CARGAS DIFUSAS URBANAS DE POLUIÇÃO

Documentos relacionados
Controle da Poluição POLUIÇÃO DIFUSA. Fontes de poluição das águas

Escola Politécnica da Universidade de São Paulo Departamento de Engenharia Hidráulica e Sanitária PHD 2537 Águas em Ambientes Urbanos POLUIÇÃO DIFUSA

TEMA 7. A Qualidade da Água e o Uso do Solo em Áreas Urbanas: problemas e soluções. Grupo: Dina, Jaqueline Raquel e Walter

Poluição urbana difusa

POLUIÇÃO DIFUSA RESUMO

ANÁLISE DOS POLUTOGRAMAS PARA UM EVENTO CHUVOSO NUMA GALERIA DE DRENAGEM PLUVIAL

Tema 7 - A Qualidade da Água e o Uso do Solo em Áreas Urbanas: problemas e soluções

PONTIFICIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE GOIÁS ESCOLA DE ENGENHARIA CURSOS DE ENGENHARIA CIVIL E AMBIENTAL HIDROLOGIA APLICADA

do acúmulo de resíduos (sobretudo os orgânicos, animais mortos, borrachas, plásticos, papeis, etc.), causando desconforto socioambiental.

PHD-5004 Qualidade da Água

Escola Politécnica da Universidade de São Paulo Departamento de Engenharia Hidráulica e Sanitária PHD 2537 Água em Ambientes Urbanos

Escola Politécnica da Universidade de São Paulo Departamento de Engenharia Hidráulica e Sanitária

URBANIZAÇÃO E DRENAGEM URNANA EM PORTO ALEGRE. Joel Avruch Goldenfum - IPH/UFRGS

Retrospectiva sobre regimes hidrológicos e importância do planejamento urbano na prevenção quanto a eventos extremos

Universidade Federal de Pelotas Centro de Engenharias. Disciplina de Drenagem Urbana. Professora: Andréa Souza Castro.

Alternativas sustentáveis de tratamento de esgotos sanitários

ACÚMULO E CARREAMENTO DE METAIS NAS ÁGUAS DE DRENAGEM URBANA DE GOIÂNIA

O meio aquático I. Bacia Hidrográfica 23/03/2017. Aula 3. Prof. Dr. Joaquin Bonnecarrère Garcia. Zona de erosão. Zona de deposição.

O meio aquático I. Aula 3 Prof. Dr. Arisvaldo Méllo Prof. Dr. Joaquin B. Garcia

Saneamento Urbano I TH052

Ciências do Ambiente

PHA Hidrologia Ambiental. Hidrologia e Drenagem

GESTÃO DOS RIOS URBANOS: OS DESAFIOS DA REVITALIZAÇÃO E AS NOVAS TECNOLOGIAS DE MANEJO DE ÁGUAS URBANAS

Projetos de engenharia de águas urbanas Drenagem e Manejo de Águas Pluviais

O 2º do artigo 22 passa a vigorar com a seguinte redação:

BACIA HIDROGRAFICA. Governo do Estado de São Paulo Secretaria do Meio Ambiente

Saneamento Urbano TH419

Pressão antropogénica sobre o ciclo da água

Qualidade e Conservação Ambiental TH041

Fatores Operacionais que interferem na coleta de biogas.

Gestão de Inundações urbanas. Dr. Carlos E M Tucci Rhama Consultoria e IPH - UFRGS

UNIVERSIDADE FEDERAL DE SERGIPE INSTITUTO FEDERAL DE SERGIPE APLICAÇÕES DO SWAT. Marinoé Gonzaga da Silva

Saneamento Urbano TH419

IPH Hidrologia II. Controle de cheias e Drenagem Urbana. Walter Collischonn

6 - Dados. TH036 - Gerenciamento de RH

Planejamento Territorial e Saneamento Integrado

Esgoto Doméstico: Coleta e Transporte

03 - EFLUENTES LÍQUIDOS

Chuvas Intensas e Cidades

Escola Politécnica da Universidade de São Paulo Departamento de Engenharia Hidráulica e Sanitária PHD2537-Águas em Ambientes Urbanos.

