papel filtro e funil, por no mínimo 5 vezes, a fim de retirar o cobre presente no material. Em seguida, o polímero foi submetido à estufa Tecnal (TE-395) na temperatura de 70 C e sob vácuo de 400 mmhg por 10 horas. Para a caracterização do polímero, utilizou-se espectrômetro de Infravermelho com Transformada de Fourier (FT-IR), marca Thermo Scientific, modelo Nicolet 6700 (Madison/USA). A condição de análise medida feita no modo transmitância, utilizando o acessório Snap-in Baseplate (método KBr), faixa: 4000-400 cm -1, resolução: 4 cm -1, SCAN: 32-64. As análises de ressonância magnética nuclear de hidrogênio foram utilizadas com a finalidade de determinar a quantidade de grupos funcionalizados e a composição dos homopolímeros. O equipamento utilizado foi o espectrômetro Avance 600 MHz. As amostras foram preparadas em sondas de Փ = 5 mm, dissolvendo cerca de 100 mg de PMMA em 1 ml de CDCl3 (clorofórmio deuterado). As medidas de massa molar e polidispersidade foram obtidas em cromatografia de permeação e gel (GPC) utilizando o equipamento Viscotek composto por um GPCmax VE 2001 e um arranjo de três

detectores TDA 302 contendo um detector de índice de refração, um viscosímetro e um espalhamento de luz de alto ângulo. Usou-se solvente THF com pureza para HPLC como fase eluente. 3. RESULTADOS 3.1. Análise de FT-IR Para constatar a presença da funcionalidade terminal da hidroxila nas extremidades da cadeia do polímero, será comparado o FT-IR do PMMA puro, descrito em literatura por Shimadzu (2015), conforme Figura 1 (a), com o FT-IR do macroiniciador Br-PMMA-OH, sintetizado por ATRP, conforme Figura 1 (b). Figura 1 (a) Espectro de FT-IR para PMMA puro. (b) Espectro de FT-IR para Br-PMMA-OH. Comparando as Figura 1 (a) e (b), observa-se a presença da larga banda em 3500 cm -1 referente à presença de hidroxilas, que potencialmente poderia indicar a presença da funcionalidade terminal da hidroxila na cadeia polimérica. A ligação O-H livre apresenta pico em torno de 3650 3600 cm -1. Esta banda aparece em combinação com a banda da ligação de hidrogênio quando o composto está dissolvido em um solvente. A banda da ligação de hidrogênio (O-H) proveniente da água é aproximadamente entre 3400 3300 cm -1, porém, quando o composto com grupo álcool (O-H) está dissolvido em um solvente, as bandas referentes à água e ao álcool aparecem juntos no espectro, em uma banda larga entre 3300 3650 cm -1. (LAMPMAN, et al. 2010). Para tentar excluir a influência da absorção de água na banda em 3500 cm -1, realizou-se uma análise de FTIR onde o procedimento experimental não usou água para lavar o polímero após a síntese. O resultado é apresentado na Figura 1 (b) (linha preta). A amostra representada pela linha preta não passou pelo processo de retirada do cobre por lavagem e filtração, e foi submetida à secagem. Observa-se que a intensidade da banda diminuiu bastante na região de 3500 cm -1, mas não desapareceu totalmente, indicando uma possível presença de hidroxila proveniente do álcool. Além disso, em ambas as curvas da Figura 1 (b) observa-se e uma banda com alta intensidade em 1150 cm -1, caracterizando a presença de grupos OH provenientes do estiramento da ligação C-O de álcoois. Desta forma, a análise de FTIR consegue indicar a formação do polímero funcional, com a presença de hidroxila na cadeia. Na região entre 1220 1400 cm -1, é possível observar uma curvatura

fraca e de baixa intensidade sugerindo a presença da ligação C-O-H, frequentemente obscura pela ligação do CH3. O domínio da banda na região de 1730 cm -1 do espectro indica a ligação C=O, proveniente de um éster presente na estrutura do PMMA. 3.2. Análise de RMN ¹H O polímero formado apresenta estrutura conforme indicado no RMN ¹H da Figura 2. Figura 2 RMN ¹H via ATRP. Nas letras indicadas no RMN da Figura 2, A apresenta absorção média de 0,840 ppm, indicando os grupos metila, os quais são frequentemente apresentados em forma de alto singlete, dupletes ou tripletes. O pico B apresenta valor médio de 1,8 ppm, caracterizando grupos CH2, os quais em longas cadeias a absorção pode ser sobreposta por grupos não-definidos. O pico C é decorrente do grupo éster na estrutura. Este apresenta alta intensidade, assim como no FT-IR, e os hidrogênios nos ésteres estão desblindados devido à anisotropia do grupo adjacente C=O pela eletronegatividade do oxigênio. O valor referente à letra C é de 3,599 ppm. O pico D apresenta valor médio em 3,756 ppm e este representa os hidrogênios entre oxigênio, -CH-O-H, os prótons do carbono são desblindados pela eletronegatividade do átomo de oxigênio, e devido a este fato, apresentam valores no espectro em campo magnético baixo. A letra E na estrutura do polímero refere-se ao hidrogênio livre da hidroxila, (O-H). Em RMN

