EM FELINO: RELATO DE CASO PECTUS EXCAVATUM

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Transcrição:

PECTUS EXCAVATUM EM FELINO: RELATO DE CASO PECTUS EXCAVATUM IN CAT: A CASE REPORT Leticia Simas da Silva CUPERTINO 1 ; Denise de Mello BOBÁNY 2 ; Marcelline Santos LUZ 2 ; Priscila TUCUNDUVA 3 ; Beatriz Rodrigues STURM* 2 1 1 Médico Veterinário Autônomo 2 Professor do Curso de Medicina Veterinária do Centro Universitário Serra dos Órgãos UNFESO Teresópolis-RJ * beatrizsturm@yahoo.com.br 3 Diretora da Clínica-escola do Curso de Medicina Veterinária do Centro Universitário Serra dos Órgãos UNFESO Teresópolis-RJ Resumo: O Pectus Excavatum é uma deformidade congênita rara do esterno, de causa ainda desconhecida, podendo haver envolvimento genético, e que gera estreitamento dorsoventral da cavidade torácica. Os gatos são mais acometidos que os cães e a posição anormal do coração no tórax pode levar a comprometimentos do retorno venoso, sendo a dispneia o sinal clínico mais comum. O diagnóstico é realizado através de do exame físico e palpação, sendo confirmado através da radiografia do tórax. Devido à falta de esclarecimento, muitos cães e gatos recém-nascidos são abandonados ou eutanasiados sem uma minuciosa avaliação de possíveis tratamentos. Embora o animal possa ser tratado, este deve ser excluído da reprodução em função do possível fator genético. O objetivo desse estudo foi relatar o caso de um felino, macho, sem raça definida, encontrado na rua, com idade estimada de 30 dias, atendido na Clínica Escola de Medicina Veterinária do UNIFESO com leve dispneia, intolerância ao exercício, e deformidade na cavidade torácica sugestiva de Pectus Excavatum. A suspeita clínica foi confirmada com o raio-x do tórax. O felino do caso foi levemente afetado, não sendo indicada a correção cirúrgica, apenas procedimentos posturais. Conclui-se que, quando diagnosticado precocemente, o Pectus Excavatum tem uma grande chance de tratamento e de recuperação. Palavras-chave: Peito escavado. Deformidade torácica. Gato. Keywords: Funnel Chest. Thoracic deformity. Cat. Introdução: Anais do 38º CBA, 2017 - p.1453

Na medicina veterinária, com o passar dos anos, as doenças de caráter raro e pouco conhecidas estão cada vez mais frequentes como o Pectus excavatum, uma má formação congênita rara que acomete cães e gatos, estes, os mais acometidos (GRACE, 2009; MOLANO; GALLEGO; ORDÓNEZ, 2009; MIRANDA et al., 2015). Devido ao potencial de herdabilidade é recomendado que os animais com Pectus Excavatum sejam castrados, embora a deformidade seja geralmente congênita (RAHAL et al., 2008; YOON; MANN; JEONG, 2008; MOLANO; GALLEGO; ORDÓNEZ, 2009; DÍAZ; AGUIRRE, 2012). Nos estudos em Medicina Veterinária não há dados suficientes para a comprovação da pré-disposição racial ou sexual na má formação de Pectus Excavatum (GRACE, 2009). Os animais acometidos frequentemente são assintomáticos, podendo apresentar sintomas progressivos do sistema cardiovascular e/ou respiratório, logo após o nascimento levando os proprietários a procurarem um médico veterinário mais rapidamente (CRIGEL; MOISSONNIER, 2005; YOON; MANN; JEONG, 2008; GRACE, 2009; MIRANDA et al., 2015). Os sinais estão relacionados com o grau de severidade da condição da patogenia e inclui dispneia, intolerância ao exercício, pneumonia recorrente e alterações respiratória podendo ser alta, leve, e crônica. Em casos mais severos se observa retardo no crescimento e vômito (SÁNCHEZ et al., 2005; MIRANDA et al., 2015; STURGESS, 2016). O diagnóstico de Pectus Excavatum pode ser feito clinicamente já que, o defeito esternal é, na maioria das vezes, palpável (GRACE, 2009; FOSSUM, 2014). Outro método de diagnóstico é a radiografia, sendo ela realizada na posição laterolateral, demostrando assim redução do volume torácico e elevação do esterno no tórax caudal. A posição cardíaca geralmente encontra-se alterada, com o coração desviado para a esquerda da linha média (GRACE, 2009), em alguns casos pode estar deslocado para o lado direito, podendo ser observado no raio- X na posição ventro-dorsal (RAHAL et al., 2008; MIRANDA et al., 2015) As radiografias auxiliam para determinação de outras anomalias, como por exemplo hipoplasia traqueal, anormalidades cardíacas e pneumonia (FOSSUM, 2014). No Pectus Excavatum, quando o diagnóstico é realizado precocemente, o animal tem uma grande chance de sobrevida e geralmente pode ser tratado clinicamente com a ajuda dos proprietários que serão orientados a realizar leves 2 Anais do 38º CBA, 2017 - p.1454

