Nota Técnica: Evidências Empíricas Recentes da Relação entre a Taxa de Câmbio Real Efetiva e a Poupança Privada no Brasil ( )

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Transcrição:

Nota Técnica: Evidências Empíricas Recentes da Relação entre a Taxa de Câmbio Real Efetiva e a Poupança Privada no Brasil (2000-2016) Guilherme Jonas Costa da Silva * José Luis Oreiro ** A discussão do modelo de Vetores Auto-regressivos foi introduzida por Christopher Sims (1980), no seu trabalho seminal intitulado Macroeconomics and Reality. Uma das principais contribuições do trabalho de Sims (1980), entre outras coisas, foi tornar os modelos de equações simultâneas capazes de analisar as inter-relações entre as variáveis macroeconômicas e seus efeitos a partir de choques que provocam ciclos na economia, isto é, esses modelos foram capazes de analisar a importância relativa de cada surpresa (ou inovações) sobre as variáveis do sistema macroeconômico. Esta é a abordagem empírica que possibilita um maior entendimento de como as variáveis macroeconômicas respondem a esses choques, simultaneamente. (Maia, 2001) Segundo Enders (1995) as funções impulso-resposta mostram os efeitos das séries temporais quando há uma determinada alteração em alguma das variáveis do modelo, por exemplo, as funções resposta ao impulso apontam as reações das vendas de automóveis e da produção industrial de insumos para a construção civil quando há um choque exógeno de um desvio padrão nas variáveis selecionadas. Formalmente, segundo Johnston & Dinardo (2000), as funções resposta ao impulso permitem calcular as reações em cadeia de um determinado choque. A idéia é a seguinte: suponha um sistema de 1ª ordem com duas variáveis: y1 t a11y1, t 1 a12y2, t 1 1 t (1) y2 t a21y1, t 1 a22y2, t 1 2t (2) Uma alteração em 1t tem um efeito imediato de um para um em No período seguinte, essa alteração em 2, t 1 t y 1 t, mas não tem efeito em y 2 t. y 1 afeta y 1, t 1 através da 1ª equação, mas também afeta y através de segunda equação. Esses efeitos em cadeia se repercutem no tempo. Este vetor estabelece um choque de um desvio padrão na 1ª equação, mantendo zerados todos os outros choques. Assim, para observar as inter-relações das variáveis POUPANÇA PRIVADA REAL, IPCA (INFLAÇÃO), TAXA DE CÂMBIO REAL EFETIVA (R$/US$) E PIB REAL no Brasil, utilizase à metodologia Vetores Auto-Regressivos (VAR). POUPANÇA PRIVADA REAL, TAXA DE CÂMBIO REAL EFETIVA (R$/US$) E PIB REAL foram deflacionadas pelo IPCA. A série temporal é trimestral e o período de análise é de 2000 a 2016. Essa metodologia é útil por possibilitar a análise das relações dinâmicas entre variáveis endógenas, sem definir a priori a ordem de determinação e causalidade. O modelo VAR tentará apreender a * Professor do Instituto de Economia da Universidade Federal de Uberlândia. E-mail: guilhermejonas@yahoo.com.br. ** Professor do Departamento de Economia da Universidade de Brasília, Pesquisador Nível IB do CNPq e Pesquisador Associado do Centro de Estudos do Novo-Desenvolvimentismo. E-mail: joreirocosta@yahoo.com.br.

influência de cada uma delas sobre as demais variáveis do modelo, notadamente, sobre a poupança privada real. As variáveis selecionadas foram aquelas extraídas do IBGE. http://www.ibge.gov.br/home/estatistica/indicadores/pib/pib-vol-val_201701_8.shtm http://www.ibge.gov.br/home/estatistica/indicadores/pib/pib-vol-val_201701_11.shtm As variáveis foram transformadas em logaritmo. Os testes de estacionariedade demonstraram que as variáveis POUPANÇA PRIVADA REAL, IPCA (INFLAÇÃO) E CAMBIO REAL foram estacionarias apenas em primeira diferença, por isso estão em taxas de crescimento. Já a variável PIB Real, tornou-se estacionária apenas na segunda diferença, portanto, deve ser interpretada como aceleração do crescimento da renda. Para desenvolver um modelo bem especificado é necessária, entre outras coisas, a escolha adequada do número de defasagens para fazer as estimações. Para tanto, toma-se como base os Critérios de Informação de Akaike (AIC), de Schwarz (SC) e o de Hannan-Quinn (HQ). As estatísticas sinalizaram que o número de defasagens a incluir no VAR é três.

