RELATÓRIO DE CONJUNTURA: GÁS e TERMOELÉTRICAS

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Transcrição:

RELATÓRIO DE CONJUNTURA: GÁS e TERMOELÉTRICAS JULHO DE 2009 Nivalde J. de Castro Raul Ramos Timponi PROJETO PROVEDOR DE INFORMAÇÕES ECONÔMICAS FINANCEIRAS DO SETOR ELÉTRICO 1

PROJETO PROVEDOR DE INFORMAÇÕES SOBRE O SETOR ELÉTRICO RELATÓRIO MENSAL ACOMPANHAMENTO da CONJUNTURA: GÁS e TERMOELÉTRICAS JULHO de 2009 Nivalde J. de Castro Raul Ramos Timponi PROJETO PROVEDOR DE INFORMAÇÕES ECONÔMICO-FINANCEIRAS DO SETOR ELÉTRICO 2

Índice: SUMÁRIO EXECUTIVO...4 1 NOVOS EMPREENDIMENTOS, PARALISAÇÕES, PROJETOS DE INFRA- ESTRUTURA...5 2 DESCOBERTAS, EXPLORAÇÃO E PRODUÇÃO DE GÁS NATURAL...7 3 CONSUMO DE GÁS NATURAL...8 4 PREÇOS E LEILÕES DE GÁS NATURAL...10 5 LEILÕES DE ENERGIA ELÉTRICA...11 6 ASPECTOS INSTITUCIONAIS...12 Relatório Mensal de Acompanhamento da Conjuntura de Gás e Termoelétricas (1) Nivalde J. de Castro (2) Raul Ramos Timponi (3) (1) Participaram da elaboração deste relatório como pesquisadores Roberto Brandão, Bruna de Souza Turques, Rafhael dos Santos Resende, Diogo Chauke de Souza Magalhães, Débora de Melo Cunha e Luciano Análio Ribeiro. (2) Professor do Instituto de Economia - UFRJ e coordenador do Grupo de Estudos do Setor Elétrico. (3) Pesquisador do GESEL-IE-UFRJ 3

RELATÓRIO MENSAL - ACOMPANHAMENTO da CONJUNTURA: GÁS e TERMOELÉTRICAS SUMÁRIO EXECUTIVO O setor de Gás & Energia cresce a passos largos no país, vislumbrando um futuro ainda mais promissor. Sem esgotar as razões disso, pode-se citar a transformação latente da matriz elétrica brasileira, onde a geração térmica assume um importante papel, e a recém descoberta da vocação do país para exploração de gás natural (GN) em quantidades surpreendentes. Logo, entender o futuro do Setor Elétrico Brasileiro passa inexoravelmente pelo estudo sistemático deste importante setor. Assim, este relatório está esquematizado em seis grupos de assuntos relacionados ao setor de Gás e às usinas termelétricas. São eles: i) novos empreendimentos; ii) novas descobertas e oferta de GN; iii) consumo de GN; iv) leilões e preços de GN; v) leilões de energia elétrica e, por fim, v) aspectos institucionais. 4

1 NOVOS EMPREENDIMENTOS, PARALISAÇÕES, PROJETOS DE INFRA- ESTRUTURA Durante o mês de julho tivemos a mudança de regime de exploração de algumas usinas térmicas, conversão de outras, antecipações de despacho, entre outras deliberações da Aneel acerca dos futuros empreendimentos termelétricos, como mostra a tabela nº. 1. Projeto Tabela nº. 1 - Inaugurações e futuros empreendimentos termelétricos (a partir de 30 MW) Grupo Potência (MW) Garantia física (MW) Combustível Localização Informações Início operação Termopower V Termopower VI Multiner e A&G Energia 200,8 109,2 200,8 109,2 Óleo combustível Cabo de Sto. Agostinho (PE) Cabo de Sto. Agostinho (PE) Autorização para implantar e explorar as UTE s jan/2013 Pernambuco III 200,8 109,2 Igarassu (PE) 7 UTE s Enguia - 95,1 - Ceará Pecém I Santa Terezinha Paranacity EDP e MPX Energia 720 - Carvão Caucaia - CE - 46 - - Paranacity - PR Santo Inácio - 35 - - Maracanaú II Porto do Pecém II 5 UTE s 2 UTE s Lambari Geradora de Energia MPX 360 - Carvão Cia. Energética Potiguar, Termomanus e Brentech Energia Baixada Santista Energia Santo Inácio - PR Perdeu autorização para atuar como PIE por inadimplência de R$ 5,3 milhões Antecipação da operação em 3 meses Autorizou o início da operação em teste Liberação para funcionamento - out/2011 - jul/2009 73,7 - Óleo combustível Pecém - CE - Enquadramento no REIDI 1 São Gonçalo do 2012 Amarante - CE 523,5 - Óleo combustível - 272 - Gás São Paulo Prorrogação da operação comercial por tempo determinado Autorização de início da operação comercial - - 1 Regime Especial de Incentivos para o Desenvolvimento da Infraestrutura. Sob esse regime, a empresa fica isenta do pagamento do PIS/Pasep e do Cofins do empreendimento pelo período de cinco anos contados a partir da inclusão no projeto. 5

