ADESÃO AOS ITENS DE VERIFICAÇÃO PARA ADMINISTRAÇÃO SEGURA DE MEDICAMENTOS EM UNIDADES DE TERAPIA INTENSIVA DE UM HOSPITAL PÚBLICO DE ARACAJU/SE

Documentos relacionados
UNIVERSIDADE FEDERAL DE SERGIPE PRÓ-REITORIA DE PÓS-GRADUAÇÃO E PESQUISA PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENFERMAGEM ADRIANA SOUSA AMADO DE OLIVEIRA

AVALIAÇÃO DO CONHECIMENTO SOBRE PREVENÇÃO DE QUEDAS DOS PARTICIPANTES DE UM CURSO DE SEGURANÇA DO PACIENTE: USO DE QUESTIONÁRIO PRÉ E PÓS-TESTE

Análise da administração de medicamentos intravenosos pela enfermagem: uma prática segura.

IDENTIFICAÇÃO DE INCONFORMIDADES NAS PRESCRIÇÕES MÉDICAS DA UNIDADE BÁSICA DE SAÚDE DE GUIRICEMA, MG

CULTURA DE SEGURANÇA: PERCEPÇÃO DOS PROFISSIONAIS DE ENFERMAGEM DE UM HOSPITAL DE ENSINO

Gestão da Segurança: Compartilhando Resultados e Experiências do Hospital Israelita Albert Einstein Gerenciamento de Risco do Uso de Medicamentos

Tripla checagem da administração de medicamentos a beira leito

CONHECIMENTO DA EQUIPE DE ENFERMAGEM SOBRE ADMINISTRAÇÃO DE MEDICAMENTOS EM UNIDADE DE PRONTO ATENDIMENTO RESUMO

08/04/2016. Click to edit Master subtitle style

MEDICAMENTOS POTENCIALMENTE PERIGOSOS ELABORAÇÃO DE FOLDER CONSTANDO AS ETAPAS PARA DISPENSAÇÃO E ADMINISTRAÇÃO

PROGRAMA DE DISCIPLINA VERSÃO CURRICULAR: 2014/2 PERÍODO: - DEPARTAMENTO: ENB

Data Versão/Revisões Descrição Autor 16/11/ Proposta inicial CESC, FA, LAS, RFC. 14/01/ Atualização CESC, LAS, MBJ, CAMS, LR

Palavras-chave: Enfermagem; Segurança do Paciente; Enfermagem em Emergência.

Indicadores de Segurança do Paciente Medicamentos

CARTILHA SEGURANÇA DO PACIENTE. Como você pode contribuir para que a saúde e segurança do paciente não seja colocada em risco na sua instituição?

Farmácia Clínica e uso racional de antimicrobianos

Análise de erro de medicação sob a ótica de auxiliares/técnicos de enfermagem em uma Unidade de Terapia Intensiva

Sistema beira de leito: o uso da tecnologia da informação a favor da segurança do paciente no Hospital Estadual de Ribeirão Preto

Ana Fernanda Yamazaki Centrone Enfermeira Centro de Oncologia e Hematologia Hospital Albert Einstein

Construindo um caminho seguro para a assistência do paciente

PRODUÇÃO TÉCNICA. Campus de Botucatu

AVALIAÇÃO DA TÉCNICA DE PUNÇÃO VENOSA NA ADMINISTRAÇÃO DE MEDICAMENTOS EM ADULTOS

DEFINIÇÕES convergências e divergências

Experiência do uso de um dispositivo eletrônico móvel à beira leito na promoção da segurança da cadeia medicamentosa

EXIJA QUALIDADE NA SAÚDE

A segurança do paciente na Farmacovigilância. Zenith Rosa Silvino

1. DIVULGAÇÃO DA CARTA DOS DIREITOS DOS USUÁRIOS DO SUS: UM RELATO DE EXPERIÊNCIA DO PET URGÊNCIA E EMERGÊNCIA NO HOSPITAL GERAL CLÉRISTON ANDRADE

IDENTIFICAÇÃO DO PACIENTE NO AMBIENTE HOSPITALAR: ESTRATÉGIA PARA UMA ATENÇÃO SEGURA.