O QUE É SANEAMENTO? SANEAMENTO BÁSICO. - água. - esgoto. - resíduos sólidos (lixo) - drenagem pluvial

Decreto que regulamenta o artigo 115 do Código de Obras de Guarulhos

Estudos dos impactos da agricultura na quantidade e qualidade da água no solo e nos rios

XI Simpósio de Recursos Hídricos do Nordeste

SISTEMAS DE INFORMAÇÃO EM QUALIDADE DA ÁGUA

IMPACTOS AMBIENTAIS URBANOS O Caos Ambiental das Cidades Brasileiras

PADRÃO DE RESPOSTA DAS QUESTÕES DISCURSIVAS

UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA FACULDADE DE TECNOLOGIA DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA CIVIL E AMBIENTAL

Política de Recursos Hídricos e Saneamento. Prof. Carlos E. M. Tucci

72ª. SOEA MÉTODOS ALTERNATIVOS DE DRENAGEM URBANA E APROVEITAMENTO DAS ÁGUAS DE CHUVA. Aparecido Vanderlei Festi

FERRAMENTA DE GESTÃO AMBIENTAL - MUNICÍPIO

Principais problemas enfrentados

Medidas de Controle na Drenagem Urbana

PHD2537 Água em Ambientes Urbanos. Profº: Dr. Kamel Zahed Filho SEMINÁRIO

O SISTEMA CLIMA URBANO. Júlio Barboza Chiquetto pós-graduando em geografia físicaf

DRENAGEM URBANA EM SÃO PAULO. Eng o PEDRO LUIZ DE CASTRO ALGODOAL PROJ 4 SIURB/PMSP

6 - Resultados e discussão

Lauralice de C. F. Canale Prof. Associada EESC/USP

Capitulo 11 Bacia de infiltração com detenção

Disciplina de Drenagem Urbana: Aula 1

4 Reciclagem do lodo para utilização final na agricultura

Qualidade da Água em Rios e Lagos Urbanos

INTRODUÇÃO À QUALIDADE DAS ÁGUAS E AO TRATAMENTO DE ESGOTOS

Ambientes de água doce. Esses se dividem em ambientes: -Lóticos: água corrente -Lênticos: água parada

SISTEMAS PÚBLICOS DE ESGOTAMENTO SANITÁRIO

HIDROLOGIA E DRENAGEM

PROCEDIMENTO OPERACIONAL IDENTIFICAÇÃO VERSÃO FOLHA No. Controle ambiental da obra

MICRODRENAGEM NAS GRANDES CIDADES: PROBLEMAS E SOLUÇÕES. Douglas Toshinobu Kamura Fabio Hideo Mori Renato Akyra Oshiro Rodrigo Nakazato

Avaliação do risco de degradação da qualidade da água em bacias hidrográficas agrícolas em situação de cheia

SISEMA. Sistema Estadual de Meio Ambiente. POLÍCIA MILITAR D E M I N A S G E R A I S Nossa profissão, sua vida.

QUALIDADE DAS ÁGUAS EM PARQUES AQUÍCOLAS. Dra. Rachel Magalhães Santeiro INCISA Instituto Superior de Ciências da Saúde

EVAPOTRANSPIRAÇÃO INTERCEPTAÇÃO PELO DOSSEL

Controle de impactos de edificações sobre o sistema público de drenagem: Vazões pluviais e poluição difusa

Microdrenagem nas grandes cidades: problemas e soluções

Poluentes aquáticos. Poluição da água

MANEJO E CONSERVAÇÃO DO SOLO E DA ÁGUA APLICADOS À PRESERVAÇÃO DOS ECOSSISTEMAS

A importância do descarte correto de EPI s

Mananciais de Abastecimento. João Karlos Locastro contato:

HIDROLOGIA AULA semestre - Engenharia Civil. ESCOAMENTO SUPERFICIAL 2 Profª. Priscila Pini

SANEAMENTO BÁSICO DRENAGEM URBANA. Prof. Silvana Ferreira Bicalho

HIDROLOGIA AULA semestre - Engenharia Civil. ESCOAMENTO SUPERFICIAL 1 Profª. Priscila Pini

Medidas de controle do impacto a montante

DRENAGEM URBANA INFLUÊNCIA DA DRENAGEM URBANA NAS ENCHENTES E INUNDAÇÕES 1

Monitoramento Qualitativo das Águas do Rio Tega Caxias do Sul

SUMÁRIO. PARTE A CONCEITOS BÁSICOS E ESTUDOS DE CARACfERIZAÇÃO. CAPÍTULO 1 Introdução. Marcos von Sperling 1.1. PRELIMINARES 21

