Revista Iberoamericana de Polímeros Volumen 16(3), Mayo de 2015 Micropartículas de ácido ascórbico

Documentos relacionados
OBTENÇÃO E CARACTERIZAÇÃO DE BLENDAS DE POLI(m-FENILENO. SANTOS, Sandra Cruz dos; LOGUERCIO, Lara Fernandes; GARCIA, Irene Teresinha Santos 1 ;

4 Materiais e Métodos

ANÁLISE TÉRMICA Sumário

CARACTERIZAÇÃO ESPECTROSCÓPICA E FISICO- QUÍMICA DE FILMES DE BLENDAS DE AMIDO E CARBOXIMETILCELULOSE.

PREPARAÇÃO E CARACTERIZAÇÃO DE MICROESFERAS DE GLÚTEN DE TRIGO PARA A ENCAPSULAÇÃO E LIBERAÇÃO CONTROLADA DE RODAMINA.

ENCAPSULAÇÃO DO ÁCIDO L-ASCÓRBICO NO BIOPOLÍMERO NATURAL GALACTOMANANA POR SPRAY DRYING: PREPARAÇÃO, CARACTERIZAÇÃO E ATIVIDADE ANTIOXIDANTE

Por que razão devemos comer fruta? Determinação da capacidade antioxidante da pêra abacate.

DETERMINAÇÃO DE FERRO TOTAL EM SUPLEMENTOS ALIMENTARES POR ESPECTROMETRIA DE ABSORÇÃO MOLECULAR

Desenvolvimento de Materiais Híbridos com Aplicações Biomédicas. Prof. Joana Lancastre

4. Materiais e métodos

2017 Obtenção da amida do ácido cinâmico através da reação do cloreto do ácido cinâmico com amônia

4. Materiais e Métodos 4.1. Preparo da biomassa

4 Materiais e métodos

Síntese de Nanopartículas de Curcumina por Dispersão Sólida: obtenção e caracterização

7 Determinação de Fe, Ni e V em asfaltenos por extração ácida assistida por ultra-som usando ICP OES

RESUMOS COM RESULTADOS RESUMOS DE PROJETOS

Avaliação da Influência do Solvente e da Estabilidade do Corante Betalaína em microesferas de quitosana obtidas através de Secagem por Atomização.

4. Resultados e Discussão

XVII ENCONTRO DE PÓS-GRADUAÇÃO E PESQUISA Universidade de Fortaleza 16 a 18 de outubro de 2017

UNIMES MEDICINA UNIVERSIDADE METROPOLITANA DE SANTOS

Estudo Estudo da Química

PROVA DE QUÍMICA 44 PROVA DE QUÍMICA

Aula 13 PRÁTICA 03 ESPECTROFOTOMETRIA DE ABSORÇÃO MOLECULAR NO UV VIS: LEI DE BEER. Elisangela de Andrade Passos

4006 Síntese do éster etílico do ácido 2-(3-oxobutil) ciclopentanona-2-carboxílico

Prática 10 Determinação da constante de equilíbrio entre íons Fe 3+ e SCN -

Preparo e Caracterização de Microesferas de Quitosana contendo Cúrcuma obtidas através de Secagem por Atomização.

Mistura: material formado por duas ou mais substâncias, sendo cada uma destas denominada componente.

DÉBORA SGORLA. Orientador: Dr. Osvaldo Albuquerque Cavalcanti Co-orientadores: Drs. Bruno Sarmento e Élcio José Bunhak

UTILIZAÇÃO DA CAFEÍNA COMO INDICADOR DE CONTAMINAÇÃO POR ESGOTO DOMESTICO NO AÇUDE BODOCONGÓ EM CAMPINA GRANDE PB

PRÁTICA 8 Determinação de ferro em leite em pó por F AAS

Obtenção de nanocompósito de Atapulgita/goma do cajueiro (Anarcadium Occidentale) em sistemas de liberação de fármacos

3001 Hidroboração/oxidação de 1-octeno a 1-octanol

ESTUDO DA INFLUÊNCIA DA TEMPERATURA NA OBTENÇÃO DE HIDROXIAPATITA PARA FINS BIOMÉDICOS

3005 Síntese de 7,7-diclorobiciclo [4.1.0] heptano (7,7- dicloronorcarano) a partir de ciclohexeno

VERIFICAÇÃO DA TEMPERATURA DE GELATINIZAÇÃO DAS AMOSTRAS DE POLVILHO AZEDO DE DIFERENTES REGIÕES DO ESTADO DE MINAS GERAIS

Estudo da incorporação de fármaco em dispositivo de liberação obtido da fibroína de seda

Material Suplementar. Quim. Nova, Vol. 38, No. 6, S1-S9, 2015

Determinação de permanganato em água

4 Materiais e Métodos

1017 Acoplamento Azo do cloreto de benzenodiazônio com 2- naftol, originando 1-fenilazo-2-naftol

ESPECTROFLUORIMETRIA MOLECULAR (FL) Ficha técnica do equipamento Espectrofluorímetro Shimadzu RF-5301PC

