FACULDADE PITÁGORAS DE TEIXEIRA DE FREITAS DIRETÓRIO ACADÊMICO DE DIREITO RAFAEL SANTOS PAES DIREITO CIVIL: SUCESSÕES TEIXEIRA DE FREITAS/BA 2011
RAFAEL SANTOS PAES DIREITO CIVIL: SUCESSÕES Trabalho apresentado à professora Rosinete Cavalcante da Costa, disciplina de Direito Civil - Sucessões, 8º período do curso de bacharelado em Direito da Faculdade Pitágoras, campus Teixeira de Freitas/BA. TEIXEIRA DE FREITAS 2011
INTRODUÇÃO. Todos estamos aptos a postular ou figurar no direito Sucessório, que seja na condição de herdeiro ou de - de cujus- tal é a amplitude dessa matéria, é grandiosa aplicação na vida cotidiana. A morte, é senão o começo de uma nova relação jurídica, deste ponto de vista, interpretamos que, a pessoa morta, como cedente de patrimônio, é figura essencialmente ativa para a configuração da sucessão, pois, após sua ausência no mundo dos vivos, cria o direito aos entes próximos e credores, de postular em favor de seu patrimônio na expectativa de receber patrimônio extra, ou ter seus créditos atendidos. Varias doutrinas prelecionam sobre as várias relações sucessórias existentes. Neste sentido, justifica-se estudar cada uma, de forma a entendermos a complexa relação do direito sucessório. Para o melhor entendimento do direito sucessório, para um calibragem mais sisuda do entendimento de direito post mortem, confrontamos posicionamento de autores consagrados e guardiões do direito, com os julgados emanados nos mais Egrégios Tribunais deste país, com o fim de demonstrar o linear que tange esse direito.
1ª Jurisprudência. 1. Tema: Sucessão do Cônjuge. RECURSO ESPECIAL - SUCESSÃO - CÔNJUGE SUPÉRSTITE - CONCORRÊNCIA COM ASCENDENTE, INDEPENDENTE O REGIME DE BENS ADOTADO NO CASAMENTO - PACTO ANTENUPCIAL - EXCLUSÃO DO SOBREVIVENTE NA SUCESSÃO DO DE CUJUS- NULIDADE DA CLÁUSULA - RECURSO IMPROVIDO. 1 - O Código Civil de 2.002 trouxe importante inovação, erigindo o cônjuge como concorrente dos descendentes e dos ascendentes na sucessão legítima. Com isso, passou-se a privilegiar as pessoas que,apesar de não terem qualquer grau de parentesco, são o eixo central da família. 2- Em nenhum momento o legislador condicionou a concorrência entre ascendentes e cônjuge supérstite ao regime de bens adotado no casamento. 3 - Com a dissolução da sociedade conjugal operada pela morte de um dos cônjuges, o sobrevivente terá direito, além do seu quinhão na herança do de cujus, conforme o caso, à sua meação, agora sim regulado pelo regime de bens adotado no casamento. 4 - O artigo 1.655 do Código Civil impõe a nulidade da convenção ou cláusula do pacto antenupcial que contravenha disposição absoluta de lei. 5 - Recurso improvido. REsp 954567 / PE, RECURSO ESPECIAL 2007/0098236-3, Ministro MASSAMI UYEDA (1129), T3 - TERCEIRA TURMA, DJe 18/05/2011, 10/05/2011. Lição Doutrinária: 1. Diz Sílvio Sálvio Venosa: A exemplo de direitos estrangeiros, a lei criou uma herança concorrente, em universal, do cônjuge, com os descendentes ou ascendentes. A intenção da lei foi proteger a mulher (mas a situação se aplica a ambos os cônjuges) que, sem patrimônio próprio suficiente, poderia, talvez até em idade avançada não ter meios de subsistência. A situação se aplicava nos casamento que não sob o regime de comunhão universal. Pela dicção da lei, não havia dúvida de que isso se aplica também ao regime de comunhão parcial, colocado pela Lei do Divórcio como regime legal (aquele que se aplica na ausência de pacto antenupcial). Venosa, Sílvio Sálvio. Direito civil, direito das sucessões. 10 ed. São Paulo: Atlas, 2010, página 134 (Coleção de direito civil; v. 7). 2. Fazendo alusão a Caio Mário da Silva Ferreira, em sua literatura diz que: O Novo Código Civil representa o ponto de chegada de uma lenta evolução: além de afirmar textualmente sua qualidade de herdeiro necessário(art. 1.846) assegurando-lhe, com isso, a legítima(art. 1.846) - pôs, o cônjuge em situação destacada, no que diz respeito à ordem da vocação hereditária, permitindo-lhe ser chamado a receber propriedade (e não mero usufruto), em concorrência com descendentes e com ascendentes no primeiro casso,
