1 Tendênca clmátca da precptação pluvométrca no estado de Pernambuco Pedro Vera de Azevedo 1, Inaá Francsco de Souza 2, Vcente de Paulo Rodrgues da Slva 1, Mara Gabrela de Queroz 3 1 Prof. Doutor, Unversdade Federal de Campna Grande (UFCG), Campna Grande-PB, Fone : (83) 3310 1199, pvera@dca.ufcg.edu.br 2 Unversdade Federal de Sergpe - UFS, Av. Marechal Rondon s/n, São Crstóvão SE CEP: 3 Bolssta do PIBIC/UFRPE, Estudante de Agronoma, (UAST/UFRPE). Abstract: Ths study reports on the evaluaton of the ranfall tendency n the Pernambuco state, Brazl based on annual tme-seres of ranfall provded by the Pernambuco Meteorologcal laboratory of the Pernambuco Insttute of Technology. Tme seres trends were analyzed by Mann-Kendall test at 5 and 1% sgnfcance level. Also, the delmtaton of areas of the state mcro-regons wth tendency to ranfall ncreases or reducton were evaluated. Results allowed to conclude that: 1) only the Muncpaltes of Ararpna and Santa Flomena n the mcro-regon of Ararpna presented sgnfcant tendency of ncreasng ranfall at the 1% and 5% probablty levels; 2) Except for the Ltoral, Zona da Mata and Medum Gaquarbe, all other mcroregons of Pernambuco state presented large areas wth ranfall negatve tendency, but sgnfcant only for the 5% probablty level; 3) the greater reductons n the annual ranfall were observed n the Muncpaltes of Exu and Ourcur, wth reductons of 22.0 mm ano -1 and 20.5 mm ano -1, respectvely. Keywords: Ranfall, Mann-Kandell test, probablty levels. 1. Introdução A seca é um fenômeno clmátco que afeta drastcamente uma regão, além de provocar graves danos econômcos e socas. Esse fenômeno corresponde à característca temporára do clma de uma regão, decorrente de precptações pluvométrcas abaxo da normal clmatológca por certo período, o que não deve ser confunddo com ardez, que é uma característca permanente do clma, resultante dos baxos níves pluvométrcos ( Ferrera et al., 1994). Na agrcultura de sequero, a precptação pluvométrca se consttu na varável meteorológca de maor mportânca para as atvdades agro-pastors. A alta varabldade das chuvas provoca ncertezas na colheta em, partcularmente, todo o sem-árdo nordestno, onde a agrcultura é bascamente pratcada com cultvos de subsstênca. Além dsso, a ocorrênca de períodos sem precptação durante a estação chuvosa (verancos) agrava, anda mas, o flagelo das secas (Azevedo & Slva, 1994). A chuva em determnada época do ano pode ser útl ou preudcal à agrcultura, dependendo se concde ou não com o período vegetatvo ou de colheta de determnadas culturas. Por exemplo, a ocorrênca de verancos nas fases de floração ou de maturação de uma cultura é preudcal, entretanto, na etapa de colheta ela é benéfca. Estudos de tendênca clmátca para a Amérca do Sul, utlzando o RClmDex, foram elaborados por Vncent et al. (2005) e Haylock et al. (2006), não sendo possível detectar eventos regonas, uma vez que foram usadas apenas três estações meteorológcas da regão Nordeste do Brasl. Obetvando refnar, do ponto de vsta da dstrbução espacal, as nvestgações desses pesqusadores, Santos & Brto (2007) calcularam índces de detecção de mudanças clmátcas para 44 postos pluvométrcos dos estados da Paraíba e Ro Grande do Norte, fazendo uso do RClmDex.
