INOVAÇÕES EM BIOTECNOLOGIA E NANOTECNOLOGIA NO BRASIL A PARTIR DA PINTEC 2011 Moises Israel Belchior de Andrade Coelho (UEA) moises.acoelho@gmail.com Renata Syallen de Sousa Veiga (UFAM) renatasyallen@gmail.com Este trabalho tem como objetivo analisar os resultados das empresas que implementaram inovações em produtos e/ou processos em atividades de biotecnologia e nanotecnologia no Brasil, no período de 2009 a 2011 de acordo com a PINTEC 2011. Do ponto de vista metodológico, esta pesquisa caracteriza-se como quantitativa, descritiva e documental. A delimitação do universo englobou as empresas que implementaram inovações em biotecnologia e nanotecnologia no estudo do IBGE. Os resultados indicam que as empresas que realizaram atividades em biotecnologia e nanotecnologia são mais inovadoras do que a média nacional e as conclusões demonstram que essas áreas são altamente inovadoras apesar das concentrações regionais. A relevância da pesquisa está em fornecer um panorama das empresas brasileiras que inovaram em atividades de biotecnologia e nanotecnologia de forma a auxiliar na criação de cenários em nível local, regional e nacional. Palavras-chave: Inovação; Biotecnologia; Nanotecnologia; PINTEC; Brasil.
INTRODUÇÃO A moderna biotecnologia se caracteriza pela complexidade e sofisticação de seus métodos, pelo emprego de enfoques multidisciplinares, bem como, pelos altos custos envolvidos nas pesquisas. Além da base tecnológica exigida é inquestionável a necessidade de uma gestão diferenciada para tornar a biotecnologia competitiva (AUCÉLIO & SANT ANA, 2006). Segundo a OECD (2006) a biotecnologia corresponde à aplicação da ciência e da tecnologia para gerar organismos, ou partes destes, produtos e mesmos modelos, com a finalidade de alterar os seres vivos ou materiais de origem biológica destinados à geração de conhecimento, bens e serviços. No caso da nanotecnologia, especula-se que tornará os processos de produção mais baratos, menos danosos ao meio ambiente e com menor consumo de energia, mesmo nas indústrias tradicionais, oferecendo produtos mais funcionais e com maior valor agregado. A percepção de que a nanotecnologia e a nanociência representam um novo patamar de conhecimento levou países líderes, tais como EUA, Japão e Comunidade Europeia, a desenhar iniciativas nacionais ou regionais de incentivo e de financiamento privilegiado para a área objetivando novos patamares de competitividade de suas empresas (ABDI, 2010a). Neste contexto de crescimento da importância estratégica em nível regional e nacional das ações em biotecnologia e nanotecnologia, a última edição da Pesquisa de Inovação Tecnológica (PINTEC) trouxe como novidade a avaliação das atividades inovativas em biotecnologia e nanotecnologia no Brasil. Sendo assim, este trabalho tem como objetivo analisar os resultados das empresas que implementaram inovações em produtos e/ou processos em atividades de biotecnologia e nanotecnologia no Brasil, no período de 2009 a 2011 de acordo com a PINTEC 2011. O trabalho está estruturado em três partes: a primeira trata de uma revisão da literatura relacionada aos indicadores de inovação e biotecnologia/nanotecnologia; na segunda parte ocorre a descrição da metodologia; e por fim, na terceira parte apresentam-se os resultados, a discussão, as considerações finais e as referências. 1. REVISÃO DA LITERATURA 2
1.1 INDICADORES DE INOVAÇÃO No início da década de 60, os indicadores de desenvolvimento da OECD (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico) possuíam foco na relação entre pesquisa e desenvolvimento, este quadro se alterou nos últimos 20 anos tendo a discussão se ampliado para trabalhos nas áreas de inovação; propriedade intelectual; medidas para a gestão do conhecimento e programas governamentais de apoio direto e indireto a tecnologia e pesquisa e desenvolvimento P&D (GAULT, 2011). Os indicadores de CT&I tem se tornado um ingrediente essencial nas pesquisas com foco nos modos de operação dos subsistemas de