EXEMPLO (pg 1 a 3, anexos, bibliografia) Cecília Melo Fernandes A Transição para a Estabilidade do Nível dos Preços no Brasil 001CS-2012 03 de Dezembro de 2012 Nos anos 80, conhecido como década perdida, e início dos anos 90, o Brasil vivia um momento extremamente instável economicamente, muito diferente do que se observa no atual ano de 2012. Naquela época, em alguns momentos, as pessoas recebiam seu salário pela manhã e corriam ao mercado à tarde para poder aproveitar ao máximo o valor do dinheiro, em um momento no qual a inflação podia variar até 2.708,17% no ano, como aconteceu em 1993 em relação ao ano anterior. Dona Maria, empregada doméstica, mãe de cinco filhos e moradora da comunidade da Rocinha na cidade do Rio de Janeiro, não era exceção. Além de ter que fazer o mesmo, não conseguia, no entanto, levar muitos alimentos que gostaria, já que seu poder aquisitivo era muito baixo (equivalente a 150 dólares por mês), e alguns alimentos eram muito caros. Mesmo se a defasagem de tempo entre receber seu salário e ir às compras fosse zero, alguns itens como frango e iogurte estavam fora de cogitação de entrar na sua cesta. Dona Maria estudou até o primeiro grau, assim como a do seu marido, Sr. João que exercia a profissão de pedreiro. Os dois juntos conseguiam no máximo o equivalente a 380 dólares por mês. Nesta época, a economia apresentava uma trajetória vulnerável de crescimento, com taxa média do PIB real de 3% e do PIB per capita 0,8% nos anos 80, as contas públicas eram frequentemente desequilibradas, o governo tinha quase nenhum ou pouco controle sobre seus gastos. Pelo menos, durante os anos oitenta, pode-se dizer que havia uma boa chance de tanto Dona Maria quanto você estarem empregados: a taxa de desemprego variou em torno de 4,5% da força do trabalho. O governo bem que se esforçou para melhorar o quadro inflacionário durante o período. No entanto foi somente em julho de 1994, com o lançamento do Plano Real que a situação começou a dar sinais de reação, quando o índice preços ao consumidor amplo (IPCA) variou 7% ante 47% do mês anterior. Esse cenário se apresentou após oito planos econômicos fracassados, dentre os quais cinco congelamentos de preços e salários, quinze políticas salariais, vinte e uma propostas de renegociação de dívida externa e cinquenta e quatro alterações de sistemas de preços. O país tomou outro rumo macroeconômico. Qual então foi o principal diferencial do Plano Real em relação aos outros planos de estabilização? Como se deu essa mudança drástica em relação à O(s) autor(es) preparou (ram) este caso. Alguns dados financeiros foram alterados. Os casos da CCasos são desenvolvidos somente como base para discussão em classe. Os casos não se prestam a endosso, fonte de dados primários ou demonstração de gestão eficaz ou ineficaz. Copyright 2012 CCasos EESP FGV. Esta publicação não pode ser digitalizada, fotocopiada, reproduzida, postada ou transmitida sem a permissão da CCasos EESP FGV. Para pedido de copias ou permissão de reprodução, envie email para ccasos.fgv.br.
estabilização dos preços? O que mudou na vida de Dona Maria e de milhões de brasileiros após essas mudanças? Como tudo começou A inflação começou a apresentar uma forte tendência de alta a partir de 1973 após um período bem sucedido de seu controle, o qual era um dos objetivos iniciais do regime militar que se instalou no golpe de 1964. Esse objetivo acompanhava principal a principal meta do governo; a de impulsionar o crescimento do país. O consenso geral entre os economistas aponta que a causa do ressurgimento da inflação no Brasil, que foi estancada de maneira acelerada principalmente a partir de 1968, foi uma sucessão de choques. O primeiro choque do petróleo, em 1973, quintuplicou seus preços até o ano seguinte, e os setores afetados repassaram a alta dos preços sem restrições. Até o próximo choque do petróleo, ocorrido em 1979, quando os preços foram duplicados, a taxa de inflação geral variou entre 30% e 48%. A partir de então, o problema só se agravou, pois neste mesmo ano, o governo passou a impor políticas de maxidesvalorização do câmbio, ao mesmo tempo em que houve um aumento nas taxas de juros reais mundiais, o