FUNÇÃO SOCIAL DA ESCOLA: TRANSFORMAR O ENSINO POR MEIO DO DIÁLOGO Eglen Silvia Pipi Rodrigues UFMT Docente PPGEdu/CUR Gleicy Aparecida de Sousa UFMT Discente PPGEdu/CUR Resumo A escola tem desenvolvido um papel de relevância para toda a sociedade. Infelizmente, nem todos possuem uma opinião crítica favorável a essa função, nem mesmo alguns docentes compreendem essa função social. A escola não pode mais ser vista como um ambiente onde se trabalha de modo tradicional, ela deve ser um espaço de construção de saber, precisamos repensar a educação a cada dia, para que os sujeitos possam se apropriar dos conhecimentos sistematizados, pois isso lhes é um direito social. Essa proposta foi desenvolvida a partir da observação das atividades dos professores e da gestão escolar de uma instituição de ensino da rede estadual de Rondonópolis MT no período compreendido entre os anos de 2014/2015. O objetivo geral da pesquisa é compreender as possibilidades de transformação do ensino por meio do diálogo. Os objetivos específicos são: identificar elementos que fortaleçam o ensino, o diálogo e a função da escola; observar os sujeitos que fazem parte dessa construção e transformação do ensino. A metodologia que embasa a pesquisa é a metodologia comunicativa, os instrumentos utilizados foram: a observação comunicativa. Os resultados demonstram que a função social da escola é capaz de transformar o ensino e os sujeitos que à ele pertencem. Palavras-chave: diálogo; função social; ensino. INTRODUÇÃO Sabemos que as diferentes esferas sociais estão em constante transformação, é necessário que a escola acompanhe essas mudanças e atenda às necessidades e demandas da população que a frequenta. Desta forma, faz-se necessário que novas práticas sociais educativas sejam pensadas, elaboradas, para que possamos aprender a viver a diversidade na escola, para que dessa forma, começarmos a transformar a sociedade. Porém, mesmo diante das mudanças ocorridas, percebemos que a escola precisa mudar ainda mais. Precisamos fazer da escola um espaço educativo aberto para todas as pessoas. Um lugar para pensarmos e discutirmos juntos que escola temos e que escola queremos? Para decidirmos juntos, as necessidades dos familiares desta escola e de toda comunidade e entorno, para tanto, é preciso garantirmos maios espaços de diálogo na escola. 9685
2 Essa desconstrução da educação tradicional e a construção de uma educação igualitária, participativa, que respeita o sujeito, fazem-se necessária, pois ainda não são todas as instituições que aderiram a essa educação igualitária. É importante que a escola possibilite construir com a comunidade a ideia de uma responsabilidade compartilhada do processo educativo, todos somos responsáveis pela Educação. O objetivo geral da pesquisa é compreender as possibilidades de transformação do ensino por meio do diálogo. Os objetivos específicos são: identificar elementos que fortaleçam o ensino, o diálogo e a função da escola; observar os sujeitos que fazem parte dessa construção e transformação do ensino. A metodologia que embasa a pesquisa é a metodologia comunicativa, os instrumentos utilizados foram: a observação comunicativa. Os resultados demonstram que a função social da escola é capaz de transformar o ensino e os sujeitos que a ele pertencem. DISCUSSÃO TEÓRICA A escola tem uma função social importantíssima para a sociedade. A educação não deve ser vista apenas como um simples processo, e sim, como um processo educativo que oportuniza a socialização e busca a transformação do sujeito. Na sociedade da informação, [...] o acesso à educação para todas as pessoas, independente de sexo, idade, classe social ou grupo cultural se apresenta como um instrumento capaz de erradicar as desigualdades sociais que levam à exclusão (ELBOJ et al, 2002, p.14). A função social da escola é a de buscar estratégias, projetos, para oportunizar não só que as pessoas tenham acesso à educação, mas que também permaneçam no ambiente escolar e sejam respeitados em suas diferenças. Gómez (1998, p. 16) traz a reflexão sobre uma escola que transmite e consolida, algumas vezes de forma explicita e em outras implicitamente, uma ideologia cujos valores são o individualismo, a competitividade e a falta de solidariedade [...], ideologias individualistas não funcionam na atualidade. Elboj et al (2002) afirma que, Os alunos/as aprendem e assimilam teorias, disposições e condutas não apenas como consequência da transmissão e intercâmbio de idéias e conhecimentos explícitos no currículo oficial, mas também e principalmente como consequência das interações sociais de todo tipo que ocorrem na escola ou na aula. (p.17) 9686
3 A escola é um local de diversidade, sua função social não é atender apenas a elite, mas também, toda a classe trabalhadora. É claro que, por mais que ainda haja essas exclusões, muitos foram os avanços na educação. As relações dos professores com os alunos mudaram significantemente, não são apenas concepções e conteúdo que se aprende ou ensina, as interações entre professor e aluno, entre aluno e professor, também geram aprendizagem. E Pérez Gómez (1998) vem ao encontro à essa premissa quando afirma, Viver na escola, sob o manto da igualdade de oportunidades e da ideologia da competitividade e meritocracia, experiências de diferenciação, discriminação e classificação, como consequência do diferente grau de dificuldade que tem para cada grupo social ao acesso à cultura acadêmica, é a forma mais eficaz de socializar as novas gerações na desigualdade. (p.21) É