CT&I e suas relações com o amplo sistema social. A insatisfação com os indicadores de P&D foi a base para o sucesso no desenvolvimento de novos indicadores de output de CT&I dentro do quadro do Manual de Oslo (1992) em conjunto com as diferentes ondas de surveys ocorridas no início da década de 90 por diferentes atores, como União europeia na aplicação do Comunnity Innovation Survey (CIS), por exemplo (FREEMAN & SOETE, 2007). O primeiro CIS ocorreu em 1993 com o objetivo de ser uma grande fonte de dados de novas inovações na época. A proposta do CIS e de outros surveys de inovação baseou-se na primeira edição do Manual de Oslo e buscava a superação de algumas limitações dos tradicionais questionários de P&D. Eles possuíam duas metas principais, uma era providenciar dados de atividades de inovação, que não eram contempladas em P&D, e outra era providenciar medidas de saídas de inovação (ARUNDEL, 2007). Outro exemplo de survey chama-se Nordic Innovation Monitor, esse instrumento mede a capacidade de inovação dos países da OECD e evidencia áreas onde a inovação precisa ser fortalecida. Acredita-se que para ter um grande impacto na capacidade de inovação quatro condições estruturais são necessárias: (1) recursos humanos; (2) criação de conhecimento; (3) inovação e comunicação tecnológica (TICs); e (4) empreendedorismo. O Nordic Innovation Monitor mede a força das quatro condições, bem como de seus outputs (NORDEN, 2009). A inovação tem se tornado uma política prioritária em muitos países apoiados pelas estratégias nacionais e grandes orçamentos. Posteriormente, a inovação tomou um papel 3
central e muitos governos têm estabelecido ministérios, departamentos e escritórios para apoiar estudos, integração e implementação de políticas de inovação. Com o intuito de avaliar a efetividade das intervenções governamentais, vários índices de inovação tem sido desenvolvidos nos últimos anos para medir o desempenho de inovação em nível nacional e sub-nacional (MAHROUM & ASALEH, 2012). No caso do Brasil, em 2001 o IBGE firmou convênio com a Financiadora de Estudos e Projetos (FINEP) para a realização da primeira Pesquisa de Inovação Tecnológica (PINTEC) que resultou em um grupo de trabalho formado por representantes do IBGE, do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação e da FINEP (IBGE, 2002). A PINTEC tem por objetivo a construção de indicadores nacionais das atividades de inovação tecnológica nas empresas industriais brasileiras, em consonância com as metodologias internacionais em termos conceituais e metodológicos. O referencial conceitual e metodológico da pesquisa é o Manual de Oslo e o modelo utilizado pela EUROSTAT, Community Innovation Survey (CIS). O universo da pesquisa trata das empresas com dez ou mais pessoas ocupadas (IBGE, 2002). A primeira edição da pesquisa ocorreu em 2000 com dados relativos ao período de 1998 a 2000. A segunda edição (2003) avaliou os dados do período de 2001 a 2003, a terceira edição (2005) avaliou os dados de 2003 a 2005; a quarta edição (2008), avaliou os dados temporais do período de 2006 a 2008 e a quinta e última edição (2011) avaliou os dados entre os anos de 2009 e 2011 (IBGE, 2002; 2005; 2007; 2010; 2013). Como diferencial, a terceira edição da PINTEC (2005) passou a avaliar as atividades relacionadas aos serviços na qual se incluem as telecomunicações, as atividades de informática e os serviços relacionados a pesquisa e desenvolvimento (IBGE, 2007). Na edição de 2008 ocorreu uma ampliação das atividades de serviços avaliadas com a adição de serviços, tais como, edição e gravação de música; atividades dos serviços de tecnologia da informação; e tratamentos de dados, hospedagem na internet e outras atividades relacionadas IBGE (2010). Na edição de 2011 passou-se a avaliar as atividades inovativas em biotecnologia e nanotecnologia (IBGE, 2013). 4