Ao longo do mês, foi realizada audiência pública para discutir a instalação da termelétrica a gás natural Rio Grande e do terminal de regaseificação de GNL Tergás. A audiência é um dos passos para a concessão da licença prévia para a implantação do empreendimento e qualificação do projeto junto à EPE e ao MME para a participação no leilão de energia nova A-5, que será realizado este ano. A previsão para entrada em operação da usina é de quatro anos após a obtenção das licenças ambientais e da venda nos leilões. A térmica terá capacidade instalada de 1.280 MW, com geração em turbinas a gás e a vapor e consumo de gás estimado em 5,2 milhões de m³/dia. A capacidade de estocagem inicial será de dois tanques de 125 mil m³/dia de GNL cada e capacidade de regaseificação inicial de 6 milhões de m³/dia. Quanto ao novo grande empreendimento nuclear Angra 3 (1,350 MW), a repercussão ao longo do mês foi intensa. Cabe aqui ressaltar alguns entraves importantes que ainda se colocam na retomada das obras da usina, assim como, no Programa Nuclear Brasileiro. Além da construção de Angra 3, planeja-se até 2030, a construção de outras 4 usinas nucleares com capacidades instaladas de 1.000 MW cada. Não caminhamos para um parque nuclear tão robusto quanto o coreano ou o chinês, mas definitivamente a energia nuclear terá maior relevância na matriz elétrica brasileira. Dessa forma, a expectativa é que já em fins de 2014 a construção de Angra 3 se conclua. Para isso, alguns entraves e obstáculos se colocam. Primeiramente, quanto à questão ambiental, apesar da licença pelo uso do solo já ter sido resolvida entre Eletronuclear e a prefeitura de Angra dos Reis, segue a indefinição quanto ao local dos depósitos de longo prazo para o combustível da usina. Questões de auditagem também representam barreiras ao projeto, visto a exigência do TCU de que a Eletronuclear diminua em cerca de R$ 120 milhões seu contrato com empreiteira Andrade Gutierrez para que as obras sejam retomadas. Outro ponto importante é quanto a necessidade de capacitação profissional para o setor nuclear. A mãode-obra atual garante a construção eficiente e segura da usina Angra 3, mas para os projetos de usinas futuras a disponibilidade de pessoal qualificado está comprometida. Por fim, uma boa notícia: através da exploração da jazida de Itataia (Santa Quitéria - CE) a partir de 2012, a produção brasileira de concentrado de urânio irá quadruplicar, permitindo que a demanda das novas usinas a serem construídas seja atendida. 6

2 DESCOBERTAS, EXPLORAÇÃO E PRODUÇÃO DE GÁS NATURAL A petroleira italiana Eni encontrou indícios de gás natural no bloco BM-S-4, na Bacia de Santos, no campo de Mexilhão, após atingir com a perfuração a profundidade de 6.080 metros, em lâmina d'água de 327,3 metros. Esta é a sexta vez que a companhia comunica a ANP a existência de gás na área. A produção tem data de início para o ano que vem, com capacidade de até 15 bilhões m³/dia. Em outro bloco, arrematado por um consórcio constituído pela Companhia de Desenvolvimento Econômico de Minas Gerais (Codemig), com 49% de participação, a Orteng (30%), a Delp (11%) e a Comp (10%) para exploração de gás, anunciou-se a perfuração do primeiro poço para a exploração de gás na Bacia do Rio São Francisco. As operações serão iniciadas em setembro deste ano, no bloco 132, a oeste da Represa de Três Marias, com investimento estimado em R$ 10 milhões. Até agora com geoquímica de superfície e aquisição de sísmica gastou-se cerca de R$ 9 milhões. Já a Shell começou a produzir em sua segunda área de petróleo e gás natural no Brasil, agora no Parque das Conchas (antigo BC-10), cujo pico de produção diária será atingido no início de 2010. A plataforma flutuante instalada para receber os quatro campos da região tem capacidade para produzir 1,42 milhão de m³ de gás natural por dia. O novo projeto inaugura no Brasil o uso de tecnologia que separa o gás natural do petróleo no fundo do mar - os produtos são levados por dutos diferentes até a FPSO (Floating Production Storage and Offloading). A Petrobras paralisou no início do mês o teste de longa duração (TLD) de Tupi por causa de um defeito de fabricação nos parafusos de fixação da árvore de natal molhada. Com o problema, a produção de Tupi vai parar durante 90 a 120 dias, o que é um tempo longo apesar de não ter importância em termos de volume, já que ali estão sendo produzidos apenas 14 mil barris/dia, em média, o que é pouco perto de 2 milhões de barris/dia que a Petrobras produz no país. Uma importante parceria foi confirmada em julho. Petrobras e Vale serão sócias na exploração e posterior desenvolvimento do bloco BM-ES-22, localizado no norte da Bacia do Espírito Santo. A região tem alto potencial de gás natural, um setor onde a Vale pretende neste ano quadriplicar seus investimentos. A empresa alega é que a parceria é estritamente voltada para a área exploratória e não trata de qualquer contrato para a venda exclusiva de gás para a Vale. 7

