Saúde e Segurança no gerenciamento de resíduos de serviços de saúde conforme a Norma Regulamentadora 32

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Transcrição:

Saúde e Segurança no gerenciamento de resíduos de serviços de saúde conforme a Norma Regulamentadora 32 Joubert R.S.Júnior (1) ; João Victor B. Osse 2) ; Marcio Teruo Nakashima (3) RESUMO Este estudo aborda a segurança e saúde no gerenciamento dos Resíduos Sólidos de Serviços de Saúde, de acordo com a Norma Regulamentadora 32, em uma Unidade de Saúde Familiar. Para conhecer as medidas de segurança existentes, verificou-se cada etapa: segregação, acondicionamento, coleta interna, transporte de resíduos e armazenamento em abrigo. Os ambientes geradores de RSSS foram verificados, e os resíduos, classificados conforme o grupo de risco, segundo a RDC ANVISA nº306/04 e a Resolução CONAMA n.º358/05. Observou-se que a segregação não estava sendo feita no local. Os resíduos recicláveis estavam sendo misturados com resíduos infectantes, devido à falta de recipientes para segregação. O acondicionamento dos resíduos está em desconformidade com as especificações da NR 32, pois os recipientes possuíam pedais quebrados, evitando o acionamento das tampas sem contato manual. Além disso, os recipientes não possuem os símbolos de identificação dos grupos de resíduos, e os sacos estão sendo preenchidos acima da capacidade estabelecida de 2/3 do seu volume, dificultando o fechamento deles. O limite máximo de enchimento dos recipientes destinados à coleta de material de perfurocortante está sendo ultrapassado. Quanto à coleta e ao transporte interno, é preciso reavaliar, pois a unidade não dispunha de carro transportador, sendo realizado o transporte de forma manual até o abrigo externo de resíduos. Existe a falta de fornecimento de EPIs básicos para realização das atividades do dia a dia. Verificou-se que é primordial a capacitação, de forma continuada, de todos os funcionários da Unidade de Saúde Familiar USF. (1) Engenheiro Eletricista e Engenheiro de Segurança do Trabalho, Mestre e Doutorando em Engenharia Civil pela Universidade Estadual Campinas Unicamp. Professor da PUC Campinas e Professor Convidado da Unicamp. E-mail: Joubert.junior@puc-campinas.edu.br (2) Engenheiro Civil e Pós graduando em Engenharia de Segurança no Trabalho pela, Pontifícia Universidade Católica PUC - Campinas. E-mail: joaovictorosse@gmail.com (3) Engenheiro Ambiental pela Pontifícia Universidade Católica PUC - Campinas. E-mail: nakashima_marcio@uol.com.br