1.2 BIOTECNOLOGIA E NANOTECNOLOGIA A multidisciplinaridade e a complexidade das atividades biotecnológicas levam-na à dispersão pelas mais variadas atividades econômicas. As atividades distribuem-se por um longo período de tempo desde a concepção da ideia original até a comercialização do produto final. Todos os estágios assim compreendidos muitas vezes totalizam dez a quinze anos de desenvolvimento, seja no caso de novas variedades vegetais seja no contexto do desenvolvimento de medicamentos para uso humano (FREITAS et al., 2013). A indústria biotecnológica é formada basicamente por laboratórios que ativamente testam novos produtos e processos. Seu potencial reside em desenvolver algo efetivo ou se sucesso, raramente comercializando-o diretamente, ou mais provavelmente, na forma de uma licença para uma empresa de porte bem maior (MACHADO, 2001). Visando o desenvolvimento biotecnológico é fundamental um ambiente apropriado fundamentado na pesquisa tecnológica básica e de impacto, incentivos para a criação de empresas embrionárias (startups), experiência para transformar o conhecimento em produtos, serviços e processos. (AUCÉLIO & SANT ANNA, 2006). Entre tantas inovações convergentes, a nanociência e a nanotecnologia surgem como alternativa para o estudo dos fenômenos e manipulação de materiais na escala atômica, molecular e macromolecular, quando as propriedades diferem daquelas observadas na escala macro e a realização do desenho, caracterização, produção de estruturas, peças e sistemas pelo controle do seu tamanho e forma na escala nanométrica, ou 10-9 (ABDI, 2010a). Em estudo, a Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial (ABDI) realizou estudo prospectivo com o objetivo de fornecer as bases para a estruturação de uma agenda INI-Nanotecnologia robusta. O resultado foi uma análise estruturada destacando as aplicações consideradas estratégicas para o país em três níveis: (1) apostas, referentes a tópicos que foram classificados como de alta sustentabilidade e cujos desenvolvimentos requerem alto grau de esforço, na grande maioria dos casos pelo estágio embrionário em que se encontram; (2) situação ideal, quando os tópicos são de alta sustentabilidade e seus desenvolvimentos requerem pouco esforço; e (3) situação desejável, quando os tópicos são de alta 5
sustentabilidade e seu desenvolvimento irá requerer um esforço médio (ABDI, 2010b). 2. METODOLOGIA 2.1 CARACTERIZAÇÃO DA PESQUISA Esta pesquisa caracteriza-se como quantitativa, do ponto de vista da abordagem do problema. Nesse tipo de pesquisa considera-se que tudo pode ser quantificável, ou seja, traduz em números opiniões e informações para classificá-las e analisá-las (SILVA & MENEZES, 2005). No que trata esta pesquisa, busca-se analisar setorialmente as empresas que realizaram inovações em biotecnologia e nanotecnologia no Brasil. Com relação aos objetivos, classifica-se como descritiva, pois tem como finalidade descrever as características de determinada população, fenômeno ou estabelecimento de relações entre variáveis (SILVA & MENEZES, 2005). No que tange o delineamento (design), a pesquisa caracteriza-se como documental (GIL, 2002) utilizando dados secundários quantitativos baseados na Pesquisa de Inovação Tecnológica (PINTEC) avaliando os resultados no período de 2009 a 2011. 2.3 MÉTODOS PARA COLETA DE DADOS O universo desta pesquisa foi composto por todas as empresas participantes da PINTEC no Brasil. A delimitação do universo englobou as empresas que implementaram inovações em biotecnologia e nanotecnologia no estudo do IBGE ao longo do período mencionado. O Quadro 1 apresenta os constructos e as métricas utilizadas no estudo. Quadro 1: Constructos e métricas do estudo Constructo Comportamento das empresas brasileiras que inovaram em atividades Métrica Taxa de inovação das empresas que desenvolveram atividades de biotecnologia e nanotecnologia no período de 2009 a 2011, por setor Consolidação do autor Figura 1 6
