LAZER E EDUCAÇÃO. Prof. Dr. Guanis de Barros Vilela Junior



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Transcrição:

LAZER E EDUCAÇÃO Prof. Dr. Guanis de Barros Vilela Junior

Questões a serem discutidas: Questão 1: Se existem Teorias do Lazer a quem, como e porque as mesmas servem? Questão 2: Educação, para que serve? Para o exercício da Autonomia e/ou da Heteronomia? Questão 3: Se as Teorias do Lazer constituem conteúdos educacionais e pedagógicos, elas podem se constituir como instrumento ideológico?

Sobre a Educação Pode ser o espaço-tempo de reflexão e ação em um contexto histórico social que reforça e reifica o modelo hegemônico de mundo. (VILELA JUNIOR, G.B., 2014). Pode ser também o espaço-tempo que ao não se conformar com o modus operandi das redes de alienação (mega estruturas: religiões, políticas, sistemas educacionais e aparatos de repressão) vivencia a práxis que questiona, propõe e se transforma com o mundo, tendo como utopia o pleno exercício da cidadania e da dignidade humana. (VILELA JUNIOR, G.B. 2014)

O que Espaço Tempo no contexto do Lazer? Entendemos o espaço-tempo no contexto do lazer enquanto as condições e ambições de natureza física, psíquicas, sociais, econômicas, políticas e ambientais que permitem ao sujeito exercer sua autonomia em relação às suas demandas sobre o lazer. Ou seja, o espaço-tempo do lazer é o tecido social que possibilita a existência e vivência do mesmo. (Vilela Junior, G.B., 2014).

Qual Lazer e qual Educação? O Lazer é potencialmente educativo, mas entende-lo aprioristicamente como educativo, animador e esperançoso pode ser considerado como um ponto de vista ingênuo. Quando se considera o LAZER fundamental no processo educativo (este na perspectiva modernizadora da educação ocidental) e se supõe este ponto de vista como universal, tal abordagem não passa de uma utopia. (Vilela Junior, G.B., 2014) Questão: Qual Lazer para qual entendimento de Educação?

Lazer na Lei é controle? A constituição Federal de 1988, menciona o direito ao lazer, de forma explícita entre os direitos sociais nos artigos 6 e 227, ao colocá-lo junto a outros direitos sociais e individuais, como dever do Estado; na seção III do Cap. III, do Título VIII da Constituição Federal, quando destaca o desporto, que pode ser relacionado ao direito à educação, cultura e lazer; por fim, no artigo 217, 3º, ao explicitar o dever do Poder Público em incentivar o lazer como forma de promoção social. Pergunta: qual o interesse do estado em colocar o Lazer na constituição? Mais uma lei para não ser cumprida em nosso país? Ou para garantir a burocratização e controle (que existe no trabalho) final sobre o que fazemos com o nosso corpo.

Lazer na escola é conteúdo utópico? Os Parâmetros Curriculares Nacionais da Educação Brasileira, referem-se à importância do lazer no espaço pedagógico: O lazer e a disponibilidade de espaços para atividades lúdicas e esportivas são necessidades básicas e, por isso, direitos do cidadão. Os alunos podem compreender que os esportes e as demais atividades corporais não devem ser privilégios apenas dos esportistas ou das pessoas em condições de pagar por academias e clubes. Dar valor a essas atividades e reivindicar o acesso a elas para todos é um posicionamento que pode ser adotado a partir dos conhecimentos adquiridos nas aulas de Educação Física. (Parâmetros Curriculares Nacionais, vol. 03 Educação Física. 2003).

O Lazer e suas funções que podem estar nos conteúdos educativos Educativa: DIECKERT, GAELZER e MARCELLINO ;- Social: REQUIXA e DIECKERT; Pessoal (de prazer): DUMAZEDIER e GAELZER; De Controle: MARCUSE

Os objetivos do lazer e seu uso ideológico Bem estar: DUMAZEDIER e GAELZER; Transformação pessoal e social: REQUIXA e MARCELLINO; Socialização: DIECKERT e GAELZER; Satisfação de necessidades sociais: PAGNI; Alienação das massas: MARCUSE. Questão: É possível um lazer não ideológico?

Possíveis respostas? Questão 1: Se existem Teorias do Lazer a quem, como e porque as mesmas servem? Questão 2: Educação, para que serve? Para o exercício da Autonomia e/ou da Heteronomia? Questão 3: Se as Teorias do Lazer constituem conteúdos educacionais e pedagógicos, elas podem se constituir como instrumento ideológico?

Referências Referências DUMAZADIER, Jofre, A revolução cultural do tempo livre, 1994. BOSI, Alfredo. Cultura como tradição. In: BOSI, Alfredo (org.). Cultura Brasileira: Tradição/Contradição. Rio de Janeiro: Jorge Zahar /Funart, 1987. MARCELLINO, N. C., Lazer e educação. Campinas: Papirus, 10ª ed., 2003. VILELA JUNIOR, G.B., Reflexões sobre a Educação e o Lazer. Campinas: Editora CPAQV, 2014.