Ciências do Ambiente

Capítulo 1 Conceitos básicos em Hidrologia Florestal. Introdução a Hidrologia de Florestas

Poluição & Controle Ambiental Aula 2 Poluição Aquática

Vamos aprender: Importância para os seres vivos; Ciclo da água; Tratamento da água e esgoto; Poluição da água e Saneamento básico; Doenças ;

Geotécnica Ambiental. Aula 1 : Introdução a Geotecnia

DEPARTAMENTO DE TECNOLOGIA DE ALIMENTOS

Certificação ambiental de produtos

IPH GERENCIAMENTO DA DRENAGEM URBANA Apresentação

ENGENHARIA DE AGRIMENSURA E CARTOGRÁFICA HIDROLOGIA. Hidrologia & Ciclo Hidrológico. Prof Miguel Angel Isaac Toledo del Pino CONCEITO ATUAL

Transcrição:

CARGAS DIFUSAS URBANAS DE POLUIÇÃO

Urbanização População aumenta Edificação aumenta Rejeitos aumentam Demanda aumenta Área impermeável Drenagem é aumenta modificada Problemas de Recursos Hídricos Clima se modifica Qualidade das águas pluviais deterioram Recarga subterrânea diminui ESD aumenta Velocidade da água aumenta Qualidade dos rios piora Vazão básica diminui Pico aumenta Tempo de percurso diminui Problemas de controle de poluição Problemas de controle de inundações

PANORAMA GERAL Definição de cargas difusas urbanas de poluição Principais fontes geradoras Principais poluentes Impacto das cargas difusas urbanas Avaliação e transporte das cargas difusas Medidas de controle

O que são cargas difusas de poluição? São cargas poluidoras que provêm de atividades que depositam poluentes de forma esparsa sobre a área de contribuição da bacia hidrográfica São cargas poluidoras que chegam aos corpos hídricos de forma intermitente, associadas a eventos de precipitação São geradas a partir de extensas áreas de ocupação antrópica É difícil associar-se a elas um ponto de origem

O que são cargas difusas de poluição? A quantidade e o tipos de poluentes que chegam ao corpo hídrico dependem do uso e ocupação do solo da bacia Fonte: Projeto PADCT, Rio Cabuçu de Baixo

Cargas difusas das áreas urbanas são significativas? Cargas difusas urbanas e agrícolas são hoje a principal causa de degradação dos corpos hídricos naqueles países que já reduziram as cargas pontuais (EUA e Europa, por exemplo) Lançamento DBO 5 Sólidos Suspensos Nitrogênio Total Fósforo Total Coliforme Total Drenagem Urbana 10-250 10 11000 3-10 0,2-0,7 10 3-10 8 Esgoto Bruto (160) (235) (35) (10) 10 7 10 9 Esgoto Tratado (20) (20) (30) (10) 10 4-10 6 Fonte: Novotny & Olem, 1994

A magnitude do problema Fonte: EPA, NWQI 2000

Principais fontes geradoras Distinguir entre sistemas separadores de coleta esgotos e drenagem e sistemas combinados No caso brasileiro, tem-se uma situação mista e muitas áreas sem coleta

Principais fontes geradoras ESGOTOS SEM COLETA OU LANÇADOS NA REDE DE DRENAGEM

Principais fontes geradoras DEPOSIÇÃO ATMOSFÉRICA seca úmida 1. compostos químicos: óxidos, nitritos, nitratos... 2. enxofre 3. metais 4. micropoluentes orgânicos 5. partículas solo, fungo, pólen 6. asfalto, cinzas... 7 a 30 t/km 2.mês! Fonte: Novotny & Olem, 1994

Principais fontes geradoras DESGASTE DO PAVIMENTO pedaços de asfalto cimento, areia... VEÍCULOS combustível óleo lubrificante fluido de freio e refrigeração asbesto partículas de borracha tinta ferrugem Apenas 5% em peso, mas tóxicos!