O Uso do Formulário Google como Ferramenta para Notificação e Gestão de Eventos Adversos nas Instituições de Saúde

Prescrição Eletrônica: Vantagens e desvantagens.

Sistema de Gestão da Qualidade PROTOCOLO: Segurança no uso de Medicamentos de Alta Vigilância (MAV)

SEGURANÇA DO PACIENTE: UMA DISCUSSÃO NECESSÁRIA

INTOXICAÇÃO MEDICAMENTOSA NA TERCEIRA IDADE: UMA VULNERABILIDADE?

DETERMINAÇÃO DE ERROS EM PRESCRIÇÕES DE MEDICAMENTOS DE UMA MATERNIDADE DO PIAUÍ

Me Gislene Ap. Xavier dos Reis Enfermeira Supervisora de Gerenciamento de Riscos e Protocolos Clínicos Hospital Santa Casa de Maringá

EXIJA QUALIDADE NA SAÚDE

Farmácia Clínica Farmácia Clínica

AVALIAÇÃO DO CONHECIMENTO DA EQUIPE DE ENFERMAGEM EM UMA UNIDADE DE TERAPIA INTENSIVA SOBRE MEDIDAS DE CONTROLE DE INFECÇÃO

TÍTULO: CUIDADOS DE ENFERMAGEM NA PREVENÇÃO DE COMPLICAÇÕES COM PICC INSTITUIÇÃO: CENTRO UNIVERSITÁRIO DAS FACULDADES METROPOLITANAS UNIDAS

Adoção de CDS no Hospital Digital. Dr. Claudio Giulliano Alves da Costa MD, MSc, CPHIMS Diretor da FOLKS Consultoria

5º Simposio de Ensino de Graduação

Cristian Portela Hospital Evangélico de Londrina - PR

Como prevenir erros no processo de administração de medicação? Enfª Milena M. Nakamura Fujiwara 02 de Dezembro de 2016

Intervenções farmacêuticas em prescri- ções ambulatoriais de medicamentos antineoplásicos no Hospital das Clíni- cas de Ribeirão Preto - USP

PARECER COREN RO Nº. 008/2015

SEGURANÇA DO PACIENTE: EXECUÇÃO DE AÇÕES APÓS O PREPARO E ADMINISTRAÇÃO DE MEDICAMENTOS ENDOVENOSOS EM PEDIATRIA

Cuidado farmacêutico na oncologia. Farm. Msc. Rita de Cassia Franz Vieira

SEGURANÇA NA PRESCRIÇÃO, USO E ADMINISTRAÇÃO DE MEDICAMENTOS. Facilitadora: Enf. Daniella Honório

ARTIGO ORIGINAL. Resumo

Trabalho realizado na disciplina de ESCll do curso de enfermagem da UNIJUI. 2

AVALIAÇÃO DA DISPENSAÇÃO DE MEDICAMENTOS NO MUNICÍPIO DE MARINGÁ

Treinamento admissional e sua efetividade no processo de administração de medicamento. Maria das Graças S. Matsubara

Número de NSPs cadastrados por UF. Número de NSPs com ao menos uma notificação

METAS DE SEGURANÇA DO PACIENTE: USO SEGURO DE MEDICAMENTOS NA FARMÁCIA DE UMA INSTITUIÇÃO HOSPITALAR 1

TÍTULO: O CUIDADO DE ENFERMAGEM NA SEGURANÇA DO PACIENTE MEDIANTE AO ERRO DE MEDICAÇÃO

ANAIS DA 4ª MOSTRA DE TRABALHOS EM SAÚDE PÚBLICA 29 e 30 de novembro de 2010 Unioeste Campus de Cascavel ISSN

ERROS NA ADMINISTRAÇÃO MEDICAMENTOSA E SUAS IMPLICAÇÕES NA SAÚDE: uma revisão da literatura.

