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Transcrição:

1

SUMÁRIO INTRODUÇÃO INTRODUÇÃO 5 MENSAGEM DO PRESIDENTE 6 DESAFIOS E PLANOS FUTUROS 18 NOSSO LEGADO 22 Após oito anos de intensas atividades, a Agência do Bem cresceu e chegou o momento de contar nossa história e compartilhar todas as etapas do processo de transformação vivido pela organização até agora. Com este Relatório, queremos dar ainda mais transparência, um dos nossos valores mais caros, sobre a instituição e suas atividades, fortalecendo ainda NO QUE ACREDITAMOS 8 COM QUEM CAMINHAMOS 9 A AGÊNCIA DO BEM E OS OBJETIVOS DO MILÊNIO 36 COMUNICAÇÃO, DIÁLOGO E RELA- CIONAMENTO 38 mais os vínculos com nossos parceiros, beneficiados e com a sociedade em geral. Ele é também o reflexo do nosso compromisso com a melhoria contínua. Uma ferramenta que tem como objetivo expor as nossas conquistas ao longo dos anos, assim como apresentar as estratégias para garantir que os projetos por nós desenvolvidos tenham resultados duradouros e contribuam de forma efetiva para o desenvolvimento humano. 1 32 LINHA DO TEMPO 10 A AGÊNCIA DO BEM EM NÚMEROS 12 AGÊNCIA DO BEM OITO ANOS DE CONTRIBUIÇÃO PARA O DESENVOLVIMENTO HUMANO 13 DESTAQUES/NOTÍCIAS DOS ÚLTIMOS ANOS 40 FORMAS DE CONTRIBUIÇÃO E ATUAÇÃO 53 PATROCINADORES E PARCEIROS 54 Este Relatório também pretende contar uma história. Na verdade, várias histórias, começando pela de um grupo de amigos que realizava trabalho voluntário no Rio de Janeiro e decidiu, em 2005, criar uma instituição para ter uma atuação mais estruturada. Nascia ali a ONG Agência do Bem. E, junto com ela, vêm as histórias das mais de 5.000 pessoas que já foram beneficiadas pelos seus projetos, assim como de toda a equipe que ajudou a construir a instituição e tem contribuído para o seu crescimento. Esperamos contar com a leitura atenta de todos que queiram compartilhar essa trajetória conosco. Boa leitura! O INÍCIO 14 PRESTAÇÃO DE CONTAS AGÊNCIA DO BEM 2012 58 O PASSO ADIANTE 16 CONTATO 59 4 5

MENSAGEM DO PRESIDENTE A primeira vez que entrei numa favela, ainda pequeno, fui conduzido nos braços dos meus pais. Sou filho da classe média carioca, neto de casais humildes, de hábitos simples e possibilidades bastante modestas. A geração dos meus pais foi aquela que conseguiu ingressar em universidades e alcançar uma situação mais confortável. Talvez por conhecerem os dois lados da moeda, sempre se envolveram em atividades sociais e projetos de organizações religiosas e humanitárias. Desde cedo, aprendi com eles. Mais tarde, voltei a uma favela aos 16 anos. Desta vez, com as minhas próprias pernas. Naquela ocasião, fui de carona com um tio, uma pessoa admirável, que era voluntário de uma instituição que atendia dezenas de crianças e suas famílias, em localidade vizinha à Cidade de Deus entre as mais famosas favelas brasileiras; infelizmente, pelo que há de pior. Chegando lá, me encantei com o que vi e com as possibilidades de atuar junto àquela realidade. Passados alguns meses, aquele meu tio foi se dedicar a outra instituição semelhante e deixou sob minha responsabilidade a condução da turma de crianças em que era o tutor. Foi um desafio inesperado, mas por lá permaneci por mais 7 anos. A mais marcante se deu no auge de um período de violentos confrontos na comunidade, invadida pelos traficantes da Cidade de Deus. Ao chegar de manhã para encontrar minha turma, abrindo a porta da sala, me deparei com 3 garotos, de no máximo 11 anos, dormindo no chão, fazendo seus fuzis, metralhadoras e pistolas de travesseiro, cansados de uma longa madrugada de vigilância. Com o barulho, os meninos acordaram e, sem qualquer atitude hostil, um deles veio falar comigo: tio, meu ouvido está doendo, o senhor tem remédio?. Ele era, naquele instante, uma criança de 11 anos. Apenas uma criança de 11 anos com dor de ouvido. Não mais o bandido das vielas e das madrugadas. Tal qual um vampiro, os raios do sol espantaram dele a persona criminosa. Os anos se passaram, me dediquei a diversas organizações e projetos como voluntário e, depois, profissionalmente. Assim, na esteira destes acontecimentos, junto com amigos e parceiros que fizeram parte desta trajetória, foi criada a Agência do Bem em 2005. Essa nova organização tinha e tem ainda por meta promover o desenvolvimento humano no interior de comunidades como aquelas que conheci, como centenas de outras espalhadas por toda a cidade. A Agência do Bem acredita na capacidade de sonhar e de transformar a realidade que existe em cada pessoa, no potencial latente em cada criança. E muitos projetos e belas histórias tem surgido, desde então, nas áreas de arte, educação, informática, geração de trabalho e renda, comunicação, entre outras. Foi assim, no susto, na marra, que descobri in loco a dura realidade social brasileira, especialmente a carioca, com seus inconfundíveis requintes de crueldade em inúmeras comunidades, fruto da violência e do desmando que assolaram estes territórios por décadas, a partir da negligência do Estado. Conheci pessoas incríveis, fiz belas amizades, vi florescer vida e esperança em meio ao deserto de possibilidades, à beira dos valões, nas madrugadas sem luar, sem teto, sem cobertas, sem gás, sem remédios... Testemunhei histórias que a maioria das pessoas só toma contato através da televisão ainda assim com certo ar de desconfiança. Algumas são exemplo de fé e redenção humana. Outras são como um soco no estômago. Uma das vertentes mais bonitas é a do projeto das Escolas de Música e Cidadania, que faz da música uma ferramenta para a inclusão social. Este projeto é realizado nos 3 polos comunitários da Agência do Bem: Vargem Grande, Vargem Pequena e Cidade de Deus. São oferecidas aulas semanais de violino, viola, violoncelo, flauta doce, flauta transversa, clarineta, trompete, trombone, saxofone e canto coral. Ao todo, são cerca de 300 alunos descobrindo a música e aprendendo a sonhar com uma vida melhor. O projeto já conta com muitos alunos em estágio avançado de aprendizado e tem até uma orquestra composta pelos mais talentosos. Passados quase 20 anos daquele episódio marcante, tenho a alegria de visitar a sede do projeto na Cidade de Deus e encontrar muitos meninos de 11 anos empunhando armas poderosas, que, coincidentemente, também amparam seus sonhos. As armas de hoje, porém, emitem sons melodiosos e compõem, mesmo quando desafinadas, hinos de celebração à vida, à paz e a um futuro pleno de possibilidades. Alan Maia tem 35 anos, é graduado em Publicidade e Propaganda, Mestre em Serviço Social pela PUC-Rio, e possui especialização em Nonprofit Management pela Harvard Business School. Foi orador de turma da faculdade, recebeu o Prêmio Lions Humanitário e por quatro vezes teve projetos premiados com o Troféu Responsabilidade Social. Atua há 10 anos na gestão de projetos e organizações sociais, tendo liderado iniciativas de ONGs, empresas, governos e organismos internacionais. 6 7

