A UTILIZAÇÃO DO MUSEU VIVO COMO RECURSO DIDÁTICO NO ENSINO DE HISTÓRIA

Documentos relacionados
A PRODUÇÃO DE PINTURAS RUPESTRES COMO RECURSO DIDÁTICO NO ENSINO DA PRÉ-HISTÓRIA

O USO SUSTENTÁVEL DA ÁGUA ATRAVÉS DA PRODUÇÃO DE PINTURAS RUPESTRES

A ARTE DE BRINCAR COMO MODO E PRÁTICA DE EDUCAR

UNIVERSIDADE ESTADUAL DE GOIÁS UNIDADE UNIVERSITÁRIA DE CIÊNCIAS SÓCIO-ECONÔMICAS E HUMANAS DE ANÁPOLIS

Conteúdos e Didática de História

Palavras-Chave: Gênero; Monografias; Ensino de História, Livro Didático.

3º INTEGRAR - Congresso Internacional de Arquivos, Bibliotecas, Centros de Documentação e Museus PRESERVAR PARA AS FUTURAS GERAÇÕES

VI Encontro Mineiro Sobre Investigação na Escola /II Seminário Institucional do PIBID-UNIUBE TITULO O FOLCLORE BRASILEIRO DENTRO DA EDUCAÇÃO

PROJETO BRINCANDO SE APRENDE

Plano de Trabalho Docente Ensino Técnico

VARIAÇÃO LINGUÍSTICA NA SALA DE AULA: UM RELATO DE EXPERIÊNCIAS NAS AULAS DE LÍNGUA PORTUGUESA

A UTILIZAÇÃO DE JOGOS DE TABULEIRO NA EVOLUÇÃO DA APRENDIZAGEM

História do Brasil revisitada

CIRANDA DE MOVIMENTOS E CANTIGAS- UMA PROPOSTA INTERDISCIPLINAR E.E. ALFREDO PAULINO

OBJETIVOS E CONTEÚDOS

O ENSINO DO GÊNERO TEXTUAL CARTA PESSOAL: UMA EXPERIÊNCIA EM SALA DE AULA

PLANO DE CURSO DISCIPLINA:História ÁREA DE ENSINO: Fundamental I SÉRIE/ANO: 3 ANO DESCRITORES CONTEÚDOS SUGESTÕES DE PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS

2- Tema: Uso e conservação da água Objetivos: Construir o conceito do uso racional da água; Compreender as mudanças de estado físico que permitem o

AS HISTÓRIAS EM QUADRINHOS NO PROCESSO DE ENSINO E APRENDIZAGEM: NO ENSINO DE HISTÓRIA

TÍTULO: A PRESENÇA DO PENSAMENTO POSITIVISTA NA HISTORIOGRAFIA BRASILEIRA E A SEUS IMPACTOS NA CONSTRUÇÃO DA MEMÓRIA NACIONAL

O TRABALHO DOCENTE COM CONTOS DE FADAS E SUAS CONTRIBUIÇÕES PARA A ELEVAÇÃO DA AUTOESTIMA E AUTOCONCEITO NO PROCESSO DE ENSINO E APRENDIZAGEM

PROGRAMA MUNICIPAL DE EDUCAÇÃO FISCAL. PROJETO: CIDADANIA: APRENDENDO PARA A VIDA Profª Medianeira Garcia Geografia

SUGESTÕES DE AVALIAÇÃO

ENSINO PRÁTICO E TEÓRICO DE FUNDAMENTOS DA BIOLOGIA CELULAR

Universidade Federal Fluminense Curso de Graduação em História Disciplina Professor Responsável Carga Horária Dia/Horário Proposta:

A PRESENÇA DE EXPERIMENTOS ENVOLVENDO MÁQUINAS TÉRMICAS NOS LIVROS DE ENSINO MEDIO

CURRÍCULO MÍNIMO 2013

Leônidas Siqueira Duarte 1 Universidade Estadual da Paraíba UEPB / leonidas.duarte@hotmail.com 1. INTRODUÇÃO

