O BOM PROFESSOR DA PÓS-GRADUAÇÃO E SUA PRÁTICA. PALAVRAS-CHAVE: docência universitária, formação docente, representações, perspectivas paradigmáticas



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Transcrição:

O BOM PROFESSOR DA PÓS-GRADUAÇÃO E SUA PRÁTICA Núbia Vieira TEIXEIRA; Solange Martins Oliveira MAGALHÃES Mestrado - Programa de Pós - Graduação em Educação - FE/UFG vitenubia@yahoo.com.br;solufg@hotmail.com Órgão financiador: CAPES PALAVRAS-CHAVE: docência universitária, formação docente, representações, perspectivas paradigmáticas INTRODUÇÃO Este trabalho refere-se a uma pesquisa em andamento. Procura-se desvendar, quem é hoje o BOM PROFESSOR DE PÓS-GRADUAÇÃO, numa perspectiva metodológica que elucide o contexto histórico-social em que esta percepção é construída. O bom professor é compreendido a partir de estudos de Cunha (1998, 2006 a), segundo a qual, o bom professor se destaca de modo diferenciado na prática pedagógica, elemento fundamental para favorecer mudanças emancipatórias no ensino. De acordo com a autora, a percepção que os professores têm sobre o conhecimento é base para propostas inovadoras (CUNHA, 1998, p. 72). O interesse pelo tema advém de tensionamentos no campo de estudos sobre professores e suas práticas. Por isso, como tarefa inicial, propõe-se realizar um levantamento bibliográfico sobre como e por que o professor tem sido estudado, assim como sobre quais os pontos basilares que tem orientado a construção do conhecimento sobre o professor, sua formação e desempenho. Por outro lado, estudar o como essa percepção é construída pode auxiliar a superar a forte influência da concepção epistemológica dominante, própria da ciência moderna, especialmente inspiradora das chamadas ciências exatas e da natureza, [...] definidora do conhecimento socialmente legitimado (CUNHA, 2004, p. 527), e nos direcionar rumo à novas perspectivas, como propostas de intervenção, nas configurações que pensam a formação e a construção do conhecimento como prática social compartilhada/(trans)formadora/participativa e dialogal. Lembremos Masetto (2001):

Tradicionalmente, a sala de aula nos cursos de ensino superior tem-se constituído como um espaço físico e um tempo determinado durante o qual o professor transmite conhecimentos e experiências aos seus alunos. Poderíamos dizer que se trata de um tempo e de um espaço privilegiado para uma ação do professor, cabendo ao aluno atividades como copiar a matéria, ouvir as preleções do mestre, fazer perguntas e, no mais das vezes, repetir o que o mestre ensinou (Masetto, 2001, p. 85) Segundo Cunha, falar em formação de professores envolve a indagação sobre o que determina o seu desempenho em sala de aula. A sala de aula é entendida como lugar privilegiado onde se realiza o fazer pedagógico, nele afluem contradições do contexto social, os conflitos psicológicos, as questões da ciência e as concepções valorativas dos professores e alunos. Por isso, estudar o que acontece em sala de aula da pósgraduação é tarefa daqueles que se encontram envolvidos com a formação de professores, e comprometidos com uma prática pedagógica competente e emancipatória. Para que o docente seja capaz de fazer uma análise crítica da sua docência e se propor mudanças é preciso que ele (re)conheça/compreenda, dentro dos paradigmas, concepções possíveis sobre educação, processo ensino aprendizagem, metodologias de ensino, entre outros (MASETTO, 2003). Cabe ressaltar, que a educação pode contribuir com a transição entre a Era do Material (paradigma hegemônico) e a Era das Relações (paradigma emergente) para corrigir os desequilíbrios, desigualdades e injustiças; primeiro, compreendendo o significado de desenvolvimento humano e criando condições para o seu aprimoramento; segundo, colaborando para a identificação da própria identidade humana em sua totalidade (MORAES, 2002, p. 211). Neste sentido, esta pesquisa dialoga com autores como Cunha (1998, 2004, 2006 a, 2006 b, 2009), Pimenta e Anastasiou (2002), Castanho (2001), Masetto (2003), Moraes (2003), dentre outros, que abordam a formação enquanto possibilidade de formar racionalidades que contemplem conhecimentos e interações discordantes das propostas pela não-ruptura com o paradigma que desconsidera incertezas e subjetividades. Esses subsídios consideram que a atuação do professor pode ser pautada numa visão epistemológica diferente da que preside a ciência moderna

