V-Kipper-Brasil-1 RESÍDUOS SÓLIDOS GERADOS EM SERVIÇOS DE SAÚDE (RSGSS): UM MÉTODO DE ANÁLISE POR PROCEDIMENTO
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- Carmem Mota Aranha
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1 V-Kipper-Brasil-1 RESÍDUOS SÓLIDOS GERADOS EM SERVIÇOS DE SAÚDE (RSGSS): UM MÉTODO DE ANÁLISE POR PROCEDIMENTO Liane Mählmann Kipper (1) Doutora em Engenharia de Produção/UFSC, Professora do Departamento de Química e Física, Universidade de Santa Cruz do Sul-UNISC / Rio Grande do Sul Brasil. Cláudia Mendes Mählmann Doutoranda do Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Minas, Metalúrgica e Materiais/UFRGS, Mestre em Ciências - Área de Concentração Física, Professora do Departamento de Química e Física, Universidade de Santa Cruz do Sul-UNISC/ Rio Grande do Sul Brasil. Adriane Lawisch Rodríguez Doutora em Engenharia/TU-Berlin, Professora do Departamento de Engenharia, Arquitetura e Ciências Agrárias, Universidade de Santa Cruz do Sul-UNISC/ Rio Grande do Sul Brasil. Gilson Alves Ed. Física pela Universidade de Santa Cruz do Sul. Especialista em Gestão Empresarial pela UNISC, Coordenador do Campus da Universidade de Santa Cruz do Sul, UNISC/ Rio Grande do Sul Brasil. Fabrício Weiss Acadêmico do Curso de Engenharia Ambiental da Universidade de Santa Cruz do Sul UNSIC/ Rio Grande do Sul Brasil.. Endereço (1): Avenida Independência, Caixa Postal 188 Universidade de Santa Cruz do Sul - Bairro Universitário Santa Cruz do Sul RS CEP Brasil Tel: 0xx (51) liane@unisc.br RESUMO O presente trabalho realizou um estudo piloto sobre os resíduos provenientes dos serviços de saúde realizados no SIS Sistema Integrado de Saúde, unidade de atendimento gratuito à comunidade regional. Esse serviço funciona no Campus da UNISC Universidade de Santa cruz do Sul. Observamos que a necessidade de um sistema de gerenciamento interno para a minimização do volume de resíduos gerados pelos serviços de enfermagem despertou a problemática envolvida junto aos agentes do processo. Buscando esse objetivo optou-se em aplicar o método de análise por procedimento a fim de determinarmos o resíduo gerado em cada procedimento, comparando com uma amostra padrão, obtida pela descrição minuciosa dos materiais necessários para cada procedimento os quais foram pesados e catalogados. Com esses dados pode-se comparar o que é gerado de resíduo e o que é realmente necessário para a realização dos mesmos. Os resultados foram imediatos, com a maior conscientização dos funcionários, alunos e usuários do serviço quanto à correta destinação dos resíduos. Palavras-Chave: Resíduos sólidos de serviços de saúde, análise de geração e minimização, estudo por procedimento.
2 INTRODUÇÃO O conhecimento de todas as atividades desenvolvidas dentro de um estabelecimento de saúde, neste caso, o SIS Sistema Integrado de Saúde, setor que presta atendimento gratuito à comunidade regional, nas áreas de enfermagem, psicologia e nutrição foi o ponto de partida para o presente trabalho. Buscou-se na literatura, um modelo que se encaixe no perfil em questão, mas como não houve êxito partiu-se para criação de um modelo particular, atendendo assim as atividades desenvolvidas. A imagem de estabelecimento de saúde vem mudando nos últimos anos. No Brasil o gerenciamento de Resíduos Sólidos Gerados em um Serviço de Saúde - RSGSS segue o que prevê a Resolução CONAMA nº. 5, de 1993 (...) (5), compete ao estabelecimento de saúde, seu tratamento adequado, desde a etapa de geração até a disposição final, de forma a atender aos requisitos ambientais e de saúde pública. Isso envolve duas fases: Intra-estabelecimento de saúde, iniciada com a geração dos RSGSS e Extra-estabelecimento de saúde, terminando com a disposição final. Acrescentamos também que a classificação dos RSGSS é abordada pela NBR nº (ABNT, 1993) (6,7) onde estes resíduos são divididos em três tipos: A-Resíduo Infectante; B Resíduo Especial e C Resíduo Comum. Pelo CONAMA, em sua Resolução nº. 5 de 1993, a classificação ocorre em 4 grupos: A - Resíduo Biológico; B-Resíduo Químico; C-Resíduo Radioativo e D Resíduo Comum. Adotaremos neste trabalho a classificação determinada pelo CONAMA em sua Resolução n o. 5, de 1993, a qual também é utilizada pelo Ministério da Saúde e aceita por vários (1, 2, 3) autores. Tanto a resolução e a norma, bem como os autores indicados revelam uma preocupação com relação a esse tipo de resíduo gerado nas atividades humanas. Assim, apresentar uma forma de avaliar o conhecimento descritivo dos procedimentos