1. INTRODUÇÃO Anteriormente à publicação da NR 32 - Segurança e Saúde no Trabalho em Serviços de Saúde - não havia legislação especifica pertinente para as atividades em hospitais e estabelecimento de saúde, estando muitas vezes os profissionais desta área em um cenário de improvisação, intuição e bom senso, no que se refere à saúde e segurança do trabalho. Os profissionais da saúde, durante a execução do trabalho, são expostos a inúmeros riscos ocupacionais causados por fatores químicos, físicos, mecânicos, biológicos, ergonômicos e psicossociais, sugestivamente ocasionando maior probabilidade da ocorrência de doenças ocupacionais e acidentes de trabalho (MARZIALE; RODRIGUES, 2002). Com a publicação da NR 32, modificou-se esse cenário, estabelecendo diretrizes básicas para a implementação de medidas de proteção à segurança e à saúde dos trabalhadores, bem como daqueles que exercem atividades de promoção e assistência à saúde em geral (MINISTÉRIO DO TRABALHO NR 32, 3005). Entre as diretrizes básicas de medidas de proteção à segurança abordadas na NR 32, dedicou-se também especial atenção aos resíduos, por suas implicações na saúde e segurança do trabalhador e no meio ambiente. Importante salientar que a NR 32 não desobriga o cumprimento da Resolução ANVISA RDC n.º 306, de 7 de dezembro de 2004, e Resolução do Conselho Nacional de Meio Ambiente (CONAMA) n.º 358, de 29 de abril de 2005. O tema Resíduo Sólido de Serviços de Saúde (RSSS) envolve duas problemáticas principais: a primeira aborda uma esfera mais individual, está ligada diretamente aos funcionários e aos riscos que os cercam, quanto ao manejo desse resíduo. A outra, sob uma visão socioambiental e sanitária, é o destino dado ao resíduo de serviço de saúde, como fazê-lo sem prejuízo ao ambiente e à população (MARAGONI, 2006). 2. METODOLOGIA Trata-se de um trabalho que utiliza como metodológica o levantamento bibliográfico e documental em obras de maior relevância sobre o tema abordado, por meio de artigos científicos, dissertações, teses, livros e sites confiáveis direcionados à Segurança e Saúde do Trabalho. Ainda para a realização deste trabalho, foi realizado um estudo de caso em uma Unidade de Saúde da Família (USF), sendo levantados os riscos ambientais (físicos, químicos, biológicos) e os riscos de acidentes durante o gerenciamento dos resíduos sólidos da saúde (segregação, acondicionamento, coleta interna, transporte de resíduos e armazenamento em abrigo) e a capacitação dos profissionais na unidade estudada. 3. REFERENCIAL TEÓRICO Publicada por meio da Portaria GM n.º 485 de 11 de novembro de 2015 pelo Ministério do Trabalho e Emprego, a NR 32 tem por finalidade estabelecer as medidas básicas para a implementação de proteção à saúde e segurança dos trabalhadores dos serviços de saúde, bem como daqueles que exercem atividades de promoção e assistência à saúde em geral (MINISTÉRIO DO TRABALHO NR 32, 2005). Seu objetivo é prevenir os acidentes e o adoecimento causado pelo trabalho nos profissionais da saúde, eliminando ou controlando as condições de riscos presentes nos ambientes de trabalho (LIVRETO TÉCNICO COREN-SP, 2008). A NR 32 recomenda para cada situação de risco a adoção de medidas preventivas e a capacitação dos trabalhadores para o trabalho seguro.

A definição de serviço de saúde incorpora o conceito de edificação. Assim, todos os trabalhadores que exerçam atividades nessas edificações, relacionadas ou não com a promoção e assistência à saúde, são abrangidos pela norma. Por exemplo, atividade de limpeza, lavanderia, reforma e manutenção. Embora não existam dúvidas sobre a importância da atividade de limpeza urbana para o meio ambiente e para saúde da comunidade, essa percepção não tem sido traduzida em ações efetivas quando se diz respeito a mudanças quantitativas e qualitativas na situação de segurança e saúde dos colaboradores da limpeza pública. Particularmente, os que exercem as funções de garis e de coletores de lixo, que percorrem ruas e bairros da cidade, expõem-se a diversos riscos, enfrentando as mais variadas situações, que vão desde mordida de cães a cortes em mãos ou pés, ocasionados pela má postura dos usuários. Enfim, o trabalho afeta diretamente a saúde dele, devido às condições inadequadas por causa das atividades que são realizadas a céu aberto, bem como pela falta de orientação quanto à segurança no serviço diário. (OLIVEIRA e SANTOS, 2006) De acordo com a Lei Federal nº 12.305 de 2010, Art. 3º, inciso XVI, resíduo sólido é toda substância, objeto ou bem descartado, resultante das ações corriqueiras do homem, nos estados semissólidos, sólidos, gasosos e líquidos, no qual primeiramente é necessário o tratamento com processos tecnológicos acessíveis e economicamente viáveis, para que, por fim, aja uma disposição final ambientalmente correta. Ainda segundo a Lei Federal nº 12.305 de 2010, Art. 13, que categoriza os resíduos sólidos de acordo com sua origem, sendo eles, resíduos domiciliares; resíduos de limpeza urbana; resíduos sólidos urbanos; resíduos de estabelecimentos comerciais e prestadores de serviços; resíduos dos serviços públicos de saneamento básico; resíduos industriais; resíduos de serviços de saúde; resíduos de construção civil; resíduos agrossilvopastoris; resíduos de serviços de transportes; resíduos de mineração. Nos termos da Lei Federal nº 12.305 de 2010, os resíduos sólidos urbanos (RSU) incluem os resíduos provenientes de residências urbanas e os resíduos de varrição, limpeza de logradouro, vias públicas e outros serviços de limpeza urbana. Os domésticos são caracterizados pelos resíduos gerados diariamente nas residências, constituído por restos de alimentos, jornais, revistas, papel higiênico, garrafas e diversos outros itens, fazendo parte também os resíduos comerciais e os de limpeza pública (NAGLE; STREB; TEIXEIRA, 2014). 4. AVALIAÇÃO DE RISCO PRÁTICA DA ATIVIDADE DE COLETA DE LIXO DOMICILIAR 4.1 Avaliação da saúde e segurança no gerenciamento de Resíduos Sólidos de Serviço de Saúde - RSSS Para esta avaliação, foi aplicada a NR 32, com ênfase no item 32.5 (Resíduos) em cada etapa do processo de Gerenciamento de RSSS: segregação, acondicionamento, coleta interna, transporte de resíduos e armazenamento em abrigo.

