POSSIBILIDADES DO LETRAMENTO NA INFÂNCIA: A FORMAÇÃO DO CIDADÃO CRÍTICO E AUTÔNOMO.

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Transcrição:

POSSIBILIDADES DO LETRAMENTO NA INFÂNCIA: A FORMAÇÃO DO CIDADÃO CRÍTICO E AUTÔNOMO. Ereni Dimenes 1 Jamily Charão Vargas 2 RESUMO O processo ensino aprendizagem da leitura e da escrita vem sendo estudado e analisado por vários pesquisadores, com o objetivo de qualificar as práticas docentes. Dentre os aspectos que necessitam reflexão docente e mudanças está o letramento, elemento importante para a formação do sujeito. É na escola que alguns alunos vão ter o primeiro contato formal com a leitura e a escrita, e a forma como eles irão utilizar-se da leitura e da escrita nas suas vidas depende da maneira que a escola as apresenta a eles. Desse modo percebe-se a importância do letramento para a formação de um cidadão crítico e autônomo, o que motiva este trabalho sobre o ato de letrar na formação do aluno. PALAVRAS-CHAVE: Letramento, Cidadão crítico, Ensino aprendizagem. Introdução O desenvolvimento de um país depende, em boa parte, do seu desenvolvimento educacional. Assim o fato do Brasil não ser considerado um país desenvolvido se dá, também por precariedades na sua educação, o que se pode perceber historicamente através do índice de alfabetização. Segundo Ferreiro (1985) na década de 1980 o índice de analfabetismo era muito grande, o que resultou numa alfabetização em massa. A partir daí se começou a alfabetizar o maior número de pessoas possível no Brasil e, dessa forma, o ensino permaneceu mecânico, de modo que os alunos aprendiam o símbolo da letra e não o seu significado. E quando se fala em alfabetização, logo se pensa no aprender a ler e escrever, a partir do conhecimento do alfabeto, apreensão dos sons e memorização que permita a técnica da leitura e da escrita. Mas sabe-se hoje que no processo ensino aprendizagem não basta apenas este tipo de conhecimento, além disso é 1 Acadêmica do 8º período do Curso de Pedagogia Faculdade União das Américas UNIAMÈRICA/PR_ erenidimen@hotmail.com 2 Pedagoga, Mestre em Educação pela UFSM/RS; Professora, Orientadora da Faculdade União das Américas UNIAMÉRICA/PR_ Vargas_mily@yahoo.com.br 1

preciso compreender o uso dessa língua escrita para conseguir realmente se inserir em práticas de leituras significativas, ou seja, o letramento. Diante disso, o letramento vem sendo muito estudado, percebendo-se a importância desta prática para a formação de leitores atuantes na sociedade. O letramento envolve a imersão da criança, do jovem ou do adulto no mundo da escrita, e nesse sentido, esta pesquisa busca compreender como a inserção desta ferramenta no seu plano de ensino pode contribuir para a formação do cidadão crítico e autônomo. A metodologia deste trabalho é bibliográfica, embasando-se em autores que estudam sobre a alfabetização e letramento, bem como autores que pesquisam a respeito da formação do cidadão crítico e autônomo. Segundo Gil, (2007, p. 44), a pesquisa bibliográfica é desenvolvida com base em material já elaborado, constituído principalmente de livros e artigos científicos. Nesse sentido, a linha de pesquisa seguida é de metodologia no processo ensino aprendizagem, que tem por objetivo contribuir para com os estudos a respeito do letramento, e possibilitar aos professores uma compreensão melhor de como a utilização de materiais que circulam no cotidiano dos alunos, os levará, à uma formação mais crítica. Desenvolvimento O Letramento vai além do aprender a ler e escrever, pois através dele a criança não aprende apenas o código, mas sim o significado do que está lendo, levando para o contexto social em que vivem o conteúdo aprendido em sala de aula. Quando o aluno vivencia práticas de leitura e escrita, ele conhece diversos gêneros textuais que o ajudaram a compreender diferentes textos que circulam no seu dia a dia. Letramento é palavra e conceito recentes, introduzidos na linguagem da educação e das ciências linguística, há pouco mais de duas décadas; seu surgimento pode ser interpretado como decorrência da necessidade de configurar e nomear comportamentos e práticas sociais na área da leitura e da escrita que ultrapassem o domínio do sistema alfabético e ortográfico, nível de aprendizagem da língua escrita perseguido, tradicionalmente, pelo processo de alfabetização. Esses comportamentos e práticas sociais de leitura e de escrita foram adquirindo visibilidade e importância à medida que a vida social e as atividades profissionais foram-se tornando cada vez mais centradas, e dependentes da língua escrita, revelando a insuficiência de apenas alfabetizar no sentido tradicional a criança ou o adulto (...) (SOARES, 2004, p. 4). 2