o desvio químico do hidrogênio (OH) é altamente variável, dependendo da posição em função da concentração, solvente e temperatura. Este pico pode ser encontrado em qualquer posição no range de 0,5 6 ppm. A variabilidade desta absorção dependente das taxas de troca dos prótons (OH), da quantidade de ligação de hidrogênio na solução e do solvente utilizado. (LAMPMAN, et al. 2010) 3.3. Análise GPC Para verificar a eficiência da técnica de polimerização controlada no sistema com vials, foi realizada uma análise por GPC. O cromatograma obtido pelo GPC, conforme Figura 3 (a), indicou a dispersidade do polímero. A análise de GPC indica que a polimerização está controlada e bem definida, apresentando polidispersidade de 1,09, massa molar média numérica de 20631 e ponderal de 22639 Daltons. O cromatograma apresentado na Figura 3 (a) mostra uma distribuição monomodal com uma fração mássica maior à direita, que pode ser consequência da multifuncionalidade do iniciador 2,2,2 Tribromoetanol (TBE), conforme relatado por Grassi (2013) e Camilo (2015), no qual um segundo átomo de bromo pode criar um novo ponto de crescimento da cadeia e participar da polimerização, formando um polímero de maior massa molecular. A Figura 3 (b) mostra a distribuição da massa molar para os diferentes tempos reacionais. No início da reação, no intervalo de 10 minutos a 30 minutos, os cromatogramas das alíquotas apresentam um pico monomodal com ampla área, pois no início da reação não se tem o controle da dispersidade. A Figura 3 (b) mostra também que os cromatogramas evoluem para um pico e uma fração mássica maior a esquerda do cromatograma, detectável em 40 minutos de reação. No entanto, a dispersidade se manteve baixa, entre 1,09 à 1,31, indicando a eficácia da técnica no controle da dispersidade. Figura 3 (a) Cromatograma de GPC obtido via ATRP. (b) Cromatogramas de GPC em diferentes tempos reacionais.

O descontrole da dispersidade no início da reação pode também ser observado na Figura 4 (a), que mostra que após 30 minutos, as dispersidades ficam menores que 1,5. Este fenômeno é comum em polimerizações radicalar controladas, pois até estabelecer o equilíbrio entre as espécies dormentes e ativas, a dispersidade se mantem alta. Isto se deve à lenta iniciação pelo TBE, ou seja, a taxa de formação de radicais pelo iniciador de polimerização é inferior à taxa de propagação da polimerização, (CAMILO, 2015), além do impedimento estérico da molécula do iniciador, pois esta possui três átomos de bromo, que são volumosos, impedindo a rápida iniciação. Figura 4 (a) Comportamento da dispersidade (D) em função do tempo. (b) Massa molar média numérica e dispersidade em função da conversão. Do comportamento do perfil de conversão apresentado na Figura 4 (a) é possível observar que a curva tende a crescer e chegar a grandes conversões em tempos maiores. A Figura 4 (b) mostra a dependência linear da massa molar com a conversão, apresentando coeficiente de correlação de 0,977 e dispersidade entre 1,09 à 1,3, o que indica uma polimerização controlada. 4. CONCLUSÕES Neste trabalho foi sintetizado polimetacrilato de metila (PMMA) através da ATRP para a obtenção de um polímero funcionalizado com grupos OH e Br, através da utilização do iniciador funcional 2,2,2- Tribromoetanol (TBE). A caracterização do polímero por RMN ¹H e FT-IR indicou a formação do macroiniciador funcionalizado Br-PMMA-OH. A análise por GPC indicou baixas polidispersidades, indicando que o polímero formado é controlado. 5. REFERÊNCIAS CAMILO, A.P.R. Copolímeros anfifílicos em bloco de 1 -O-metacrilato de sacarose e metacrilato de metila obtidos por polimerização controlada. 164 f. Tese (doutorado) Instituto de Química,

Universidade de Campinas, (2015). DIRANY, M., et al. Polystyrene-block-Polylactide Obtained by the Combination of Atom Transfer Radical Polymerization and Ring-Opening Polymerization with a Commercial Dual Initiator. Journal of Applied Polymer Science, Vol. 122, p. 2944 2951 (2011). GRASSI, V. G. Bioblendas de PLLA e HIPS compatibilizadas por copolímero PSb-PLA obtido via ATRP. 134 f. Tese (Doutorado) - Curso de Química, Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, (2013). HAWKER, C.J., et al. Dual Living Free Radical and Ring Opening Polymerizations from a Double- Headed Initiator. Macromolecules. Vol. 32, p. 213-219 (1998). LAMPMAN, G. M., et al. Spectroscopy.4th edition.washington: Brooks/cole, (2010). 656 p. LUTZ, J.F; BORNER, H. G.; WEICHENHAN, K. Combining Atom Transfer Radical Polymerization and Click Chemistry: A Versatile Method for the Preparation of End-Functional Polymers. Macromolecular Rapid Communication, Germany, v. 5, n. 8, p.514-518, (2005). MATYJASZEWSKI, K.; XIA, J. Atom Transfer Radical Polymerization. Chemical Reviews, Pennsylvania, v. 101, n. 9, p.2921-2990, set. 2001. MOINEAU, G., et al. Controlled Radical Polymerization of (Meth) acrylates by ATRP with NiBr2(PPh3)2 as Catalyst. Macromolecules. Vol. 32, p. 27-35. (1999). SHIMADZU. ABC's of the Specular Reflection Method and Kramer's-Koenig Analysis. Disponível em: <http://www.shimadzu.com/an/ftir/support/ftirtalk/talk4/intro.html>. Acesso em: 01 nov. 2015.