Flutuação populacional de percevejo castanho da raiz [ Scaptocoris castanea (Perty, 1830)] em diversas espécies de plantas hospedeiras Resumo:



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Transcrição:

Flutuação populacional de percevejo castanho da raiz [Scaptocoris castanea (Perty, 1830)] em diversas espécies de plantas hospedeiras Resumo: Os objetivos do presente estudo foram: avaliar a flutuação populacional de percevejo castanho da raiz (Scaptocoris castanea Perty) (Hemiptera: Cydnidae), em diversas espécies de plantas hospedeiras, afim de obter informações para o estabelecimento de métodos alternativos de controle desta praga. Um ensaio foi instalado em Campo Novo do Parecis, MT, na safra 2001/02, onde foram avaliados os efeitos do cultivo de oito espécies de plantas [algodão (Gossypium hirsutum), soja (Glycine max), milho (Zea mays), milheto (Panicum miliaceum), guandu (Cajanus sp.), feijão (Phaseolus vulgaris), girassol (Helianthus annuus), sorgo (Shorghum sp.) e do pousio sem controle de plantas daninhas. Neste ensaio, nenhuma das culturas testadas e nem o pousio, apresentaram redução significativa da praga. Population fluctuation of the South American Burrowing Bug [Scaptocoris castanea (Perty, 1830)] on several different host plant species. Abstract: The objectives of the present study were to evaluate the population fluctuation of the South American Burrowing Bug (Scaptocoris castanea Perty) (Hemiptera: Cydnidae) on several different plant species as well as to obtain information for the establishment of alternative control methods for this pest. An experiment was carried out in Campo Novo do Parecis County, State of Mato Grosso, Brazil, during the 2001/02 growing season, where the effects of eight different host plants species [cotton (Gossypium hirsutum), soybean (Glycine max), corn (Zea mays), millet (Panicum miliaceum), pigeon pea (Cajanus sp.), bean (Phaseolus vulgaris), sunflower (Helianthus annuus) and sorghum (Sorghum sp.)] and fallow, with no weed control, were evaluated. In this study, none of the species tested or the fallow significantly reduced the pest.

Introdução O percevejo castanho das raízes (Scaptocoris castanea Perty) (Hemiptera: Cydnidae) (PCR) é uma praga de hábito subterrâneo que ocorre tanto em semeadura direta como em áreas de manejo convencional do solo. Tanto as ninfas como os adultos sugam raízes de inúmeras plantas cultivadas ou não (Workshop..., 1999). Puzzi & Andrade (1957) relataram que esta praga foi constatada pela primeira vez no Brasil, em São Paulo, em pastagem (capim gordura, capim marmelada, etc.) e que, aparentemente, o inseto foi se adaptando a diversas plantas cultivadas. Esse inseto já foi registrado em algodão, soja, pastagens, milho, sorgo, milheto, arroz, girassol, amendoim, café, cana-de-açúcar, feijão, pimenta, fumo, mandioca, coco da Bahia, tomate, banana, batata, eucalipto, ervilha, tremoço, alfafa e diversas plantas daninhas (Puzzi & Andrade, 1957; Prado et al. 1986, Nakano & Telles, 1997). Amaral et al. (1997) estudaram a preferência alimentar de PCR por diversas gramíneas, verificando que há uma preferência pelas brachiarias. Arantes Pinto comentou no Workshop... (1999) que na região de Goiás, tem sido observados danos devido a percevejo castanho em algodão, soja e milho e, comparativamente, o algodão é mais sensível à praga do que soja e milho, sendo que o milho tem apresentado maior tolerância aos danos. Rattes relatou no Workshop... (1999) que em uma propriedade em Goiás onde havia cultivo de milho em plantio direto e convencional, soja, em plantio direto, pastagens, sorgo e arroz foram observadas alta incidência de percevejo castanho em todas estas situações. Já em outro estudo realizado por Oliveira et al. (2000) avaliando a flutuação populacional do inseto em diversas espécies de plantas hospedeiras como soja, milho, algodão, arroz e também pousio com controle de plantas daninhas conclui-se que há tendência de menor população nas parcelas em pousio.