Tabela 1: Ambientes geradores de RSSS Local de trabalho Classificação conforme Resolução CONAMA n.º 358/05 Administração Geração de RSSS pertencente ao grupo D, como papéis e plásticos; Recepção Expurgo e esterilização Enfermagem Consultório Médico Limpeza e conservação Geração de RSSS pertencente ao grupo D, como papéis e plásticos; Geração de RSSS pertencente ao grupo A, como papéis higiênicos e lenços de papel contaminados por agentes biológicos, descartados nas lixeiras pela população durante a espera pelo atendimento médico; Geração de RSSS pertencente ao grupo A, como papel higiênico e lenço de papel contaminado por agentes biológicos descartados pela população durante a espera pelo atendimento médico; Geração de RSSS pertinente ao grupo D, como papéis e plásticos; Geração de RSSS pertinente ao grupo A, como papel toalha, luvas de procedimentos, gases, seringas, agulhas, scalp, algodão, ampolas, abocath, equipo, lençol de papel, espátula de madeira e gazes, todos contaminados por agente biológico; Geração de RSSS pertinente ao grupo D, como papéis; Geração de RSSS pertinente ao grupo A, como papel toalha, luvas de procedimentos, espátula de madeira e gazes, todos contaminados por agentes biológicos; Geração de RSSS pertinente ao grupo D, como papéis; Geração de RSSS pertinente ao grupo A, como papel toalha, luvas de procedimentos, espátula de madeira e gazes, todos contaminados por agentes biológicos; 4.2 Acondicionamento e segregação e dos Resíduos Sólidos de Serviço de Saúde- RSSS Avaliando os tipos de coletores no local, nota-se que os coletores existentes na unidade atendem parcialmente às recomendações da NR 32, em que o principal problema apresentado é o sistema de abertura com contato manual, em razão das tampas danificadas na maioria dos recipientes. Observa-se que os coletores não possuem sinalização (símbolos) de identificação dos grupos de resíduos. A figura 1 ilustra a situação Figura 1: Coletores inadequados Verificou-se também, no acondicionamento, que nem todos os sacos coletores de resíduo infectante atendiam às especificações da NR 32, sendo preenchidos acima da capacidade estabelecida de 2/3 do seu volume, dificultando o fechamento deles.