SÍNTESE E CARACTERIZAÇÃO DE SÍLICAS MESOPOROSAS COM FERRO E COBALTO ASSOCIADOS

3 Síntese e Deposição de Nanopartículas

4001 Transesterificação do óleo de mamona em ricinoleato de metila

4024 Síntese enantioseletiva do éster etílico do ácido (1R,2S)-cishidroxiciclopentano-carboxílico

4002 Síntese de benzil a partir da benzoína

Estudo do cristal de ácido esteárico na forma B m em altas temperaturas por espalhamento Raman

MF-431.R-1 - MÉTODO TURBIDIMÉTRICO PARA DETERMINAÇÃO DE SULFATO

Uso de vermiculita revestida com quitosana como agente adsorvente dos íons sintéticos de chumbo (Pb ++ )

INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO CIÊNCIA E TECNOLOGIA DO RIO GRANDE DO NORTE IFRN CAMPUS MOSSORÓ PROFESSOR: ALBINO DISCIPLINA: QUÍMICA II

Laboratório de Análise Instrumental

Programa de Pós-Graduação em Química UNIFAL-MG PROVA ESCRITA DE CONHECIMENTOS GERAIS EM QUÍMICA. Seleção 2019/1

2004 Redução diastereosseletiva de benzoina com boro-hidreto de sódio a 1,2-difenil-1,2-etanodiol

Avaliação e melhoria no processo de injeção de PEAD

MASSA ATÔMICA. 1u corresponde a 1, g, que equivale aproximadamente à massa de um próton ou de um nêutron.

SÍNTESE E CARCATERIZAÇÃO DE BETA FOSFATO TRICÁLCICO OBTIDO POR MISTURA A SECO EM MOINHO DE ALTA ENERGIA

REVISIONAL DE QUÍMICA 1º ANO PROF. RICARDO

5026 Oxidação do antraceno à antraquinona

Extrato da Pectis oligocephala como inibidor de corrosão do alumínio em H 2 SO 4 1M

Análises Térmicas. Sandra Maria da Luz

20º Seminário de Iniciação Científica e 4º Seminário de Pós-graduação da Embrapa Amazônia Oriental ANAIS. 21 a 23 de setembro

Vinicius Müller, Juliana Francis Piai, André R. Fajardo, Silvia L. Fávaro, Adley Forti Rubira, Edvani C. Muniz*

Lista de Exercício 2ª TVC Química Analítica V Teoria (1º Sem 2016). Obs.: Entregar antes da 2ª TVC.

3. Material e Métodos

CARACTERIZAÇÃO DE BIODIESEL PROVENIENTE DE DIFERENTES MATÉRIAS-PRIMAS

PÓ DE ACIARIA MODIFICADO UTILIZADO EM PROCESSO DE DESCONTAMINAÇÃO AMBIENTAL

4028 Síntese de 1-bromodecano a partir de 1-dodecanol

Prática de Ensino de Química e Bioquímica

PAG Química Estequiometria

CPV seu pé direito também na Medicina

Química Analítica I Tratamento dos dados analíticos Soluções analíticas

1023 Isolamento de hesperidina da casca da laranja

FUVEST 1981 Primeira fase e Segunda fase

SECAGEM DO EXTRATO DA CASCA DO JAMBO VERMELHO EM SPRAY DRYER: POSSÍVEL ROTA PARA MICROENCAPSULAÇÃO

Secagem em spray dryer: fundamentos e aplicações na indústria alimentícia. Nathânia Mendes

DEGRADAÇÃO DO ANTIBIÓTICO CIPROFLOXACINA POR NANOPARTÍCULAS DE COBRE DE VALÊNCIA ZERO

Converta os seguintes dados de transmitâncias para as respectivas absorbâncias: (a) 22,7% (b) 0,567 (c) 31,5% (d) 7,93% (e) 0,103 (f ) 58,2%

4025 Síntese de 2-iodopropano a partir do 2-propanol

EVOLUÇÃO MORFOLÓGICA DE FILMES FINOS DE ZnO CRESCIDOS POR RF MAGNETRONS SPUTTERING

NANOPARTICULAS DE GOMA DO CAJUEIRO MODIFICADA E QUITOSANA POR COMPLEXAÇÃO POLIELETROLÍTICA

Preparação e Avaliação da Solubilidade do Captopril em Dispersões Solidas com Polietilenoglicol

AVALIAÇÃO DO IMPACTO DE DIFERENTES MÉTODOS DE SECAGEM DE ERVAS AROMÁTICAS NO POTENCIAL ANTIOXIDANTE

Figura 1.2: Esquema representativo da derivatização do quitosano com anidrido maleico... 9