Souza et al. (2002) determinaram que Brachiaria dictyoneura é uma gramínea menos preferida por PCRs quando comparada a outras espécies como B. brizantha, B. decumbens, B. brizantha cv. MG-4 e B. humidicola. O crescimento das áreas infestadas, o número de plantas hospedeiras e a intensidade de ataque de PCR têm aumentado a necessidade de estudos desta praga. Assim, o objetivo deste ensaio foi de avaliar a flutuação populacional de percevejo castanho da raiz em diversas espécies de plantas hospedeiras afim de obter dados necessários para o estabelecimento de métodos alternativos de controle, com menor agressão ao meio ambiente. Material e Métodos Para avaliação do efeito de diversas culturas sobre a população de PCR, foi instalado no dia 19 de fevereiro de 2002, na Fazenda Tolosa, localizada em Campo Novo do Parecis, MT, em área com cultivo de soja infestada com PCR, dessecada com Diuron + Paraquat na dosagem de 5 l/ha. O delineamento experimental foi de blocos ao acaso com quatro repetições. Os tratamentos utilizados foram o cultivo de algodão (Gossypium hirsutum), soja (Glycine max), milho (Zea mays), milheto (Panicum miliaceum), guandu (Cajanus sp.), feijão (Phaseolus vulgaris), girassol (Helianthus annuus), sorgo (Shorghum sp.) e pousio sem controle de plantas daninhas. O tamanho da parcela foi de 3,6 m de largura x 5,0 m de comprimento, sendo soja, milheto, guandu, feijão e sorgo semeadas no espaçamento de 0,45 m entre linhas e algodão, milho e girassol semeados no espaçamento de 0,90 m entre linhas. Na instalação do ensaio foi realizada amostragem prévia para avaliação do nível populacional de ninfas e adultos de PCRs no perfil do solo, em amostras de 50 cm de comprimento x 20 cm de largura x 30 cm de profundidade, em cada parcela. Após a emergência, 20, 40 e 60 dias após a semeadura foram realizadas amostragem/parcela de forma semelhante a anterior.

Aos 20 dias após a semeadura e no momento da colheita foram avaliados, nas duas linhas centrais da cultura, o estande inicial e o estande final. Resultados e Discussão Os resultados da avaliação populacional de PCR aos 0, 20, 40 e 60 dias após a semeadura (DAS) estão apresentados na Tabela 1 e a média do estande de plantas aos 20 e 150 DAS estão na Tabela 2. Através da análise de variância da população de PCR (Tabela 3), verificou-se que não houve diferença significativa entre os tratamentos (Tabela 1). Em ensaio semelhante, Oliveira et al. (2000), verificaram que houve menor população de PCR nas parcelas em pousio, com controle de plantas daninhas. Neste ensaio, não foi constatado diferença populacional do inseto nas parcelas em pousio, provavelmente, porque não foi realizado o controle de plantas daninhas. Houve diferença significativa do número de insetos, no decorrer das datas de avaliações (0, 20, 40 e 60 DAS), no qual em todos os tratamentos, inclusive na testemunha, houve decréscimo da população (Tabela 1). Esta diferença significativa na população de PCR, ao longo das datas de avaliações, também foram verificadas nos ensaios de controle químico de PCR, efeito da adubação sobre PCR e controle biológico de PCR, realizados na mesma propriedade e na mesma época deste experimento. Isto se deve, provavelmente, à migração natural da praga, para maiores profundidades do solo, em função de déficit hídrico (Tabela 5), principalmente na camada superior, pois, segundo Medeiros et al. (1999) o PCR, nas épocas mais secas, aprofundam-se no solo podendo atingir dois ou mais metros, ocorrendo natural redução da população, ou devido à migração para outras áreas, em decorrência de revoadas para dispersão. Analisando-se o estande de plantas aos 20 DAS e na data da colheita, para cada tratamento, pode se observar que houve diferença significativa no número de plantas para as culturas de feijão, guandu e milheto, aonde verificou-se acentuada redução no estande de plantas (Tabela 2 e 4). Porém não se pode

afirmar as causas que ocasionaram esta redução, apenas que não foi devido ao ataque de PCR (Tabela 3).

Tabela 1. Média do número de adultos e ninfas de percevejo castanho da raiz (PCR), em ensaio de flutuação populacional de PCR em diversas espécies de plantas hospedeiras, realizado em Campo Novo do Parecis, MT, na safra 2001/02. Tratamento DAS Média adultos Média ninfas Algodão 0 46,8 5,8 20 11,5 1,3 40 7,3 3,5 60 2,5 0,5 Média 17,0 2,8 Feijão 0 18,5 7,0 20 12,0 1,3 40 3,8 1,8 60 1,3 0,3 Média 8,9 2,6 Girassol 0 23,0 4,3 20 17,0 2,8 40 2,5 5,5 60 1,3 2,0 Média 10,9 3,6 Guandu 0 10,3 5,8 20 8,0 1,8 40 4,8 3,3 60 1,0 0,5 Média 6,0 2,8 Milheto 0 23,3 4,8 20 16,5 4,8 40 1,5 5,3 60 0,5 0,8 Média 10,4 3,9 Milho 0 63,0 3,5 20 13,0 3,0 40 4,0 2,0 60 0,8 2,0 Média 20,2 2,6 Pousio 0 25,5 4,0 20 11,5 3,8 40 4,5 2,5 60 1,8 0,8 Média 10,8 2,8 Soja 0 8,8 3,8 20 7,3 1,8 40 5,3 2,8 60 0,8 0,8 Média 5,5 2,3 Sorgo 0 28,3 7,3 20 9,8 6,0 40 1,0 3,8 60 0,3 0,0 Média 9,8 4,3 Média geral 11,1 3,1