MATEMÁTICA ATRAENTE: A APLICAÇÃO DE JOGOS COMO INSTRUMENTO DO PIBID NA APRENDIZAGEM MATEMÁTICA

ORGANIZAÇÃO DO TRABALHO PEDAGÓGICO

PLANO DE CURSO DISCIPLINA:Geografia ÁREA DE ENSINO: Fundamental I SÉRIE/ANO: 3 ANO DESCRITORES CONTEÚDOS SUGESTÕES DE PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS

UM ESTUDO SOBRE AS FORMAS GEOMÉTRICAS EM NOSSO COTIDIANO. Instituto de Ciências Exatas da Universidade Federal de Minas Gerais

DESENVOLVENDO A HABILIDADE CRÍTICA DO ALUNO SOBRE OS 4RS (REPENSAR, REUSAR, REUTILIZAR, RECICLAR) ATRAVÉS DE UMA SEQUÊNCIA DIDÁTICA

ESTRUTURA, FORMATO E OBJETIVOS DA ESCOLA DE PROFESSORES DO ENSINO MÉDIO (EPEM)

A BIBLIOTECA ESCOLAR: LOCALIZANDO O ESPAÇO DO LIVRO INFANTIL NA ESCOLA PÚBLICA EM HUMAITÁ

DIFICULDADES ENCONTRADAS PELOS ALUNOS EM RESOLVER QUESTÕES DE PROBABILIDADE

PLANO DE ENSINO DADOS DO COMPONENTE CURRICULAR HISTÓRIA

PROGRAMA DE DISCIPLINA

O ENSINO DE HISTÓRIA DURANTE REGIMES: CIVIL-MILITAR E O DEMOCRÁTICO

Estratégias de ensino que facilitam a aprendizagem dos alunos. Perspectivas e dilemas Professora Dra. Elena Mabel Brutten DEPED/CCSA

PALAVRAS-CHAVE Inglês como Língua Franca. World English. Ensino/Aprendizagem.

PLANEJAMENTO 2º TRIMESTRE

Palavras-chave: Subprojeto PIBID da Licenciatura em Matemática, Laboratório de Educação Matemática, Formação de professores.

EDUCAÇÃO INFANTIL: UM CAMPO A INVESTIGAR. Leila Nogueira Teixeira, Msc. Ensino de Ciências na Amazônia Especialista em Educação Infantil

O SABER-FAZER DO ARQUIVISTA-EDUCADOR: REFLEXÕES SOBRE O CURSO DE AUXILIAR DE ARQUIVO DO PRONATEC/JOÃO PESSOA

PROGRAMA FORMAÇÃO PARA A DOCÊNCIA NO ENSINO SUPERIOR CURSO DOCÊNCIA NO ENSINO SUPERIOR ESTÁGIO PROBATÓRIO

PLANO DE ENSINO DADOS DO COMPONENTE CURRICULAR HISTÓRIA TÉCNICO EM AGROPECUÁRIA INTEGRADO 2º ANO

UTILIZANDO MÉTODOS DIFERENCIADOS A FAVOR DO ENSINO DA MATEMÁTICA. GT 02 Educação Matemática no Ensino Médio e Ensino Superior

O ENSINO E APRENDIZADO DE NÚMEROS DECIMAIS SIMULANDO UM MERCADO

O uso de histórias em quadrinhos na aula de Língua Inglesa: um relato do projeto Histórias em Quadrinhos - Leitura e Ação.

Adaptação Curricular: Jogos sensoriais- Descobrindo sensações e movimentos E.E.Alfredo Paulino

INCLUINDO A EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS (EJA) NO PROCESSO DE INSERÇÃO DAS TECNOLOGIAS DA INFORMAÇÃO E COMUNICAÇÃO (TICs) NO CONTEXTO EDUCACIONAL

TRABALHANDO O LIVRO DIDÁTICO: Com produção de maquetes no Ensino de História Medieval