Elaborado por: Leila Sales, Doutoranda em Enfermagem pela UCP 7 de novembro de 2014

11. CONEX Apresentação Oral Resumo Expandido 1

(83)

MÉDICO ORTOPEDISTA. - Atendimento ambulatorial em pacientes ortopédicos pediátricos encaminhados pela Central de Regulação;

Programa Segurança em Alta: um modelo de apoio à qualidade assistencial hospitalar

SEGURANÇA DO PACIENTE: ATUALIZAÇÃO

MÉDICO INTENSIVISTA PEDIÁTRICO

MÉDICO ORTOPEDISTA. - Atendimento ambulatorial em pacientes ortopédicos pediátricos encaminhados pela Central de Regulação;

Análise crítica da RDC 45 Discutindo o sistema fechado. Catalina Kiss Farmacêutica

O BANNER DEVERÁ SER FIXADO NO HORÁRIO ESTABELECIDO, AGUARDAR AVALIAÇÃO E RETIRADO AO FINAL DO HORÁRIO INFORMADO.

UMA ESTRATÉGIA DE VIGILÂNCIA ATIVA PARA O USO RACIONAL DE MEDICAMENTOS

MEDICAMENTO DE USO PRÓPRIO - DOMICILIAR

TÍTULO: CARACTERIZAÇÃO DAS QUEDAS EM CRIANÇAS INTERNADAS EM HOSPITAL PEDIÁTRICO

Segurança do Paciente Profa Fernanda Barboza

EXIJA QUALIDADE NA SAÚDE. Reunião do Grupo de Indicadores de Enfermagem do Núcleo de Apoio à Gestão Hospitalar NAGEH

IMPLANTAÇÃO DE INDICADORES DE QUALIDADE NA CENTRAL DE MATERIAL E ESTERILIZAÇÃO DE UM CENTRO CIRÚRGICO AMBULATORIAL. ATENÇÃO ESPECIALIZADA

Qualidade e Segurança do doente: Novas Práticas, novos conhecimentos. Margarida Eiras (ESTeSL) novembro 2012

Benefícios Financeiros e Clínicos do EMRAM: Implementação na América Latina. HIMSS LA 2015 Hyatt Regency São Paulo, Brasil Novembro 4, 2015

5º Simposio de Ensino de Graduação

PROTOCOLO DE IDENTIFICAÇÃO DO PACIENTE

ERROS RELACIONADOS A MEDICAÇÕES EM PEDIATRIA: ESTUDO DE REVISÃO 1

Promover padronização das prescrições médicas, referentes aos medicamentos/materiais; Estabelecer fluxo seguro de dispensação medicamentos/materiais.

ORGANIZAÇÃO ASSISTENCIAL ORGANIZAÇÃO ASSISTENCIAL. Melhores práticas entre as instituições Anahp. anahp. associação nacional de hospitais privados

COORDENAÇÃO DO NÚCLEO CURRICULAR FLEXÍVEL PRÁTICAS EDUCATIVAS FICHA DE OBSERVAÇÃO - 1

Segurança do paciente

ESTUDO DE COMPARAÇÃO DA TENDÊNCIA DA AIDS NO BRASIL, REGIÕES E ESTADOS, DE 1990 A 2012, POR SEXO E FAIXA ETÁRIA

Fórum de Nutrição e Farmácia

RELATÓRIO DE GESTÃO 2012 CFT COMISSÃO DE FARMÁCIA E TERAPÊUTICA

farmácias e drogarias

Introdução Segurança do Paciente. Profa. Fernanda Barboza

MANIPULAÇÃO E ADMINISTRAÇÃO DE MEDICAMENTOS PELA EQUIPE DE ENFERMAGEM

ERRO MÉDICO OU ERRO ASSISTENCIAL?

Gerenciamento de Risco em Centro Obstetrico

UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAÍBA CENTRO DE TECNOLOGIA DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA DE PRODUÇÃO LABORATÓRIO DE ANÁLISE DO TRABALHO

UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA JOSÉ RICARDO FERREIRA DA FONSECA

ANÁLISE DE UM INSTRUMENTO DE NOTIFICAÇÃO COMO BASE PARA DISSEMINAÇÃO DA CULTURA DE SEGURANÇA DO PACIENTE EVENTOS ADVERSOS: BUSINESS ASSURANCE

Implementação do Núcleo de Segurança do Paciente e elaboração do Plano de Segurança do Paciente. Helaine Carneiro Capucho, DSc.