A autora acima ainda destaca que o letramento não é necessariamente um método, mas deve ser pensado como uma necessidade ao lado da alfabetização. Para Magda Soares quando as crianças entram na escola com um conhecimento prévio de leitura, de certa forma, elas já estão em processo de letramento, e na escola elas irão se aprimorar desse conhecimento. A criança que ainda não se alfabetizou, mas já folheia livros, finge lê-los, brinca de escrever, ouve histórias que lhe são lidas, está rodeada de material escrito e percebe seu uso e função, essa criança é ainda analfabeta, porque não aprendeu a ler e a escrever, mas já penetrou no mundo do letramento, já é de certa forma, letrada. (SOARES, 2003, p.24). Soares demonstra em suas publicações a importância desse contato das crianças com a escrita, antes de serem alfabetizadas, pois elas encontraram mais significados na hora de aprender. Mas infelizmente nem todas as crianças tem essa oportunidade, algumas terão o primeiro contato com livros na escola, ficando nas mãos dos professores a responsabilidade de tornar o ensino mais significativo para essas crianças, para que elas possam começar a relacionar o conteúdo de sala com o uso social. Para alfabetizar letrando deve haver um trabalho intencional de sensibilização, por meio de atividades específicas de comunicação, por exemplo: escrever para alguém que não está presente (bilhetes, correspondência escolar), contar uma história por escrito, produzir um jornal escolar, um cartaz e etc. Assim a escrita passa a ter função social, (CARVALHO, 2005, p. 69). É considerando as diferentes demandas da sociedade para inserção do indivíduo no mundo letrado que se propõem em sala de aula um trabalho a partir da alfabetização, que contemple a diversidade de gêneros textuais que os alunos manuseiam em seu dia a dia, como: classificados de jornais, bilhete, carta, bula de medicamento, receita de bolos, dentre outros, sem deixar de lado os textos literários que tem um papel importante na formação dos alunos. Pois Para formar indivíduos letrados, a escola tem que desenvolver um trabalho gradual e contínuo (CARVALHO, 2005, p. 67). Percebe-se que o letramento que se pensa em abordar na escola é de formar um aluno autônomo através de práticas do uso da leitura e escrita, (...) ainda que 3

não saibam ler sozinhos, e convencionalmente, os aprendizes poderão ir se apropriando de estratégias de leituras usadas por um cidadão letrado (ALBUQUERQUE; LEAL, 2004), observando por exemplo o jornal e o livro que o adulto lê. Entende-se que o aluno, compreendendo a utilização da escrita no seu meio social, começará a ser letrado de forma natural, com o surgimento das dúvidas, e de questionamentos em relação a textos. Dessa forma o processo ensino aprendizagem vai se tornando mais significativo, pois vivemos em uma sociedade onde a escrita está presente em todos os momentos: O gosto pela leitura pode ser cultivado desde a alfabetização, [...] atividades de leituras bem selecionadas mostram aos alunos que eles se alfabetizam para aprender, para divertir-se, e para fins práticos, como um cartaz, um aviso. Essa sensibilização deve ser acompanhada de atividades de leitura livre, não guiada. As diferentes hipóteses de leitura (memorização de texto, adivinhação do que pode estar escrito, invenção de história a partir da gravura) podem ser feitas desde muito cedo. A criança vai se enganar, compreender mal, não importa, o importante é que ela faz para entender bem, (CARVALHO, 2005, p.67). Em vista disso, nota-se que o letramento proporciona ao aluno, a construção do conhecimento, a partir de leituras críticas, onde ele forma seu pensamento baseado na reflexão das informações que recebe dessa leitura, formando seu ponto de vista. Segundo Freire (1989, p.13), a leitura da palavra não é apenas precedida pela leitura do mundo, mas por uma forma de escrevê-lo ou de reescrevê-lo, quer dizer transformá-lo através da nossa prática consciente. O aluno que aprende a ler com um olhar crítico vai criando sua autonomia, através da busca de informações daquilo que lhe interesse, dos conteúdos que ele precisa para construção do seu conhecimento, ele deixa de ser passivo e se torna ativo em suas decisões, ou seja, não espera que alguém lhe diga o que fazer, e sim quando algo é proposto, analisa para descobrir o que se esperam dele. O desafio social da leitura detém, como nódulo central, a habilidade da contraleitura, porque é com ela que podemos, com base na habilidade de brandir a autoridade do argumento, não só ir além do argumento, mas principalmente cultivar o saber pensar para melhor intervir. Ler significa tanto compreender significados quanto atribuir significados alternativos ao mundo, emergindo o leitor/autor, (DEMO, 2007, p. 23). 4