de biotecnologia e/ou nanotecnologia Taxa de inovação da indústria de transformação e serviços em biotecnologia no período de 2009 a 2011, por principais atividades Figura 2 Taxa de inovação da indústria de transformação e serviços em nanotecnologia no período de 2009 a 2011, por principais atividades Figura 3 Distribuição das empresas brasileiras que desempenharam atividades em Biotecnologia e Nanotecnologia no período de 2009 a 2011, por região Figura 4 Taxa de inovação de empresas que desenvolveram atividades em Biotecnologia, distribuídas por regiões, no período de 2009 a 2011 Figura 5 Uso da biotecnologia por empresas brasileiras com potencial de inovação Modos de uso da biotecnologia por empresas brasileiras que inovaram em biotecnologia no período de 2009 a 2011 (nº de empresas) Tabela 1 Modos de uso das empresas brasileiras que inovaram em biotecnologia, por região, no período de 2009 a 2011 (nº de empresas) Tabela 2 Taxa de inovação de empresas que desenvolveram atividades em Nanotecnologia, distribuídas por regiões, no período de 2009 a 2011 Figura 6 Uso da nanotecnologia por empresas brasileiras com potencial de inovação Modos de uso da nanotecnologia por empresas brasileiras que inovaram em nanotecnologia no período de 2009 a 2011 (nº de empresas) Tabela 3 Modos de uso das empresas brasileiras que inovaram em nanotecnologia, por região, no período de 2009 a 2011 (nº de empresas) Tabela 4 Elaboração: Autores. 2.4 MÉTODOS PARA ANÁLISE DE DADOS 7
Para análise dos relatórios, foi necessário o tratamento das informações disponibilizadas pelo IBGE de forma que estivessem alinhadas com os objetivos desse estudo. Essa análise foi feita em quatro etapas: 1. Consolidação das informações da última edição da PINTEC em única base de dados. Com isso, buscou-se organizar os dados de forma que apresentassem a mesma estrutura; 2. Obtenção das informações referentes aos resultados das áreas de biotecnologia e nanotecnologia dando origem a uma nova base de dados; 3. Organização das métricas com seus respectivos constructos (Quadro 1); 4. Tabulação e análise dos dados do Amazonas. Concluindo, no tratamento estatístico dos dados, optou-se por uma análise que permitisse uma adequada visualização por meio de figuras e tabelas. 3. RESULTADOS 3.1 COMPORTAMENTO DAS EMPRESAS BRASILEIRAS QUE INOVARAM EM ATIVIDADES DE BIOTECNOLOGIA E/OU NANOTECNOLOGIA De um universo de 128.699 empresas pesquisadas dos setores industriais (extrativas e transformação), serviços e eletricidade e gás, 35,7% lançaram produtos e/ou implementaram processos considerados novos ou bastantes aprimorados, dos quais 1.820 empresas (4%) declararam ter realizado alguma atividade relacionada ao uso, produção e pesquisa e desenvolvimento (PD&I) em biotecnologia, sendo que 65,1% delas foram inovadoras. Das 1.132 empresas (2,5%) que desenvolveram estas atividades para a nanotecnologia, 86,1% foram inovadoras. Nas empresas industriais (extrativas e transformação) que desenvolveram atividades de biotecnologia, a taxa de inovação foi de 63,3%, enquanto que nas empresas que 8
desenvolveram atividades de nanotecnologia a taxa de inovação apresentou um resultado melhor, na ordem de 86,2%. No setor de eletricidade e gás, a taxa de inovação das empresas que realizaram atividades em biotecnologia atingiu 100%, enquanto nas empresas que utilizaram nanotecnologia a taxa alcançou 67,4%. No caso dos serviços, as empresas que realizaram atividades em biotecnologia foram mais inovadoras com 97,3% do que aquelas que utilizaram nanotecnologia com 83,6% (Figura 1). Figura 1: Taxa de inovação das empresas que desenvolveram atividades de biotecnologia e nanotecnologia no período de 2009 a 2011, por setor. Dentre as empresas industriais que desenvolveram atividades de biotecnologia, cinco atividades da indústria de transformação se destacaram pela taxa de inovação, a saber: fabricação de produtos alimentícios (57,8%), fabricação de produtos químicos (87,4%), fabricação de artigos de borracha e plástico (96,1%) e a fabricação de produtos de minerais não-metálicos (96,3%), com destaque a fabricação de produtos químicos inorgânicos com 96,6%, conforme mostra a Figura 2. Em serviços, se destacaram os Serviços de arquitetura e engenharia, testes e análises técnicas (98,3%) e Pesquisa e desenvolvimento (93,8%). Figura 2: Taxa de inovação da indústria de transformação e serviços em biotecnologia no período de 2009 a 2011, por principais atividades. 9