PLANO DE AULA PORTUGUÊS. PROJETO DE EXTENSÃO: CONSTRUINDO SABERES ATRAVÉS DO COMPUTADOR E INTERNET 1 a. Edição

PLANO DE ENSINO 2º TRIMESTRE

Curso Técnico Subsequente em Materiais Didáticos Bilíngue (Libras/Português) MATRIZ CURRICULAR. Móduloe 1 Carga horária total: 400h

Ensino Técnico Integrado ao Médio FORMAÇÃO GERAL. Ensino Médio

GRÊMIO ESTUDANTIL ESCOLA ESTADUAL ALFREDO PAULINO

Unidade III METODOLOGIA E PRÁTICA DO ENSINO DA MATEMÁTICA E CÊ CIÊNCIASC. Prof. Me. Guilherme Santinho Jacobik

Jonatas Pereira de Lima (1); Maria de Fátima Camarotti (2) INTRODUÇÃO

Katiane Kaline da Silva. UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAÍBA Suely Maria Alves de Souza

Plano de Trabalho Docente Ensino Técnico

Atividades Pedagógicas. Maternal III

ROTEIRO DA AVALIAÇÃO DIFERENCIADA PARCIAL 2 / 3º TRIMESTRE - 3º ANO CIÊNCIAS E MATEMÁTICA

Plano de Trabalho Docente Ensino Técnico

RECONHECENDO O PATRIMÔNIO MATERIAL E IMATERIAL DE AURORA

MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIA E TECNOLOGIA DA PARAÍBA CAMPUS CAJAZEIRAS COORDENAÇÃO DO CURSO TÉCNICO EM INFORMÁTICA

Docência no Ensino Superior: aspectos didáticos e pedagógicos. Profa Glaucia Maria da Silva DQ/FFCLRP/USP

ENSINO DE HISTÓRIA: UM ESTUDO DESCRITIVO DA LEITURA E DA INTERPRETAÇÃO DE TEXTOS NO ENSINO FUNDAMENTAL

Museu da Abadia São Geraldo. Ação Educativa Extramuros Identidade e Comunidade - Aproximando Histórias

V Jornada das Licenciaturas da USP/IX Semana da Licenciatura em Ciências Exatas - SeLic: A

OBSERVAÇÃO DOS EFEITOS DO JOGO BATALHA NAVAL CIRCULAR NO ESTUDO DO CÍRCULO TRIGONOMÉTRICO

PRAÇA SARAIVA, CENTRO CEP.: TERESINA - PIAUÍ Página 1

RELATO DE EXPERIÊNCIA SOBRE O ESTÁGIO SUPERVISIONADO II: O USO DA HISTÓRIA DA MATEMÁTICA E DO MATERIAL DOURADO NAS AULAS DE MATEMÁTICA.

Curso de Especialização Lato Sensu - Ensino de Ciências - EaD

Cento de Ensino e Pesquisa Aplicada à Educação. Subárea de Matemática. Plano de Ensino de Matemática 7º Ano

Ponto de Apoio. Edição 156

O USO DE FONTES HISTÓRICAS NAS SÉRIES INICIAIS DO ENSINO FUNDAMENTAL 1

AULA 1. Rodrigo Machado Merli Diretor Escolar da PMSP Pedagogo Didática de Ensino Superior PUC/SP Estudante de Direito

XI Encontro de Iniciação à Docência

O CATÁLOGO DE PRODUTOS COMO INSTRUMENTO PARA O ENSINO DE LEITURA E ESCRITA

METÁFORA: ANALISANDO COMO A METAFORA É PRATICADA EM SALA DE AULA E COMO PODERIA SER TRABALHADA EM SALA DE AULA. COMPREENDENDO TEORIAS.