que aumentou a dívida interna. Outros problemas de ordem natural, como secas e enchentes, que restringiram naturalmente a oferta de vários alimentos, agravou ainda mais a alta de preços. Assim, a inflação propagava-se: seja em razão da estrutura oligopolista de grande parte da indústria do país, que garantia o repasse dos aumentos de custo, ou seja pela disposição do governo de expandir o crédito e indexar alguns instrumentos financeiros. É sabido que a expansão do crédito gera um forte aumento de oferta de moeda, como se o governo tivesse gerando dinheiro novo, o que tende a aumentar o nível de preços em geral. Já a indexação, ou seja, o reajuste de preços de acordo com índices oficiais de inflação por meio de contratos, inclusive salários e aluguéis, realimenta a inflação futura de maneira cada vez mais forte, pois traz a inflação passada para momentos posteriores. Dessa forma, como se pode ver na tabela 1, os números apresentavam uma trajetória de agravamento do problema e o governo e os acadêmicos passaram a buscar diagnósticos e saídas para o problema. No entanto, não havia um consenso sobre nem um e nem outro, e enquanto isso, Dona Maria ia perdendo cada vez seu poder de compra, mesmo com o seu salário sendo corrigido por meio da indexação. Divergências no Diagnóstico Para encontrar uma solução, era necessário primeiramente entender a natureza do problema. Do ponto de vista acadêmico, havia dois grupos principais que divergiam em suas opiniões: os monetaristas e os neoestruturalistas. Os primeiros seguem uma tradição mais ortodoxa, responsabilizando principalmente o excesso de liquidez originado do acúmulo de reservas cambiais e pelo descontrole orçamentário do governo. Alguns dos nomes mais importantes dessa tradição estão Claudio Contador e Carlos Lemgruber. 2 Central de Desenvolvimento de Casos - CCasos
Do outro lado, estavam Yoshiaki Nakano, Luís Carlos Bresser Pereira e Francisco Lopes como os principais pensadores da escola neoestruturalista, a qual considerava o dinheiro como um fator dependente, com seu crescimento resultante do aumento geral dos preços. Basicamente, levavam em consideração a estrutura oligopolista do Brasil e o poder do monopólio de empresas, do próprio governo e dos sindicatos e a tentativa de cada um de aumentar a participação na renda nacional, o que resultava em uma inflação administrada. Em algum momento, consequentemente, os preços se tornam cada vez mais distorcidos, e o Estado se via obrigado a emitir moeda para cobrir seus déficits, contribuindo ainda mais para o processo. Assim, os meios de pagamento seriam na verdade endógenos, já que acompanhariam o aumento dos preços. Vale ressaltar que eles acreditavam que para qualquer plano de estabilização dar certo, era necessário utilizar todos os instrumentos disponíveis, inclusive os tradicionais de política fiscal e monetária. Já Francisco Lopes enfatizava o aspecto da inércia da inflação, originada do comportamento dos agentes econômicos, que tentavam sempre reconquistar um pico que foi perdido no período anterior de receita real. A recomendação da escola era então que houvesse um choque heterodoxo, ou seja, uma política de congelamento temporária de preços e salários com políticas monetárias e fiscais mais brandas, para que houvesse em seguida uma descompressão gradual com controle de preços. A Prática O diagnóstico do choque heterodoxo foi o mais aceito inicialmente e foi no qual todos os oito planos de estabilização que fracassaram posteriormente se basearam, com exceção do Feijão com Arroz. Havia um consenso em relação à inércia inflacionária resultante da indexação mencionada. No entanto, havia um grande problema de se pôr em prática um congelamento repentino de preços no Brasil. O porquê disso é simples. Dona Maria precisava comprar arroz e feijão para alimentar sua família. O trato era que ela comprava o arroz e feijão e seu marido, Seu Zé, comprava a farinha e a gelatina, e o aluguel era dividido. Os dois ganhavam a mesma quantia. O salário de Dona Maria era reajustado no primeiro dia útil do mês, enquanto o do seu marido, no dia 15, ambos pelo mesmo indexador. Assim, o salário real de Dona Maria está no seu