Principais fontes geradoras LIXO não coletado lançado nas ruas lançado nos rios Embalagens Resíduos orgânicos restos

Principais fontes geradoras EROSÃO Expansão da área urbana Abertura de novos loteamentos Remoção da cobertura vegetal Aceleração do escoamento superficial

Principais Poluentes Matéria orgânica Organismos patogênicos Sedimentos Tóxicos Metais pesados: cádmio, níquel, cromo... Micropoluentes orgânicos Outros produtos (automotivos)

Impactos da Poluição por Cargas Difusas Urbana Diminuição da concentração de oxigênio dissolvido Contaminação por organismos patogênicos Sedimentos Eutrofização (nutrientes) Danos devidos aos tóxicos Alterações estéticas

Avaliação e Transporte da Carga Poluidora A carga chega ao corpo hídrico quando há eventos de precipitação: Parte vem na própria água da chuva Parte é arrastada pelo escoamento superficial Sua ocorrência é aleatória; varia também a quantidade transportada: Função das perdas iniciais do escoamento superficial Função da lâmina e velocidade do escoamento

Avaliação e Transporte da Carga Poluidora CARGA DE LAVAGEM É a remoção inicial do material acumulado entre episódios de chuva Nem sempre ocorre: depende das perdas iniciais do escoamento superficial Torna difícil prever a variação temporal da concentração de poluentes P POLUTOGRAMA E HIDROGRAMA H

Avaliação e Transporte da Carga Poluidora Exemplo:Bacia do rio Cabuçu de Baixo

Avaliação e Transporte da Polutogramas são impressões digitais de cada bacia É difícil transportar entre eventos Utiliza-se CARGA MÉDIA DO EVENTO (CME) Carga Poluidora massa do poluente contida no escoamento CME = volume do escoamento

Avaliação e Transporte da Carga Poluidora a distribuição da CARGA MÉDIA DO EVENTO (CME) numa bacia é lognormal (NURP, 1983) a CME é mais utilizada que o polutograma pois o estresse do corpo hídrico dá-se num prazo mais longo e, portanto, sua reposta será em relação à concentração média total o polutograma é mais utilizado para cálculo do volume de escoamento que deve ser retido para controle dos impactos de poluição

Como monitorar a poluição por cargas difusas? Monitoramento ao longo do evento chuvoso

Medidas de Controle 5 conceitos principais: Gestão da bacia hidrográfica Minimizar a área impermeável e diretamente conectada Promover infiltração Controle na fonte: evitar a disposição de tóxicos sobre a superfície Tratar as águas provenientes da drenagem urbana Fonte: EPA, 2002

Medidas de Controle SÃO PRATICAMENTE AS MESMAS MEDIDAS PARA MINIMIZAÇÃO DOS PROBLEMAS DE ENCHENTES URBANAS REDUZINDO-SE O VOLUME ESCOADO, REDUZ-SE A CARGA POLUIDORA

Medidas de Controle SÃO CHAMADAS DE MELHORES PRÁTICAS DE MANEJO (Best Management Practices BMP s) ou Práticas de Manejo

Medidas de Controle Gestão da bacia hidrográfica: Estabelecimento da autoridade legal e da estrutura institucional de controle Planejamento Políticas de financiamento e sustentação financeira Participação pública Integração dos agentes envolvidos

Medidas de Controle Minimizar a área impermeável: Políticas de uso e ocupação do solo: Prevenir a ocupação em áreas sensíveis Códigos de edificação Trabalhar com parâmetros ocupação, verticalização, adensamento

Medidas de Controle Minimizar a área diretamente conectada: Pavimentos permeáveis Armazenamento no lote com infiltração

Medidas de Controle Promover a infiltração:

Medidas de Controle Controle na fonte: Controle da disposição de rejeitos industriais Disposição adequada de tóxicos (mesmo nas residências) Controle e gerenciamento da disposição final de resíduos sólidos

Medidas de Controle Medidas Estruturais: Tratar a drenagem Bacias de detenção secas Bacias de detenção úmidas Bacias de retenção secas Bacias de retenção úmidas Alagados (wetlands)

Medidas de Controle Bacias de detenção secas Pouco eficientes para qualidade da água pelo baixo tempo que o volume escoado permanece

Medidas de Controle Bacias de detenção úmidas Melhor em relação à qualidade da água, mas a verificar o tempo que o volume escoado permanece

Medidas de Controle Bacias de retenção Melhores em relação à qualidade da água, pois armazenam a água por períodos longos de tempo A saída principal é usualmente a infiltração, ou tomadas de saída muito pequenas

Medidas de Controle Alagados ( wetlands ) Soluções boas com relação à qualidade da água Equivale à preservação natural da várzea Problemas de manutenção

FIM