INCIDÊNCIA DE PLANTAS DANINHAS EM LAVOURAS DE ALGODÃO SOB SISTEMAS DE PLANTIO DIRETO E CONVENCIONAL NA CONDIÇÃO DE CERRADO
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1 INCIDÊNCIA DE PLANTAS DANINHAS EM LAVOURAS DE ALGODÃO SOB SISTEMAS DE PLANTIO DIRETO E CONVENCIONAL NA CONDIÇÃO DE CERRADO LEANDRO CARLOS FERREIRA 1,3 ; ITAMAR ROSA TEIXEIRA 2,3 RESUMO: O sistema de cultivo pode ter grande influencia na comunidades infestante da plantas daninhas, especialmente nas condições de cerrado. Baseado neste pressuposto, foi realizado o presente trabalho objetivando identificar e quantificar as plantas daninhas predominantes em lavouras de algodão sob os sistemas plantio direto e convencional em Ipameri-GO. O maior índice de infestação de plantas daninhas foi constatado sob sistema de plantio direto, sendo a espécie Commelina benghalensis encontrada com maior freqüência na área. Por outro lado, o preparo convencional promoveu menores níveis de infestação de invasoras, comparativamente ao plantio direto, tendo como espécie predominante o Amaranthus spp. Comportamento semelhante foi observado com a produção de matéria seca das plantas daninhas nos dois sistemas. Palavras-chave: Gossypium hirsutum, sistema de cultivo, invasoras. INTRODUÇÃO As plantas daninhas podem competir diretamente com as culturas por água, luz, CO 2 e nutrientes, e indiretamente mediante liberação de compostos alelopáticos que impedem o desenvolvimento normal das plantas. Além disso, pode promover decréscimo na qualidade do produto colhido, como também provocar dificuldades durante a realização da colheita (Lorenzi, ), como comumente ocorre em lavouras de algodão. Na região de Cerrado onde se encontra atualmente a maior área cultivada de algodão no Brasil, a comunidades de plantas daninhas é diversificada, tendo os produtores encontrado grandes dificuldades para o seu controle, especialmente do sistema de preparo convencional (Jakelaitis et al., 3). O plantio direto é uma realidade no cerrado, ocupando atualmente mais de 65% da área cultivada. Entretanto, com relação a cotonicultura pode-se dizer que o seu cultivo neste sistema ainda é incipiente (Bortoletto, ), em função principalmente da falta de 1 Voluntário. 2 Pesquisador - orientador. 3 Curso de Agronomia, Unidade Universitária de Ipameri, UEG.
2 informações geradas pelas pesquisas, e que será de suma importância para orientação de técnicos e produtores na sua adoção. O plantio direto propicia acúmulo de palhada sobre o solo, o que acaba por dificultar a infestação de plantas daninhas, devido as alterações físicas, químicas e biológicas do mesmo, resultando no parcial esgotamento do banco de sementes (Cobucci et al., 1999). Além disso, o uso de herbicidas dessecantes sistêmicos aplicados em pré plantio, contribui também para minimização dos problemas provocados pelas invasoras (Jakelaitis et al., 3). O algodoeiro vem encontrando problemas em plantio direto, no tocante as dificuldades geradas pela convivência com plantas daninhas. Desta maneira, o presente trabalho teve por objetivo avaliar o índice de infestação de plantas invasoras em lavouras de algodão cultivadas sob os sistemas plantio direto e convencional na condição de cerrado. MATERIAL E MÉTODOS O presente trabalho foi conduzido na safra 4/5 em propriedade particular localizada no município de Ipameri-GO, com área total constituída de hectares, sendo 13 sob plantio direto e o restante em cultivo convencional. O solo foi classificado como Latossolo Vermelho-Amarelo distrófico, textura areno-argilosa. A área sob plantio direto estava com dois anos de implantação, tendo sido cultivada com lavouras de soja e milho. Já o preparo convencional constou de uma aração pesada seguida de duas gradagens leves. A adubação básica de ambas as áreas foi constituída de 45 kg ha -1 do formulado ,2 de B e Cu,,3 de Zn e Mn, tendo como fontes de micros materiais totalmente solúveis, conforme sugestão de Raij et al. (1997). A semeadura ocorreu em 19/12/4, sendo utilizada a cultivar DeltaOpal, recomendada para a região, no espaçamento de,9 m entre fileiras, com 8 a 1 plantas por metro linear. Aos 3 dias após emergência da cultura foi realizada uma adubação de cobertura utilizado o formulado -- na dosagem de 25 kg ha -1. Nas duas áreas foi empregado o herbicidas pré-emergente Gamit + Diuron, na dosagem de 1,5 + 2, L ha -1. As avaliações das plantas daninhas foram realizadas quando as lavouras estavam com 45 dias após emergência da cultura, antes do uso dos pós emergentes em jato dirigido, e constaram da utilização de um quadrado de,25 m 2.