preciso nos dias atuais repensar a escola, temos que lidar com ela, mediando os conflitos e construindo solidariedade por meio das interações e nos afastando da mera reprodução teórica da classe dominante. Gómez (1998, p.49), afirma que a comunicação, a troca de significados, a aprendizagem de conteúdos, as formas, as expectativas e as condutas encontram-se profundamente mediatizados pela função avaliadora da escola. Idem (1998, p.75) acrescenta que, O professor/a, o currículo e as estratégias docentes são apêndices de um modelo que se preocupa fundamentalmente por conhecer como o indivíduo enfrenta as tarefas acadêmicas, como percebe as demandas das diferentes tarefas da aprendizagem escolar, que esquemas de pensamento ativa cada momento e como se modificam estes mesmos esquemas em função das atividades nas quais se envolve. O ensino deve seguir esse modelo, buscando a aproximação de empirias com contextos reais. O diálogo é primordial nesse processo, pois muitos professores acreditam que ter autoridade e autoritarismo é a mesma coisa, tornando-se desse modo, apenas um facilitador (FREIRE, 2014). Uma conversa vazia do verdadeiro diálogo é perniciosa, na medida em que desabilita estudantes e facilitadores (pseudoprofessores), ao não criar espaços pedagógicos para a curiosidade epistemológica, para a consciência crítica e para a ação empreendedora. (IDEM, p. 137) 9687
4 Criar esses espaços é uma das melhores formas de oportunizar aos alunos, uma autonomia crítica e dialógica. METODOLOGIA A metodologia que embasa a pesquisa é a investigação comunicativa. Gomez et al (2006) explica que na investigação comunicativa, qualquer pessoa tem capacidade para comunicar-se e interagir com outras, e a linguagem e a ação são capacidades inerentes, atributos universais. As pessoas são agentes sociais transformadores que refletem, dialogam e podem modificar as estruturas. O instrumento utilizado foi: a observação comunicativa. A observação comunicativa segundo Gomez et al (2006), compartilha conhecimentos e interpretações sobre as ações, habilidades, atitudes, etc. nas atividades da vida cotidiana. Busca a informação através de uma observação onde a pessoa observada conhece e compartilha os mesmos fins, ao participar ativamente na mesma. A pessoa observadora e a observada de forma conjunta e através do diálogo, adotando uma atitude dialógica com as pessoas observadas durante a observação, aportando as bases teóricas científicas correspondentes sobre o tema em estudo. O mesmo, pode ampliar-se a outras pessoas que participam do contexto. Inicialmente foi realizada uma conversa formal com a gestão, vendo a possibilidade de se concretizar essa observação comunicativa. Em seguida, decidiu-se as salas que se realizariam essa observação, escolhendo desse modo duas turmas do 4º ano (1ª Fase 2º Ciclo), no período vespertino, entre os anos de 2014 e 2015. A cada observação comunicativa, ao final, o relatório da observação seria lido para todos ali presentes em sala de aula, identificando se havia incoerências ou não na observação. DISCUSSÕES DOS DADOS Foi possível ao final da observação comunicativa, verificar que numa sala há o diálogo na mediação professor aluno, e na outra turma não. Em uma das turmas, identificamos mudanças significativas na aprendizagem das crianças, observada cotidianamente durante o período da investigação. Aos poucos as crianças estão se aproximando mais da escola e ganhando confiança no trabalho que está sendo feito por essa escola. 9688
5 Nesse espaço de aprendizagem dialógica, igualitária e solidária por parte de todos os envolvidos é visível às transformações que estão ocorrendo e favorecendo o trabalho pedagógico do professor e de toda a escola e entorno. Desta forma, é possível dizer que por meio das interações, o processo de ensino e aprendizagem das crianças está sendo construído uma escola mais democrática, mais participativa e de mais qualidade de ensino para todos e todas. Onde há diálogo, não há conflito, a gente precisa se vê no outro, a educação precisa ser heterogênea para alcançarmos a máxima aprendizagem. CONSIDERAÇÕES FINAIS Ao final da investigação foi possível compreender as possibilidades de transformação do ensino por meio do diálogo. Os elementos que fortalecem o ensino, o diálogo e a função da escola são as relações mediadas pelo diálogo, pelo respeito. Percebeu-se também, que os sujeitos fazem parte dessa construção e transformação do ensino. Os resultados demonstram que a função social da escola é capaz de transformar o ensino e os sujeitos que a ele pertencem. Quando compreendemos o real sentido das diferenças culturais, sociais, históricas, conseguimos aceitar o outro em suas diferenças. Quando pensamos nessa escola solidária, democrática, muitos veem como uma utopia, mas quando há pessoas que acreditam na transformação, qualquer sonho relacionado com a educação pode se tornar uma realidade. Estar com o mundo requer de nós educadores, um posicionamento crítico, reflexivo e dialógico. REFERÊNCIAS ELBOJ, C. et al. Comunidades de Aprendizaje: transformar la educación. Barcelona: Graó, 2002. FREIRE, Paulo. Pedagogia da solidariedade. 1.ed. São Paulo: Paz e Terra, 2014. GÓMEZ, A. I. Pérez. As funções sociais da escola: da reprodução à reconstrução crítica do conhecimento e da experiência. In.: SACRISTÁN, J. Gimeno; GÓMEZ, A. I. Pérez. Compreender e transformar o ensino. 4.ed.São Paulo: Artmed, 1998. Cap.1, p.13-26. GÓMEZ, Jesús et al. Metodología Editorial. 2006. Comunicativa Crítica. Bracelona: El Roure 9689