MÉDICO INTENSIVISTA NEONATAL

SEGURANÇA DO PACIENTE NOS SERVIÇOS DE SAÚDE

INDICADORES FARMACOEPIDEMIOLÓGICOS DO USO DE ANTIMICROBIANOS DE AMPLO ESPECTRO EM UM HOSPITAL PRIVADO

MÉDICO INTENSIVISTA NEONATAL

SEGURANÇA DO PACIENTE NA ADMINISTRAÇÃO DE MEDICAMENTO, COMO GARANTIR? UMA REVISÃO INTEGRATIVA NO PERÍODO DE 2006 A 2016

O papel do farmacêutico na segurança do paciente

Transcrição:

ADESÃO AOS ITENS DE VERIFICAÇÃO PARA ADMINISTRAÇÃO SEGURA DE MEDICAMENTOS EM UNIDADES DE TERAPIA INTENSIVA DE UM HOSPITAL PÚBLICO DE ARACAJU/SE Adriana Sousa Amado de Oliveira (1); Eliana Ofélia Llapa Rodriguez (2) Enfermeira, Mestre em Enfermagem pela Universidade Federal de Sergipe. Membro do Núcleo de Segurança do Paciente do Hospital Unimed/SE, dri.amado@hotmail.com; (2) Enfermeira, Doutora, professora do Departamento de Enfermagem da Universidade Federal de Sergipe, elianaofelia@gmail.com Introdução: Dentre os eventos adversos referentes à assistência a saúde encontram-se os relacionados à medicação, esses definidos como eventos evitáveis que possam levar, de fato ou em potencial, ao uso inadequado de medicamentos (BRASIL, 2010). Em 1999 foi apresentado o relatório intitulado To Err is Human: Building a Safe Health System pelo Institute of Medicine dos Estados Unidos, revelando que, em média, 7 mil pessoas/ano morrem decorrentes de erros de medicação (INSTITUTE OF MEDICINE, 1999), tal fato mostrou a dimensão dos eventos adversos relacionados à medicamentos. Desde então as taxas de incidência desses eventos têm sido monitoradas. Em 2014, nos Estados Unidos foi registrada uma taxa de eventos adversos relacionados à medicação de 5,64%, na Alemanha de 4,78%, na Inglaterra de 3,22% (STAUSBERG, 2014) e no Oriente Médio de 8,7% (MOSAH; SAIB; AL BIATI, 2012). Na América do Sul, o Chile apresentou uma taxa de erro de medicação de 30,4%. No Brasil esses tipos de erros atingem uma média nacional de 30,3% (REIS et al.,2010; SMITH, RUIZ, JIRÓN, 2014). Entre as regiões brasileiras, a região centro-oeste apresentou uma taxa de erros de 69,5% durante as fases de administração do medicamento, 69,6% durante o estágio de preparo, 48,6% durante a observação do horário prescrito, 1,7% durante a dosagem e 9,5% erros denominados de omissão (VOLPE et al, 2014). No sudeste brasileiro segundo Lisboa et al, 2013 esta taxa atinge uma margem superior a 40% e na região Sul segundo Lorenzine et al, 2014 essa taxa refere-se a 16,7%. Já nas regiões norte e nordeste, o Acre apresenta uma taxa de 35,8% e no estado de Bahia a média de erros varia entre 42% a 94% (OPITZ, 2006; ANSELMI et al., 2003). Frente a esse contexto, observa-se que taxas de eventos adversos relacionados a medicamentos são significativamente superiores em países e regiões em desenvolvimento.

