Testes t para comparação de médias de dois grupos independentes

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Transcrição:

Testes t para comparação de médias de dois grupos independentes Acadêmicas do curso de Zootecnia - Aline Cristina Berbet Lopes Amanda da Cruz Leinioski Larissa Ceccon Universidade Federal do Paraná UFPR/2015

Teste de Hipóteses Os testes de hipótese constituem uma forma de inferência estatística. Hipóteses são afirmações sobre parâmetros populacionais e são testadas para ver se são consideradas verdadeiras ou não.

Teste t de Student É um teste de hipótese que usa conceitos estatísticos para rejeitar ou não uma hipótese nula quando a estatística de teste (t) segue uma distribuição t de Student. Teste t pode ser conduzido para: Comparar uma amostra com uma população Comparar duas amostras pareadas Comparar duas amostras independentes Este trabalho tem como objetivo explicar e exemplificar a comparação de duas amostras independentes.

Por que utilizar a comparação de duas amostras independentes? Este teste se aplica a planos amostrais onde se deseja comparar dois grupos independentes. Esses grupos podem ter sido formados de duas maneiras diferentes: a) Extraiu-se uma amostra da população A e outra amostra da população B; b) Indivíduos da mesma população foram alocados aleatoriamente a um dos dois tratamentos em estudo.

Quando utilizar? Quando o objetivo é comparar duas populações quanto a uma variável quantitativa, é muito comum que os pesquisadores não conheçam os parâmetros de nenhuma delas, isto é, sejam desconhecidas as médias (µ) e também os desvios padrão (σ) populacionais; Dessa forma, muitos estudos biológicos são realizados com duas amostras independentes de indivíduos, denominadas grupo experimental e grupo controle, respectivamente.

Suponha duas populações distintas, compostas por um número grande de indivíduos. População 1 População 2

Seja X uma variável aleatória (contínua) de interesse... Na população 1, a média de X é μ 1 Na população 2, a média de X é μ 2 O objetivo seria comparar as médias populacionais µ1 e µ2. O teste de hipótese seria: H 0 : μ 1 = μ 2 H 1 : μ 1 μ 2

Exemplo 1 Um estudo objetivou analisar a associação entre diversas variáveis com a síndrome metabólica (SM) em indivíduos de origem japonesa, com mais de 30 anos de idade, residentes em um município do interior de São Paulo. População 1: indivíduos com SM População 2: indivíduos sem SM

Pergunta-se... Indivíduos com SM e sem SM possuem, em média, valores iguais para a pressão arterial sistólica (PAS)? μ 1 é a média da PAS na população 1; μ 2 é a média da PAS na população 2. Testando as hipóteses: H 0 : μ 1 = μ 2 H 1 : μ 1 μ 2 Lembrando que σ 1 é o desvio padrão da PAS na população 1, e σ 2 é o desvio padrão da PAS na população 2; Pressupondo que σ = σ 1 = σ 2.

Exemplo 1 De cada uma dessas populações retira-se uma amostra de tamanho n. População 1: amostra de tamanho n 1 População 2: amostra de tamanho n 2

Exemplo 1 Se a variável de interesse segue uma distribuição próxima de uma curva normal em ambas populações, T = x 1 x 2 (μ 1 μ 2 ) S p 2 1 n1 + 1 n2 Segue uma distribuição t Student com n 1 + n 2-2 graus de liberdade.

Exemplo 1 Se a hipótese H 0 é verdadeira T 0 = x 1 x 2 S p 2 1 n1 + 1 n2 Portanto, testamos H 0 encontrando um valor t 0 para T 0, com base em amostras de tamanho n 1 e n 2 retiradas das respectivas populações t 0 = x 1 x 2 S p 2 1 n1 + 1 n2

Exemplo 1 Mas o que seria S p 2? Estamos pressupondo que a variável de interesse tem o desvio padrão igual nas duas populações. Entretanto, isso não significa que os desvios padrão S 1 e S 2 que encontraremos nas amostras serão iguais. Assim temos que S p 2 é uma estimativa da variância populacional σ 2. S p 2 é uma média entre as variâncias amostrais S 1 2 e S 2 2, ponderada pelos respectivos graus de liberdade n 1 1 e n 2 1.