executados, os materiais necessários e os passivos gerados proporcionam aos colaboradores ferramentas para o monitoramento constante das atividades desenvolvidas. A partir disso, buscou-se realizar o estudo focando cada procedimento, obtendo assim uma visão do que cada ação gera de reação. MATERIAIS E MÉTODOS Para a realização deste trabalho foi proposto um estudo por procedimento onde realizamos três etapas de análise, sendo elas: a) Levantamento de dados da atual situação; b) Análise qualitativa e quantitativa dos resíduos gerados; e; c) Mapeamento das áreas de maior geração de resíduos da Classe A (infectantes e perfuro cortante) bem como os resíduos do Grupo D (recepção). ETAPAS As etapas desenvolvidas foram as seguintes: a) Levantamento de dados da atual situação: Como o objetivo é conhecer detalhadamente os procedimentos realizados, ocorrera visita e entrevista com funcionários, alunos e professores, onde foram questionados os materiais, métodos e volume de passivos gerados em cada procedimento realizado nas instalações dos SIS, bem como dados como o número de atendimento, tipos de procedimentos realizados no SIS, a descrição do material utilizado em cada procedimento, a divisão dos procedimentos por salas, e em uma primeira análise do volume gerado de resíduos. De posse dos dados, foi gerado o quadro 1 descrito a seguir. Esse quadro pode ser utilizado como uma tabela de controle. A partir disto desenvolvemos etiquetas de identificação que foram adesivadas nas embalagens de coleta.
3 Quadro 1. Relação dos materiais utilizados nos procedimentos analisados. Procedimento HGT Curativo pequeno Curativo médio Curativo grande Injeções / vacinas Teste do pezinho Retirada de ponto Cito Patológico CP Material Utilizado Algodão, fita, lanceta, duas luvas de procedimentos Cinco gases, micropore, um frasco de solução fisiológica, duas luvas de procedimentos, ataduras e compressas (quando necessário) Oito gases, micropore, um frasco de soro fisiológico, duas luvas de procedimentos, ataduras e compressas (quando necessário) 13 gases, micropore, um frasco de soro fisiológico, duas luvas de procedimentos, ataduras e compressas Seringa, agulha, algodão, frasco de vidro, ampola Duas luvas de procedimentos, lanceta, algodão Cinco gases, um frasco de soro fisiológico, duas luvas de procedimentos Espátula, escovinha, duas luvas de procedimentos. b) Análise qualitativa e quantitativa dos resíduos gerados: Para obter parâmetros confiáveis foram amostrados 20% sobre o total de procedimentos realizados. Num período de 20 dias úteis foram analisados qualitativamente e quantitativamente cerca de 20 amostras/dia. As amostras eram coletadas em um saco plástico transparente uma a uma, devidamente etiquetada conforme os modelos encontrados na figura 1 e figura 2 [ ] Aluno [ ] Funcionário Data: Sala: Procedimento: Pérfuro-Cortante: Figura 1 - Adesivo indicativo do procedimento, bem como a sala em que foi realizado.
4 Data Sala Procedimento Perfuro -cortante Aluno/Funcionário Peso 12/10 Vac. vacina Ser. 3ml, 2 ag 25x7 funcionário 9,46 g Figura 2 - Adesivo utilizado no projeto para a obtenção dos dados necessários. Para evitar acidente os perfuro cortantes eram dispostos imediatamente após o uso nas embalagens padrões (caixas amarelas) e somente as suas características, como: tipo de agulha e capacidade da seringa; eram descritas e anexadas aos sacos plásticos. Para se ter um padrão sobre os perfuro cortantes, 20 amostras de seringas e agulhas utilizadas no SIS foram pesadas obtendo-se uma média global, que era utilizada no momento da pesagem. A partir dos dados fornecidos, pode-se comparar o material necessário para cada procedimento com aquele encontrado nas amostras coletada, analisando possíveis presenças de materiais estranhos. Após a coleta a amostra era pesada, retornando para o setor de origem para ser descartada de forma correta. A figura 3 apresenta o momento de pesagem e analise quanto à composição da amostra. Figura 3 - Exemplo da obtenção dos pesos de cada amostra, bem como a sua composição. c) Mapeamento das áreas de maior geração de resíduos da Classe A (infectantes e perfuro cortante) bem como os resíduos Grupo D (recepção): A partir das entrevistas, montou-se um mapa das salas onde são realizados os procedimentos e o quadro 2 apresenta a distribuição dos procedimentos por salas, e materiais empregados. Como parte do projeto, a implementação de um sistema de coleta ao já existente com o objetivo de padronizar os coletores, enquadrando nas exigências da legislação vigente.