3 Inicialmente foi delimitada uma área de 1, hectare nas duas áreas, e feito lançamentos do quadrado em cada uma delas, aleatoriamente. Posteriormente se fazia a identificação e contagem das espécies invasoras delimitadas pelo quadrado. Feito este procedimento, estas eram colocadas em sacos de papel e trazidas para o laboratório e mantidas em estufa a 72ºC até atingir peso constante, e em seguida quantificada a matéria seca produzida. Por ser tratarem de dados expressos por uma variável quantitativa, os mesmos foram organizados, conforme Spiegel (1994), em gráficos de distribuição de freqüência. RESULTADOS E DISCUSSÃO O sistema plantio direto propiciou maior índice de infestação de plantas daninhas das diferentes espécies, comparativamente ao preparo convencional. No plantio direto as espécies encontradas com maior freqüência na área amostrada foram a Commelina benghalensis, conhecida pelo nome comum de trapoeraba, seguida pelo picão preto (Bidens pilosa) (Figura 1a). Já no preparo convencional ocorreu maior infestação da espécie Amaranthus spp. (caruru), seguido pelo capim colchão (Digitaria horizontalis L.) (Figura 1b). Mesmo comportamento foi observado com relação a produção de matéria seca das invasoras nos dois sistemas de cultivo (Figuras 2a e 2b). (a) (b) Número de invasoras (em 1, m 2 ) Número de invasoras (em 1, m 2 ) 6 Bidens pilosa Richardia brasiliensis Cenchurus echinatus Andropogon gayanus Alternathera tenella Spermacoce latifolia Eleusine indica Tridax procumbes Acanthospermum hispidum Amaranthus sp. Physalis angulata Euphorbia heterophilla Commelina bengalensis Senna obtsifolia FIGURA 1. Levantamento da infestação de plantas daninhas em lavouras de algodão sob os sistemas de plantio direto (a) e convencional (b) na condição de cerrado. Ipameri-GO, UEG, 5.
4 (a) (b) 8 Matéria seca (gramas em 1, m 2 ) Matéria seca (gramas em 1, m 2 ) 3 1 Bidens pilosa Richardia brasiliensis Cenchurus echinatus Andropogon gayanus Alternathera tenella Spermacoce latifolia Eleusine indica Tridax procumbes Acanthospermum hispidum Amaranthus sp. Physalis angulata Euphorbia heterophilla Commelina bengalensis Senna obtsifolia FIGURA 2. Produção de matéria seca das plantas daninhas em lavouras de algodão sob sistemas de plantio direto (a) e convencional (b) na condição de cerrado. Ipameri-GO, UEG, 5. Estes resultados não são condizentes com a literatura (Cobucci et al., 1999; Jakelaitis et al., 3), que afirma ser o plantio direto capaz de promover menor infestação de plantas invasoras em relação ao preparo convencional, isto ocorrendo em função do abafamento destas pela palhada, como também devido ao uso de herbicidas dessecantes em pré-plantio. Este fato pode ser atribuído, provavelmente, ao pouco tempo de implantação do sistema de plantio direto que contava somente com dois anos de implantação, pois em condição de cerrado este sistema somente se torna estável a partir do quarto ano de cultivo, como ressalta Marouelli (5). Ainda, de acordo com Reis et al. (4), pode haver nas condições de cerrado dificuldades na formação, e principalmente, a manutenção de volume de palhada em quantidade suficiente para proteger a superfície do solo. Em adição, pode-se dizer que o sistema convencional promove a incorporação das sementes das invasoras a diferentes profundidades, dificultando assim a germinação e emergência, e consequentemente a infestação.
5 CONCLUSOES O sistema de plantio direto em sua fase inicial propicia o agravamento dos problemas com plantas invasoras, comparativamente ao preparo convencional; Nas áreas em estudo as espécies constatadas com maior freqüência sob os sistemas plantio direto e convencional são, respectivamente, Commelina benghalensis e Amaranthus ssp. Resultados semelhantes são observados quanto a produção de matéria seca. REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS BORTOLETTO, N. Plantio direto de algodão no Noroeste. O Agronômico, Campinas, v. 52, n. 1, p.,. COBUCCI, T. et al. Manejo de plantas daninhas na cultura do feijoeiro em plantio direto. Santo Antônio de Goiás-GO: Embrapa Arroz e Feijão, p. (Circular Técnica, 35) JAKELAITIS, A. et al. Efeitos de sistemas de manejo sobre a população de tiririca. Planta Daninha, Viçosa, v. 21, n. 1, p , 3. LORENZI, H. Manual de identificação e controle de plantas daninhas: plantio direto e convencional. 5. ed., Nova Odessa: Plantarum,. 339p. MAROUELLI, R.P. Desenvolvimento sustentável da agricultura no cerrado. Disponível em: < Acesso em: 25 de maio de 5. RAIJ, B. van. et al. Recomendações de adubação e calagem para o Estado de São Paulo. 2 ed., Campinas: IAC, p. (Boletim Técnico 1) REIS, M.S. et al. Plantio direto em arroz. Informe Agropecuário, Belo Horizonte, v. 25, n. 222, p. 52-6, 4. SPIEGEL, M.R. Estatística. 1º ed., São Paulo: Pearson, p.
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