Segundo a Petrobras, a produção de gás natural em campos nacionais permaneceu estável em junho passado. Foram produzidos 52 milhões de metros cúbicos diários. No exterior, a produção aumentou 5,2% em relação a maio e 4,7% sobre o mesmo período anterior, atingindo 18 milhões de m³/dia. O desempenho fora do país deve-se a normalização da produção na Argentina, que havia sido paralisada em maio. Gráfico nº. 1 Oferta Interna de Gás Natural Fonte: Boletim Mensal de Acompanhamento da Indústria de Gás Natural, julho/2009. 3 CONSUMO DE GÁS NATURAL De acordo com a Abegás, o volume comercializado do produto foi de 40,6 milhões de metros cúbicos por dia em junho de 2009, 2,09% inferior aos 41,5 milhões de m³/dia comercializados no mês de maio deste ano. O setor industrial responsável por 54,41% do consumo de gás natural no país viu sua demanda aumentar 5,74%, o que significa que um aumento de 1,2 milhões de metros cúbicos por dia. A demanda das residências cresceu 7,46%. 8

Contudo, o setor de geração elétrica foi o setor que influenciou no resultado negativo do mês, já que as térmicas consumiram menos 2,1 milhões de metros cúbicos por dia, o que representa uma queda de 20,43%. Isso ocorre devido ao nível dos reservatórios em patamares extremamente seguros, privilegiando a geração hídrica. Outro setor que apresentou retração foi o de co-geração, com 1,31% consumido a menos em junho. Em meados do mês, a Shell entregou o primeiro carregamento de GNL à Petrobras. Foram enviados 135 mil metros cúbicos de GNL ao terminal de regaseificação de Pecém, no Ceará. Assinado pelas empresas em março do ano passado, o acordo pretende atender os terminais de regaseificação da Petrobras. O objetivo é prover parte da capacidade de importação da estatal e garantir o fornecimento de gás para geração térmica. No Gráfico nº. 2, o consumo médio de 2009 (até junho) de GN segmentado por classes de consumidores é destacado. Ressalta-se aí a participação do setor industrial, o de geração elétrica e o automotivo que juntos somam mais de 80% do total. Gráfico nº. 2 - Consumo de Gás Natural por Setor Fonte: Boletim Mensal de Acompanhamento da Indústria de Gás Natural, julho/2009. Já no Gráfico nº. 3 a seguir, uma interessante ilustração da composição da destinação do gás natural produzido no país. Vale notar que o consumo deste energético no próprio segmento upstream da cadeia do petróleo (reinjeção, consumo nas UPGN s e unidades de E&P), é bastante significativo. 9

Gráfico nº. 3 - Destinação do Gás Natural Nacional Fonte: Boletim Mensal de Acompanhamento da Indústria de Gás Natural, julho/2009. 4 PREÇOS E LEILÕES DE GÁS NATURAL A Petrobrás fez ao longo do mês um novo leilão de curto prazo para venda de gás natural, com entregas para agosto e setembro. Esse será o quarto leilão da companhia, que tem como objetivo viabilizar um mercado para o gás que não está sendo consumido hoje por causa da redução da atividade econômica, por conta da crise, e da menor demanda das térmicas, pelo maior uso das hidrelétricas. A companhia comercializou 5,12 milhões de m³/dia de gás natural para entrega nos meses de maio, junho e julho nos três leilões realizados para disponibilizar ao mercado de curto prazo a sobreoferta do energético. As negociações deste 4º leilão foram as que registraram maior volume de vendas, desde que a empresa iniciou a modalidade de contratos de curto prazo, em abril. No leilão para entrega em agosto, foram comercializados 46,7% do total ofertado. Para setembro, o volume foi 5,852 milhões 10