NO QUE ACREDITAMOS APRESENTAÇÃO MISSÃO VALORES ÁREA DE ATUAÇÃO A Agência do Bem é uma organização da sociedade civil, sem fins lucrativos e sem finalidade religiosa ou político-partidária. A ONG vem atuando em comunidades consideradas de baixa renda e de baixo desenvolvimento humano, caracterizadas pela falta de infraestrutura urbana e pela ausência de serviços públicos de qualidade. Geralmente situadas em áreas periféricas e de difícil acesso, seus moradores sofrem o estigma da desordem, da sujeira e da violência, tendo negados seus direitos básicos de cidadania. É para ajudar a mudar este cenário que a organização vem trabalhando. A Visão de Futuro da Agência do Bem contempla a abertura de novos núcleos de atuação no Rio e em outros municípios do Estado. Sua estratégia consiste em desenvolver projetos em parceria com outras entidades (associações de moradores, igrejas, creches, etc.) já instaladas nas localidades, aproveitando sua estrutura, respeitando sua legitimidade e otimizando os custos da sua atuação. Promover o desenvolvimento humano no interior das comunidades onde atuamos de forma sustentável e transparente. Alegria, Excelência e Transparência. VISÃO CONQUISTAS E RECONHECIMENTOS A Agência do Bem desenvolve projetos com capacidade de promover a transformação social em comunidades de baixa renda e consideradas de baixo desenvolvimento humano no Rio de Janeiro e em Minas Gerais. Sermos reconhecidos como organização de referência em trabalho social dentro de comunidades. Troféu Responsabilidade Social da AIB (2010); Prêmio Lions Humanitário (2011); Certificação de Tecnologia Social pela Fundação Banco do Brasil Projeto Escolas de Música e Cidadania (2011). COM QUEM CAMINHAMOS EQUIPE E COLABORADORES Presidência: Alan Maia Vice - Presidência: Elio Raymundo Conselho Diretor: Fábio Amado Rodrigo Góes Raphael Bueno Valéria Giannini Eli Silva Coordenação Executiva: Renata Moraes Equipe de Projetos e Administrativa: Priscila Souza Edileide Araújo Layla Duarte Comunicação: Jessica Letieri Polos Comunitários: Dayse Lúcia Vieira Mara Bonfim Professores: Maria Rita Ramos Miguel Torres Noemi Goes Vanja Dee Waleska Araújo Eliel Ezequiel Monitores: Huan Valpassos Brian Ronald Já estiveram conosco: Vanessa Faria Patrícia Nascimento Pillar Paladini Cyntia Rosa Juliana Freitas Thayane Pereira Patrícia Valadares Michelle Rodrigues Luis Carlos Vaz Ana Carolina Moreira Moabe Vettore Colaboradores e Voluntários: Camila Góes Sérgio Loureiro Gabriel Malizia Ana Cristina Gomes Maria Angélica Dirlene Costa Cilene Vieira Erika Mendel 8 9

LINHA DO TEMPO Adesão da Comprev ao Programa Empresas do Bem. Fundação Zegna e Vivendi passam a financiar diretamente a Orquestra Nova Sinfonia. Orquestra Nova Sinfonia passa a receber maior autonomia e estrutura com ensaios semanais no Com a compra de 10 violinos e a contratação de um professor, tem início o primeiro curso da Escola de Música e Cidadania. Têm início as primeiras aulas dos projetos Beirart - Mulheres Artesãs e do Canal Digital. A Agência do Bem passa por um intenso processo de estruturação e profissionalização do seu trabalho, o que permite, além de maior qualidade e transparência, o aumento da arrecadação em cerca de três vezes mais do que no ano anterior. Começa a expansão da Agência do Bem, com a abertura dos polos Vargem Pequena (maio) e Cidade de Deus (agosto), a partir do patrocínio da Fundação Zegna, da Itália, via Instituto Rio, e do apoio da Farmanguinhos, da Casa de Santana, do IFIP e do Lions Clube. Conquista do Troféu Responsabilidade Social da AIB, com o prêmio no valor de R$ 10 mil. É realizada uma Oficina de Sabão Ecológico, com o apoio da Junior Achievement. O escritório da Agência do Bem sai do polo de Vargem Grande e passa a funcionar num centro empresarial no Recreio dos Bandeirantes. O projeto das Escolas de Música e Cidadania amplia sua capacidade de atendimento para 300 novos alunos, sendo 200 somente na Cidade de Deus. Têm início as aulas de Cidadania para os alunos das Escolas de Música e Cidadania. O grupo francês Vivendi passa a apoiar a Agência do Bem com patrocínio às Escolas de Música e Cidadania. Teatro dos Grandes Atores, bolsa para os seus 40 integrantes e ampliação da sua equipe de regentes e de produção. Parceria com o Projeto Informar e Computer Toys alavanca o Projeto Canal Digital em Vargem Grande, com abertura de 50 novas vagas, professor especializado e uso de diversos novos softwares educacionais. Inicia-se o Projeto Beirart no polo da Cidade de Deus. Em junho, é firmada a parceria com o Via Parque Shopping, que passa a integrar o Programa Empresas do Bem, com apoio direcionado às Escolas de Música e Cidadania. 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 Início das atividades da Agência do Bem na Comunidade Beira Rio, no bairro de Vargem Grande, no Rio de Janeiro. Realização do Censo Beira Rio, um diagnóstico social da comunidade que serviu de base para o planejamento da atuação da Agência do Bem no bairro. Começa o projeto Ainda é Tempo de Aprender. O Projeto Fala Aí - Fato Feito é inaugurado. Apoio da CW Contabilidade, assessoria contábil pro bono. A Agência do Bem recebe seu maior valor de patrocínio até então, R$ 25 mil, da Casa da Moeda do Brasil, para a Escola de Música e Cidadania. Os recursos permitem adicionar violoncelo, flauta transversa e clarineta à lista de instrumentos do projeto. Adesão da DHM ao Programa Empresas do Bem. O site da Agência do Bem passa a divulgar a prestação de contas de seus recursos financeiros através do Espaço Transparência. Realização da 1ª Edição do Prêmio Bem Sucedido no Teatro dos Grandes Atores, na Barra da Tijuca. Em outubro, é aprovado o Projeto da Escola de Música e Cidadania junto ao Ministério da Cultura, via Lei Rouanet. Em seguida, a Agência do Bem fecha a parceria com a Merck e a Unimed-Rio. Início do Projeto Rio em Forma Olímpico na Comunidade de Vargem Grande, promovido pela Secretaria Municipal de Esporte e Lazer, com a parceria e suporte locais da Agência do Bem. Orquestra Nova Sinfonia é atração de destaque do programa TV Xuxa, em rede nacional, gerando grande visibilidade para a instituição. Reforma da sala de informática de Vargem Grande, com apoio da Fundação Zegna, via Instituto Rio, e da DHM. Médico voluntário faz acompanhamento de saúde e encaminhamento de moradores de Vargem Grande. Início das oficinas de Biodanza em Vargem Grande. Realização da 2ª Edição do Prêmio Bem Sucedido no Teatro dos Grandes Atores. A Agência do Bem passa a contar com a colaboração de Elio Raymundo que inicia mais uma nova frente de atuação na organização, a Rede de Organizações do Bem, com a proposta de levar apoio, capacitação e recursos a outras organizações e projetos. É lançado o 1º Edital de Micro Projetos da Rede de Organizações do Bem que seleciona e apoia cinco projetos do Rio de Janeiro, Baixada Fluminense e Minas Gerais. Em parceria com a Unimed-Rio e o IBMR, a Agência do Bem realiza o Curso de Formação de Camareira de Hotel e Hospital para mulheres da Cidade de Deus, com idades entre 18 e 55 anos. Foram formadas 24 moradoras com encaminhamento ao mercado de trabalho. Realização da 3ª Edição do Prêmio bem Sucedido no Teatro dos Grandes Atores. 10 11