Com relação às atividades de nanotecnologia, três atividades da indústria de transformação se destacaram como inovadoras, a saber: fabricação de artigos de borracha (57,3%), fabricação de produtos químicos (90,4%) e destaque para a fabricação de produtos de minerais não-metálicos com 100%. Em serviços, as atividades de Serviços de arquitetura e engenharia, testes e análises técnicas e Pesquisa e desenvolvimento se destacaram com 100% (Figura 3). Figura 3: Taxa de inovação da indústria de transformação e serviços em nanotecnologia no período de 2009 a 2011, por principais atividades. 10
Comparando a distribuição das empresas brasileiras que inovaram nessas áreas por regiões, a Região Sudeste se destaca como a mais inovadora com 49,4% em Biotecnologia e 57,1% em Nanotecnologia no que tange as empresas que desempenharam atividades inovativas nessas duas áreas. A Região Norte representa apenas 1,8% das empresas com atividades inovativas em biotecnologia e 0,6% em nanotecnologia em relação ao Brasil (Figura 4). Existe predominância de inovações em biotecnologia nas Regiões Nordeste, Centro- Oeste e Norte, ao passo que nas Regiões Sudeste e Sul acontecem o predomínio de inovações em nanotecnologia. Figura 4: Distribuição das empresas brasileiras que desempenharam atividades em Biotecnologia e Nanotecnologia no período de 2009 a 2011, por região. 3.2 USO DA BIOTECNOLOGIA POR EMPRESAS BRASILEIRAS COM POTENCIAL DE INOVAÇÃO A taxa de inovação das empresas que desenvolveram atividades em Biotecnologia no Brasil foi de 69,4% no período analisado, as regiões Norte (82%) e Centro-Oeste (81%) foram as mais inovadoras, seguidas pelo Nordeste (75%), Sudeste (66%) e Sul (43%). As Regiões Sul e Sudeste ficaram abaixo da média nacional. No caso da Região Norte, das 24 empresas que realizaram atividades em biotecnologia, 20 empresas implementaram inovações em produtos e/ou processos (Figura 5). 11
Figura 5: Taxa de inovação de empresas que desenvolveram atividades em Biotecnologia, distribuídas por regiões, no período de 2009 a 2011. A PINTEC 2011 investigou os modos de uso de biotecnologia (2009 a 2011), de forma a expressar o emprego da aplicabilidade do uso da biotecnologia nas empresas pesquisadas. Foram identificados quatro modos de uso: (a) usuário final (compreende a simples compra ou aquisição de produto acabado), (b) usuário integrador (refere-se à compra de insumos ou processos biotecnológicos para incorporar aos bens e serviços produzidos pelas empresas), (c) produtor (de insumos, produtos ou processos biotecnológicos que compreende a produção ou desenvolvimento da técnica de incorporação de insumos, produtos ou processos biotecnológicos) e (d) P&D (pesquisa e desenvolvimento de produtos, insumos ou processos biotecnológicos), que se distribuem nas empresas pesquisadas com potencial de inovação nas Indústrias, Eletricidade e gás, e nos Serviços que compõem o âmbito da pesquisa (IBGE, 2013). A Tabela 1 evidencia a predominância do modo de uso da biotecnologia para o usuário final nas indústrias de transformação e serviços e do modo de uso em pesquisa e desenvolvimento (P&D) nas indústrias extrativas e eletricidade e gás. Desta forma, tem-se a empregabilidade da biotecnologia voltada para a simples compra ou aquisição de produto acabado nas indústrias de transformação e serviços e o processo de P&D de produtos, insumos ou processos biotecnológicos nas indústrias extrativas e eletricidade e gás. 12