de m³ por dia. O preço médio de venda para entrega em agosto foi de US$ 4,66 por milhão de BTU, o que correspondente a uma redução de 36,4% sobre o valor médio dos contratos em vigor com as distribuidoras. Para entrega em setembro, o preço médio foi de US$ 4,63, uma redução média de 36%. A Sulgás, distribuidora de gás natural controlada pelo governo do Rio Grande do Sul, anunciou redução de 5,5% nos preços cobrados dos consumidores industriais, comerciais e de cogeração de energia no Estado. A queda foi possível graças à desvalorização do dólar no último trimestre (o preço do gás, conforme destaca o governo estadual, é vinculado à variação mensal do dólar e à cotação da cesta de óleos praticada no mercado internacional). Em abril a empresa já havia promovido um corte de 10,1% nos preços, inclusive para o gás natural veicular, que agora teve redução de R$ 0,15 por metro cúbico (ou 8%) como parte de um programa para incentivar o uso do combustível. A exemplo da distribuidora do RS, o preço do gás no Paraná recebeu desconto de 10%, a partir do primeiro dia do mês de julho. O ajuste vale para os segmentos industrial e veicular atendidos pela Compagas. A ação segue a política do governo paranaense de redução nas tarifas públicas. Dos 10% de redução do preço, 5% para os clientes com pagamento e contrato em dia e 5% até 31 de dezembro para todos os clientes. De acordo com o governo do Paraná, as tarifas cobradas pela Compagas são as mesmas desde julho de 2006. A redução do consumo, fruto principalmente do alto preço de custo da commodity segundo a Abegás, observa-se um substancial aumento na queima de gás nos flares, que representa hoje mais de 22%. Segundo a Associação, é necessário que seja avaliada esta política de preços de custo do Gás Natural, já que leilões de curto prazo não estimulam o consumo. 5 LEILÕES DE ENERGIA ELÉTRICA Ao todo 54 projetos a gás foram cadastrados para o primeiro leilão de energia nova deste ano (final de agosto), com um potencial de gerar mais de 11 mil MW de energia, sinal de que a oferta do combustível tende a se estabilizar. Vários empreendimentos já têm a garantia de fornecimento do gás dada pela Petrobras. Neste ano a EPE estabeleceu CVU s proibitivos (no máximo R$ 200/MWh) que acabaram inibindo a oferta de térmicas a óleo. 11

A Aneel aprovou ontem o edital para o leilão A-3, que acontece em 27 de agosto. O preçoteto foi definido em R$ 144 por MWh para hidrelétricas e em R$ 146 por MWh para usinas de outras fontes. O leilão é direcionado a novos empreendimentos de geração do SIN ainda não outorgados. Alguns tipos de projetos terão desvantegam com o leilão desenhado dessa maneira. Não reconhecidas as externalidades da bioeletricidade, este será um exemplo, pois foi colocada no mesmo patamar de outras fontes térmicas já que o preço-teto é o mesmo, de R$ 146/MWh. Com um CVU fixado em R$ 200 por MWh, o leilão deve acabar sendo bastante atraente para as térmicas a gás. 6 ASPECTOS INSTITUCIONAIS Apesar do prazo de 90 dias para a regulamentação da Lei do Gás (11.909/2009) ter expirado, o governo ainda trabalha na regulamentação do decreto. A primeira minuta do decreto já foi disponibilizada aos agentes, que encaminharam sugestões e comentários aos técnicos do MME, que, no momento, está trabalhando na consolidação das sugestões para elaborar a versão final do texto. O decreto detalha aspectos introduzidos para o marco legal do setor, como a concessão para serviços de transporte, a criação da figura do autoprodutor, autoimportador e consumidor livre de gás, o acesso regulamentado aos gasodutos, o planejamento da expansão da malha de transporte e o tratamento legal a ser dado em aspectos da contingência do suprimento. Uma nova proposta de resolução do Conselho Nacional do Meio Ambiente pode eliminar a obrigatoriedade de implementação, por térmicas a combustíveis fósseis, de usinas movidas a fontes renováveis. Caso vigore, a medida determinará que essas termelétricas compensem o equivalente a 50% do total das emissões geradas ao longo da vida útil através de programas de reflorestamento. A proposta é mais flexível do que a estabelecida pela Instrução Normativa nº 7, do Ibama, discutida em Relatórios anteriores. 12