A AGÊNCIA DO BEM EM NÚMEROS Projeto Tempo de Existência Número de Beneficiados Escolas de Música e Cidadania 7 Anos 900 Alunos Ainda é Tempo de Aprender 6 Anos 140 Alunos Canal Digital 5 Anos 210 Alunos Beirart 5 Anos 150 Alunas Fala Aí Fato Feito 2008 e 2009 3.000 Leitores Oficina de Sabão Ecológico 2010 25 Alunos Aulas de Futebol 3 Anos 160 Alunos Atendimento Médico 2011 e 2012 400 Atendimentos Oficinas de Biodanza 2011 e 2012 25 Alunos Curso de Camareira 2012 24 Alunos A Agência do Bem atende hoje a cerca de 600 pessoas todos os meses, através dos projetos próprios e das ações que desenvolve em parceria com outras empresas e organizações. Escola de Música e... Tempo de existência dos Projetos (anos) 7 6 Ainda é Tempo de... Canal Digital 5 5 Beirart Fala Aí - Fato Feito 3 2 2 2 1 Oficina de Sabão... Aulas de Futebol Atendimento Médico Oficinas de Biodanza AGÊNCIA DO BEM OITO ANOS DE CONTRIBUIÇÃO PARA O DESENVOLVIMENTO HUMANO Em 2005, um grupo de amigos que tinha em comum o gosto pelo trabalho voluntário se reuniu e decidiu montar uma instituição para organizar e potencializar suas atividades. Foi o começo da Agência do Bem, uma organização que trabalha para promover o bem. O bem que promove a paz, que sustenta a justiça, que gera o desenvolvimento respeitando o meio ambiente e que faz da solidariedade o princípio ético fundamental da vida em sociedade. O primeiro trabalho da organização foi realizado naquele mesmo ano, na Comunidade Beira Rio, no bairro de Vargem Grande, Rio de Janeiro, onde se instalou seu primeiro polo de ação social, em parceria com uma entidade local. Tratava-se do Censo Beira Rio, realizado entre o final de 2005 e o início de 2006 e cujos resultados formaram a base para o planejamento da atuação da organização na localidade e que fazem parte dos alicerces da Agência do Bem. Eu faço trabalho social desde adolescente. Posso dizer que, de uma certa forma, sempre estive ligado à questão social, atuando em comunidades. E foi nessas atividades que conheci os amigos que depois vieram a me ajudar a fundar a Agência do Bem, entre os quais destaco o Fábio Amado e o Rodrigo Góes, lembra Alan Maia, presidente da Agência do Bem. VARGEM GRANDE VARGEM PEQUENA CIDADE DE DEUS Escola de Música e Cidadania Ainda é Tempo de Aprender Canal Digital Orquestra Nova Sinfonia Beirart Fala Aí-Fato Feito Oficina de Sabão Aulas de Futebol Atendimento Médico Oficinas de Biodanza Escola de Música e Cidadania Orquestra Nova Sinfonia Escola de Música e Cidadania Beirart Curso de Camareiras Orquestra Nova Sinfonia 12 13

Grande, local onde Alan, Fábio e Rodrigo já frequentavam e conheciam as lideranças sociais pelos vínculos com outra entidade apoiada. O resultado foi uma espécie de Raio-X da localidade e uma das suas principais conclusões apontava para ausência de opções de lazer e cultura na região, realidade de muitas comunidades de baixa renda do Rio de Janeiro. Este resultado, junto com o gosto pela música clássica, acabou ajudando a criar a Escola de Música e Cidadania. A inspiração para o projeto também sofreu influência de outras iniciativas voltadas para a música clássica: Na Teia de Cultura, um encontro nacional de projetos culturais, organizado pelo Ministério da Cultura, nós conhecemos outros projetos de orquestras pelo Brasil. Naquele momento pensamos que seria incrível fazermos algo semelhante, lembra Alan. Em julho de 2006, A Agência do Bem conseguiu comprar seus primeiros violinos, contratou uma professora e realizou seu primeiro curso. Nascia o projeto da Escola de Música e Cidadania. No ano seguinte, tem início o segundo projeto da organização, o Ainda é Tempo de Aprender, de alfabetização de adultos. Em 2008, forma-se a primeira turma do curso de artesanato com foco na geração de renda: Beirart Mulheres Artesãs. Naquele mesmo ano, outro projeto também inicia suas aulas. Trata-se do Canal Digital, uma iniciativa na área de ensino de informática, que começou a partir do reaproveitamento de computadores doados, beneficiando um pequeno grupo de dez alunos, sob o comando de uma professora voluntária. Em 2009, o projeto de comunicação comunitária, chamado Fala Aí, O INÍCIO transformou-se no jornal impresso Fato Feito, sendo distribuído gratuitamente para cerca de 3 mil pessoas na comunidade Esse grupo de jovens engajados Em paralelo, Alan, publicitário por Em julho de 2005, Alan teve uma se reunia desde o início da década formação, começou a fazer cursos dupla comemoração: a defesa da Até hoje, estes continuam sendo os projetos-base da Agência da Bem. Todos de 1990, fazendo teatro, visitando de gestão de projetos sociais tese de mestrado, e a fundação da eles estão conectados de uma certa forma com os resultados apontados asilos, dando aulas, organizando com a intenção de se capacitar Agência do Bem. pelo Censo Beira Rio, e sendo impulsionados pelas oportunidades que eventos de arrecadação de para ser mais útil nas suas ações surgiram ao longo do caminho. fundos para orfanatos e projetos voluntárias. Empolgado, decidiu A ideia por trás da organização comunitários. fazer um curso de Mestrado em era o trabalho em rede e o Foi no ano de 2009 também que a Agência do Bem celebrou o primeiro Serviço Social seguindo nesta profissionalismo, com capacidade Prêmio Bem Sucedido, um evento que já está na sua terceira edição e que Com o passar dos anos, começaram mesma direção. A identificação foi de promover efetiva transformação comemora os resultados conquistados ao longo do ano. Durante a festa a participar de forma mais ativa tão grande que, em 2003, passou social. Para isso, era preciso buscar são entregues troféus às pessoas e entidades que mais se destacaram de alguns projetos específicos a atuar profissionalmente no parceiros: técnicos e financeiros. O e apresentados projetos e talentos das comunidades onde a instituição e também contribuíram com a chamado Terceiro Setor. ponto de partida foi o censo na atua. Os alunos da Orquestra Nova Sinfonia fazem uma apresentação e fundação de outras entidades. comunidade Beira Rio, em Vargem a celebração ainda conta com a presença e performances de renomados artistas da música, televisão e do teatro. 14 15