Diante disso, percebe-se a importância do letramento na formação do aluno, uma vez que sendo letrada a criança aprende a defender o que pensa, a ter autonomia, a fazer uso social do que aprende na sala de aula. Percebe-se, assim, que o ensino significativo da oportunidade ao aluno de conhecer o mundo a sua volta por meio da leitura e da escrita, ele compreende as mudanças na sociedade, pelas informações que circulam ao seu redor. A escola tem um importante papel na vida das pessoas, sejam elas crianças, jovens ou adultos, pois ali é um espaço de busca do conhecimento. Assim, esta instituição pode proporcionar momentos de formação de cidadãos críticos e autônomos, para tanto a escola precisa assumir seu papel enquanto estimuladora da critica e da autonomia em seus alunos. A sociedade solicita que a educação assuma funções mais abrangentes que incorporem em seu núcleo de objetivos a formação integral do ser humano. Essa proposta educativa objetiva a formação da cidadania, visando que alunos e alunas desenvolvam competências para lidar de maneira consciente, crítica, democrática e autônoma com a diversidade e o conflito de idéias, com as influências da cultura e com os sentimentos e as emoções presentes nas relações que estabelecem consigo mesmos e com o mundo à sua volta. Afinal, estamos falando de uma educação em valores em que as dimensões cognitiva, afetiva, [...] interpessoal e sociocultural das relações humanas, são considerados no planejamento curricular e nos projeto político-pedagógico das escolas. (ARANTES, 2003, p 157) Assim a educação se mostra como fundamental para qualquer formação, independente da área profissional que se pretende seguir, lembrando que deve-se levar em consideração que essa formação se inicia na alfabetização e que o aluno não vai apenas conhecer as funções das letras, mas iniciar uma formação enquanto sujeito atuante em sociedade, onde o professor será o principal mediador entre o aluno e o conteúdo estudado. É preciso ensinar os alunos a pensar, e é impossível aprender a pensar num regime autoritário. Pensar é procurar por si próprio, é criticar livremente e é demonstrar de forma autônoma. O pensamento supõe então o jogo livre das funções intelectuais e não o trabalho sob- pressão e a repetição verbal (PIAGET, 1998, P.17). O professor assume então uma responsabilidade de instigar esses alunos à aprender a pensar de maneira que não os oprima e nem os prenda em um método de memorização, pois através do pensamento o aluno constrói o conhecimento, suas ideias e sua autonomia. A autonomia proporciona liberdade para o aluno se 5

expressar, devido a ele se sentir seguro com relação ao que pensa. Autonomia é: Faculdade de se governar por si mesmo; direito ou faculdade de se reger (um país) por leis próprias, emancipação; independência, sistema ético segundo o qual as normas de conduta provêm da própria organização humana. (Holanda 1983, p 136). A autonomia é entendida como o momento em que a pessoa consegue se organizar sem ajuda de outra, no caso dos alunos é quando resolvem as questões em sala de aula sem a ajuda do professor, tendo uma responsabilidade por seus atos ou pensamentos, deixando os mesmo seguros na hora de expor sua opinião. Busca-se despertar nos alunos, através da educação, uma autonomia que lhes de liberdade de dialogar com o professor sobre o conteúdo estudado em sala de aula sem medo de errar, de modo que ele se sinta a vontade para analisar criticamente as informações pois educação é isto: o processo pelo qual os nossos corpos vão ficando iguais às palavras que nos ensinam. Eu não sou eu: eu sou as palavras que os outros plantaram em mim. Como disse Fernando Pessoa: Sou o intervalo entre o meu desejo e aquilo que os desejos dos outros fizeram de mim, (citado por ALVEZ, 1994. p 21). Percebe-se assim que não se pode formar indivíduos pela imposição, aí o profissional deve exercer seu papel com responsabilidade que não é tão fácil, porque a tarefa do professor não é, pois só ensinar; é muito mais complexa. Tem que fazer todo o possível, comprometer-se com a aprendizagem. (VASCONCELOS, 2002. P.122). É preciso deixar que os alunos descubram através da investigação, da hipótese da dúvida, que eles são capazes de formar suas próprias ideias, refletindo sobre o que pensam, tendo assim suporte, para que tirem as suas próprias conclusões. A formação do aluno autônomo pode iniciar-se com a leitura, pois é através dela que o aluno aprende a conhecer a sociedade em que vive, é por meio da história do que aconteceu nessa sociedade no passado que o aluno vai entender as mudanças ocorridas, de modo que entenda a importância de se fazer uma leitura reflexiva, para que possa participar de maneira justa, tendo como base a reflexão do que observa a sua volta. Leitura, escrita e fala não são tarefas escolares que se esgotam em si mesmas; que terminam com a nota bimestral. Leitura, escrita e fala repetindo são atividades sociais, entre sujeitos históricos, realizadas sobcondições concretas (KUENZER, 2002, p. 101). 6