LETRAMENTO DIGITAL: A INFORMÁTICA NA ESCOLA. Jarbas Oliveira (UFCG); Wilho da Silva Araújo (UFCG)

(1)Campus Mata Norte-UPE; (1)Campus Mata Norte-UPE;

Porque há histórias que não podemos esquecer

PROJETO PEDAGÓGICO: HISTÓRIA E LITERATURA: COMPREENDENDO O CICLO DA CANA-DE-AÇÚCAR ATRAVÉS DAS OBRAS DE JOSÉ LINS DO REGO ANDREZA RODRIGUES DOS SANTOS

VOCÊ CONHECE A SUA HISTÓRIA? PRODUÇÃO DE JOGO SOBRE A GUERRA DO CONTESTADO

Plano de Trabalho Docente Ensino Técnico

PEB I - PROFESSOR DE EDUCAÇÃO BÁSICA I (Ensino Fundamental 1ª. Fase) (Professores de Anos Iniciais)

PROGRAMA DE CONTEÚDOS Maria Claudete Portugal, JocilaineCopetti, Sarah Natali Rabiolli

PLANO DE CURSO. Código: FIS09 Carga Horária: 60 Créditos: 03 Pré-requisito: Período: IV Ano:

A UTILIZAÇÃO DO LIVRO PARADIDÁTICO NO ENSINO DE MATEMÁTICA NA MODALIDADE EJA: CONTRIBUIÇÕES PARA UMA APRENDIZAGEM SIGNIFICATIVA.

A APRENDIZAGEM MATEMÁTICA INTERMEDIADA POR JOGOS MATEMÁTICOS

Patrimônio, museus e arqueologia

PLANO DE TRABALHO: DISCIPLINA DE ÉTICA NO DIAGNÓSTICO POR IMAGEM

Unidade 1 Sobre o Trabalho de conclusão de curso

UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS INSTITUTO DE MATEMÁTICA E ESTATÍSTICA EPECIALIZAÇÃO EM EDUCAÇÃO MATEMÁTICA. Atividade 1

Ensinar e aprender História na sala de aula

O PIBID COMO DIVISOR DE ÁGUAS PARA UMA PEDAGOGIA LIVRE E CRIATIVA

CONSTRUÇÃO DE SÓLIDOS GEOMÉTRICOS A PARTIR DA VISUALIZAÇÃO DO SOFTWARE POLY EM UMA TURMA DO ENSINO MÉDIO: RELATO DE PRÁTICA DE SALA DE AULA

Transcrição:

A UTILIZAÇÃO DO MUSEU VIVO COMO RECURSO DIDÁTICO NO ENSINO DE HISTÓRIA Raimundo Candido Teixeira Júnior Universidade Estadual da Paraíba UEPB rctj8@uol.com.br INTRODUÇÃO Para o professor de História do Ensino Fundamental, se torna imprescindível estabelecer discussões sobre a cultura, as fontes históricas e a percepção de tempo relacionada com a memória, em seu componente curricular. Ajudar os alunos a compreenderem as diversas formas pelas quais o homem seleciona e transforma os fatos históricos como parte de uma memória coletiva é um desafio. Quando nos voltamos para a percepção do tempo, partimos para a invenção do calendário e nos reportamos às considerações do historiador Jacques Le Goff em sua obra História e Memória, ao considerar o calendário como instrumento essencial na forma utilizada pelas sociedades para domesticar o tempo natural, preservando a memória coletiva. Daí o referido autor também afirmar que os homens criam instituições-memórias, como arquivos bibliotecas e museus. Neste mesmo sentido, partindo da criação dos primeiros museus nacionais no Brasil, a autora Lilia Moritz Schwarcz em seu livro O Espetáculo das Raças, nos mostra que os museus nacionais não apenas desempenharam um importante papel na condição de estabelecimentos dedicados à pesquisa etnográfica, como também são utilizados pelas sociedades contemporâneas enquanto monumentos de lembrança, para recuperar a memória das nações. Sendo assim, se faz importante compreender a importância do museu como um ambiente que vai colecionar, concentrar, exibir e preservar objetos que fazem parte da cultura material de um povo e que determinados grupos sociais consideram espaços importantes e representativos de toda uma memória coletiva. O presente trabalho surge do seguinte problema: Como o professor de História pode aproximar a produção e construção da memória à realidade cotidiana de seus alunos? Para atingir esse objetivo, utilizamos como recurso didático o