O PASSO ADIANTE Chegamos então ao período de comparação com os anos anteriores. cidade: Cidade de Deus e Vargem da Barra (AIB) e um prêmio no valor com a Merck e a Unimed-Rio. Isso do polo de Vargem Grande, passa transição entre os anos de 2009 e No entanto, ainda havia um Pequena. Tivemos que fazer uma de R$ 10 mil. Outro aporte veio da tudo aconteceu porque estávamos a contar com um escritório num de 2010, um marco fundamental sentimento de invisibilidade com escolha e dar um passo ousado: Fundação Zegna, através do Instituto em mais comunidades e finalmente centro empresarial no Recreio dos para a organização. Alan lembra relação à Agência do Bem. Foi decidimos então pela abertura de Rio, no mesmo valor. Mas o mais estávamos sendo vistos, afirma Bandeirantes. Passamos de uma da época como sendo um período então que decidiu-se pela expansão novos polos, o que nos proporcionou importante aconteceu em outubro: Alan. organização pequena para o que difícil, de muita dedicação para da organização, uma estratégia muito mais visibilidade, relembra. a aprovação do projeto da Escola de somos hoje: uma instituição de médio melhor estruturar a organização arriscada, mas que revelou-se Música e Cidadania no Ministério da Em 2011, com a ajuda dos recursos porte, profissionalizada, sustentável internamente e institucionalizar os certeira, abrindo novos polos de Em maio de 2010, a Agência do Bem Cultura pela Lei Rouanet. Uma vez advindos da Lei Rouanet, a e muito bem estruturada. Nosso recursos, o que acabou permitindo atuação, em parceria com entidades recebeu o Troféu Responsabilidade o projeto incentivado, conseguimos administração da Agência do Bem, grande salto foi realmente do ano de triplicar a arrecadação em locais, na região da Zona Oeste da Social da Associação de Imprensa fechar a parceria que temos hoje que, até então funcionava dentro 2010 para 2011, reconhece Alan. 16 17

DESAFIOS E PLANOS FUTUROS Fábio Amado, que faz parte da metodologia, principalmente a organizar ciclos de palestras, materializa suas convicções. É a renovação de patrocínios, sociais e para a Agência do Bem diretoria da Agência do Bem, utilizada na Escola de Música e oficinas, tudo isso para passar muito mais do que um trabalho. por exemplo, em momento não poderia ser diferente. Alan concorda e acredita que os polos Cidadania. adiante a nossa metodologia. Eu não seria quem sou hoje se nenhum pensou em voltar atrás atua ativamente nesta área, de Vargem Grande e Vargem a Agência do Bem não existisse. de trabalhar com a área social. apesar de não se identificar Pequena têm ainda potencial No entanto, acha que é preciso Fábio tem um carinho especial É muito mais do que uma Eu teria muito menos cabelos como um captador de recursos para serem ampliados. Ele conta dar um passo de cada vez. pela Escola de Música e realização profissional, é um brancos, isso é certo, mas não ou como um vendedor. Ele se diz que a organização recebe pedidos Precisamos consolidar a Cidadania e sonha com a projeto de vida. seria a pessoa realizada que sou um entusiasta da organização para expandir suas atividades Agência do Bem como um popularização da música e com hoje. e isso se traduz na sua fala, no para outros municípios, seja todo primeiro. Nosso próximo seus alunos vivendo de música Ele conta que, apesar de ter seu entusiasmo ao apresentar a através de abertura de mais passo deverá ser estruturar um profissionalmente no futuro. muitos percalços, como a A captação de recursos é um dos Agência do Bem e seus projetos. um polo ou para replicar sua plano pedagógico diferenciado, Para Alan, a Agência do Bem preocupação com infraestruturae desafios de muitas organizações Desse jeito, o projeto se vende 18 19

por ele mesmo. Acho que nós acabamos passando credibilidade, verdade e entusiasmo quando falamos, nas suas palavras. Pode-se dizer que hoje a Agência do Bem está mais madura e consolidada.sua estrutura é robusta, há um planejamento estratégico sendo constantemente revisto e reavaliado, a equipe cresceu, os recursos também e os resultados são tangíveis. Tudo isso sem que a essência da organização e da ideia que sempre esteve por trás de sua criação tivessem mudado. Bem nos encaminhou um projeto pelo qual imediatamente me entusiasmei. A partir daí, todas as propostas enviadas foram aprovadas, estabelecendo-se uma relação de parceria bem estreita, conta. Segundo Elio, a motivação que o levou a se juntar à equipe da Agência do Bem foi a identificação com a proposta social e o profissionalismo do trabalho desenvolvido. Além de uma grande admiração pelos seus gestores. Hoje conseguimos divulgar nossos projetos, reverberar nossas conquistas, fazer grandes eventos. Isso nos obrigada a sermos sempre coerentes, a termos conteúdo e sermos transparentes, garantindo a transparência da Agência do Bem, que é o nosso maior patrimônio, completa. Ao longo dos anos, desde sua fundação em 2005, diversas ações foram realizadas e novos projetos foram implementados nas áreas de educação, saúde, arte, cultura, segurança alimentar, comunicação e mobilização comunitária, defesa de direitos, entre outros. Atualmente, quatro projetos são desenvolvidos pela organização: Escolas de Música e Cidadania, Ainda é Tempo de Aprender, BEIRART Grupo de Mulheres Artesãs e Canal Digital. Além destes, há ainda o Fala Aí - Fato Feito, momentaneamente suspenso, e as atividades que são desenvolvidas por voluntários no polo de Vargem Grande, que funciona como um Centro Comunitário. Em 2012 A Agência do Bem inovou mais uma vez, ampliando seu campo de atuação ao decidir pelo apoio e fomento a pequenos projetos de outras organizações sociais. A nova frente de ação foi resultado da chegada de Elio Raymundo, advogado e sociólogo com vasta experiência na área social, e que tem como objetivo implantar um programa ampliado de atuação na cidade, desenvolvendo ações integradas a partir de três eixos, articulados entre si: apoio ao trabalho social, visando à mobilização de recursos locais; construção de uma rede de organizações sociais; e o fortalecimento institucional das organizações parceiras. Elio foi coordenador do setor de emergências da Caritas brasileira e dos Fundos de Apoio a Pequenos Projetos no Ceris, dirigiu o Instituto Rio e participou da criação do primeiro fundo permanente do Brasil. Minha relação com a Agência do Bem começou praticamente no início das suas atividades, em 2006, quando eu era diretor executivo de uma instituição de fomento a projetos sociais. A Agência do 20 Como primeiro resultado dessa nova frente, em outubro de 2012, foi realizado o 1º Fórum da Rede de Organizações do Bem, um evento em parceria com a Secretaria Geral da Presidência da República e a Coordenação Estadual dos ODMs (Objetivos de Desenvolvimento do Milênio). Além de ser um evento informativo e de articulação institucional em torno dos ODMs, na ocasião também foi lançado o I Edital de Micro Projetos para apoiar iniciativas de trabalho social realizado por pequenas organizações da sociedade civil em suas mais diversas áreas. Ao todo, cinco iniciativas receberam apoio no primeiro ano: Instituto SOS Reviver (Nilópolis/RJ); Associação de Parentes e Amigos do Complexo Juliano Moreira, (Taquara Rio de Janeiro/RJ); Reviver Grupo de Apoio à Criança e ao Adolescente, Saúde (Rio de Janeiro/RJ); Casa do Menor São Miguel Arcanjo (Nova Iguaçu/RJ); e Associação Mário Bianco Gianinni, (Bicas/MG). Projetos desse tipo e a Agência do Bem como um todo têm proporcionado o meu engrandecimento como cidadão e a permanente consciência e clareza da responsabilidade social que cada um deve ter. O maior impacto do trabalho nas comunidades onde a Agência do Bem atua tem sido, sem a menor sombra de dúvida, a sua dimensão educativa, formando, através da prática musical, crianças e os jovens comprometidos com a construção de um país mais justo, afirma Elio. A Rede de Organizações do Bem é mais um resultado da crença na importância e no potencial do trabalho em rede que a Agência do Bem sempre teve, desde sua fundação. As parcerias da instituição hoje vão desde empresas e grandes organizações, até governo e comunidades, tendo feito com que a Agência do Bem seja reconhecida como uma ponte entre esses diversos públicos. 21

