O DOMÍNIO DO CORPO NO ESPAÇO: A ludicidade no ensino da Matemática.



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Transcrição:

O DOMÍNIO DO CORPO NO ESPAÇO: A ludicidade no ensino da Matemática. RESUMO Simone Salviano Nascimento 1 Graduada em Pedagogia pela URCA Professora no Município de Crato E-mai: simone_salviano@hotmail.com O presente trabalho tem por objetivo abrir uma discussão a respeito da utilização de atividades lúdicas em especial os jogos no ensino da matemática. Para tanto, apresentaremos a aplicação do Jogo- Equilíbrio Geométrico proposto no caderno Jogos na Alfabetização Matemática PNAIC (Pacto Nacional de Alfabetização na idade certa), na escola José Pinheiro Gonçalves, situada no Distrito Belmonte, em Crato-CE, no ano de 2014. Notamos que o trabalho sistematizado pode contribuir para avanços significativos no campo do conhecimento matemático Espaço e Forma. Mas faz-se necessário, um planejamento prévio e uma ação pedagógica que almeje a obtenção de resultados/ aprendizagens e desperte o interesse do aluno. PALAVRAS-CHAVE: Jogos. Ludicidade. Matemática. INTRODUÇÃO O uso de jogos no ensino da matemática advindo de planejamento torna-se relevante, pois permite à criança solucionar problemas de forma lúdica, possibilitando o desenvolvimento de habilidades como análise, levantamento de hipóteses, tomada de decisões e argumentação, noções ligadas à construção do raciocínio lógico. Por sua dimensão lúdica, o jogar pode ser visto como uma das bases sobre a qual se desenvolve a imaginação, a capacidade de sintetizar e abstrair e interagir socialmente. SMOLE (2007). Tal método, assim, proporciona maior apreensão de conceitos matemáticos, através de uma experiência direta do aprendiz sobre o objeto ou jogo que manipula. Outro aspecto importante a destacar é a dificuldade das crianças na ampliação de conhecimentos ligados ao eixo Espaço e Forma. Noções de lateralidade e orientação 1 E-mai: simone_salviano@hotmail.com

no espaço formam-se geralmente na infância a partir do próprio corpo, sentidos e movimentos em um espaço. Noções, pois bastante complexas e iniciadas a partir de experiências cotidianas de vida e que geralmente são secundarizadas no cotidiano escolar. O ensino da Matemática no ciclo de alfabetização implica uma construção de noções a partir da experimentação, roda de conversa, elaboração de conceitos e registro, ou seja, assume um novo perfil em que o aluno passa a ser ativo no processo educativo. Consideramos o jogo como instrumento didático com finalidades explícitas que garantem a apropriação de novos conhecimentos por parte dos alunos. Partindo deste pressuposto, o presente texto tem por finalidade descrever o processo de utilização de jogos em sala de aula assumindo sua dimensão de importante instrumento didático. Apresentamos o desenvolvimento do Jogo- Equilíbrio Geométrico proposto no caderno Jogos na Alfabetização Matemática PNAIC (Pacto Nacional de Alfabetização na idade certa). Que aborda o ensino das figuras geométricas estabelecendo relação com a orientação no espaço com a meta de alcançar o direto à aprendizagem no campo do conhecimento de Espaço e Forma. O JOGO NAS AULAS DE MATEMÁTICA: Uso e Reflexões. Quando o professor organiza sua ação educativa, introduzindo materiais concretos para atingir determinados objetivos, estes passam a ser recursos pedagógicos, possibilitando maior envolvimento por parte dos alunos, tornando-os sujeitos ativos em sua aprendizagem. O presente texto tem por finalidade descrever os passos e resultados da utilização de jogos em sala de aula esquivando-se de práticas espontâneas do ensino desta disciplina. Alguns pesquisadores da área de educação matemática constatam que a pratica pedagógica dedicada ao público infantil no ensino fundamental inicial, centra-se especialmente na aritmética, e identificação de número e quantidades, no ensino de algoritmos com ausência de significados construídos pelos alunos, e que muitas vezes