5 Quadro2. Relação das salas de procedimentos com os materiais descartados. Sala de Procedimentos Sala das Vacinas Sala de Consulta de Enfermagem Laboratório de Semiotécnica e Semiologia (ambulatório) Recepção Materiais Descartados Seringa, agulha, algodão, frasco de vidro, ampola Espátula, escovinha, fita, luvas de procedimentos, lanceta, algodão Gases, micropore, frasco de soro fisiológico, luvas de procedimentos, ataduras e compressas (quando necessário) Papel, plástico, vidro, isopor, material orgânico, metal, entre outros. RESULTADOS E DISCUSSÕES Verificou-se que durante a realização do trabalho, houve um aumento no interesse dos colaboradores, dos professores e dos alunos sobre a temática envolvida, proporcionando um meio de propagação da importância da conscientização sobre a minimização do resíduo gerado nas atividades de prestação de saúde. Como já ocorre no SIS a padronização dos procedimentos foi comprovada com a comparação dos pesos e composição das amostras, apresentando uma desconsiderada variação. Com a analise das amostras de cada procedimento pode-se obter uma série de parâmetros que poderão ser empregados para uma posterior correção de desvio, como por exemplo: peso médio, composição dos materiais presentes, heterogeneidade, desperdício de material, disposição de coletores, adequação da técnica empregada no procedimento, influenciando diretamente o volume gerado.a Figura 4 apresenta o peso médio encontrado para cada procedimento, bem como os seus percentuais em relação ao total analisado. Curativos - 51,70 g Injeções - 12,92 g 10,67% 46,65% Vacinas - 9,98 g Retirada de Pontos - 28,29 g 16,50% HGT - 9, 98 g 4,85% 18,43% 2,91% CP - 11,73 g Figura 4 - Gráfico da relação entre a porcentagem de procedimentos realizados e o peso médio de cada tipo de procedimento.
6 De posse dos dados pode-se analisar a geração de resíduos através do número de procedimentos realizados nas dependências do SIS. A figura 5 apresenta a distribuição dos procedimentos conforme a sala em que os mesmos foram realizados. 4,85% Sala de V acinas 37,86% Ambulatório 57,29% Sala de Consulta Figura 5 - Gráfico das salas utilizados e a porcentagem dos procedimentos realizados. CONCLUSÃO Como não podemos determinar quem irá ou não precisar de cuidados médicos, nos resta ações que minimizem a geração de resíduos infectados. Dos principais resultados encontrados podemos citar a padronização dos procedimentos, a correta distribuição de coletores distintos para os diferentes tipos de resíduos não infectados, a capacitação dos colaboradores e pacientes irão minimizar a heterogeneidade do material descartado, a correta segregação e a reciclagem de materiais não infectados, visando sempre à geração de um menor volume a ser tratado, diminuindo custos com a destinação final dos resíduos, bem como a redução nos riscos da co-responsabilidade que o RSGSS exige dos geradores. Acrescentamos que, com o uso do método de estudo por procedimentos pode-se acompanhar a evolução de cada setor, quanto à correta segregação, empregando medidas de melhoria quando necessárias. Com um volume menor a ser descartado, diminui drasticamente os riscos ao meio ambiente e às pessoas. Mas a ação mais valiosa será sempre a conscientização sobre a educação ambiental dos participantes do processo, sejam prestadores dos serviços de saúde, bem como a comunidade que usufruem dos serviços prestados. Um correto programa de gerenciamento interno e a adequada destinação do RSGSS irão minimizar a incidência de doenças e impactos ambientais, acabando com o círculo vicioso que atualmente provoca doenças/doentes e conseqüentemente mais resíduo. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 1. Emmrich, Rita C. et al. Manual de Gerenciamento de Resíduos Sólidos de Serviços de Saúde. São Paulo: CLR BALEIRO, Saad, C.; Costa, G.; Bahia, S. Manual de Higienização de Estabelecimento de Saúde e Gestão de seus Resíduos. Prefeitura da Cidade do Rio de Janeiro: IBAM/COMLURB, Sisino, C. L. S.; Oliveira, R. Resíduos Sólidos, Ambiente e Saúde. Rio de Janeiro: Editora Fiocruz, Organização Panamericana de Saúde. Guia para o manejo interno de resíduos sólidos em estabelecimentos de saúde. Brasília: OPAS, 1997.
7 5. CONAMA. Conselho Nacional do Meio Ambiente. Resolução 05/93 do CONAMA. Define os procedimentos básicos relativos ao gerenciamento de resíduos sólidos de serviços de saúde. Diário Oficial da República Federativa do Brasil. Brasília; 31 de ago de Seção I, p ABNT. Associação Brasileira de Normas Técnicas. NBR : Resíduos de serviço de saúde classificação. Rio de Janeiro; ANVISA. Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Resolução 33/03 da Anvisa. Dispõe sobre o regulamento técnico para o gerenciamento e resíduos de serviços de saúde. Diário Oficial da República, 2003.
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