porém, a depender do regime de bens do casal (art.1.829, nºi).pereira, Caio Mário da Silva, Instituições de direito civil, Direito das sucessões, ed. 17ª, v. 06, Editora Forense, Rio de Janeiro, 2010. Comentário. A o julgado em consonância com os ensinamentos doutrinários, que vieram dar guarida a inovação legislativa, uma vez que o cônjuge sobrevivente ou supérstite sendo recebido como herdeiro legítimo, não há motivos para a discordância, recaindo sobre o mesmo o direito de participar na partilha em dois pólos, quanto meeiro, e quanto a herdeiro. Já se vai longe o tempo em que a mulher ou o marido ficavam desamparados, ou dependente dos herdeiros, após a morte do de cujus, retratando perfeita justiça ao passo que reconhece o caráter sucessório do companheiro vivo. 2ª Jurisprudência. 2 Tema: Sucessão Legtíma/Inventário. PROCESSO CIVIL. MORTE DE UMA DAS PARTES. SUBSTITUIÇÃO PROCESSUAL. ESPÓLIO. REPRESENTAÇÃO PELO ADMINISTRADOR PROVISÓRIO. POSSIBILIDADE. INEXISTÊNCIA DE INVENTARIANTE. SUSPENSÃO DO FEITO. DESNECESSIDADE. NULIDADE PROCESSUAL. INOCORRÊNCIA. RECURSO PARCIALMENTE PROVIDO. 1. Não há a configuração de negativa de prestação jurisdicional nos embargos de declaração, se o Tribunal de origem enfrenta a matéria posta em debate na medida necessária para o deslinde da controvérsia, ainda que sucintamente. A motivação contrária ao interesse da parte não se traduz em maltrato ao art. 535 do CPC. 2. De acordo com os arts. 985 e 986 do CPC, enquanto não nomeado inventariante e prestado compromisso, a representação ativa e passiva do espólio caberá ao administrador provisório, o qual, comumente, é o cônjuge sobrevivente, visto que detém a posse direta a administração dos bens hereditários (art. 1.579 do CC/1916, derrogado pelo art. 990, I a IV, do CPC; art. 1.797 do CC/2002). 3. Apesar de a herança ser transmitida ao tempo da morte do de cujus (Princípio da saisine), os herdeiros ficarão apenas com a posse indireta dos bens, pois a administração da massa hereditária restará, inicialmente, a cargo do administrador provisório, que representará o espólio judicial e extrajudicialmente, até ser aberto o inventário, com a nomeação do inventariante, a quem incumbirá representar definitivamente o espólio (art. 12, V, do CPC). 4. Não há falar em nulidade processual ou em suspensão do feito por morte de uma das partes se a substituição processual do falecido se fez devidamente pelo respectivo espólio (art. 43 do CPC), o qual foi representado pela viúva meeira na
condição de administradora provisória, sendo ela intimada pessoalmente das praças do imóvel. 5. Recurso especial parcialmente provido. RECURSO ESPECIAL Nº 777.566 - RS (2005/0143321-1), MINISTRO VASCO DELLA GIUSTINA (DESEMBARGADOR CONVOCADO DO TJ/RS). Lição Doutrinária: 1. Diz Sílvio Sálvio Venosa: Existe ordem legal a ser seguida pelo juiz na nomeação do inventariante (art. 990 do CPC): terá preferência o cônjuge sobrevivente casado sob o regime da comunhão, desde que estivesse convivendo com o de cujus à época da morte. Em sua falta, o juiz nomeará as pessoas a seguir designadas no artigo citado, a começar pelo herdeiro que se achar na posse e administração dos bens. Contudo, e ao contrário do que a princípio parecem demonstrar alguns autores, essa ordem legal de nomeação não é inexorável. Deve ser levado em conta, também, que o companheiro, na união estável, pode e deve assumir o encargo, quando estivesse convivendo com o de cujus quando da morte. A oportunidade e conveniência da nomeação hão de ser vistas no caso concreto. Venosa, Sílvio Sálvio. Direito civil, direito das sucessões. 10 ed. São Paulo: Atlas, 2010, página 134 (Coleção de direito civil; v. 7); 2. Importante contribuição comparativa de Caio Mário, no que fala: No sistema do Código Civil de 1916(art.1.579), denominava-se cabeça de casal o cônjuge sobreveio na posse e na administração dos bens da herança, e que dava partilha aos herdeiros. O novo Código Civil (art. 1.797) não repete, porém, a expressão, indicando as pessoas às quais caberá a administração provisória da herança até o compromisso do inventariante, de acordo com a seguinte ordem: (a) ao cônjuge[...] Pereira, Caio Mário da Silva, Instituições de direito civil, Direito das sucessões, ed. 17ª, v. 06, Editora Forense, Rio de Janeiro, 2010 Comentário: No julgado colacionado pela Turma do STJ, faz uso da literatura do Art. 990 do CC, onde reconhece como inventariante, ainda que para efeitos processuais, a cônjuge sobrevivente, mesmo porque, o espólio não poderia ficar em todo abandonado, pois, na falta de um dos cônjuges a substituição é inevitável do cônjuge sobrevivente, pois este divide obrigações legais com o de cujus. Complementa o doutrinador, que na linha de nomeação, seria o cônjuge sobrevivente o privilegiado na linha de nomeação.