Museu Vivo, enquanto instrumento capaz de realizar a compreensão do aluno, no tocante à produção histórica da memória através dos museus. A partir do Museu Vivo pretendemos ampliar a noção de fonte histórica, trabalhar a noção de tempo e a própria memória, seja ela coletiva ou individual; além de atentar para a importância da preservação do patrimônio histórico. METODOLOGIA O Museu Vivo surge como uma forma de ajudar o aluno a compreender como produzimos nossa memória a partir de objetos da cultura material. Esses objetos, também guardados por nossos pais e familiares, de valor muito mais sentimental que econômico, também constituem um conjunto de recordações que nos auxiliam a contar nossa própria história. Neste sentido, é possível nos voltar para a ampliação do conceito de fonte histórica trazida pela Escola dos Annales, ao considerar que imagens e objetos, ainda que não confeccionados com a finalidade de produzir a história, também podem ser utilizados pelo historiador para se contar a história de uma determinada época. Partindo desses aspectos, nosso trabalho foi realizado em três grandes etapas: Na primeira etapa temos as aulas expositivas e dialogadas, com a introdução das noções iniciais voltadas para o ensino da História no Ensino Fundamental, através das temáticas trazidas pelo livro didático; a segunda etapa se baseou em uma aula expositiva, demonstrando o que são, para que servem os museus e como criar um museu vivo e por fim, a terceira etapa foi baseada nas apresentações individuais do Museu Vivo criado por cada aluno em sala de aula. Durante a primeira etapa utilizamos o livro didático História sociedade & cidadania do autor Alfredo Boulos Júnior, referente ao 6º ano do Ensino Fundamental, na turma do 6º D da Escola Estadual de Ensino Fundamental de Aplicação, na cidade de Campina Grande Paraíba. Em duas aulas de 45 minutos, trabalhamos de forma expositiva e dialogada o Capítulo 1: História e Fontes Históricas e o Capítulo 2: Cultura e Tempo, no qual focamos a definição de fontes históricas, de cultura, diferenciação entre tempo cronológico e tempo histórico e a utilização do calendário pelo Homem.

Durante a segunda etapa, realizamos uma aula de forma expositiva, demonstrando para os alunos o que são os museus, por que foram criados e para que são utilizados, relacionando sua importância na construção de uma memória coletiva. Em seguida, propusemos a criação de um Museu Vivo para cada aluno, para o qual o mesmo poderia utilizar uma caixa de papelão, podendo ser uma caixa de sapatos, através da qual ele deveria reunir um conjunto de objetos que fizeram e fazem parte até hoje de sua história. Por fim, na terceira etapa, os alunos deveriam trazer para a sala de aula as caixas contendo essas recordações e deveriam apresentar os objetos selecionados para seus colegas, explicando por que são importantes para suas vidas. RESULTADOS E DISCUSSÃO Inicialmente, durante a primeira etapa, percebemos a necessidade de reforçar alguns conceitos básicos trabalhados na disciplina de História, como a compreensão de quem faz a história e as diversas fontes utilizadas pelo historiador para escrever a história, incluindo objetos materiais e a memória dos indivíduos. Também percebemos necessária a discussão do etnocentrismo, de modo que os alunos puderam compreender que as culturas são diversificadas, que cada uma utiliza o calendário conforme suas especificidades e que todas as culturas devem ser respeitadas. Já na segunda etapa, conseguimos desmistificar a ideia, por parte de alguns alunos, em acreditar que os museus servem apenas para guardar coisas velhas. Desconstruímos essa visão e mostramos que o museu também é considerado um espaço que pode retratar uma visão ou versão do nosso passado, pois preserva a memória coletiva e indica que os fatos históricos devem ser rememorados, conforme determinados grupos sociais. Já na terceira etapa, percebemos que a idéia de criar um Museu Vivo foi bem recebida por grande parte dos alunos, visto que muitos deles puderam reunir e mostrar para seus colegas objetos que utilizaram em diversos momentos de sua vida e objetos que utilizam até hoje. Sobre a criação do Museu Vivo, nos deparamos com algumas dificuldades apresentadas pelos alunos. Dentre elas, a dificuldade de alguns alunos em selecionar os objetos que poderiam fazer parte do Museu Vivo. Questionavam se