compressões mediolateral no tórax dos animais com o intuito de empurrar o esterno adiante, sendo este procedimento mais comum em animais jovens (GRACE, 2009; FOSSUM, 2014; MIRANDA et al., 2015). A falta de esclarecimento sobre a má formação faz com que muitos proprietários abandonem ou até mesmo realizem a eutanásia em seus animais sem uma minuciosa avaliação de seu estado clínico e das possibilidades de tratamento e manutenção da vida e bem-estar. O objetivo desse estudo foi relatar o caso de um felino recém-nascido com sinais clínicos de Pectus Excavatum onde a dedicação e perseverança do proprietário e os cuidados Médico- Veterinários adequados culminaram com a recuperação do animal sem uso de talas, coletes ou necessidade cirúrgica. Relato de caso: Um felino recém nascido, macho, sem raça definida, encontrado na rua, pesando 300 gramas, foi recolhido pela proprietária e, dias depois, com idade aproximada de 30 dias, no dia 17 de novembro de 2014, levado à Clínica Escola de Medicina Veterinária do UNIFESO. A proprietária relatou que o animal estava brincando quando de repente apresentou dificuldade respiratória e parou a atividade física. Ao exame clínico, os principais sintomas observados foram leve dispneia, intolerância ao exercício, e depressão na parte caudal do esterno sugestiva de Pectus Excavatum. A suspeita clínica foi confirmada com raios-x do tórax, onde foi evidenciada uma depressão do esterno. Como o felino do caso foi levemente afetado, apresentando sintomas respiratórios discretos, não foi indicada a correção cirúrgica. O médico veterinário aconselhou o proprietário que deixasse o animal em posição ventral, evitando que ele ficasse em decúbito dorsal. Dessa forma, o peso das vísceras torácicas sobre o esterno poderia devolver a normalidade da estrutura, já que o felino era ainda muito jovem. Durante dois anos de acompanhamento o animal apresentou um desenvolvimento normal, retornando para vacinações e revisões para avaliação da má formação, onde se percebeu clinicamente a evolução satisfatória do felino. Após dois anos o raio-x do tórax foi repetido com o intuito de verificar se ainda havia má formação. A dedicação e perseverança do proprietário, em conjunto com os cuidados médicos veterinários adequados, culminaram com a recuperação do animal (Figura 4). 3 Anais do 38º CBA, 2017 - p.1455