Diante do cenário, o Ministério da Saúde tem se debruçado na construção de estratégias que minimizem o numero de erros praticados pelos profissionais da saúde e, consequentemente, torne o sistema de saúde mais seguro para o paciente. Nesse sentido, em 2013, foi publicada a Portaria nº 529 que institui o Programa Nacional de Segurança do Paciente, com o objetivo de aperfeiçoar e atualizar as práticas do cuidado em todas as instituições de saúde do país (BRASIL, 2013). Ainda em 2013, o Ministério da Saúde (2013) publicou o protocolo de segurança na prescrição, uso e administração de medicamentos. Este documento traz recomendações para tornar o sistema de medicação mais seguro, sugerindo a implantação da prescrição digital, da dispensação individual e dos itens de verificação para administração segura de medicamentos, também denominados de certos (BRASIL, 2013), a saber: paciente certo, medicamento certo, via certa, hora certa, dose certa, registro certo, orientação certa, forma certa e resposta certa. Dentro do sistema de medicação, o profissional de enfermagem é uma ferramenta muito importante considerando sua responsabilidade na etapa de preparo e administração de medicamentos. O preparo da medicação é uma atividade complexa, pois envolve o manejo e a diluição dos fármacos de forma a garantir a eficácia terapêutica e a segurança microbiológica (SILVA, CAMERINI, 2012); já a etapa de administração deve manter a ausência de contaminação microbiológica, física, química, bem como incompatibilidade e interações medicamentosas, além de garantir a ausência de erros envolvendo fármacos (BRASIL, 2013). Nesse contexto, insere-se a necessidade da observação dos itens de verificação para administração segura de medicamentos. Diante do exposto e do número restrito de publicações envolvendo este tema na região nordeste, torna-se importante calcular a adesão aos itens de verificação para administração segura de medicamentos por profissionais de enfermagem em duas unidades de terapia intensiva de um hospital público referência do Estado de Sergipe/Brasil. Espera-se com essa pesquisa fomentar estratégias que favoreçam a segurança do paciente no hospital pesquisado. Materiais e Método: Trata-se de uma pesquisa com enfoque quantitativo, descritiva e de corte transversal. Utilizou-se a observação direta não participante como método de obtenção de dados. O campo de pesquisa utilizado é o maior hospital público referência do estado de Sergipe, localizado na cidade de Aracaju, o qual oferece atendimento médio mensal a 15 mil pacientes.

A pesquisa se concentrou nas unidades de terapia intensiva clínica e cirúrgica, cada uma com capacidade instalada de 27 leitos, sendo 01 para isolamento. A UTI clínica possui 23 enfermeiros e 80 técnicos de enfermagem, totalizando 103 profissionais de enfermagem; já a UTI cirúrgica possui um quantitativo de 22 enfermeiros e 87 técnicos de enfermagem, resultando em 109 profissionais de enfermagem. Estruturalmente, as unidades possuem dois postos de enfermagem localizados de forma centralizada, o que permite a observação de todos os leitos panoramicamente. A amostra deste estudo foi constituída pelas oportunidades de observação dos profissionais de enfermagem quando executavam os processos de preparo e de administração de medicamento nas das unidades estudadas. Trata-se de uma amostra caracterizada como não probabilística e por conveniência. O tamanho da amostra foi calculado por meio da fórmula de Barbetta (2002), com a qual foi obtido um tamanho amostral de 1001 observações. No entanto, foi possível realizar 1159 observações somando-se as unidades de terapia intensiva cirúrgica (577) e clínica (582). Destas, 397 observações foram realizadas no turno da manhã, 376 no turno da tarde e 386 no da noite. Para a coleta de dados foi utilizado instrumento de observação do tipo check list denominado Instrumento para observação do preparo e administração de medicamentos", construído com base no Protocolo de segurança na prescrição, uso e administração de medicamentos publicado em 2013 pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (BRASIL, 2013). Esse instrumento foi construído pelas pesquisadoras e é composto de duas partes; a primeira contém dados relativos à categoria profissional dos participantes e dados gerais da observação (horário do preparo e administração, hora prescrita, informações relativas à lavagem das mãos antes do preparo e administração do medicamento, identificação do medicamento a ser administrado e via prescrita para a administração). A segunda parte é composta pelos oito itens de verificação para a administração segura de medicamentos: paciente certo, medicamento certo, via certa, hora certa, dose certa, registro certo, ação certa e forma certa. Nesse estudo não foi verificada a resposta certa (nono item), devido a dificuldade de monitorização do efeito ou resposta do medicamento após a administração. Para análise dos dados foi utilizada a estatística descritiva, com o objetivo de resumir as principais características do conjunto de dados. O cálculo da taxa de adesão aos itens de verificação para administração segura de medicamentos foi baseado no cálculo da taxa de adesão à higienização das mãos do Manual para observadores estratégia multimodal da Organização Mundial da Saúde para a melhoria da higienização das mãos, publicado pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (BRASIL, 2008), representada a seguir.