pico no dia 1. Porém, o salário do seu marido está se aproximando do vale nesta data, pois a inflação alta corroeu seu poder de compra desde então. Para ilustrar, suponha que ele ganhe x cruzeiros dia 15 e a gelatina nesse dia custa y cruzeiros. No dia 1 do mês seguinte, ele continuará com x cruzeiros se não gastar com nada, mas a gelatina estará muito mais cara por conta da inflação, supondo y+2. Assim, ele terá condições de comprar menos gelatinas no dia 1 em relação ao dia 15, enquanto Dona Maria tem o valor real de seu salário maior que o dele, e pode comprar mais gelatinas, pois seu salário foi reajustado neste dia, e assim por diante. 3 Central de Desenvolvimento de Casos - CCasos
ANEXO A Gráficos e Tabelas Gráfico 1: Taxa de Variação do IPCA (% a.a.) Fonte: Ipeadata. Elaboração própria. Gráfico 2: A curva de Simonsen: efeitos distributivos Fonte: FGV-EPGE. Ensaios Econômicos 1997, p.3 Gráfico 3: Etapas da Política Cambial Limite superior da banda Limite inferior da banda Taxa média de câmbio 4 Central de Desenvolvimento de Casos - CCasos
Fonte: Iahn e Missio (2009), p.18 Gráfico 4: Taxa de Variação do IPCA (a.a.) de 1980 a 1995 Fonte: Ipeadata. Elaboração própria. Gráfico 5: Taxa de Juros Nominal Over/Selic (%a.a.) 140 120 122% 100 80 65% 60 40 43% 48% 20 0 1994.07 1994.12 1995.05 1995.10 1996.03 1996.08 1997.01 1997.06 1997.11 1998.04 1998.09 1999.02 1999.07 1999.12 2000.05 2000.10 12% 2001.03 2001.08 2002.01 2002.06 2002.11 2003.04 Fonte: Ipeadata. Elaboração própria. Tabela 2: Variação do PIB entre 1981 e 1984 Variação PIB (%) 1981-4,5 1982 0,5 1983-3,5 1984 5,3 Fonte: Ipeadata 5 Central de Desenvolvimento de Casos - CCasos
Tabela 3: Breve comparação dos planos de estabilização antecessores ao Plano Real Medidas Planos Cruzado I (28/2/1986) Bresser (15/6/1987) Feijão com Arroz (01/1988) Verão (14/01/1989) Collor I (03/1990) Collor II (02/1991) Diagnóstico da inflação Inercial - Déficit operacional perto de 0 Inercial + inflação de demanda Inflação de demanda Inercial + inflação de demanda Fragilidade financeira do Estado Causa da retomada da inflação é a indexação Preços Congelamento: previsto de 1 a 3 meses, chegou a durar 11 meses Congelamento: primeiro por 90 dias, depois flexibilização e em seguida liberação dos preços Precificação dos reajustes dos preços publicos e privados (tentativa de pacto social) Congelamento por prazo indefinido. Descongelamento gradual a partir de março. Reajustes trimestrais Congelamento Preços congelados; aumento de tarifas e serviços públicos. Descongelamento gradual via câmaras setoriais Política Monetária e Fiscal Indexação Inflação Proposta: ambas acomodatícias. Prática: expansionistas Proibida por um ano. Fim da ORTN e criação da OTNcongelada por um ano Próxima a 0 nos primeiros meses, ágio, mudança de índices. Cruzadinho: o índice oficial exclui itens corrigidos. Dispara gatilho salarial Proposta e prática: ambas contracionistas Novo indexador URP para salários e tetos de preços de acordo com a política de congelamento (3 fases) Preços subiram muito nas vésperas do Plano em razão das tarifas decretado pelo governo no início do plano e expectativa de novo Proposta: contracionistas com metas de inflação 15%a.m. Prática: ambas expansionistas X Explosão inflacionária no curto prazo. Nos 3 meses iniciais, manteve-se entre 16 e 18%, com posterior aceleração Proposta: cortes nas despesas públicas e aumento das receitas. Prática: não aprovação do Congresso Com a extinção prática da OTN e da URP, o indexador era o IPC ou overnight. Criação da BTN Eliminação da âncora dos preços: fim da OTN e URP, ajuste fiscal difícil (eleições), descrédito do governo Criação do IOF, aumento do IPI, combate à sonegação. Reforma administrativa e privatização Mantem-se BTN e BTN fiscal Cai profundamente, a custo de uma profunda recessão. Não elimina fonte de expansão monetária Cortes de gastos, programas de fomento e competitividade industrial Extintas BTN e BTN fiscal. Overnight e Openmarket. Criação da TR e do FAF Inflação segue trajetória ascendente Fonte: Modenesi (2005), p.292. (Adaptação) Tabela 4: Alguns itens do governo (% do PIB) Itens selecionados do governo federal (% do PIB) 1994 1995 1996 1997 1998 Transferências a estados e municípios 2,55 2,83 2,74 2,78 3,02 Servidores públicos ativos 2,82 2,95 2,66 2,36 2,4 Servidores públicos inativos 1,99 2,32 2,33 2,2 2,46 Benefícios da aposentadoria 4,85 5,04 5,3 5,43 5,96 Pagamento de juros nominais 13,41 2,9 2,93 2,31 6,03 Fonte:Além e Giambiagi (1999), p.97 6 Central de Desenvolvimento de Casos - CCasos