Exemplo 1 Então teremos S p 2 = n 1 1 S p 2 +(n 2 1)S p 2 n 1 +n 2 2. Lembrando que se H 0 é verdadeira, t 0 é um valor de uma variável aleatória que segue uma distribuição t Student com n 1 + n 2 2 graus de liberdade. t 0 = x 1 x 2 S p 2 1 n1 + 1 n2 em que S p 2 = n 1 1 S p 2 +(n 2 1)S p 2 n 1 +n 2 2

Exemplo 1 Seja o tamanho da amostra da população 1 = 52; população 2 = 50. Seja um nível de significância α= 0,05; 1- α=0,95. O número de graus de liberdade é 52+50-2=100.

Exemplo 1 Área sob a curva 0,025 Área sob a curva 0,95 Área sob a curva 0,025 -t* t*

Na tabela...

Exemplo 1 Não se rejeita H 0 se encontrar um valor de t 0 > -1,984 t 0 < 1,984 n 1 =52 n 2 =50 x1=142,1 mmhg x 2= 121,6 mmhg S 1 = 23,0 mmhg S 2 = 21,3 mmhg S p 2 = 52 1 23,02 + 50 1 21,3 2 52+50 2 = 492,0981 t 0 = 142,1 121,6 492,0981 1 52 + 1 50 4,67

Exemplo 1 Como t 0 >t*, rejeita-se H 0 para um nível de significância de 0,05. Assim temos evidências de que na população de indivíduos de origem japonesa, com mais de 30 anos e residentes no município do interior de São Paulo, com SM e sem SM possuem médias diferentes de PAS.

Exemplo 2 Num estudo comparativo do tempo médio de adaptação, uma amostra aleatória, de 50 homens e 50 mulheres de um grande complexo industrial, produziu os seguintes resultados: Que conclusões você poderia tirar para a população dessa indústria? Quais suposições você deve fazer?

Exemplo 2 Queremos determinar se há diferença entre o tempo de adaptação de homens e mulheres. Devemos supor que o tempo de adaptação tem distribuição Normal. A amostra foi colhida de maneira independente. As variâncias populacionais, ainda que desconhecidas, sejam as mesmas. Queremos testar a hipótese que as médias são iguais, isto é, H0:µH=µM, ou equivalentemente, H0:µH µm = 0. Note que as suposições acima podem (ou melhor, devem) todas ser verificadas através de testes de hipótese específicos.

Exemplo 2 O teste T com variâncias iguais mas desconhecidas é baseado na seguinte estatística: Onde Sp, o desvio padrão comum é dado por: No problema apresentado, sp = 0.8514

Exemplo 2 A estatística observada foi: Note que a região crítica agora é dada por: E como 2.9363 RC, rejeitamos a hipótese nula. Ou seja, há evidência em favor da diferença entre o tempo médio de adaptação dos homens e das mulheres.

Referências Comparação entre duas amostras independentes. Disponível em PDF: http://docente.lages.ifsc.edu.br/liciana.garcia/materialdidatico/aulas%20pdf%2 0Biotec/Aula%206_Comparacao%20entre%20duas%20amostras%20indep.pdf Exemplo de exercício: níveis séricos de frutosamina. Disponível em: http://leg.ufpr.br/~shimakur/ce055/node87.html Teste de hipóteses - Comparação entre duas médias populacionais - Amostras independentes. Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=zsad2qnd_wc Teste t de Student. Disponível em PDF: http://sistemas.eeferp.usp.br/myron/arquivos/2540410/e8fc3b72347400901a275 0cb214bf4e0.pdf Estatística Não-Paramétrica. Disponível em PDF: http://people.ufpr.br/~prbg/public_html/ce050/apostcap4a.pdf

Referências Teste de Hipótese. Disponível em: http://stat2.med.up.pt/cursop/print_script.php3?capitulo=testet&numero=3&tit ulo=testes%20de%20hip%f3tese%20teste%20t Bioestatística. Disponível em: http://www.pucrs.br/famat/helio/caderno_bio_puc Instituto de Matemática, Estatística e Computação Científica Aula p12. Disponível em PDF: http://www.ime.unicamp.br/~hildete/aula_p12.pdf