Taxa de adesão: nº de observações com adesão aos itens/ nº total de observações Resultados e Discussão: Segundo o Protocolo de segurança na prescrição, uso e administração de medicamentos (BRASIL, 2013), a adesão aos itens de verificação não garante a ausência de erro, no entanto previne significativamente esses eventos adversos e favorece a segurança e a qualidade da assistência prestada. Nas unidades pesquisadas, identificou-se taxa de adesão global baixa e ligeiramente superior para UTI cirúrgica (50,59%) em relação à UTI clínica (47,81%). Resultado diferente de estudo realizado em unidade de terapia intensiva do sul do país, o qual apresentou altas taxas de adesão, próximas a 100% (NEGELISKI, 2015). Os itens que apresentaram maiores taxas de adesão para esse estudo foram forma certa (98,38%), via certa (85,93%) e medicamento certo (65,09%). Estudo realizado no sul do país demonstrou taxas próximas a 100% de adesão para medicamento e via certa (NEGELISKI, 2015). Sobre forma certa, acredita-se que a alta adesão deva-se principalmente a forma de dispensação adotada pelas farmácias satélites de cada unidade, as quais utilizam o sistema de distribuição por dose unitária, recomendado pelo Ministério da Saúde, para minimizar o número de eventos adversos (BRASIL, 2013). Ainda é importante salientar que a alta taxa de adesão à via certa na presente pesquisa é um achado de importância, visto que erros de via são capazes de causar maior comprometimento aos pacientes (TEIXEIRA, CASSIANI, 2014). Por outro lado, os itens dose certa (51,56%), paciente certo (32,06%), registro certo (25,39%), hora certa (34,24%) e orientação certa (1,15%) apresentaram taxas de adesão menos expressivas para este estudo. A baixa adesão a esses itens é preocupante por serem importantes para o tratamento seguro do paciente. A não verificação desses itens provocou erros de dose no sul (49,1%) (ERDMANN et al. 2016) e no sudeste do Brasil (PECILLOTTI, KIMURA, 2010), além de erros de erros de horário (22,9%) em São Paulo (PECILLOTTI, KIMURA, 2010), e erros de paciente no Rio de Janeiro (42,11%) (SILVA, CASSIANI, 2004). A baixa adesão a esses itens pode ser decorrente do desconhecimento da função administrativa denominada planejamento, o que desfavorece significativamente a gestão do cuidado (ABREU, RODRIGUES, PAIXÃO, 2013). Conclusão: A porcentagem média de observações com adesão a todos os itens de verificação foi abaixo dos 50%. Quando avaliado separadamente cada item, observaram-se maiores taxas em forma certa, via certa e medicamento certo e menores em dose certa, hora certa, paciente certo, registro certo e orientação certa.