VAR Lag Order Selection Criteria Endogenous variables: DLNSPRIVREAL DLNIPCACUM DDLNYREAL DLNCAMREAL Exogenous variables: C Date: 06/16/17 Time: 09:30 Sample: 2000Q1 2016Q4 Included observations: 61 Lag LogL AIC SC HQ 0 438.2381-14.23732-14.09890-14.18307 1 475.9845-14.95031-14.25822-14.67908 2 513.1138-15.64308-14.39731-15.15485 3 568.3267-16.92874-15.12931* -16.22353* 4 584.6523-16.93942* -14.58632-16.01722 5 596.8975-16.81631-13.90953-15.67712 * indicates lag order selected by the criterion LR: sequential modified LR test statistic (each test at 5% level) FPE: Final prediction error AIC: Akaike information criterion SC: Schwarz information criterion HQ: Hannan-Quinn information criterion Para se evitar arbitrariedades, utilizou-se o Block Exogeneity Wald Test com intuito de definir um ordenamento estatisticamente consistente das variáveis. As estatísticas mostram a significância conjunta de cada variável endógena defasada para cada equação do VAR. Os resultados demonstraram que a poupança privada é a variável mais endógena e a taxa de cambio real a mais exógena. Esse resultado se acha em conformidade com a macroeconomia desenvolvimentista, segundo a qual a apreciação da taxa real de câmbio resulta em substituição de poupança doméstica por poupança externa, pois induz um aumento da participação dos salários na renda nacional, a qual está associada a uma redução da poupança privada doméstica devido a menor propensão a poupar a partir dos salários em comparação com a propensão a poupar a partir dos lucros (Bresser- Pereir, Oreiro e Marconi, 2016).

VAR Granger Causality/Block Exogeneity Wald Tests Date: 06/16/17 Time: 09:32 Sample: 2000Q1 2016Q4 Included observations: 63 Dependent variable: DLNSPRIVREAL Excluded Chi-sq df Prob. DLNIPCACU M 3.647626 3 0.3021 DDLNYREA L 12.49670 3 059 DLNCAMRE AL 11.29474 3 0.0102 All 40.48853 9 000 Dependent variable: DLNIPCACUM Excluded Chi-sq df Prob. DLNSPRIVR EAL 1.636245 3 0.6512 DDLNYREA L 8.563528 3 0.0357 DLNCAMRE AL 11.85747 3 079 All 23.85198 9 045 Dependent variable: DDLNYREAL Excluded Chi-sq df Prob. DLNSPRIVR EAL 2.141816 3 0.5435 DLNIPCACU M 1.765222 3 0.6225 DLNCAMRE AL 15.18953 3 017 All 23.29219 9 056 Dependent variable: DLNCAMREAL Excluded Chi-sq df Prob. DLNSPRIVR EAL 4.654536 3 0.1989 DLNIPCACU M 1.794087 3 0.6162

DDLNYREA L 4.497792 3 0.2125 All 6.767426 9 0.6613 O resultado encontrado no Block Exogeneity Wald Test de que a poupança privada é mais endógena foi conformado pelo teste de causalidade de Granger, que demonstrou ainda que a poupança privada está sendo causada pela taxa de cambio real. As implicações desse resultado para a teoria econômica são importantes, haja vista que coloca a taxa de câmbio real no centro do debate macroeconômico e rejeita a visão tradicional (neoclássica) da relação entre poupança e investimento. Block Exogeneity Wald Test Pairwise Granger Causality Tests Date: 06/14/17 Time: 09:36 Sample: 2000Q1 2016Q4 Lags: 2 Null Hypothesis: Obs F-Statistic Prob. DLNSPRIVREAL does not Granger Cause DLNCAMREAL 65 0.65338 0.5239 DLNCAMREAL does not Granger Cause DLNSPRIVREAL 6.37114 031 O resultados DLNSPRIVREAL does not Granger Cause DLNCAMREAL está dizendo que não se consegue rejeitar a hipótese de DLNSPRIVREAL não causa DLNCAMREAL (Prob = 0.5239, que é maior do que 5%), portanto, DLNSPRIVREAL não causa no sentido de granger DLNCAMREAL. O resultado DLNCAMREAL does not Granger Cause DLNSPRIVREAL está dizendo que deve-se rejeitar a hipótese de DLNCAMREAL não causa DLNSPRIVREAL (Prob = 031, que é menor do que 5%), portanto, DLNCAMREAL causa no sentido de granger DLNSPRIVREAL. Em função da dificuldade de interpretar os coeficientes estimados para o modelo VAR é comum utilizar a função de impulso resposta e a decomposição da variância. Isto posto, os efeitos dessas variáveis sobre as vendas do setor automobilístico estão apresentados na Figura 1 (Função Impulso-Resposta). Note que um desvio padrão nas variáveis taxa de crescimento da inflação, taxa de crescimento da TAXA DE CÂMBIO REAL EFETIVA (R$/US$) e taxa de crescimento do PIB REAL afetam negativamente a poupança privada nos primeiros 4 trimestres, depois esse efeito se dissipa e volta a ser nulo.