não destaca o ensino dos conceitos, resultando em uma prática repetitiva, como afirma Nacarato: O que se observa, muitas vezes, é a falta de autonomia do aluno diante de uma situação- problema: ele se limita a esperar que a professora diga qual é a operação que deve ser feita ou, então, atira-se a fazer uma série de algoritmos totalmente desvinculados do contexto. É como se os alunos estivessem diante de um contrato didático implícito: diante de um problema, há que fazer cálculos. (NACARATO, 2009 p.89). A opção por abordar a utilização de jogos com finalidade educativa está pautada em algo além de sua natureza lúdica ou por ser apenas um passatempo e siim de considerar o aluno/criança como construtora de conhecimento. Então, o jogo ganha um objetivo quando considera o aluno, e este é colocado a movimentar pensamento, de forma a elaborar estratégias para resolver o problema, ou seja, e dessa forma ele é posto a refletir, elaborar estratégias, defender pontos de vista. Em outras palavras, a proposição de jogos como instrumentos para a aprendizagem matemática depende diretamente a intencionalidade do professor quanto às noções matemáticas selecionadas (apresentação de um novo conceito ou sistematização de algum conceito) aos objetivos das explorações e às intervenções que ele propõe. [...] Para isso, em primeira instância é necessário conceber a relação com a resolução de problemas. (RANIERI, 2012, p.78). A autora em destaque enfatiza que a aplicação de jogos favorece a criança a explorar o objeto do conhecimento estabelecendo analogias, o levantamento de hipótese, a elaboração de conjecturas, observação, análise, comparação e por isso é importante o planejamento prévio do jogo para alcançar o determinado objetivo. Consideramos o jogo como instrumento didático assume o papel facilitador na construção e formação do pensamento, do raciocínio lógico, criatividade e a capacidade de resolver problemas. Nesse sentido, apresentaremos nesse momento, o desenvolvimento e metodologias utilizadas em sala de aula com o intuito de desenvolver no aluno habilidades de orientação espacial. O trabalho foi desenvolvido com a turma de primeiro ano da Escola José Pinheiro Gonçalves, situada no Distrito Belmonte, em Crato-CE, sendo composta por

dezessete alunos, dez meninos e sete meninas. A duração da atividade descrita anteriormente foi em média quatro aulas de cinquenta minutos, dividida em diferentes momentos didáticos, com o intuito de diagnosticar, desenvolver e verificar o que os alunos aprenderam acerca do conteúdo trabalhado. No primeiro momento, a turma foi organizada em uma roda de conversa, cujos questionamentos postos a seguir problematizavam a noção de lateralidade - Quantos lados têm nosso corpo? O que vocês entendem por direita e esquerda? Qual lado do corpo vocês usam mais? - visando descobrir o que os alunos já sabiam e que possibilidades, estratégias norteariam as outras atividades. Logo após, a realização de brincadeiras infantis, como: cantigas populares que abordavam esquema corporal, e a brincadeira siga o mestre, a qual consiste que os alunos deverão fazer exercícios prescritos pela professora trabalhando a lateralidade, alongamento dos movimentos articulares dos membros e movimentação no espaço. O terceiro momento consistiu na apresentação das figuras geométricas planas e o pedido aos alunos que as identificassem e apontassem as diferenciações entre elas. Em seguida, a turma era instigada a relacionar cada figura com objetos encontrados no cotidiano em elementos da natureza ou construídos pelo homem, aí a interferência com outras áreas do conhecimento. Como possibilidade pedagógica posterior a esse momento, os alunos foram motivados a montar coletivamente o tapete do Jogo equilíbrio geométrico, que seria utilizado na atividade seguinte. Com intuito de tornar tal atividade mais significativa e abordar outros temas como sequência, ordenação, classificação seguindo atributo comum, as crianças eram questionadas que figuras teriam que colocar no tapete de forma a dar sequência no conjunto de formas já apresentadas no tapete e seguindo o critério de cor e forma. Exemplo: triângulo amarelo seguido de círculo amarelo, quadrado amarelo. Além do tapete, confeccionado em TNT, contendo as formas em EVA, foi utilizado um dado com orientações corporais: mão direita, mão esquerda, pé direito, pé esquerdo e outro com os nomes das figuras geométricas. Ao término da confecção do tapete foi iniciado o quarto momento. A turma organizada em duplas realizaram o já citado jogo Equilíbrio Geométrico proposto no