3ª Jurisprudência. 3 Tema: Deserdação APELAÇÃO. AÇÃO DE DESERDAÇÃO AJUIZADA POR PESSOA VIVA, QUE QUER DESERDAR UM HERDEIRO NECESSÁRIO SEU. IMPOSSIBILIDADE JURÍDICA DO PEDIDO. DEFENSOR PÚBLICO QUE ATUOU COMO CURADOR ESPECIAL DE RÉU REVEL. HONORÁRIOS DE SUCUMBÊNCIA. FIXAÇÃO. DESCABIMENTO. deserdação só pode ser declarada em testamento, com expressa referência à causa. A ação de deserdação cabe ao beneficiado pela deserdação, e deve ser ajuizada depois de aberta a sucessão (ou seja, depois da morte do testador), para que fique provada a causa utilizada como razão para deserdar. Inteligência dos artigos 1.964 e 1.965, ambos do CCB. Precedentes doutrinários. Nesse contexto, é juridicamente impossível a ação de deserdação ajuizada pela própria pessoa que deseja deserdar um herdeiro necessário seu. Tal pretensão só pode ser objeto de cláusula testamentária. Não cabe fixação de verba honorária de sucumbência em prol de Defensor Público que atua como curador especial de réu revel. Precedentes jurisprudenciais. NEGARAM PROVIMENTO A AMBOS OS APELOS. (Apelação Cível Nº 70034811208, Oitava Câmara Cível, Tribunal de Justiça do RS, Relator: Rui Portanova, Julgado em 13/05/2010). Lição Doutrinária: 1. Comenta Venosa, in verbis: O testador de descrever a causa. A disposição de ser fundamentada. Uma simples referência indeterminada a eventual injúria, por exemplo, não é suficiente. A descrição do fato deserdante não necessita, contudo, ser plena de detalhes. Quantos mais detalhado, porém, mais fácil tornará a missão do herdeiro ou interessado que propuser a ação. Não é necessário que o testamento indique ou localize as provas do fato descrito. Nada impede e melhor será que o faça. Se a causa for suficientemente descrita, ou inexistir, restarão ao interessado as hipóteses de indignidade para excluir o herdeiro faltoso. Neste último caso, porém, a exclusão não será pedida com base no testamento, que poderá servir, contudo, como prova auxiliar no processo. Venosa, Sílvio Sálvio. Direito civil, direito das sucessões. 10 ed. São Paulo: Atlas, 2010, página 134 (Coleção de direito civil; v. 7). 2. Em breve abordagem, Caio Mário manifesta no mesmo sentido da jurisprudência dominante e das lições de Venosa, ao diz que: Não é somente com caráter positivo que se excuta o testamento. O testador pode ter manifestado a sua vontade, privando um herdeiro do quinhão que deveria receber, o que indiretamente importa em beneficiar outro herdeiro. Em verdade, excluir é dispo. Pode ser negativa a manifestação da vontade testamentária, por via de deserdação, ato pelo qual o herdeiro necessário é privado de sua legítima (Novo Código Civil, Art1.961). Pereira, Caio Mário da Silva, Instituições de direito civil, Direito das sucessões, ed. 17ª, v. 06, Editora Forense, Rio de Janeiro, 2010
Comentário: No que podemos verificar na jurisprudência e tanto nas lições doutrinária, que: quanto o legítimo para ajuizar a ação de deserdação, compete ao herdeiro necessário; já no que se traduz da causa da deserdação, deve ser explícita no testamento as causas que deram margem à exclusão da herança, ressaltando que o único instrumento capaz é o testamento, devidamente validado. 4ª Jurisprudência. 4 Tema: Inventário Negativo. INVENTÁRIO EXTINÇÃO INEXISTENCIA DE BENS A INVENTARIAR FUNDAMENTAÇÃO EM FALTA DE INTERESSE INADIMISSIBILIDADE Interesse presente pela necessidade dos herdeiros ou terceiros interessados em obter declaração judicial sobre inexistência de patrimônio deixado pelo de cujus Embora não previsto na lei, pacífica a admissão do processamento do inventário negativo pela doutrina e jurisprudência Sentença de extinção reformada Recurso provido. (TJSP Ap. Cível 462.073-4/2007-00, 14-6-2007,14-6-2007, 8ª Câmara de Direito Privado - Rel. Salles Rossi). Lição Doutrinária: 1. Com pontuação máxima, Venosa, preleciona: [...] o inventário será necessário para a apuração dos haveres existentes na herança. Só nas exceções, a confirmar a regra, é que se dispensa o inventário. Porém, podem ocorrer situações em que haverá a necessidade de se provar que alguém não deixou qualquer patrimônio, que não existe bem algum a inventariar. [...] A finalidade desses dispositivos, repetidos sobre outras vestes no Código de 2002, como estudamos no volume dedicado ao Direito de Família, é evitar a confusão de patrimônio do primeiro e do segundo casamento. Venosa, Sílvio Sálvio. Direito civil, direito das sucessões. 