Tabela 2. Estande de plantas, aos 20 e 150 dias após a semeadura (DAS), em ensaio de flutuação populacional de PCR em diversas espécies de plantas hospedeiras, realizado em Campo Novo do Parecis, MT, na safra 2001/02. Estande de plantas Tratamento 20 DAS 150 DAS Média Algodão 74,5 50,0 62,3 Feijão 81,4 44,5 62,9 Girassol 138,1 118,8 128,4 Guandu 92,8 56,3 74,5 Milheto 1232,5 511,3 871,9 Milho 69,3 63,7 66,5 Pousio --- --- --- Soja 113,1 89,5 101,3 Sorgo 88,6 82,0 85,3 Média geral 241,7 129,0 185,4

Tabela 3. Análise de variância de população de percevejo castanho da raiz. Dados transformados para raiz quadrada de (x + 0,5). Quadrado Médio Fator Variação G L Adulto Ninfa Tratamento (T) 8 3,3547 ns 0,5263 ns Bloco 3 2,9676 ns 0,0302 ns Resíduo (a) 24 1,6258 ns 0,9497 ** DAS (D) 3 96,6508 ** 8,4248 ** R-Linear 1 283,3678 ** 20,4896 ** R-Quadrático 1 5,9773 * 0,4070 ns R-Cúbico 1 0,6074 ns 4,3779 ** T x D 24 2,4325 * 0,4165 ns D ( T algodão) 3 16,2311 ** 1,4374 * R-Linear 1 41,6370 ** 2,8431 * R-Quadrático 1 4,8759 * 0,1428 ns R-Cúbico 1 2,1803 ns 1,3263 ns D (T feijão) 3 7,3176 ** 2,5202 ** R-Linear 1 21,5548 ** 5,9330 ** R-Quadrático 1 0,0276 ns 0,8107 ns R-Cúbico 1 0,3704 ns 0,8168 ns D (T girassol) 3 12,4119 ** 0,5889 ns R-Linear 1 34,0867 ** --- R-Quadrático 1 0,2006 ns --- R-Cúbico 1 2,9482 ns --- D (T guandu) 3 2,6999 ns 1,2381 * R-Linear 1 --- 2,2913 * R-Quadrático 1 --- 0,0041 ns R-Cúbico 1 --- 1,4189 ns D (T milheto) 3 14,7966 ** 1,5191 * R-Linear 1 40,4553 ** 2,4590 * R-Quadrático 1 0,0591 ns 1,6466 * R-Cúbico 1 3,8754 ns 0,4517 ns D (T milho) 3 33,2014 ** 0,1563 ns R-Linear 1 90,4290 ** --- R-Quadrático 1 8,8060 ** --- R-Cúbico 1 0,3694 ns --- D (T pousio) 3 10,2626 ** 0,6376 ns R-Linear 1 29,9275 ** --- R-Quadrático 1 0,8601 ns --- R-Cúbico 1 0,0001 ns --- D (T soja) 3 2,5577 ns 0,6127 ns R-Linear 1 --- --- R-Quadrático 1 --- --- R-Cúbico 1 --- --- D (T sorgo) 3 16,6318 ** 3,0462 ** R-Linear 1 46,4320 ** 7,8649 ** R-Quadrático 1 2,9704 ns 1,2240 ns R-Cúbico 1 0,4930 ns 0,0498 ns Resíduo (b) 81 1,2005 0,4086 Média 2,8194 1,7008 CV(%) 38,8619 37,5845

Tabela 4. Análise de variância de número de plantas. Dados transformados para raiz quadrada de (x + 0,5). Quadrado Médio Fator Variação G L Número plantas Tratamento (T) 7 406,4199 ** Bloco 3 0,983286 ns Resíduo (a) 20 3,821238 DAS (D) 1 113,0377 ** T x D 7 32,15348 ** D (algodão) 1 4,754984 ns D (feijao) 1 12,76721 ** D (girassol) 1 1,413479 ns D (guandu) 1 8,805448 * D (milheto) 1 307,1488 ** D (milho) 1 0,243028 ns D (soja) 1 2,741798 ns D (sorgo) 1 0,237279 ns Resíduo (b) 23 1,241294 Média 11,42995 CV (%) 9,542301