A segregação não está ocorrendo nos locais de trabalho, uma vez que não existe o número de recipientes para tal finalidade. Os materiais recicláveis (papelão, papel, plásticos, etc.) estão sendo descartados nos coletores para materiais infectantes. A figura 2 ilustra as situações. Figura 2: Acondicionamento incorreto 4.3 Acondicionamento de perfuro cortante A geração de resíduos perfurocortantes somente ocorre no setor de Enfermagem. Pode-se observar, por meio da figura 3, que a Unidade de Saúde Familiar possui recipiente apropriado para descarte e em suporte independente. Observa-se também que o descarte de perfurocortante está em desacordo com a NR 32, uma vez que o material descartado está acima do limite do bocal de 5 cm. Figura 3: Recipiente para resíduos perfurocortante 4.4 Transporte e armazenamento externo de resíduos A Unidade não possui carro para transporte dos resíduos, sendo esta atividade desenvolvida de forma manual, ou seja, são carregados pelos funcionários até o local de armazenamento externo. O abrigo para o armazenamento externo de resíduos se faz necessário devido à coleta externa ser realizada somente uma vez por semana. Pode-se observar, por meio da figura 4, a falta de sinalização e identificação do local e da existência de degraus nas entradas, dificultando a entrada do carro de transporte de resíduo quando implantados futuramente. Figura 4: Abrigo Externo Figura 5: Parte interna do abrigo

A ventilação no local é prejudicada por causa da falta de telas vazadas para entrada de ventilação natural. Não dispõe de divisão para separação dos resíduos infectante e comum, conforme demonstra a figura 6. Figura 6: Parte interna do abrigo sem separação de resíduos. 4.5. EPI - Equipamento de Proteção Individual e Capacitação dos profissionais Em entrevista com os funcionários da área técnica, não houve queixas quanto à falta de equipamentos de proteção individual. Já na coleta dos RSSS que são realizadas por funcionárias terceirizadas, foi possível constatar a falta dos equipamentos básicos de segurança. No momento da pesquisa, foi verificado que equipamentos danificados estão sendo utilizados por esses funcionários. Também foi verificado que os profissionais no local não passaram por treinamento conforme estabelecido no item 32.5.1 da Norma Regulamentadora de número 32. Figura 7: Luva danificada 4.6 Comunicação de Acidente do Trabalho (CAT) emitidas na USF O dado considerado de interesse para o estudo foi o acidente de trabalho durante o gerenciamento dos RSSS, ocorrido no período compreendido entre 1º de janeiro de 2014 e 30 de dezembro de 2015. Para a coleta de dados, foram utilizadas as CAT emitidas nesse período. Observou-se que ocorreram 05 acidentes entre o período analisado, conforme demonstra o gráfico 01.

Quantidade Acidente do trabalho - Anos de 2014 e 2015 6 4 2 0 2014 2015 Total Ano Gráfico 01 Acidentes Todos os acidentes ocorridos são típicos e ocorridos em pessoas do sexo feminino, devido à força de trabalho da USF ser predominantemente feminina. A idade dos indivíduos a0cidentados varia entre 25 e 45 anos, sendo 80% dos acidentes registrados são para a função do técnico de enfermagem. 6. Conclusões A publicação da Norma Regulamentadora 32 apresenta uma grande vitória para os trabalhadores que atuam em estabelecimentos de saúde em todo o País. Trata-se de uma legislação especifica para nortear e garantir as condições de segurança, proteção e preservação da saúde. Observa-se que, devido à falta de coletores na unidade, os resíduos não estão sendo segregados no local de geração, os coletores não possuem símbolo de identificação dos grupos de resíduos, os sacos estão sendo preenchidos acima da sua capacidade de 2/3, dificultando o fechamento e coleta. Ainda não existe carro transportador para levar os sacos de resíduos até o abrigo externo, além do descarte incorreto de materiais perfurocortantes. Para a melhoria no cumprimento da legislação vigente, é necessário que haja uma fiscalização mais eficiente, além de investimento financeiro do órgão público, para a aquisição dos materiais e equipamentos que cumpram com os requisitos de segurança. 7. Bibliografia ABNT - ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 9191:2002: sacos plásticos para acondicionamento de lixo Requisitos e métodos de ensaio. São Paulo: ABNT, 2002. ABNT - ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 14280:2001: cadastro de acidente do trabalho - procedimento e classificação. São Paulo: ABNT, 1991. ALENCAR, T. Norma regulamentadora nº 32 (NR-32) sobre capacitação no trabalho, 2014. Disponível em: < http://consultadeenfermagem.com /normaregulamentadora-no-32-nr-32-sobre-capacitacao-no-trabalho/>. Acesso em 20 fev. 2017.