material do PNAIC 2014 (Cadernos de Jogos na Alfabetização Matemática), página 61. Cada membro da dupla escolhia um ajudante que iria lançar os dados para verificar qual a orientação para movimentação do corpo. Exemplo: Mão esquerda no quadrado. O jogador que não consegue equilibrar-se ou deixa qualquer parte do corpo que não seja a mão ou o pé tocar o tapete, sai do jogo. O último que fica no tapete conforme as regras é o vencedor. Para finalizar, os alunos registraram no caderno os conhecimentos obtidos através da criação de desenhos, seguindo critérios de localização a partir de comandos solicitados pelo professor. Exemplo, desenhar um sol no lado esquerdo e uma árvore do lado direito. Na elaboração dos desenhos, os discentes eram ainda interrogados acerca da comparação de cada elemento do desenho às figuras geométricas estudadas. Concluímos a aula com um novo jogo de tabuleiro chamado Jogo dos códigos (SANTOS, 2011) com o objetivo de perceber o que os alunos aprenderam no decorrer da aula. O Jogo consiste em movimentar os pinos a partir de comandos para frente, para trás, para direita e para esquerda. Ganhará o jogo aquele que chegar primeiro à margem oposta do tabuleiro na cor do quadrinho correspondente à cor do pião. E como tarefa conclusiva, os alunos registraram o caminho percorrido (movimentação no tabuleiro). A proposta da utilização de jogos nas aulas é defendida pelo próprio PCN (Parâmetros Curriculares Nacionais) quando afirma que o uso de jogos é necessário ao desenvolvimento dos processos psicológicos básicos da criança: Por meio dos jogos as crianças não apenas vivenciam situações que se repetem, mas aprendem a lidar com símbolos e a pensar por analogia (jogos simbólicos): Os significados das coisas passam a ser imaginados por elas.ao criarem essas analogias, tornam-se produtoras de linguagens, criadoras de convenções, capacitando-se para se submeterem a regras e dar explicações (PCN/ Matemática. Ministério da Educação, 2011:48). Outro aspecto relevante é a questão do jogo como uma ferramenta geradora de interesse e prazer, que uma vez sendo utilizada de forma planejada, com a intencionalidade de desenvolver habilidades pode vir a ser extremamente importante

para a compreensão de convenções e regras, como também auxiliará na integração do educando com o seu mundo social, que por sua vez é muito complexo facilitando assim as primeiras aproximações das crianças com as futuras teorizações. O uso desta metodologia possibilita o desenvolvimento de raciocínio quando eles são instigados a escolher a melhor movimentação, interação social, lateralidade, noções de equilíbrio, busca incessante de elucidar o problema proposto, ou seja, muda a imagem que as aulas de matemáticas devem ser silenciosas, individuais com ênfase na figura do professor como transmissor de conhecimentos, ou seja, resulta em situações de prazer na aprendizagem nas aulas e na facilitação na apreensão de conceitos matemáticos CONSIDERAÇÕES FINAIS As atividades oferecidas no ensino fundamental geralmente são pautadas em práticas focadas na apreensão de conteúdo como foi abordado anteriormente, considerando de forma secundária as características cognitivas e de maturação da criança inserida no ciclo de alfabetização. Daí a importância de oferecer à criança propostas lúdicas de forma a proporcionar uma vivência prazerosa e adequada a sua compreensão e interesse, isto é, o professor não pode esquecer que está lidando com crianças e que estas necessitam da ludicidade para tornarem significativas as suas aprendizagens, mas necessita também, promover a apreensão dos conteúdos e o jogo encaixa perfeitamente neste contexto. Nessa perspectiva, faz-se necessário, porém, um planejamento prévio que consista, sobretudo, numa ação pedagógica que almeje a obtenção de resultados e o interesse do aluno. Partindo do pressuposto da criança como sujeito da própria aprendizagem, a opção pelo uso de jogos no ensino da matemática deve ser visto como atividade explorativa, em que o desenvolvimento de habilidades se dá através das descobertas e do estímulo promovido pelo uso do material concreto. Tal uso precisa ser interventivo por parte do professor que gradativamente deve estimular o raciocínio do aprendiz atrelando-o aos objetivos pensados.