Tabela 1: Modos de uso da biotecnologia por empresas brasileiras que inovaram em biotecnologia no período de 2009 a 2011 (nº de empresas) Total Usuário final Usuário integrador Produtor P&D Indústrias extrativas 3 1 0 4 Indústrias de transformação 515 354 315 126 Eletricidade e gás 0 0 2 13 Serviços 65 5 10 18 Total 583 360 327 160 Quando relacionamos os modos de uso da biotecnologia distribuídos por região, a Região Sudeste demonstra um predomínio da utilização da biotecnologia no modo usuário integrador, na Região Centro-Oeste ocorre a predominância do tipo produtor e nas demais regiões para o modo usuário final (Tabela 2). Tabela 2: Modos de uso das empresas brasileiras que inovaram em biotecnologia, por região, no período de 2009 a 2011 (nº de empresas) Usuário final Usuário integrador Produtor Norte 8 6 0 6 Nordeste 164 77 24 3 P&D Sudeste 203 231 191 71 Sul 127 32 36 27 Centro-Oeste 16 8 64 22 3.3 USO DA NANOTECNOLOGIA POR EMPRESAS BRASILEIRAS COM POTENCIAL DE INOVAÇÃO 13
Com um resultado melhor em relação ao ramo da Biotecnologia, a Nanotecnologia obteve uma taxa de inovação de 86,2% no período 2009 a 2011, com o destaque nas regiões Sudeste (94,1%) e Centro-Oeste (94,1%), consideradas as mais inovadoras nessa área. A Região Nordeste (89,7%) alcançou resultado próximo à média nacional e as regiões Norte e Sul ficaram abaixo do resultado nacional. No caso da Região Norte, das oito empresas que realizaram atividades em nanotecnologia, cinco empresas implementaram inovações em produtos e/ou processos (Figura 6). Figura 6: Taxa de inovação de empresas que desenvolveram atividades em Nanotecnologia, distribuídas por regiões, no período de 2009 a 2011. Analogamente à área de biotecnologia, foram identificadas quatro modos de uso da nanotecnologia nas empresas pesquisadas: (a) usuário final (compreende a simples compra ou aquisição de produto acabado que emprega a nanotecnologia), (b) usuário integrador (referese à compra de insumos ou processos nanotecnológicos para incorporar aos bens e serviços produzidos pelas empresas), (c) produtor (de insumos, produtos ou processos nanotecnológicos que compreende a produção ou desenvolvimento da técnica de incorporação de insumos, produtos ou processos nanotecnológicos) e (d) P&D (pesquisa e desenvolvimento de produtos, insumos ou processos nanotecnológicos), que se distribuem nas empresas pesquisadas com potencial de inovação nas Indústrias, Eletricidade e gás, e dos Serviços que compõem o âmbito da pesquisa (IBGE, 2013). 14
A Tabela 3 evidencia a predominância do modo de uso da nanotecnologia para o usuário final nas indústrias de transformação e serviços e do modo de uso em pesquisa e desenvolvimento (P&D) nas indústrias extrativas e eletricidade e gás. Desta forma, tem-se a empregabilidade da nanotecnologia voltada para a simples compra ou aquisição de produto acabado nas indústrias de transformação e serviços e o processo de P&D de produtos, insumos ou processos nanotecnológicos nas indústrias extrativas e eletricidade e gás. Tabela 3: Modos de uso da nanotecnologia por empresas brasileiras que inovaram em nanotecnologia no período de 2009 a 2011 (nº de empresas) Usuário final Usuário integrador Produtor P&D Indústrias extrativas 1 1 1 5 Indústrias de transformação 555 315 62 112 Eletricidade e gás 0 0 2 4 Serviços 7 1 1 2 Total 563 317 66 123 Quando relacionamos os modos de uso da nanotecnologia distribuídos por região, com exceção da Região Norte, as demais demonstram um predomínio da utilização da nanotecnologia para o usuário final. Na Região Norte ocorre um equilíbrio entre as atividades para o usuário final e produtor (Tabela 4). Tabela 4: Modos de uso das empresas brasileiras que inovaram em nanotecnologia, por região, no período de 2009 a 2011 (nº de empresas) Usuário final Usuário integrador Produtor Norte 3 1 3 - Nordeste 120 19 14 4 P&D Sudeste 297 188 31 72 Sul 129 104 10 30 15