Tabela 5: Evolução das contas públicas Evolução das Contas Públicas (% do PIB) - de 1991 a 1998 Média de 1991 a 1994 Média de 1995 a 1999 Diferença NFSP 0,4 5,2 4,8 Déficit Primário (sinal - significa superávit) -2,9 0,2 3,1 Despesa com juros (reais) 3,3 5 1,7 Fonte: Modenesi (2005), p.302 Tabela 6: Índices de crescimento setorial do PIB Índices de crescimento setorial do PIB 1993 1994 1995 1996 1997 1998 1999 GDP 4,2 (4,92) 4,8 (4,85) 4,2(4,22) 2,8 (2,76) 3,7 0,1 0,5 Agricultura -1,0 (-0,07) 8,1 (5,45) 4,1 (4,08) 4,1 (4,06) 2,7 0,2 6,6 Indústria 6,9 (7,01) 6,9 (6,73) 1,9 (1,91) 3,7 (3,73) 5,5-0,9-1,7 Mineração 0,6 4,7 3,7 6,7 6,8 9,2 9,7 Fabricação 8,1 7,7 2 2,8 4,2-3,3-1,8 Construção 4,8 6,1-0,4 5,2 8,5 1,9-3,5 Serviços 3,5 (3,21) 4,1 (4,73) 4,5 (4,48) 1,9 (1,87) 1,2 0,7 1,2 Finanças -2,2-2,8-7,4-7,7-2,7 0,1 0,5 Comércio 3,5 4,1 8,5 2,4 3,9-3,4-0,9 Fonte: Baer (2009), p.228 Tabela 7: Variação do PIB Real entre 1993 e 1998 Taxa da Variação Real (% do PIB Real) - de 1993 a 1998 1993 1994 1995 1996 1997 1998 4,92 5,85 4,22 2,65 3,27 0,13 Fonte: Modenesi 2005, p.333 Tabela 8: Taxa Média de Desemprego Aberto Taxa Média de Desemprego Aberto- de 1993 a 1998 1993 1994 1995 1996 1997 1998 5,7 5,4 4,9 5,8 6,1 8,3 Fonte: Modenesi ( 2005), p.333 7 Central de Desenvolvimento de Casos - CCasos
Bibliografia ABREU, Marcelo de Paiva et alii. A Ordem do Progresso; Cem Anos de Política Econômica Brasileira: 1889-1989. Rio de Janeiro, Campus, 1989. BAER, Werner. A Economia Brasileira. 3º edição. São Paulo, Nobel: 2009. BARBOSA, Fernando de Holanda. A Contribuição Acadêmica de Mario Henrique Simonsen. Rev. Bras. Econ., Jan./Mar, vol. 17, n. 1, p. 115-130. 1997. BLANCHARD, Olivier. Macroeconomics. 5 ed. Prentice Hall: 2009. BRESSER PEREIRA, Luis C. & NAKANO, Yoshiaki. Inflação e Recessão. São Paulo, Brasiliense, 1984. Calvo, Guillermo A. e Carlos A. Végh. 1993. Exchange-Rate Based Stabilisation under Imperfect Credibility. in Helmut Frisch e Andreas Worgotter. Open-economy Macroeconomics. Londres: MacMillan Press. CARDOSO, Eliana. A Crise Monetária no Brasil: Imigrando da Âncora Cambial para o Regime Flexível. Revista de Economia Política, jul-set/2001, n.83, p.146-67. FRANCO, Gustavo. O Plano Real e outros ensaios. Rio de Janeiro: Francisco Alves, 1995. FRANCO, Gustavo. Auge e declínio do inflacionismo no Brasil. In: GIAMBIAGI, Fábio. et. al. Economia brasileira contemporânea (1945-2004). Rio de Janeiro: Elsevier, 2005. GIAMBIAGI, Fábio. Necessidade de Financiamento do Setor Público: bases para a discussão do ajuste fiscal no Brasil - 1991/96. Texto para discussão nº 53, DEPEC/BNDES, Rio de Janeiro, 1997. GIAMBIAGI, Fábio; ALÉM, Cláudia. Finanças Públicas: Teoria e Prática no Brasil. Rio de Janeiro: Ed Campus, 1999. IAHN, J. F.; MISSIO, F. J. Uma revisão da macroeconomia brasileira nos anos 90: o mix da política fiscal, monetária e cambial. Pesquisa & Debate, v. 20, n. 1, 2009, p.1-29. MODENESI, André M. Regimes monetários: teoria e experiência do Real. Barueri, São Paulo: Manole, 2005. MERCADANTE, Aloizio. Plano Real e o neoliberalismo tardio. In: MERCADANTE, Aloizio (org.). O Brasil pós-real: a política econômica em debate. Campinas: IE - Unicamp, 1998. REIS, M. C.; CAMARGO, J. M. Desemprego dos jovens no Brasil: Os Efeitos da Estabilização da Inflação em um Mercado de Trabalho com Escassez de Informação. Revista Brasileira de Economia, v. 61, n. 41, p. 493-518, 2007. SOARES, Fernando Antônio Ribeiro. A administração da taxa de câmbio no Plano Real e os fundamentos econômicos brasileiros. 2006. 174 f. Tese (Doutorado em Economia)- Universidade de Brasília, Brasília, 2006. SOUZA, Nali de Jesus et al. A economia da inflação. Porto Alegre: Editora da UFRGS, 1992. 8 Central de Desenvolvimento de Casos - CCasos
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