NOSSO LEGADO OS PROJETOS ESCOLA DE MÚSICA E CIDADANIA Polo Vargem Grande Iniciado em 2006, é o maior projeto da Agência do Bem, tendo recebido o certificado de tecnologia social o único de ensino de música no Brasil. Com aulas semanais de diversos instrumentos de orquestra, centenas de alunos, com idades entre 8 e 17 anos, aprendem acordes e melodias e se O objetivo do projeto é promover o desenvolvimento de crianças e adolescentes, ampliando suas perspectivas e sonhos de vida. Desde 2006, a escola recebeu mais de 900 alunos. Uma pesquisa realizada recentemente indica a evolução das crianças desde o início Em outra pesquisa, realizada em 2010 com os pais destes alunos, verificou-se que, para 80% deles, seus filhos se tornaram mais permitem sonhar com um futuro melhor. É a abertura de um horizonte até A Escola de Música e Cidadania do projeto: 96% dos alunos estão ali maduros e responsáveis depois então desconhecido. quer formar bons cidadãos, dando por efetivo interesse pela música; que entraram para o projeto; 78% oportunidade em comunidades de 98% se sentem muito bem ou fizeram novas amizades dentro Crianças e jovens que se destacam nas aulas passam a integrar a baixo desenvolvimento humano e bem nas atividades; 71% têm do projeto; e 50% melhoraram o Orquestra Nova Sinfonia, que vem se apresentando em diversos palcos, sem opções de lazer e cultura. Além certeza de que a música continuará desempenho escolar. como Theatro Municipal, Fundição Progresso e até no Olympia Hall, em disso, o projeto tem conseguido presente em suas vidas daqui a 10 Paris. Seus ensaios ocorrem semanalmente no Teatro dos Grandes Atores, identificar pessoas com bastante anos; e 100% recebem apoio da Para completar, a música está na Barra da Tijuca. talento musical, abrindo portas família para participar do projeto. conectada ao ritmo que está para a profissionalização. intimamente ligado à matemática, 22 23

o que acaba sendo mais uma contribuição para a educação dos alunos do projeto. Em 2012, as aulas passaram a misturar os clássicos lazer. Aqui (Vargem Pequena), os alunos não faltam. As aulas significam também o lazer e a socialização das crianças da comunidade. Talvez seja uma das únicas coisas legais que elas fazem durante a semana. Polo Cidade De Deus Rebeca da Cruz Fernandes Pantoja, 17: Queria aprender a tocar um instrumento erudito. Eu já tocava guitarra e violão, mas também não tinha nenhuma noção de teoria musical. Meu sonho era poder tocar numa orquestra! com os ritmos pop e rock, ganhando uma pitada a mais com a exibição de filmes em atividades de cineclube e oficinas criativas que falavam dos sonhos de cada um. A cada final de semestre, é organizado um recital nos três polos onde o projeto é desenvolvido. O evento reúne alunos, professores, famílias e amigos e vira uma grande festa comemorativa com a apresentação de músicas aprendidas durante o ano. Ivanilde Gomes da Silva, mãe de Wesleison Vinicius da Silva, 13, que toca viola desde o início do ano, contou que ficou muito emocionada com o recital: Deus me deu um músico dentro de casa. Sei que, se depender dele, a música fará parte da sua vida para sempre. Lucicleide Amaro Serafim, mãe de Vitor Alexandre O que é comum nos três locais, na sua opinião, é a mudança de comportamento, para melhor. Em Vargem Grande e na Cidade de Deus, onde o comportamento dos alunos é mais oscilante, percebemos uma mudança sensível nas crianças com o passar do tempo. Elas se tornam mais educadas, se expressam melhor e conseguem se concentrar com mais facilidade. Juliana também explica a importância da música enquanto instrumento pedagógico. Segundo ela, para a criança não é tão importante saber se ela quer ser uma profissional no futuro. O valor está no desenvolvimento de outras habilidades que a música pode proporcionar, como a capacidade motora, a concentração, a organização, etc. Ana Carla da Cunha Rocha, 13, mora na comunidade há três anos. Faz parte do projeto desde 2010, onde aprende flauta: Quero ser professora de música! Não faço parte do coral porque sou muito tímida. Inclusive a música tem me ajudado a melhorar isso e a me desenvolver melhor na escola. Sou muito dedicada, faço muita pesquisa na internet antes das aulas. Layla Duarte, 17, faz canto e integra o coral desde junho de 2012 (também trabalha na sede da Agência do Bem). Eu gosto de cantar, mas não gostava da minha voz. Estou fazendo aula uma vez por semana e acho que já melhorei. Estou no 3º ano do Ensino Médio, quero fazer faculdade de Administração e, se tudo der certo, continuar trabalhando na Agência do Bem. Além disso, quero aprender a tocar viola. O som dela é mais bonito que o do violino. Serafim, 12, foi outra que se emocionou com o recital. O filho, que toca violino desde o início de 2012, Ana Carolina Moreira Nunes Rodrigues, professora de não larga o instrumento quando está em casa. O flauta doce e saxofone, do polo de Vargem Pequena, comportamento dele mudou. As notas melhoraram concorda: A música é um diferencial enorme na vida e ele gabaritou em todas as matérias no último de uma pessoa. Este projeto faz muita diferença, dá bimestre!, diz a mãe orgulhosa. oportunidades, abre horizontes, mostra um mundo até então desconhecido. O instrumento favorito de Vítor é o violino: Quero virar profissional. Sua irmã, Ana Maria, 9, quer seguir seus Huan Valpassos, monitor da Escola de Música e passos e fazer aula de canto. Cidadania nos três polos, é um entusiasta do projeto e uma pessoa ativa no Centro Comunitário de Vargem Eu resolvi colocar meu filho para fazer aula. Foi a Grande. Eu sempre estudei música, dou aula particular melhor coisa que eu fiz para ele até hoje. A Agência do de piano e tenho uma banda. Aqui na Agência do Bem, Bem faz muita diferença na vizinhança, principalmente dou aula de teoria musical para os iniciantes. O que me para as crianças, afirma Lucicleide. trouxe para cá foi a oportunidade de mudar a vida das pessoas, a chance de tirar as crianças de um contexto Juliana Mendes, supervisora pedagógica da Agência de pobreza, violência, e transformar através da música. do Bem no segundo semestre de 2012, explica Eu acredito que o projeto abre muitas portas. Não é só que há diferenças comportamentais entre os uma escolinha de música, ela é muito maior do que alunos dos diferentes polos: Os alunos do polo de isso. Onde podemos chegar com ela é o que me motiva. Vargem Pequena tendem a ser mais comportados Vejo possibilidades e potencial reais aqui. e concentrados, talvez reflexo de uma comunidade menor e carente de projetos sociais e opções de 24 25