2 Face ao exposto, o presente estudo obetvou a avalação da tendênca da precptação pluvométrca nas dversas mcrorregões do estado de Pernambuco utlzando o teste Mann-Kendall. 2. Materal e Métodos 2.1. Dados utlzados Totas mensas e anuas de precptação pluvométrca de 27 muncípos dstrbuídos em onze mcrorregões do estado de Pernambucano (Ararpna, Salguero, Paeú, Moxotó, Itaparca, Petrolna, Vale do Ipanema, Vale do Ipouca, Médo e Alto Capbarbe, Garanhus, Zona da Mata e Ltoral), para o período de 1963 a 1992, dsponblzados pelo Laboratóro de Meteorologa de Pernambuco LAMEPE foram processados para analsar a tendênca temporal e espacal da precptação pluvométrca. 2.2. Teste Mann-Kendall As tendêncas temporas dos totas anuas da precptação pluvométrca (P) foram analsadas através do teste Mann-Kendall (Mann, 1945; Kendall, 1975), com a estatístca S dada por: n 1 S sn al(x x) 2 1 em que o termo sn al(x x) é obtdo como: -1 para x x 0, 0 para x x 0, 1 para x x 0. A estatístca S tende à normaldade para n grande, com méda e varânca dadas por: E S 0, (2) 1 Var S n n 12n 5, 18 (3) em que n é o tamanho da sére temporal. Assm, o teste estatístco Z é dado por: S 1 se S 0, Z é crescente Var S Z 0 se S 0, (4) S 1 se S Z0. é decrescente Var S 3. Resultados e Dscussão Para a mcrorregão do Ararpna, apenas os muncípos de Ararpna (p-nível = 0,7642) e Santa Flomena (p -nível = 0,1164) apresentam tendênca postva da precptação pluvométrca aos níves de 1% e 5% de probabldade, com aumento anual da precptação de 2,9 e 6,9 mm ano -1, respectvamente (Tabela 1). Com exceção do muncípo de Santa Cruz de Venerada com redução não sgnfcatva de 4,1 mm ano -1 (p-nível = 0,1164), as demas localdades dessa mcrorregão apresentaram tendêncas negatvas altamente sgnfcatvas, com p-nível varando de 0,003 a 0,055. As maores reduções anuas da precptação pluval no período analsado ocorreram nos muncípos de Exu e Ourcur, com reduções de 22,0 mm/ano e 20,5 mm/ano, respectvamente (Fgura 1). (1)
3 Tabela 1. Coordenadas geográfcas das estações: lattude sul; longtude Oeste; alttude, em metros, tendêncas estatístcas das séres temporas anuas da precptação pluval (Tendênca-P, mm/ano) e os níves de sgnfcânca da precptação pluval (p-nível-p). Mcrorregão Lattude Longtude Alttude Tendênca P p-nível P Ararpna Ararpna 7º 33 40º 34 620 2,9 0,7642 Exu 7º 25 39º 51 650-22,0 0,0036 Morelanda 7º 14 39º 12 650-3,5 0,0548 Ourcurí 7º 53 40º 04 432-20,5 0,0030 Sta. Cruz da Venerada 8º 23 40º 33 515-4,1 0,1164 Santa Flomena 8º 09 40º 36 588 6,9 0,1164 Salguero Cedro 7º 43 39º 20 610 0,75 0,6600 Mrandba 8º 07 38º 44 425-4,41 0,3002 Salguero 8º 04 39º 07 415 1,79 0,4122 São José do Belmonte 7º 52 38º 47 460-6,41 0,1706 Serrta 7º 56 39º 19 425 11,97 0,5418 Paeú Carnaíba 7º 48 37º 49 450 8,06 0,2938 Itapetm 7º 39 37º 18 630 0,3472 Iguarací 7º 55 37º 31 585-10,22 0,337 Serra Talhada 7º 59 38º 08 480-0,401 0,9124 Moxotó Betâna 8º 17 38º 02 431-0,93 0,5552 Custóda 8º 06 37º 39 542-0,114 0,6312 Ibmrm 8º 43 37º 32 431-2,68 0,4066 Inaá 8º 54 37º 50 355-8,61 0,3734 Itaparca Floresta 8º 36 38º 35 317-0,19 0,9602 Petrolânda 9º 04 38º 18 282-3,55 0,4066 Tacaratu 8º 02 35º 07 90-11,15 0,0688 Petrolna Dormentes 8º26 40º 46 401-1,56 0,4010 Petrolna 9º 38 40º 50 376 9,19 0,3524 Cabrobó 8º 30 39º 19 350-4,34 0,0548 Afrâno 8,63 41º 14 630-3,78 0,2460 S. Mara da Boa Vsta 8º 48 39º 50 452 6,12 0,1802 Vale do Ipanema Tupanatnga 8º 45 37º 21 709-2,11 0,7338 Águas Belas 9º 11 37º 12 730 7,97 0,1528 Vale do Ipouca Alagonha 8º 29 36º 49 762-1,93 0,2758 Cachoernha 8º 29 36º 14 780 0,85 0,7264 Pesquera 8º 22 36º 42 650-14,31 0,0214 Poção 8º 11 36º 42 1035-7,13 0,0990 Médo e Alto Capbarbe Bom Jardm 8º 20 36º 27 616 32,55 0,0002 Fre Mguelnho 7º 58 35º 53 380-0,32 0,6818 Garanhus Jucat 8º 42 36º 29 821-3,15 0,4902 Jurema 8º 43 36º 08 640-11,32 0,5824 Paranatama 8º 55 36º 40 830 4,30 0,3338 Bom Conselho 9º 17 37º 15 654-12,33 0,6242 Zona da Mata e Ltoral Alança 7º 35 35º 12 60 16,30 0,0146 Goana 7º 56 34º99 51 16,30 0,0340 Itambé 7º 36 34º49 55 12,20 0,05 Altnho 8º 29 36º 05 470-1,83 0,984 Vtóra Santo Antão 8º 07 35º 18 137 32,55 0,0002 Barreros 8º 50 35º 12 23 34,96 0,0272 Cortês 8º 28 35º 33 340 7,73 0,3844