4 Discussão: A intolerância ao exercício e a dispneia apresentadas pelo animal do caso relatado coincidem com as afirmações de Sánchez et al. (2005), Rahal et al. (2008), Miranda et al. (2015) e Sturgess (2016). Os proprietários do gato deste relato não tinham reparado a possível má formação do esterno, pois o animal era assintomático, procurando auxílio médico veterinário somente quando ele apresentou os sintomas de dispneia e intolerância ao exercício, como descrito por Díaz e Aguirre (2012). O animal desse estudo apresentou, ao raios-x, na posição ventro dorsal, o coração desviado para a esquerda da linha média, concordando com Rahal et al. (2008), Grace (2009) e Miranda et al. (2015). No raio-x do caso relatado não foi feita a medição dos índices frontossagital e vertebral para uma correta avaliação do grau de severidade da má formação como recomendado por Fossum (2014) e Miranda et al. (2015). No presente relato, devido à idade do animal e ao grau de severidade da má formação optou-se pelo tratamento conservativo, concordando com Grace (2009), Fossum (2014) e Miranda et al. (2015), e de acordo com Crigel e Moissonnier (2005) que afirmam que animais filhotes possuem mais chance de recuperação. O gato deste relato foi levemente afetado não necessitando de correção cirúrgica estando de acordo com Fossum (2014). O tratamento recomendado para o gato deste estudo seguiu a linha conservadora como recomendam Grace (2009), Fossum (2014) e Miranda et al. (2015), e teve sucesso, já que, como afirmaram os autores, o empenho e colaboração dos proprietários são de extrema importância. Considerações Finais: O presente trabalho mostra a importância na orientação aos proprietários, por parte dos médicos veterinários, que existe a possibilidade de recuperação clínica dos animais afetados, avaliando a severidade da má formação principalmente quando os animais ainda são jovens. Com o tratamento conservativo correto, o animal teve chance de levar uma vida normal sem a necessidade de ser submetido à cirurgia. Anais do 38º CBA, 2017 - p.1456

5 Referências: CRIGEL, H. M.; MOISSONNIER, P. Pectus Excavatum surgically repaired using sternum realignment and splint techniques in a young cat. Journal of Small Animal Practice, v.49, p.352-356, 2005. DÍAZ, V. M. M; AGUIRRE, J. C. Pectus Excavatum in an english bulldog: a case report. Revista CES Medicina Veterinaria y Zootecnia, v.7, p.65-70, 2012. FOSSUM, T. W. Cirurgia de pequenos animais. 4. ed. Rio de janeiro: Elsevier, 2014. p.983-987. FOSSUM, T. W.; BOUDRIEAU, R. J.; HOBSON, P. H. Pectus Excavatum in eigth dogs and six cats. Journal of the American animal hospital association, v.25, p.595-605, 1989. GRACE, S. F. Peito Escavado (Pectus Excavatum). In: NORSWORTHY, G. D.; CRYSTAL, M. A; GRACE, S. F; TILLEY, L. P. O paciente FELINO. São Paulo: Roca, 2009. p 249-250. MIRANDA, F. G.; SENA, J. O.; PEREIRA, L. C.; AZEVEDO, S. C.; OLIVEIRA, M. S.; NEPOMUCENO, A. C.; REZENDE, C. M. F.; TORRES, R. C. S. Abordagem diagnóstica e terapêutica de Pectus Excavatum em gata- relato de caso. Clínica veterinária, a. XX; n.118, p.84-92, 2015. MOLANO, R. F. S.; ORDÓNEZ, F. J. P.; GALLEGO, I. C. S. Descripción de un caso de la malformación congénita Pectus Excavatum en un felino doméstico. Revista lasallista de investigación, v.7, p.124-131, 2009. RAHAL, S. C.; MORISHIN FILHO, M. M.; HATSCHBACH, E.; MACHADO, V. M. V.; APTEKMANN, K. P.; CORRÊA, A. P. Pectus Excavatum in two littermate dogs. Canadian Veterinary Journal, v.49, n.9, p.880 884, 2008. SÁNCHEZ, A. G.; MARTINEZ, M. M.; OVIEDO, T. S.; PASTRANA, N. P. Pectus Excavatum associado a ectopia cordis en un neonato bovino. MVZ-Córdoba, v.10, n.2, p. 684-688, 2005. STURGESS, K. Thoracic wall deformities in kittens. Disponível em: http://www.ramesescats.co.uk/fcksveterinary.pdf Acesso em: 20 dez. 2016. YOON, H. Y.; MANN, F.; JEONG, S. W. Surgical correction of Pectus Excavatum in two cats. Journal of Veterinary Science, v.9, n.3, p.335 337, 2008. Anais do 38º CBA, 2017 - p.1457