Centro-Oeste 7 3 4 10 CONCLUSÃO Este trabalho teve como objetivo analisar os resultados das empresas que implementaram inovações em produtos e/ou processos em atividades de biotecnologia e nanotecnologia no Brasil de acordo com a PINTEC 2011. Conclui-se que o objetivo da pesquisa foi alcançado a partir dos resultados e da discussão apresentada no trabalho. Entre os principais resultados encontrados destacam-se: (1) empresas que realizaram atividades em biotecnologia e nanotecnologia representam uma pequena parcela da pesquisa; (2) essas empresas são mais inovadoras do que a média nacional; (3) empresas que desenvolveram atividades em nanotecnologia são mais inovadoras do que as biotecnológicas; (4) serviços de arquitetura e engenharias, testes e análises técnicas se destacaram tanto nas atividades que mais desenvolveram inovações em biotecnologia quanto em nanotecnologia; e (5) quanto ao modo de uso, as empresas das duas áreas encontram-se em um estágio inicial a intermediário no processo de agregação de valor. Como limitações, a pesquisa tratou apenas dos resultados em nível nacional e regional. Como sugestões para pesquisas futuras, a metodologia possibilita a comparação entre regiões e UFs, portanto sugere-se a análise mais detalhada em nível regional e a caracterização em nível estadual. Concluindo, os resultados da PINTEC relativos às atividades de biotecnologia e nanotecnologia, demonstram áreas altamente inovadoras que ainda possuem pequena participação dentro da matriz produtiva brasileira dentro de um cenário de concentração geográfica na Região Sudeste. A relevância da pesquisa está em fornecer um panorama das empresas brasileiras que inovaram em atividades de bio e nanotecnologia de forma a auxiliar na criação de cenários em nível local, regional e nacional em áreas fundamentais para o desenvolvimento científico, tecnológico e econômico do país. 16
REFERÊNCIAS ABDI Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial. Panorama nanotecnologia. Brasília: ABDI, 2010a.. Estudo prospectivo nanotecnologia. Brasília: ABDI, 2010b. ARUNDEL, A. Innovation survey indicators: what impact on innovation policy? In: OECD - ORGANISATION FOR ECONOMIC CO-OPERATION AND DEVELOPMENT. Science, Technology and Innovation Indicators in a Changing World: Responding to Policy Needs. Paris: OECD, 2007. AUCÉLIO, J. G.; SANT ANA, P. J. P. Trinta anos de políticas públicas no Brasil para a área de biotecnologia. Parcerias Estratégicas, n. 23, pp. 251-68, Dez. 2006. FREITAS, R. E.; ANDRADE, I. O.; LOPES, G. O. Fundo setorial de biotecnologia: uma análise de contexto, operação e resultados. Texto para discussão 1806. Rio de Janeiro: IPEA, 2013. FREEMAN, C.; SOETE, L. Developing science, technology and innovation indicators: what can learn from the past. UNU-MERIT Working paper series 2007-001. Maastricht: UNU-MERIT, 2007. GAULT, F. Social impacts of the development of science, technology and innovation indicators. UNU-MERIT Working paper series 2011-008. Maastricht: UNU-MERIT, 2011. GIL, A. C. Como elaborar projetos de pesquisa. 4. ed. São Paulo: Atlas, 2002. IBGE INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA ESTATÍSTICA. Pesquisa de inovação tecnológica. Rio de Janeiro: IBGE, 2002.. Pesquisa de inovação tecnológica. Rio de Janeiro: IBGE, 2005.. Pesquisa de inovação tecnológica. Rio de Janeiro: IBGE, 2007.. Pesquisa de inovação tecnológica. Rio de Janeiro: IBGE, 2010.. Pesquisa de inovação tecnológica. Rio de Janeiro: IBGE, 2013. MACHADO, J. A. Tendências futuras da biotecnologia: perspectivas para o setor industrial. 2001. Disponível em: <www.mct.gov.br/temas/biotec/tendencias%20_joaquim%20final_pdf>. Acesso em: março de 2013. MAHROUM, S.; ALSALEH, Y. Measuring innovation efficacy: an operational framework for mapping and measuring innovation capacity and performance of countries. INSEAD Working paper n 2012/05/INSEAD Innovation Policy Initiative. Disponível em SSRN: http://ssrn.com/abstract=1983185. Acesso: dezembro de 2012. NORDEN - NORDIC COUNCIL OF MINISTERS. Nordic Innovation Monitor 2009. Copenhagen: Norden, 2009. OECD ORGANISATION FOR ECONOMIC AND COOPERATION DEVELOPMENT. OECD biotechnology statistics. Paris: OECD Publishing, 2006. SILVA, E. L.; MENEZES, E. M. Metodologia da pesquisa e elaboração de dissertação. 4. ed. Florianópolis: UFSC, 2005. 17