Considerações finais A metodologia utilizada pelo professor, afeta o desenvolvimento do aluno seja de forma positiva ou negativa. O aluno passa por mudanças ao longo de sua formação, e quando o método envolve o aluno, direciona, ele consegue ter domínio do conteúdo, isso pode ser alcançado por meio da leitura porque o aluno conhece e busca a solução de suas dúvidas. O ensino da leitura é um empreendimento de risco se não estiver fundamentado numa concepção teórica firme sobre os aspectos cognitivos envolvidos na compreensão de texto. Tal ensino, pode facilmente desembocar na exigência de mera reprodução das vozes de outros leitores, mais experientes ou mais poderosos do que o aluno (KLEIMAN, 1998, p. 61). Nota-se assim, a importância da formação de alunos críticos que saibam ler e compreender o uso social do texto lido. O cidadão hoje precisa ter uma formação que o prepare para uma sociedade que está em constante mudança, dando a ele meios para se defender de forma justas de argumentos a eles impostos. O uso frequente de leituras é necessário hoje para a vida em sociedade. Sabe-se que não basta apenas saber ler ou escrever, é preciso compreender o que se lê, e saber fazer uso dessa linguagem, pois além da decodificação, o sujeito leitor tem uma responsabilidade, que é, interpretar, interagir e posicionar-se em relação àquilo que está sendo lido. Toda escola pública ou privada constitui, por excelência, um centro formador de leitores. (VEDOOTTO, 2007). Percebe-se então que a orientação dos alunos é papel da escola, cabe a ela, enquanto instituição formadora de opiniões e do próprio cidadão, trabalhar no aluno, desde cedo as competências para a leitura, formando assim leitores críticos e autônomos. Sendo assim o letramento apresenta-se como uma ferramenta fundamental para a formação de um cidadão crítico e autônomo, pois a leitura e a utilização desta no seu dia a dia é requisito básico para um indivíduo que realmente está inserido na sociedade atual a partir da percepção de sua realidade, reconhecimento de sua cultura e de sua posição e função social como cidadão, pois não se formam pessoas letradas sem a leitura, e levando em consideração que o ensino, em todos os níveis, precisa olhar para as atividades realizadas pelos sujeitos tanto dentro como fora da 7

escola, ficando visível que a escola tem de possibilitar aos alunos melhor compreensão dos textos orais e escritos que circulam em seu dia-a-dia. REFERÊNCIAS ALBUQUERQUE, E. B. C.; LEAL T. F. A alfabetização de jovens e adultos em uma perspectiva de letramento- Belo Horizonte: Autentica, 2004. ALVES, Rubem. A alegria de ensinar. São Paulo: Ars Poética, 1994. ARANTES, Valéria Amorim (org). et al. Afetividades na Escola, Alternativas Teóricas e Práticas. São Paulo: Summus Editorial, 2003. CARVALHO, Marlene. Alfabetizar e Letrar: um diálogo entre a teoria e a prática. Petrópolis, Vozes, 2005. DEMO, Pedro. O porvir: desafios da linguagem do século XXI. Curitiba, PR: Ibpex, 2007. FERREIRO, E. e TEBEROSKY, A. Psicogênese da Língua Escrita. Porto Alegre: Artes Médicas Sul, 1985. FREIRE, Paulo. Pedagogia da autonomia: saberes necessários à prática educativa. São Paulo, Paz e Terra, 1996. FREIRE, Paulo. A importância do ato de ler: em três artigos que se completam 23. Ed. São Paulo: Cortez, 1989. GIL, Antonio Carlos. Como elaborar projetos de pesquisa. São Paulo, Atlas, 2007. GROSSI, E. P. Alfabetização em classes populares: didática do nível pré-silábico. São Paulo: SE/CENP, 1985. GROSSI, E. P. Didática do nível silábico. São Paulo: Paz e Terra, 1995. HOLANDA, Aurélio Buarque de: Novo Dicionário - Ed. Nova Fronteira 1983 8

KLEIMAN, Ângela B. (org.). Os Significados do Letramento uma nova perspectiva sobre a prática social da escrita. Campinas, São Paulo: Mercado das Letras, 1995. KLEIMAN, Ângela B. Oficina de leitura: Teoria e Prática. 6ª ed. Campinas, SP: Pontes, 1998. KUENZER, Acácia (Org.). Ensino Médio: Construindo uma proposta para os que vivem do trabalho. Cortez, 2002. SOARES, Magda. Letramento: um tema em três gêneros. Belo Horizonte: Autêntica, 2003. VASCONCELLOS, Celso do S. Construção do Conhecimento em Sala de Aula. Ed. 4. São Paulo: Libertad, 2002. VEDOOTTO, Deise de Oliveira. A formação do leitor crítico. Disponível em: http://www.webartigos.com/artigos/formacao-de-leitores-criticos/ publicado em 2007. Acesso em: 20 de Agosto de 2013. 9