Por se tratar de área bastante abstrata e por não possuírem autonomia na utilização do vocabulário adequado, os alunos nesta fase de escolarização, apresentam certa dificuldade em relação à orientação espacial. Em principal, quando o ponto de referência não é seu próprio corpo, isto é, sentem dificuldade em compreender que sua direita coincide com a esquerda de quem está a sua frente (em sentido contrário). Nesse sentido, se faz necessário pensar atividades, jogos e brincadeiras que explorem o uso dos membros direitos e esquerdos e termos como de trás, para trás, para frente, em cima, embaixo de forma a propiciar a incorporação de conceitos ligados à lateralidade e movimentação/orientação espacial. Perceber se a criança do ciclo de alfabetização tem dessas noções pode ser um bom ponto de partida para a realização de atividades, em sala de aula, ampliando os modos de como ela organiza seus próprios deslocamentos no espaço, escolhendo seus pontos de referência, ou dando comando a outras crianças a partir da própria posição ou da localização de algum objeto na sala. (GARNICA, SALANDIM, 2014, p.61) É relevante destacar que no momento do Jogo Equilíbrio Geométrico os alunos que auxiliavam nas jogadas desenvolviam noções corporais com outros pontos de referencia diferente do seu próprio corpo. Pode-se dizer então, que avançaram quanto à construção do espaço representativo. Iniciaram assim a habilidade de interpretar informações espaciais com diversos pontos de referência. Notamos que o trabalho sistematizado pode contribuir para avanços significativos neste campo do conhecimento. Com as atividades descritas anteriormente, os estudantes tornaram-se mais atentos a que lado do corpo teria que usar como referência para realizar movimentações. Conclui-se que a superação de práticas espontaneístas quanto ao uso de jogos e materiais concretos no ensino da matemática está em conceber a atividade lúdica como elemento importante na aquisição de habilidades e novos conhecimentos, de forma a imprimir na criança a capacidade de interagir com seus companheiros ou professores nesses momentos de aprendizagem. No momento do jogo as crianças também interiorizam regras por meio do faz de conta.

Em concordância com fundamentação teórica apresentada no corpo deste texto, de construir um trabalho pedagógico em contextos significativos e de uso dos conhecimentos que os alunos possuem, de observações do mundo que os cercam, de comparação de suas estratégias com as dos colegas,manipulação e movimentação espacial, observamos nos resultados que a pratica na escola de estratégias diversificadas as crianças passam participar mais ativamente das aulas, expondo seus pontos de vistas e hipóteses, encarando estudar a matemática como uma atividade prazerosa e intrínseca na sua vida e necessária socialmente. REFERÊNCIAS Brasil. Secretaria de Educação Fundamental. Parâmetros curriculares nacionais (PCN): matemática / Secretaria de Educação Fundamental. Brasília: MEC/SEF, 1997. Brasil, Secretaria de Educação Básica. Diretoria de Apoio à gestão Educacional. PNAIC: Jogos na Alfabetização Matemática. Brasília: MEC, SEB, 2014. GARNICA, Antonio Vicente Marafioti. SALANDIM, Maria Ednéia Martins. A Lateralidade e os modos de ver e representar In. Brasil, Secretaria de Educação Básica. Diretoria de Apoio à gestão Educacional. PNAIC: Geometria. Brasília: MEC, SEB, 2014. NACARATO, Adair Mendes. MENGALI, Brenda Leme da Silva. PASSOS, Cármen Lúcia Brancaglion. A matemática nos anos iniciais do ensino fundamental: Tecendo fios do ensinar e do aprender. Belo Horizonte: Autêntica, 2009. RANIERI, Anna Claudia. GOMES, Liliane. MONTENEGRO Priscila. Matemática no dia a dia da Educação Infantil: rodas, cantos, brincadeiras e histórias. São Pàulo: Livraria Saraiva, 2012. SMOLE, Kátia Stocco. DINIZ Maria IGNEZ. Cândido Patrícia. Jogos de matemática de 1º ao 5º ano. Porto Alegre: ARTMED, 2007. SANTOS, Fábio Vieira dos. A escola é nossa: alfabetização matemática, 2º ano. São Paulo: Scipione, 2011.