-2-4 -6-8 -10-12 -14-16 -18-48 -46-44 -42-40 -38-36 -34 4 Exceto as mcrorregões da Ltoral, Zona da Mata e Médo Capbarbe, as demas mcrorregões do estado de Pernambuco apresentaram grandes áreas com tendêncas negatvas da precptação pluval, porém sgnfcatvas apenas para o nível de 5% de probabldade. Um pequeno núcleo com tendêncas negatvas mas sgnfcatvas (14,3 mm ano -1 e p-nível = 0,0214) da precptação pluval fo observado no muncípo de Pesquera na mcrorregão do Vale do Ipouca (Fgura 1). ARARIPINA Matasentrtonal 2.57 Lattude -8-9 PETROLINA SALGUEIRO ITAPARICA PAJEU MOXOTO V. IPANEMA GARANHUNS A. Capbarbe M. Capbarbe V. Snt. Antono V. IPOJUCA Metropoltana B. Pernambucano Mata Merdonal 1.96 0-1.96-2.57-41 -40-39 -38-37 -36-35 Longtude Fgura 1. Dstrbução espacal da estatístca Z do teste de Mann-Kendall para a precptação pluvométrca anual no estado de Pernambuco. Os valores postvos ou negatvos de 1,96 < Z > 2,57 são estatstcamente sgnfcatvos ao nível de 5% probabldade enquanto que os valores postvos ou negatvos de Z > 2,57 são estatstcamente sgnfcatvos ao nível de 1% de probabldade. 5. Conclusões A análse da tendênca dos índces clmátcos para as mcrorregões do estado de Pernambuco, a partr dos resultados apresentados, permte estabelecer as seguntes conclusões: 1. Aenas os muncípos de Ararpna (p -nível = 0,7642) e Santa Flomena (p -nível = 0,1164) apresentam tendênca de aumento sgnfcatvo da precptação pluvométrca aos níves de 1% e 5% de probabldade, com aumento anual da precptação de 2,9 e 6,9 mm ano -1, respectvamente. 2. Com exceção das mcrorregões da Ltoral, Zona da Mata e Médo Capbarbe, as demas mcrorregões do estado de Pernambuco apresentaram grandes áreas com tendêncas negatvas da precptação pluval, porém sgnfcatvas apenas para o nível de 5% de probabldade. 3. Pequenos núcleos com tendêncas negatvas mas sgnfcatvas foram observados nos muncípos de Pesquera (14,3 mm ano -1 ) na mcrorregão do Vale do Ipouca e Exu (22,0 mm ano -1 ) e Ourcur (20,5 mm ano -1 ). -3.9 6. Referêncas bblográfcas Azevedo, P.V. & Slva, V.P.R. Índce de Seca de Bhalme & Mooley: Uma Adaptação Regonal. In: CONGRESSO BRASILEIRO DE METEOROLOGIA, 1994, Belo Horzonte, MG Resumos..., Belo Horzonte: Socedade Braslera de Meteorologa. v. 2, p. 696-699, 1994. FERREIRA, D.G.; MELO, H.P.; NETO, F.R.R.; NASCIMENTO, P.J.S. do. A Desertfcação no Nordeste do Brasl: Dagnóstco e Perspectva. In: Conferênca
5 Naconal e Semnáro Latno-Amercano da Desertfcação, Fortaleza, 7 a 11 de março de 1994. ESQUEL PNUD GOVERNO DO CEARÁ BNB: Fortaleza, 1994, 56p. Haylock, M.R.; Peterson, T.C.; Alves, L.M.; Ambrzz, T.; Anuncação, Y.M.T.; Baez, J.; Barros, V.R.; Berlato, M.A.; Bdegan, M.; Coronel, G.; Garca, V.J.; Grmm, A.M.; Karoly, D.; Marengo, J.A.; Marno, M.B.; Moncunll, D.F.; Nechet, D.; Quntana, J.; Rebello, E.; Rustcucc, M.; Santos, J.L.; Trebeo, I.; Vncent, L.A. Trends n total and extreme South Amercan ranfall 1960-2000 and lnks wth sea surface temperature. Revsed for the J. Clmate, 2006. Kendall, M. G. Rank Correlaton Methods. London: Charles Grffn, 1975, 120 p. Mann, H. B. Nonparametrc tests aganst trend. Econometrca, v.13, p.245-259, 1945. Vncent, L. A.; Peterson, T.C.; Barros, V.R.; Marno, M.B.; Rustcucc, M.; Carrasco, G.; Ramrez, E.; Alves, L.M.; Ambrzz, T.; Berlato, M.A.; Grmm, A.M.; Marengo, J.A.; Molon, L.; Moncunl, D.F.; Rebello, E.; Anuncação, Y.M.T.; Quntana, J.; Santos, J.L.; Baez, J.; Coronel, G.; Garca, V.J.; Trebeo, I.; Bdegan, M.; Haylock, M.R.; Karoly, D.J. Observed trends n ndces of daly temperature extremes n South Amerca 1960-2000.