HOSPITAL PUC-CAMPINAS PLANO DE GERENCIAMENTO DE RESÍDUOS COM IMPACTO AMBIENTAL E FINANCEIRO EM SERVIÇOS DE SAÚDE
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1 HOSPITAL PUC-CAMPINAS PLANO DE GERENCIAMENTO DE RESÍDUOS COM IMPACTO AMBIENTAL E FINANCEIRO EM SERVIÇOS DE SAÚDE Cláudio Roberto Sanches Telefone: claudio-sanches@hmcp.puc-campinas.edu.br
2 A. INTRODUÇÃO O presente projeto tem por objetivo discutir fatores que corroboram para disposição final adequada dos resíduos de serviços à saúde, em especial os infectantes e químicos, devido suas características causando riscos à saúde e degradação ambiental. Com base na legislação vigente, analisou-se o processo de gestão dos resíduos de serviços de saúde (RSS), ferramentas técnicas para a proposição de um Plano de Gerenciamento de Resíduos de Serviços de Saúde (PGRSS), exigido pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária. É inquestionável a necessidade de implantar políticas de gerenciamento dos resíduos de serviços de saúde, considerando que o assunto ainda é novo para alguns estabelecimentos e a preocupação não é somente em se adequar a legislação, mas também com os custos que irão ocorrer para cumprirem com as exigências. É de responsabilidade dos gestores destes estabelecimentos a destinação adequada dos resíduos, tendo alguns à necessidade de ser processado ainda dentro da unidade geradora. Desta forma é fundamental para o sucesso desse empreendimento ter ações que visam à sustentabilidade financeira e ambiental, tendo como foco inovar com tratamentos que trazem reduções financeiras importantes, levando em consideração os tipos de resíduos de serviços de saúde e suas formas de coleta, armazenamento, tratamento e disposição final. B. OBJETIVO Este projeto tem como objetivo adequar, conscientizar quanto ao impacto e riscos no manejo inadequado dos resíduos produzidos em seus processos de trabalho, bem como orientar e padronizar seu correto descarte, visando redução de custos e uma segregação adequada. C. DESENVOLVIMENTO Projeto: Plano de Gerenciamento de Resíduos com Impacto Ambiental e financeiro em Serviços de Saúde Visando à redução coerente dos resíduos biológicos infectantes e a sua adequada segregação, foram implementadas ações de melhoria a partir de Nas unidades de internação havia lixeiras em demasia e com diversos modelos e cores, que dificultavam o descarte correto dos resíduos. Assim, foi realizada a troca e a padronização das lixeiras, tendo a cor preta para o resíduo comum e a cor branca, resíduos infectantes. Em 2015, de acordo com normas e legislações vigentes, a Comissão de Gestão de Resíduos desta Instituição, iniciou um projeto que teve como principal tarefa a mudança da cultura organizacional, orientando sobre o descarte adequado, acondicionamento e controle dos resultados dos resíduos biológicos gerados. O comprometimento ambiental gerado pela gestão inadequada de resíduos sólidos dos serviços de saúde é reconhecido tanto pela comunidade científica como pelas autoridades sanitárias e pela população em geral. O primeiro passo foi a realização de visitas em todas as unidades, com o foco de analisar todo o processo ali realizado e avaliar quais materiais eram descartados em cada ambiente. 2