deveriam restringir-se a um álbum de fotos, a roupas de quando eram bebês ou a brinquedos de sua infância. Uma forma de contornar essa dificuldade foi dar liberdade para os alunos inserirem diversos objetos, que pudessem contar sua história ou principalmente objetos que lhes ajudaram a lembrar de algum momento importante em suas vidas. Alguns alunos afirmam que não possuíam utensílios de quando eram bebês. Sugerimos a esses alunos que mesmo não possuindo recordações dessa época, eles poderiam inserir na caixa objetos que mais gostavam principalmente brinquedos, podendo colocar os que deixaram de utilizar com o passar do tempo e os que utilizam diariamente. Na terceira etapa tivemos o problema da introspecção de alguns alunos, de modo que, mesmo tendo criado o Museu Vivo, se sentiam envergonhados de mostrar os objetos para seus colegas e falar sobre a importância desses objetos para sua vida. Compreendendo as limitações de cada um, auxiliamos esses alunos na demonstração dos objetos reunidos e sugerimos que eles escolhessem ao menos um objeto, de valor sentimental e explicasse os motivos pelos quais esse objeto estava na sua caixa do Museu Vivo. De modo geral, a utilização do Museu Vivo, no ensino de história trouxe resultados altamente positivos para a compreensão e fixação de conceitos básicos da disciplina de História. Visto que, os alunos puderam compreender a importância dos museus para nossa sociedade e ver os objetos pessoais que guardamos ao longo de nossas vidas, como fontes para se construir a História. CONCLUSÃO Concluímos o presente trabalho compreendendo que a utilização do Museu Vivo enquanto recurso didático no ensino de História se torna um método eficaz para auxiliar o aluno na compreensão das fontes históricas, do tempo histórico e na importância dos museus para a nossa sociedade. Este recurso pode ser utilizado principalmente a partir do 6º ano do Ensino Fundamental, tendo em vista que é neste momento que o professor de História começa a trabalhar conceitos essenciais que envolvem a componente curricular de História. Percebemos também que a reunião de objetos que constituem recordações e trazem consigo um valor sentimental para os alunos, se perfaz enquanto uma

experiência prática, para que o aluno compreenda a importância da memória para a construção da história. Também foi possível perceber que somos nós que atribuímos e selecionamos os objetos que guardamos, assim como a sociedade de forma coletiva o faz, através dos museus. Além disso, a apresentação dos objetos pessoais para os colegas de sala possibilitou cada aluno contar um pouco de sua própria história e falar de suas experiências pessoais, fortalecendo inclusive a relação de ensino-aprendizagem com o professor, que também passa a conhecer melhor seu aluno. Por fim, através da utilização do Museu Vivo em sala de aula, compreendemos juntamente com os alunos a importância de se preservar o nosso patrimônio histórico e cultural. Percebemos como um ambiente que aparentemente serve apenas para guardar coisas velhas, se torna um dos instrumentos utilizados para se compreender toda uma sociedade, refletir nosso presente e lançar novas expectativas para o futuro. REFERÊNCIAS BOULOS JÚNIOR, Alfredo. História sociedade & cidadania. Edição reformulada, 6º ano. 2º Edição. São Paulo: FTD, 2012. p. 16-37. BURKE, Peter. A Escola dos Annales (1929-1989): a Revolução Francesa da Historiografia. São Paulo: Fundação Editora da UNESP, 1997. CERTEAU, Michel. Operação Historiográfica. In:. A Escrita da História. Rio de Janeiro: Forense Universitária, 1982. p. 56-108. LE GOFF, Jacques. História e memória. Tradução de Irene Ferreira, Bernardo Leitão, Suzana Ferreira Borges. 5º ed. Campinas: UNICAMP, 2003. MARTINS, Pura Lúcia Oliver. Didática Teórica e Didática Prática: para além do confronto. São Paulo: Editora Loyola, 1999. SCHWARCZ, Lilia Moritz. O Espetáculo das Raças: Cientistas, Instituições e Questão Racial no Brasil 1870-193. São Paulo: Cia das Letras, 1993.