Polo Vargem Pequena Daniel Ricardo dos Santos, 12 anos, está no projeto há dois anos e sonha em tocar na banda da Marinha, mas também tem planos para se tornar um jogador de futebol. Eu vim pra cá porque aprontava muito em casa. Hoje sou um dos melhores alunos da minha sala, na Escola Municipal Frei Gaspar. Ana Beatriz Barbosa de Araújo, 12, faz aula de flauta doce, mas sonha em tocar violão e guitarra. Participa do projeto desde o início. Vim pra cá porque me sentia muito triste. Não fazia nada, só arrumava a casa e via televisão. Quero ser cantora ou atriz. Ana Beatriz tem um irmão pequeno, de 6 anos, que vai entrar no projeto em 2013. Ela já ensina o caçula a tocar. O que eu mais gosto na música é que parece que ela tira um peso das costas, parece que a gente está nas nuvens, que só tem a gente no mundo. Fico com a sensação de que sou livre, tenta explicar a aluna. Lívia de Barros Silva, 14, é amiga de Ana Beatriz e também faz parte da turma da Escola de Música em Vargem Pequena, onde toca saxofone. Conta que talvez tenha que parar temporariamente porque vai fazer um curso profissionalizante no CEFET (ela sonha em ser engenheira de eletrotécnica). Mas quero continuar estudando música porque é muito inspirador. Vou ficar treinando com o meu sax em casa. Maria da Graça Muniz da Silva, é presidente da Associação de Moradores de Vargem Pequena e da Obra Social Novo Palmares, local onde se desenvolvem as atividades da Escola de Música. Para ela, a parceria com a Agência do Bem tem sido maravilhosa. Começamos com poucas crianças e agora temos mais de duas turmas e com muitas crianças ainda interessadas em começar. Orquestra Nova Sinfonia A Orquestra Nova Sinfonia cresceu tanto que hoje é preciso fazer um processo de seleção para poder incorporar os alunos dos três polos. Todo novo integrante precisa ter até 18 anos. No entanto, maiores de idade que já façam parte da orquestra podem continuar tocando. Viola, violoncelo, violino, clarineta, flauta transversa, piano, trombone e trompete são os instrumentos que compõem a orquestra. Maria Rita Ramos, maestrina da Orquestra Nova Sinfonia e professora de teoria musical, flauta transversa e clarineta, faz parte da equipe da Agência do Bem desde novembro de 2008. Começou dando aulas de violino, como substituta de outra professora. Ela conta, orgulhosa, como surgiu a Orquestra Nova Sinfonia: Na época, a Agência do Bem só tinha aula de violino, coral e piano. Foi então que conseguimos iniciar o projeto de sopro. No ano seguinte, em abril de 2009, surgiu a possibilidade de montarmos uma Orquestra de Câmara e veio o desafio de ensinar os alunos a tocarem juntos. Foi o início da nossa orquestra. O primeiro instrumento de sopro a ser ensinado na escola foi a flauta doce. Depois veio a flauta transversa e, finalmente, a clarineta. Até então as aulas eram juntas: teoria e instrumento. Resolvemos separar e o desenvolvimento dos alunos foi visível: eles aprenderam a ler as partituras e melhoraram seu desempenho na orquestra e com os instrumentos. Numa orquestra, não podemos sobrepor os instrumentos. É como montar um quebra-cabeça. Nas aulas, os alunos passaram a tocar músicas mais complexas, como Asa Branca, Ave Maria, a Nona Sinfonia de Beethoven, que precisam de mais afinação e que têm uma partitura mais complexa. Segundo ela, as crianças e adolescentes da comunidade se tornaram mais animadas e comunicativas depois que passaram a participar do projeto. E as apresentações estão cada vez melhores, completa. Um dos resultados mais gratificantes do projeto é perceber a transformação nos relacionamentos entre as crianças, compartilhando, trocando, conversando... A forma como recebem uns aos outros. Notamos mudanças reais em crianças e adolescentes, inclusive entre os que tinham um comportamento mais agressivo. Eu recebo elogios até de diretores de escolas sobre determinadas crianças, relatando que elas estão mais responsáveis, dedicadas e disciplinadas. Em 2012, o fortalecimento de uma parceria com o Teatro dos Grandes Atores, na Barra da Tijuca, permitiu que a Orquestra Nova Sinfonia passasse a ensaiar semanalmente numa das salas do teatro. 26 27