10 ed. São Paulo: Atlas, 2010, página 134 (Coleção de direito civil; v. 7). 2. Nesta Baila posiciona-se na mesma linha Cáio Mário da Silva Pereira: Nas heranças de pequeno porte, o processo é simplificado, com a eliminação de termos e formalidades. O inventariante já apresenta a relação dos bens e sua estimativa, que será adotada para sofrer a incidência do imposto de transmissão mortis causa, salvo impugnação fundada de seus valores. Pereira, Caio Mário da Silva, Instituições de direito civil, Direito das sucessões, ed. 17ª, v. 06, Editora Forense, Rio de Janeiro, 2010 Comentário: Como bem asseverou o julgador, in casu ficou a cargo da doutrina e da jurisprudência o consórcio de justificativas pelas quais se fundamenta o inventário
negativo, seja ele, como diz Venosa, para demarcar bens remanescente do casamento anterior, ou, como aludido pelo julgado, para simples comprovação da inexistências de bens à arrolar, fato que justifica o inventários simples, apenas declarativo da falta do obejto. 5ª Jurisprudência. 5 Tema: Arrolamento ARROLAMENTO IMPOSTO DE TRANSMISSÃO CAUSA MORTIS E DOAÇÃO DE QUAISQUER BENS E DIREITOS (ITCMD) Inaplicabilidade da Lei nº 10.705/00 Incidência da lei vigente na época da abertura da sucessão Fato gerador do tributo é o óbito e conseqüente transmissão da herança Inexigibilidade de comparecimento dos herdeiros ao Posto Fiscal para declarar o tributo Cabe ao Poder Publico a cobrança de eventuais diferenças de lançamentos e pagamentos Formal de partilha - Entrega Necessidade de comprovação do pagamento de todos os tributos Art. 1.031, 2º, do CPC Recurso provido (Tjsp AI 469.856-4/1-00, 10-10-2006, 9ª Câmara de Direito Privado Rel. Carlos Strappa). Lição Doutrinária: 1. Na preciosa lição de Silvo Sálvio Venosa, pontua: O arrolamento é uma modalidade simplificada de inventário, que suprime grande parte de suas formalidades. É da tradição de nosso direito e já presente no Código de Processo anterior. A lei nº 7.019/82 procurou facilitar ainda mais o inventário, abreviou o processo de arrolamento e alterou as redações dos art. 1.031 a 1.038 do CPC. Nos arrolamentos são suprimidos termos judiciais, chegandose mais rapidamente à partilha. Venosa, Sílvio Sálvio. Direito civil, direito das sucessões. 10 ed. São Paulo: Atlas, 2010, página 134 (Coleção de direito civil; v. 7). 2. Nas heranças de pequeno porte, o processo é simplificado, com a eliminação de termos e formalidades. O inventariante já apresenta a relação dos bens e sua estimativa, que será adotada para sofrer a incidência do imposto de transmissão mortis causa, salvo impugnação fundada de seus valores. Pereira, Caio Mário da Silva, Instituições de direito civil, Direito das sucessões, ed. 17ª, v. 06, Editora Forense, Rio de Janeiro, 2010. Comentário: Arrolamento é a verificação de bens, com a supressão de fases processuais e a apresentação da listagem de bens. Neste pondo fica pacificado o conceito de arrolamento,noutro estudo, o julgado veio reconhecer que o ITCMD, deve ter sua incidência comparada ao da data da morte, quando se abre a sucessão, e não como buscada nos dias atuais, pelo que se depreende, o imposto preterido seria o da dado da ação, o que seria impossível pela inexistência da lei em questão.
Bibliografia Pereira, Caio Mário da Silva, Instituições de direito civil, Direito das sucessões, ed. 17ª, v. 06, Editora Forense, Rio de Janeiro, 2010. Venosa, Sílvio Sálvio. Direito civil, direito das sucessões. 10 ed. São Paulo: Atlas, 2010, página 134 (Coleção de direito civil; v. 7).