3 Após avaliação, identificamos as seguintes necessidades: 1. Adequar o tamanho dos recipientes para um acondicionamento correto do resíduo; 2. Na tampa de cada recipiente está indicando o que descartar, com a finalidade de ofertar melhor visualização aos profissionais e usuários, a fim de dirimir dúvidas ao efetuarem o descarte, de forma correta; 3. Retirada das caixas de perfuro cortante dos quartos, visando à segurança dos profissionais e usuários, bem como o descarte adequado. A retirada das caixas de perfuro cortante de dentro dos quartos foi parte essencial para um descarte adequado, pois durante a visita identificamos materiais segregados de forma errada nas caixas, no entanto, visualizamos que foi uma mudança de cultura, e não somente do processo. O risco de acidentes com profissionais e usuários foi visivelmente identificado, pois as caixas tinham sua capacidade inadequada à demanda, e ficavam expostas no ambiente. Para que a retirada fosse concluída de forma segura, foi realizada auditoria interna nas unidades assistenciais, envolvendo todos os profissionais que utilizavam a caixa para descarte. Nesse momento foi avaliada a necessidade de adquirir um novo recipiente, (figura 1) de acordo com as normas para acondicionamento dos perfuro cortantes até sua segregação segura no expurgo. Figura 1 Foram realizados treinamentos com todos os profissionais envolvidos na atividade fim, com o objetivo de salientar a importância do processo de descarte correto dos perfuro cortantes, nos locais determinados, posto de enfermagem e expurgo. Em 2017, houve outra ação importante que foi a retirada das lixeiras brancas de acondicionamento de resíduo infectante dos quartos de pacientes nas unidades de internação e a realização de treinamentos in loco, onde obtivemos outra redução considerável. D. RESULTADOS OBTIDOS Antes de constituir o gerenciamento de resíduos, o primeiro aspecto a ser considerado dentro do conceito de prevenção à ocorrência dos impactos ambientais é minimizarmos a geração de resíduos, o que agrega benefícios econômicos e ambientais. Este projeto iniciou com a realização de visitas nas unidades assistenciais para propor as ações em 2013, com acompanhamento dos resultados, e análise contínua. Com todas as ações, identificamos tópicos importantes, como o monitoramento dos processos implantados, e assim, conseguimos quantificar os resultados elencados a seguir: 3
4 ACIDENTES DE TRABALHO COM DESCARTE INADEQUADO: Figura 2 Redução de 68% por acidentes com descarte inadequado. ACIDENTES DE TRABALHO COM DESCARTE INADEQUADO COM PROFISSIONAIS DE HIGIENE E LIMPEZA: Figura 3 Redução de 225% por acidentes com descarte inadequado com profissionais de Higiene e Limpeza. 4
5 RETIRADAS DAS CAIXAS DE PERFURO CORTANTE DOS QUARTOS: Figura 4 Redução de 58,16% no consumo de caixas de perfuro, representando menos caixas entre 2015 e Figura 5 Redução de 31,10% no consumo de caixas de perfuro, representando R$ ,00 entre 2015 e
6 SEGREGAÇÃO DE RESÍDUOS BIOLÓGICOS INFECTANTES: Apresentamos a quantidade (kg) de resíduo biológico infectante e o custo na operação, referente aos anos de 2013 a Figura 6 Reduções na segregação de resíduo biológico infectante de 27,05% quilos, entre 2013 e Retirada das lixeiras em 2017, com uma redução no volume de resíduos em 20,93%, de setembro/2017 a setembro/2018. Figura 7 Redução de R$ ,00 no volume do resíduo biológico infectante, representando 21,91% entre 2013 e Com a retirada das lixeiras em 2017, houve redução no volume de setembro/2017 a setembro/2018, na ordem de R$ ,00. 6
7 SEGREGAÇÃO DE RESÍDUOS QUIMÍCOS: Até o ano de 2009, os resíduos químicos do Grupo B eram segregados e identificados no Laboratório de Análises Clínicas, para posterior retirada e tratamento dos mesmos, por Laboratório terceirizado especializado, com uma logística complexa e custo elevado. Com a construção e implantação da Estação de Tratamento de efluentes químicos no próprio Hospital PUC-Campinas, identificamos redução de custos no processo de tratamento, conforme tabela abaixo: Quantidade Resíduo tratado (L/Ano) Ano Custo/L Total R$ 3,29 R$ , R$ 0,22 R$ 6.573, R$ 0,24 R$ 8.774, R$ 0,26 R$ , R$ 0,27 R$ , R$ 