(CUNHA, 1998, p. 72). MATERIAL E MÉTODO A pesquisa está fundamentada no método materialismo histórico-dialético e adota a abordagem qualitativa, cuja finalidade real [ ] não é contar opiniões ou pessoas, mas ao contrário, explorar o espectro de opiniões e as diferentes representações sobre o assunto em questão (GASKELL, 2002, p.68). As percepções de pós-graduandos em Educação de instituições da Região Centro- Oeste-CAPES estão sendo coletadas via questionário composto por quatro perguntas abertas, e numa segunda etapa, através de entrevistas e observações de aulas, tentaremos captar o cotidiano do bom professor, assim como da projeção que ele faz das principais influências sobre o seu desempenho. Pretendemos utilizar a Análise do Discurso como técnica para interpretação dos dados colhidos através dos questionários e entrevistas que os alunos da pós-graduação fizerem. De acordo com os pressupostos do materialismo histórico dialético, pretendemos elaborar categorias de análise que referendem o ser um bom professor de pós-graduação, compartilhar subsídios que identifiquem o que pauta o seu bom desempenho. Esta proposta também procurará captar os valores, posições sobre a realidade, procurando identificar, assim como em Cunha (1998), a idéia de bom professor tende a ser mais valorativa, como uma construção histórica que é presente na expectativa dos alunos através de valores que institucionalmente são passados em nossa sociedade. A partir da análise dos dados, também buscar-se-á identificar se as características do bom professor de Pós-graduação dialogam com perspectivas do ensino e da aprendizagem para além do paradigma hegemônico, simplificador, newtonianocartesiano, espera-se que caminhem rumo à uma visão epistemológica conectada à inovação. Ainda acreditamos que este estudo possa contribuir com a tarefa daqueles que se preocupam com a formação de professores. Desejamos impulsionar estes estudos como uma forma de questionar certezas pedagógicas, idéias pré-concebidas sobre o

bom professor e sua prática, e todas as demais instâncias que envolvem a formação de professores. CONSIDERAÇÕES PARCIAIS A escolha do professor de pós-graduação como enfoque principal desta pesquisa pressupõe a aceitação da função social do mesmo, situado e condicionado pelas circunstâncias histórico-sociais. O empenho de aprofundar estudos sobre os elementos integrantes do papel do bom professor, em primeira instância representa reconhecer a importância do papel professor nas mudanças sociais, entendendo que sua função social varia conforme os valores e interesses que caracterizam uma sociedade em determinada época. Considerando as contribuições do diálogo que vem sendo desenvolvido com diversos autores sobre o bom professor e sua prática (estado da arte), pretendemos identificar quais as características que os estudantes destacam sobre o bom professor e sua prática, quais as perspectivas pedagógicas que embasam o trabalho deste professor, quais os valores que envolvem o ser um bom professor de pós-graduação, e ainda interessa-nos saber se as características mais significativas foram adquiridas no processo de formação e se o bom professor tende a ser considerado emancipador. REFERÊNCIAS CUNHA, Maria Isabel da. Diferentes Olhares Sobre as Práticas Pedagógicas no Ensino Superior: a docência e sua formação.educação. Porto Alegre RS, ano XXVII, n. 3 (54), p. 525 536, Set./Dez. 2004. O bom professor e sua prática. 18ª ed. Campinas: Papirus, 2006 a..o professor universitário na transição dos paradigmas. Araraquara: JM Editora, 1998.

. Inovações pedagógicas: o desafio da reconfiguração de saberes na Docência Universitária, 2009. In: ALMEIDA. Maria Isabel; PIMENTA. Garrido, Selma (orgs). Pedagogia Universitária. São Paulo: Editora USP, 2009. P. 211-235. (org). Estudo um. In: Energias emancipatórias em tempos neoliberais. Araraquara, São Paulo. Junqueira & Marin, 2006 b. P. 13-29 CASTANHO, Maria Eugênia L. M. A Criatividade na Sala de Aula Universitária. In: CASTANHO, S. e CASTANHO, Maria Eugênia (Orgs). Temas e textos em metodologia do ensino superior. Campinas, SP: Papirus, 2001.p 75-89. GASKELL, G. Entrevistas individuais e grupais com grupo de correspondentes. In: Pesquisa qualitativa com texto: imagem e som: um manual prático. BANER, M. W.; GASKELL, G. (editores). Tradução de Pedrinho A. Guareschi. Petrópolis, RJ: Vozes, 2002. p. 64-89. MASETTO, Marcos T.. Atividades pedagógicas no cotidiano da sala de aula universitária: reflexões e sugestões práticas. In: CASTANHO, Sérgio; CASTANHO, Maria Eugênia (Orgs.). Temas e textos em metodologia do ensino superior. Campinas: Papirus, 2001, p. 83-102.. Docência universitária: repensando a aula. In: TEODORO, Antônio e VASCONCELOS, Maria Lúcia. (Orgs.) Ensinar e aprender no ensino superior: por uma epistemologia da curiosidade na formação universitária. São Paulo: Editora Mackenzie; Cortez, 2003. MORAES, Maria Cândida. Uma educação para a era das relações. In: MORAES, Maria Cândida. O paradigma educacional emergente. 8ª Ed. Campinas: Papirus, 2002. PIMENTA, Selma Garrido e ANASTASIOU, Léa das Graças C. Do ensinar a ensinagem. In: PIMENTA, Selma Garrido e ANASTASIOU, Léa das Graças C. Docência na Universidade. São Paulo: Cortez Editora, 2002. P. 203-243.