Orquestra BEIRART - MULHERES ARTESÃS O projeto ensina técnicas de produção artesanal para a confecção de bijuterias, acessórios e objetos para casa. Também ajuda a organizar bazares e na comercialização das peças feitas pelas alunas em feiras e eventos. A arrecadação é utilizada para quitar os custos das oficinas e revertida para as alunas que participaram da produção. O objetivo principal do projeto é fornecer uma alternativa de renda para mulheres das comunidades atendidas pela Agência do Bem. Maria Bonfim Lima, 54, mais conhecida como Mara, funcionária da Agência do Bem no polo de Vargem Grande, é ex-aluna do Beirart. Ela fez os cursos de bijuteria e artesanato todos os semestres desde 2008. Mara também chegou a dar aulas de macramê (técnica de tecer fios manualmente). Depois das aulas, junto com outras alunas dos cursos, organizava um bazar para vender seus produtos. Mara diz ainda que muitas ex-alunas continuam fazendo artesanato para vender utilizando as técnicas que aprenderam no Beirart. Entre elas estão também as de reciclagem para fazer bijuterias e acessórios. Como mais um dos reconhecimentos do trabalho realizado pela Escola de Música, 10 alunos do projeto vão se apresentar em fevereiro de 2013 no Olympia Music Hall, em Paris (França), na comemoração de cinco anos de existência do Create Joy Fund da Vivendi, uma das patrocinadoras da Agência do Bem. 28 29

AINDA É TEMPO DE APRENDER Trata-se de um projeto de Educação de Jovens e Adultos (EJA) que se dedica ao combate ao analfabetismo, através da formação de turmas de alfabetização, e à complementação da escolaridade daqueles que interromperam seus estudos prematuramente. Além das aulas de alfabetização e de reforço escolar, há também cursos montados especificamente para ajudar na preparação para as resultados cada vez mais positivos. Dona Isaura, 84, aprendeu a ler e a escrever no Ainda é Tempo de Aprender, quando já tinha 80 anos. Minha família me deu muito apoio e eu fiquei orgulhosa. Tive que parar por causa da vista (Dona Isaura está com catarata). Mas quero me operar para poder voltar a estudar. Ainda tenho muito a aprender! Maria Betânia Araújo dos Santos, 37, é aluna do curso preparatório queria fazer Direito, mas depois mudei para Jornalismo. Minha filha, Kamila de 11 anos (aluna da Escola de Música e Cidadania), me dá muita força, quer que a mãe realize o seu sonho. Se tudo der certo, Maria Betânia será a primeira da família a entrar numa universidade. Ela tem facilidade com as matérias de português, geografia e história, mas sofre um pouco com física e matemática. didático. De uma maneira geral, segundo ela, os livros e apostilas são pouco visuais e dificultam o aprendizado. Outro desafio é enfrentar a evasão. É difícil manter os alunos. Chamar é fácil, muitos querem aprender, mas a evasão ainda é bastante grande. O mais legal, no entanto, é ver como todos se ajudam na sala de aula, conta Maria Angélica. As pessoas têm que se dedicar, é trabalhoso. É preciso ter uma visão de longo prazo. Não tem como aprender tudo em menos de dois anos. Para isso, seria preciso um embasamento teórico que os nossos alunos não têm e que leva tempo para que seja formado. Apesar de todas as dificuldades, Sérgio considera muito gratificante o trabalho no projeto. Enquanto tiver alunos, eu estarei por aqui! provas de vestibular e do ENEM. Os professores estimulam os alunos a formarem grupos de estudos para que uns ajudem aos outros, fortalecendo a autoestima dos alunos e contribuindo para desde 2010 e quer ser jornalista. No início foi difícil voltar a estudar, porque estava há muito tempo parada, mas agora estou me dedicando só a isso. Sempre tive o sonho de me formar. No começo, Maria Angélica Souza Silva, professora de alfabetização do Ainda é Tempo de Aprender, reconhece a dificuldade dos alunos. Diz que um dos obstáculos na alfabetização de adultos no Brasil é o material Sérgio Loureiro, há três anos atuando como professor preparatório para o vestibular e o ENEM, concorda: Ao longo do ano, a turma vai diminuindo. A maior dificuldade é mesmo o abandono. 30 31

FATO FEITO O primeiro jornal da comunidade Beira Rio, é fruto de uma oficina de Comunicação Comunitária organizada pela Agência do Bem. O jornal Fato Feito é produzido exclusivamente pelos alunos com o objetivo de identificar e ampliar a discussão de temas pertinentes ao cotidiano da região, seus projetos e problemas de interesse coletivo. CANAL DIGITAL A inclusão digital, uma das maiores demandas dos moradores da Beira Rio, em Vargem Grande, incentivou a Agência do Bem a montar um laboratório de informática, batizado de Canal Digital, através do qual são ministradas aulas aos jovens e adultos da região. Os conhecimentos em informática adquiridos no projeto permitem aumentar as chances de empregabilidade e profissionalização dos alunos. Diante da qualidade do trabalho, a Agência do Bem assumiu a supervisão da atividade auxiliando o grupo de jovens jornalistas comunitários na produção de edições periódicas da publicação e na manutenção do blog na Internet. São organizadas cinco turmas, com aulas semanais, para alunos de 8 a 80 anos. Divididas por faixa etária, as turmas têm conteúdo adaptado aos objetivos dos alunos. Aos mais jovens, por exemplo, são apresentados desafios na forma de jogos educacionais digitais que ajudam a desenvolver Carina Guedes Câmara, 29, foi uma das primeiras pessoas a integrar o projeto de comunicação Fato Feito. Ela participou do curso de comunicação e mídia comunitária, com aulas teóricas e práticas, na Agência do Bem, entre 2007 e 2008, e depois das edições bimestrais do jornal. habilidades escolares, como a matemática, o raciocínio lógico e até ortografia. Com os adultos, os cursos ensinam a trabalhar com planilhas e editores de textos, tomando por base os principais softwares utilizados no mundo do trabalho atualmente. Nós nos reuníamos no polo de Vargem Grande para discutir os problemas da comunidade, como segurança, esgoto, trânsito, iluminação de rua, trocávamos informações, falávamos de eventos e atividades que estavam para acontecer. Era a nossa reunião de pauta! Depois íamos pra rua conversar com as pessoas, fazer as entrevistas, pesquisávamos sobre a história da comunidade. No fim, voltávamos e escrevíamos o jornal. A Lucimar Lacerda, 42, é aluna do Canal Digital e ex-frequentadora dos cursos de artesanato e bijuteria do Beirart. Ela conta que tem computador em casa, mas até pouco tempo não sabia nem como ligá-lo. Agora, tudo que eu sei, aprendi aqui. Gosto de fazer pesquisas na internet. Procuro receitas diferentes de doces para que eu possa preparar em casa e vender depois. Agência do Bem revisava os textos e imprimia o jornal de quatro páginas e nós ainda fazíamos a distribuição dos 1.000 exemplares. A Agência do Bem consegue oferecer novos horizontes para a comunidade, tanto para as crianças quanto para os adultos, seja através dos cursos de Carina conta que o jornal ajudou a acelerar algumas conquistas na comunidade, como a iluminação nas vias principais, a colocação de quebramolas e a iluminação do campo de futebol de Vargem Grande. alfabetização e de preparação pro vestibular, ou através das oficinas de artesanato e bijuterias e com as aulas de música e de informática. Fora eles, não tem nenhum outro projeto no bairro, conta Lucimar. Eu achava muito interessante poder dar voz aos problemas da comunidade. O pessoal tinha um local para reclamar, reivindicar, diz Carina que ainda foi a responsável pelo nome do jornal: Vem de prato feito! 32 33