0,27 R$ , R$ 0,28 R$ , R$ 0,28 R$ , R$ 0,32 R$ , Até setembro 2018 R$ 0,34 R$ ,08 Com o monitoramento dos resultados, identificamos redução de custos no tratamento dos efluentes químicos, comparado aos valores praticados com serviços contratados com empresa externa. Ao projetarmos o valor do tratamento externo até setembro de 2018 teríamos um custo de R$ ,60 ao invés de R$ ,08. A Estação de Tratamento através do POA (Processo Oxidativo Avançado) associado à análise mensal do TOC (Teor de carbono orgânico) garante a eficiência e eficácia no tratamento dos efluentes químicos do Laboratório de Análises Clínicas no próprio Hospital PUC-Campinas, antes de serem descartados na rede de esgoto, com um custo baixo. SEGREGAÇÃO DE RESÍDUO COMUM NÃO RECICLÁVEIS: Figura 8 7
8 Figura 9 Com a implantação de uma caixa prensa de 17m³, em janeiro de 2018, tivemos os seguintes resultados: Melhoria na coleta interna; Otimização do espaço físico na área de resíduos externa e não realização da limpeza de 26 containers de 1000L; Custo de aquisição de container; Absenteísmo menor de 0,9% entre coletores de resíduos; Melhora na ergonomia dos colaboradores; Controle de pragas. SEGREGAÇÃO DE RESÍDUOS RECICLÁVEIS: Figura 10 Os volumes de reciclagem crescem a cada ano, com melhoria no descarte inadequado, por meio de uma conscientização ambiental para os colaboradores e usuários, gerando assim, menos resíduos no aterro sanitário, que voltam à cadeia produtiva. 8
9 Um plano de gerenciamento eficiente deve visar desde a capacitação de funcionários à organização, limpeza e determinação de medidas específicas, em função dos tipos de resíduos gerados na unidade. Cada etapa do sistema de gerenciamento é indispensável ao manejo dos resíduos, principalmente, os perigosos, que apresentam alguma propriedade de patogenicidade e toxidade. Concluindo que, o gerenciamento de RSS corresponde não apenas a um instrumento de proteção à saúde pública e ao meio ambiente, mas uma ferramenta capaz de promover princípios de sustentabilidade ambiental e financeira. Uma vez que, se bem aplicada, constitui uma ferramenta ecologicamente correta, economicamente viável e socialmente justa, capaz de oferecer benefícios tanto aos funcionários, pacientes, quanto a própria unidade de saúde, em razão da economia de custos relacionados a destinação, a resolução de possíveis contaminações ou propagações de doenças, combate a vetores, multas ambientais e/ou provenientes da vigilância sanitária. O Planejamento Estratégico do Hospital PUC-Campinas tem como uma de suas diretrizes a sustentabilidade ambiental e financeira, buscando constantemente a qualificação dos recursos humanos, por meio da educação ambiental, do desenho dos processos de trabalho e da estrutura física, que são pontos positivos para a sua implantação em um hospital, cujo foco é a gestão administrativa participativa, de responsabilidade ética, social e comprometida com a preservação e manutenção do meio ambiente e com a sua sustentabilidade. E. REFERÊNCIAS ANVISA. Resolução RDC n 306 de 07 de dezembro de Dispõe sobre o Regulamento Técnico para o Gerenciamento de resíduos de Serviços de Saúde. CONAMA. Resolução CONAMA n 358, de 29 de abril de Revoga as disposições da Resolução n 5/93, que tratam dos resíduos sólidos oriundos dos serviços de saúde, para serviços abrangidos no art. 1 desta Resolução. Brasília, RESOLUÇÃO DA DIRETORIA COLEGIADA - RDC Nº 222, DE 28 DE MARÇO DE (Publicada no DOU nº 61, de 29 de março de 2018). ITENS OPCIONAIS: Composição da Equipe: Claudio Roberto Sanches Lilian Khairalla P. Bresser Comissão de Gestão de Resíduos Colaboradores do Serviço de Higiene e Limpeza 9
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