Ademais, o presente estudo espera contribuir para nortear estratégias que possam minimizar as fragilidades encontradas a fim de tornar o processo de administração de medicamentos nas unidades estudadas seguro. Descritores: Segurança do paciente, Cuidado de enfermagem, Erros de medicação. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ABREU C.C.F., RODRIGUES M.A., PAIXÃO M.P.B.A. Erros de medicação reportados pelos enfermeiros da prática clínica. Revista de Enfermagem Referência. Coimbra, n.10, p.63-68, 2013. ANSELMI et al. Erros na administração de medicamentos nos serviços de saúde. Revista Formação, Brasília, v.1, n.7, p. 41-56, jan. 2003 BARBETTA, P. A. Estatística aplicada às ciências sociais. 7. ed. Florianópolis: UFSC, 2002. BRASIL. Ministério da Saúde. Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Manual para observadores: estratégia multimodal da OMS para a melhoria da higienização das mãos.brasília, DF, 2008. BRASIL. Ministério da Saúde, Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Informe nº04 de 7 de dezembro de 2010[internet].2010 [acesso em 2016 jan 7].Disponível em:< http://portal.anvisa.gov.br/wps/content/anvisa+portal/anvisa/pos+-+comercializacao+- +Pos+Uso/Farmacovigilancia/Alertas+por+Regiao+Geografica/INFORMES/Informes+de+2 0 10/Informe+SNVS+Anvisa+Nuvig+Gfarm+n+04+de+7+de+dezembro+de+2010> BRASIL. Ministério da Saúde. Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Protocolo de segurança na prescrição, uso e administração de medicamentos. Brasília, DF, 2013. ERDMANN et al.. Perfil de erros de administração de medicamentos em anestesia entre anestesiologistas catarinenses. Revista Brasileira de Anestesiologia. Florianópolis, SC, v.1, n.66, p.105-110, 2016. INSTITUTE OF MEDICINE. Committee on Quality of Health Care in America. To Err is Human: Building a Safer Health Care System. Washington,D.C.: National Academy Press; 2000. LORENZINI E, SANTI JAR, BÁO ACP. Segurança do paciente: análise dos incidentes notificados em um hospital do sul do Brasil. Revista Gaúcha de Enfermagem, v. 35, n.2, Porto Alegre, 2014 LISBOA CD, SILVA LD, MATOS GC. Investigação da técnica de preparo de medicamentos para administração por cateter pela enfermagem na terapia intensiva. Revista da Escola de Enfermagem da USP v.47, n. 1. 2013 MOSAH, HA, SAHIB, AS, AL-BIATI, HA. Evaluation of medication errors in hospitalized patients. Medicine Journal. v.8, n.2, p.75-79, 2012.

NEGELISKII C. Efeito de uma intervenção educativa com profissionais de enfermagem acerca da segurança do paciente na administração de medicamentos injetáveis. 2015. 144f. Tese (Doutorado em Enfermagem) Escola de Enfermagem, Universidade do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, 2015. OPITZ, S. P. Sistema de medicação: análise dos erros nos processos de preparo e administração de medicamentos em um hospital de ensino. 2006. 187f. Tese (Doutorado em Enfermagem Fundamental) Escola de Enfermagem de Ribeirão Preto, Universidade de São Paulo, Ribeirão Preto, 2006. PECILLOTI, J.S.S; KIMURA, M. Erros de medicação e qualidade de vida relacionada à saúde de profissionais de enfermagem em unidades de terapia intensiva. Revista Latino- Americana de Enfermagem, Ribeirão Preto, v.18, n.6, nov-dez. 2010. REIS et al. Errors in medicine administration - profile of medicines: knowing and prevent. Acta Paul Enferm.2010; 23(2):181-6. SILVA, L.D; CAMERINI, F.G. Análise da administração de medicamentos intravenosos em hospital da rede sentinela. Revista Texto e Contexto em Enfermagem, Florianópolis, v.21, n.3, p.633-641, 2012. SILVA, A.E.B.C., CASSIANI, S.H.B. Erros de medicação em Hospital Universitário: tipo, causas, sugestões e providências. Revista Brasileira de Enfermagem, Brasília, v.6, n.57, p.671-674, nov/dez, 2004. SMITH AL, RUIZ IA, JIRÓN MA. Errores de medicación em El servicio de medicina de um hospital de alta complejidad. Revista de Medicina do Chile.v. 7, n. 142. 2014. STAUSBERG, J. International prevalence of adverse drug events in hospitals: na analysis of routine data from England, German and USA. Biomed Central Health Services Research [online], v.14, n.125, mar. 2014. TEIXEIRA, T.C.A., CASSIANI, S.H.B. Análise de causa raiz de acidentes por quedas e erros de medicação em hospital. Acta Paulista Enfermagem [online], v.27, n.2, p.100-107, 2014. VOLPE, C R G Eventos Adversos no Sistema de Medicação: A magnitude do problema. 2014. 169f. Tese (Doutorado) Departamento de Enfermagem, faculdade de Ciências da Saúde, Universidade de Brasília, Brasília, 2014.