FIGURA 1 - Função resposta das variáveis a um choque de um desvio padrão em cada uma das variáveis Response to Generalized One S.D. Innov ations Response of DLNSPRIVREAL to DLNSPRIVREAL Response of DLNSPRIVREAL to DLNIPCACUM Response of DLNSPRIVREAL to DDLNYREAL Response of DLNSPRIVREAL to DLNCAMREAL - - - - - - - - Response of DLNIPCACUM to DLNSPRIVREAL Response of DLNIPCACUM to DLNIPCACUM Response of DLNIPCACUM to DDLNYREAL Response of DLNIPCACUM to DLNCAMREAL 8 8 8 8 6 6 6 6 4 4 4 4 2 2 2 2 0 0 0 0-2 -2-2 -2 Response of DDLNYREAL to DLNSPRIVREAL Response of DDLNYREAL to DLNIPCACUM Response of DDLNYREAL to DDLNYREAL Response of DDLNYREAL to DLNCAMREAL.03.03.03.03.01.01.01.01 -.01 -.01 -.01 -.01 - - - - Response of DLNCAMREAL to DLNSPRIVREAL Response of DLNCAMREAL to DLNIPCACUM Response of DLNCAMREAL to DDLNYREAL Response of DLNCAMREAL to DLNCAMREAL - - - - A partir da decomposição da variância (Tabela 1), nota-se que existe um forte comportamento inercial da poupança privada, haja vista que a própria variável explica aproximadamente 75% do seu comportamento. A decomposição da variância demonstrou ainda que a taxa de cambio real efetiva tem um papel importante na determinação do comportamento da poupança privada, explicando mais de 16%, enquanto a taxa de crescimento da inflação e a Aceleração do crescimento explicaram juntas apenas 9%, após 5 trimestres.

Tabela 1 - Decomposição da Variância Period Variance Decomposition of DLNSPRIVREAL: DLNSPRIVR DLNIPCAC DDLNYRE S.E. EAL UM AL DLNCAMR EAL 1 04338 10000 00000 00000 00000 2 0.070180 92.10008 3.607840 2.134763 2.157314 3 0.078784 80.44341 3.532930 1.756996 14.26666 4 0.079349 79.54243 4.319116 2.073869 14459 5 05068 74.92161 4.052205 4.913049 16.11314 Period Variance Decomposition of DLNIPCACUM: DLNSPRIVR DLNIPCAC DDLNYRE S.E. EAL UM AL DLNCAMR EAL 1 06892 01760 99.99824 00000 00000 2 08781 02754 91.03176 1.559405 7.406079 3 09727 0.073523 76.01093 2.562728 21.35282 4 09958 0.296889 72.53831 3.375402 23.78940 5 0.010033 0.420908 71.48532 4.653424 23.44034 Period S.E. Variance Decomposition of DDLNYREAL: DLNSPRIVR DLNIPCAC DDLNYRE EAL UM AL DLNCAMR EAL 1 00410 30.97631 2.942202 66149 00000 2 08893 28.40646 1.753216 65.76716 4.073159 3 09544 28.20038 1.807244 63.55706 6.435319 4 0.030905 26.17089 4.789224 58.24129 10.79860 5 0.036259 28.01704 4.915434 57.82860 9.238927 Period Variance Decomposition of DLNCAMREAL: DLNSPRIVR DLNIPCAC DDLNYRE S.E. EAL UM AL DLNCAMR EAL 1 0.072335 04063 0.012251 0.253278 99.71041 2 0.074327 0.912977 2.164639 0.397120 96.52526 3 0.075447 2.476615 2.575369 1.240205 93.70781 4 0.077431 4.430149 2.508121 1.791209 91.27052 5 0.078207 4.350195 3.643235 1.898836 90.10773 Cholesky Ordering: DLNSPRIVREAL DLNIPCACUM DDLNYREAL DLNCAMREAL

Referências Bibliograficas: BRESSER-PEREIRA, L.C; OREIRO, J.L; MARCONI, N. (2016). Macroeconomia Desenvlvimentista. Elsevier: Rio de Janeiro. ENDERS, W. (1995), Applied Econometric Time Series, 2a. Edition, John Wiley & Sons, Nova York. JOHNSTON & DINARDO (2000). Econometric Methods. 5 Edition. USA. MacGraw-Hill, 2000. IBGE, Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Acessado em 12/06/2017. Disponível em http://www.ibge.gov.br/home/estatistica/indicadores/pib/pib-vol-val_201701_8.shtm IBGE, Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Acessado em 12/06/2017. Disponível em http://www.ibge.gov.br/home/estatistica/indicadores/pib/pib-vol-val_201701_11.shtm IPEA, Instituto de Pesquisas Econômicas Aplicadas, Indicadores macroeconômicos. Brasília, [2017]. Disponível em: www.ipeadata.gov.br SIMS, C. (1980). Macroeconomics and reality. Econometrica, v.48, n.1, p.1-48