Tabela 5. Dados pluviométricos (mm) da Fazenda Tolosa em Campo Novo do Parecis, MT no período de fevereiro a julho de 2002. Dados pluviométricos (mm) Datas Fevereiro Março Abril Maio Junho Julho 1 0 66 10 0 0 0 2 0 0 0 0 0 0 3 0 0 20 0 0 0 4 213 20 0 0 0 0 5 60 62 0 0 0 0 6 7 0 0 0 0 0 7 50 8 0 0 0 0 8 54 28 0 0 0 0 9 240 140 0 0 0 0 10 26 18 0 0 0 0 11 0 0 74 0 0 0 12 33 0 0 0 0 0 13 23 0 38 0 0 0 14 107 0 108 0 0 0 15 20 0 30 0 0 0 16 63 0 0 0 0 0 17 0 0 0 0 0 0 18 0 0 0 0 0 0 19 31 33 0 0 0 3 20 5 25 0 0 0 0 21 70 0 0 32 0 6 22 70 0 0 93 0 0 23 232 0 0 0 0 0 24 5 0 0 0 0 0 25 0 53 0 0 0 0 26 49 134 0 0 0 0 27 30 103 0 0 0 0 28 5 0 0 0 0 0 29 0 55 0 0 0 30 0 26 0 0 0 31 141 0 0 Total 1392 830 360 125 0 9

Considerações Finais Nas condições do ensaio verificou-se que: nenhumas das espécies plantadas e nem o pousio sem o controle de plantas daninhas, reduziram significativamente a população de PCR. Bibliografia AMARAL,J.L. do; MEDEIROS, M. O; OLIVEIRA,C.; OLIVEIRA, E. A. S. Estudo das Preferências Alimentares do Percevejo Castanho das Raízes das Gramíneas (Atarsocoris brachiariae Becker, 1996). In: ENCONTRO DE BIÓLOGOS DO CRB1, 8. Cuiabá, 1997. Cuiabá: UFMT. 1997. p. 66. MEDEIROS, M.O.; AMARAL, J.L.; OLIVEIRA, C.; OLIVEIRA, E.S. & MESSA, M. Ocorrência de Atarsocoris brachiariae (Heteroptera: Cydnidae) na cultura do algodão no estado de Mato Grosso. Dep. BIO/ICEN/CUR/UFMT 10º Encontro de Biológos, São Carlos, SP, 1999. NAKANO, O.; TELLES, L.H.A.Q. Percevejos do solo: danos, hábitos e controle. In: Reunião Sul brasileira sobre pragas de solo, 6, Santa Maria. Anais e Ata. Santa Maria: UFMS, 1997. P.84-91. OLIVEIRA, L.J.; MALAGUIDO, A.B.; NUNES JR., J.; CORSO, I.C.; DE ANGELIS, S.; FARIA, L.C.; HOFFMANN-CAMPO, C.B. & LANTMANN, A.F.. Percevejo castanho da raiz em sistema de produção de soja. Londrina: Embrapa Soja, 2000. 44p. (Embrapa Soja. Circular Técnica, 28). PRADO, P. C. N. do, NUNES Jr, J.; SIQUEIRA, R.M.; BARROSO, A.L. de L. Controle químico do percevejo castanho (Scaptocoris castanea) na cultura da soja, em Goiás. Goiânia: EMGOPA, 1986. 4p. (Pesquisa em andamento, 23). PUZZI, D. & ANDRADE, A.C.O Percevejo castanho, - Scaptocoris castaneus (Perty) no Estado de São Paulo. O Biológico, v.23, n.8, p.157-162, 1957.

SOUZA, E.A; AMARAL, J.L.; MEDEIROS, M.O.; BOLOGNEZ, C.A.; OLIVEIRA, C.; MESSA, M.; BORSONARO, A.M.; KIMURA, M.T. & ARRUDA, N.V.M. Efeito do sistema de preparação do solo e da diversificação de gramíneas sobre a população de adultos de Atarsocoris brachiariae Becker, 1996. Biodiversidade/ UFMT, Rondonópolis, MT. v.1, n.1. 2002. p.12 27. WORKSHOP sobre percevejo castanho da raiz, 1999, Londrina. Ata e resumos. Londrina: Embrapa Soja, 1999. 68p. (Embrapa Soja. Documento, 127)