CENTRO COMUNITÁRIO Considerando a força de sua estrutura, instalações, rede de relacionamentos e legitimidade social junto à comunidade, a Agência do Bem formou um Centro Comunitário para que voluntários, projetos parceiros e ações da própria comunidade fossem desenvolvidos dentro da unidade de Vargem Grande. Assim, a instituição promove diversas atividades que vão desde assessoria jurídica, atendimento e encaminhamento médico, oficinas de Biodanza, até aulas de futebol do Projeto Rio em Forma Olímpico (SMEL) e os treinamentos do Grupo de Aeróbica de Vargem Grande, beneficiando centenas de pessoas todos os meses. Todas as atividades são gratuitas e contam com o apoio de professores e profissionais voluntários. Erika Mendel é professora de Biodanza e frequentadora do centro comunitário do polo de Vargem Grande há pelo menos seis anos e há cerca de um ano começou a dar aulas de Biodanza como professora voluntária. Biodanza é um sistema de integração afetiva, renovação orgânica e reaprendizagem das funções originárias da vida, baseada em vivências induzidas pela dança, o canto e situações de encontro em grupo. PROGRAMA AGENTES DO BEM O Programa Agentes do Bem foi criado pensando naquelas pessoas que gostariam de contribuir com uma sociedade melhor, mas não sabem como. A Agência do Bem já vem atuando com este objetivo, o de fazer o bem de maneira bem feita, e criou este programa ao perceber que muitos não conhecem as maneiras de ajudar projetos que de fato promovam transformação social. Financiar projetos que atendam efetivamente os mais vulneráveis, com transparência e efetividade: este é o objetivo do Programa Agentes do Bem. É bastante simples tornar-se um Agente do Bem. Basta preencher um breve formulário no site da Agência do Bem com alguns dados pessoais, indicar o valor da contribuição mensal a ser doada e a forma de pagamento. Em seguida, uma pessoa da organização entrará em contato convidando o voluntário a conhecer as instalações e os projetos da organização. O novo colaborador passará então a receber informações periódicas sobre todas as atividades que estão sendo desenvolvidas, além de receber convites para os eventos institucionais. Eu já era praticante de Biodanza há algum tempo quando pensei que gostaria de levar essa espécie de terapia para comunidades como a de Vargem Grande. O resultado tem sido ótimo e muito gratificante pois ela ajuda a resgatar e a aumentar a autoestima, a segurança em si mesmo e a alegria, além de contribuir para a saúde de quem a pratica. Nas aulas dadas por Erika não há limites de idade: a aluna mais nova tem 22 anos e a mais velha 79, o que demonstra que a Biodanza pode ser praticada por todas as pessoas. Pela forma como foi elaborado, o Agentes do Bem é um programa que permite a supervisão constante dos recursos que são doados por cada um de seus colaboradores. Atualmente, 52 pessoas físicas e três pessoas jurídicas fazem parte do Programa. Conheço a Agência do Bem desde o início, pois sempre gostei de atuar como voluntário. Participava dos almoços de sábado na comunidade Beira Rio, ajudando na organização dos preparativos do que acabava sempre virando uma grande festa. Acabei me tornando um Agente do Bem porque gostaria de trabalhar de forma mais efetiva com eles. Além disso, fazer parte de um grupo de pessoas voltadas para este tipo de trabalho é muito bom. A gente contribui com o trabalho que está sendo desenvolvido, fortalece a rede de relacionamentos e consequentemente o impacto gerado. Fico muito feliz com o crescimento da Agência do Bem, com a sua expansão, o aumento de parcerias e patrocinadores. É uma organização dedicada, com trabalho sério e com compromisso real com os seus objetivos. Está sempre preocupada em inovar e melhorar. (Silvio Antunes Pereira Agente do Bem) 34 35

A AGÊNCIA DO BEM E OS OBJETIVOS DO MILÊNIO No ano 2000, a ONU (Organização das Nações Unidas) estabeleceu 8 Objetivos do Milênio, também conhecidos pela sigla ODM, que deveriam ser atingidos por todos os países até 2015. No Brasil, eles são chamados de 8 Jeitos de Mudar o Mundo e foram criados após uma intensa análise da dos que foram considerados os maiores problemas mundiais pela ONU. Canal Digital Beirart Mulheres Artesãs Censo Beira Rio Escolas de Música e Cidadania A Agência do Bem acredita na força dessa iniciativa e, ao realizar o 1º Fórum da Rede de Organizações do Bem, em outubro de 2012, contou com a parceria da Secretaria Geral da Presidência da República e da Coordenação Estadual dos ODMs para promover o 1º Edital de Micro Projetos, com o intuito de apoiar o trabalho social realizado pelas organizações da sociedade civil, nas mais diversas áreas, e de ampliar o seu modelo de atuação institucional, tendo em vista os desafios propostos pelos Objetivos do Milênio. O evento ainda salientou a importância do debate e da articulação social em torno das temáticas estabelecidas pela ONU. Fala Aí! Fato Feito Além disso, os próprios projetos da Agência do Bem estão alinhados com alguns dos ODMs: Ainda é tempo de Aprender Centro Comunitário 36 37

COMUNICAÇÃO, DIÁLOGO E RELACIONAMENTO A comunicação é um instrumento de integração, de educação, de troca mútua e de desenvolvimento entre as pessoas em quaisquer atividades realizadas. A forma como nos comunicamos é uma das ferramentas mais importantes no processo de expansão das organizações. A comunicação no século XXI, no entanto, não pode mais seguir apenas os moldes antigos, pelo contrário, precisa ser pensada de forma holística, global e multidisciplinar, de modo que se transforme de fato numa ferramenta estratégica para empresas, organizações e instituições, bem como essencial para manter o diálogo e o bom relacionamento com todos os seus públicos. A Agência do Bem conta também com o informativo Bem Me Quer, produzido desde agosto de 2009 e distribuído mensalmente, contando as principais notícias envolvendo a Agência do Bem e seus parceiros. São cerca de 100 exemplares impressos circulando, além da versão digital distribuída ao mailing com 1.662 endereços cadastrados. Além disso, a organização possui ainda uma fanpage no Facebook (que já conta com mais de 500 curtidas ), perfil no Orkut, canal no YouTube e conta no Twitter, canais que permitem grande e constante interação com o usuário. A Agência do Bem sabe da importância da comunicação e de todos os seus diferentes aspectos e objetivos numa organização social. Por isso, se esforça para criar e manter diferentes canais que atinjam todos os seus públicos, construindo pontes entre diversos atores e permitindo uma troca fundamental para o desenvolvimento da instituição. O site da organização é bastante atual e fácil de navegar. Desde a sua criação, em novembro de 2011, recebeu 3.285 visitantes individuais, dos quais 2.969 em 2012. Foram 4.069 visitas em 2012 e 4.603 ao todo. O total de páginas acessadas até hoje é de 45.869. Possui uma seção de notícias atualizada constantemente. É possível ainda se inscrever pelo próprio site e passar a receber sua newsletter. 38 39