Química B Intensivo V. 1

Fluidos Supercríticos: Aplicações e Novas Oportunidades

Laboratório de Análise Instrumental

DETERMINAÇÃO DO TEOR DE FENÓLICOS TOTAIS (FOLIN-CIOCALTEU) - ESPECTROFOTOMETRIA

Profº André Montillo

4 PROCEDIMENTO EXPERIMENTAL

8 GAB. 1 1 O DIA PROCESSO SELETIVO/2006 QUÍMICA QUESTÕES DE 16 A 30

Volume Parcial Molar

4 MATERIAIS E MÉTODOS

4023 Síntese do éster etílico do ácido 2-cicclopentanona carboxílico a partir do éster dietílico do ácido adípico

OBTENÇÃO DE MICROPARTÍCULAS ESTRUTURADAS CONTENDO CURCUMINA

MF-612.R-3 - MÉTODO DE DETERMINAÇÃO DE NITRATOS EM SUSPENSÃO NO AR POR COLORIMETRIA

2005 Síntese da acetonida do meso-1,2-difenil-1,2-etanodiol (2,2- dimetil-4,5-difenil-1,3-dioxolana)

APLICAÇÃO DE MÉTODOS TERMOANALÍTICOS AOS MATERIAIS PMT 5872

Química. Prof. Willyan Machado Giufrida

Transcrição:

Desenvolvimento de micropartículas de ácido ascórbico a partirda galactomanana extraída das sementes da Delonix regia (Bojer ex Hook) Raf pelo método Spray Drying Carlos A.G. de Souza 1*, Sônia M.C. Siqueira 1, Antonia Fadia V. de Amorim 1, Kamila P. da Silva 1, Ananda B.P. de Oliveira 1, Maria Angélica S. Gomes 1, Rayane Nunes Gomes 1, Selene M. de Morais 1, Nágila Maria P. S. Ricardo 2 1 Laboratório de Produtos Naturais. Universidade Estadual do Ceará UECE. Fortaleza, Brazil. Correo electrónico: cagsouz@gmail.com 2 Departamento de Química Orgânica e Inorgânica, Laboratório de Polímeros e Inovação de Materiais Universidade Federal do Ceará UFC. Fortaleza, Brazil Recibido: Noviembre 2014: Aceptado: Marzo 2015 RESUMO O objetivo do trabalho em estudo foi preparar e analisar as características físico químicas das micropartículas de ácido ascórbico (AA) encapsuladas com galactomanana extraída das sementes da espécie Delonix regia, pelo processo spray drying. As micropartículas preparadas foram caracterizadas por calorimetria explanatória diferencial (DSC), eficiência de encapsulamento, microscopia eletrônica de varredura (MEV) e apresentaram morfologia com intervalo de tamanho de partícula média 1,39 ± 0,77 µm. A eficiência de encapsulação foi de 90,98% e o teor de fármaco de 9,10%. Palavras Chaves: Ácido ascórbico, micropartículas, Delonix regia, galactomanana. ABSTRACT The aims of this study were to prepare and analyze the physicochemical properties of the microparticles of ascorbic acid (AA) encapsulated with galactomannan extracted from seeds of Delonix regia species, by the spray drying technique. The microparticles were characterized by differential scanning calorimetry (DSC), encapsulation efficiency and scanning electron microscopy (SEM).Spherical microspheres were obtained with mean diameter in the range of 1.39 ± 0.77µm. The encapsulation efficiency was 90.98% and the drug content of 9.10%. Key words: Ascorbic Acid, microparticles, Delonix regia galactomannan. INTRODUÇÃO O ácido ascórbico (AA) é um antioxidante hidrossolúvel muito importante para o organismo, entretanto, por ser muito instável a sua molécula é facilmente destruída durante o processamento por temperatura, ph, oxigênio, luz UV, etc. A fim de ultrapassar algumas destas deficiências de estabilidade do AA, a técnica de encapsulação pode ser o método mais adequado[1]. A microencapsulação é uma técnica bastante utilizada na proteção de componentes ativos contra fatores que podem causar a sua degradação tais como: substâncias químicas, reações adversas do ambiente, perda de voláteis, melhorando a estabilidade e contribuindo para liberação controlada [2]. A microencapsulação é considerada um processo físico no qual um filme fino ou uma camada polimérica é utilizada para envolver sólidos, líquidos e gasosos. Os Polissacarídeos estão sendo investigados nas últimas décadas como materiais poliméricos para o encapsulamento de substâncias terapêuticas, porque estes são facilmente disponíveis, de baixo custo, ecologicamente corretos, possuem ainda a capacidade de sofrerem modificações químicas, sendo potencialmente 157 Rev. Iber. Polímeros, 16(3), 157-163 (2015)

degradáveis e compatíveis devido a sua origem natural [3 5]. As sementes da D. regia, uma espécie ornamental da família Fabaceae, que é comum ao longo dos climas tropicais [6], possui um polissacarídeo que pertence ao grupo das galactomananas. Este biopolímero é composto por uma cadeia linear de 1 4 unidades β D manose ligadas unidades de D galactose α (1 6 ) unidas. As proporções de manose e galactose são semelhantes aos da goma de guar, mas diferem em termos da posição das ligações de OH na cadeia principal: a galactomanana tem α D manose, enquanto a goma de guar tem β D manose [7]. A galactomanana também pode ser obtida a partir de fontes microbianas, especialmente em leveduras e fungos [8 9]. A variedade de propriedades físico químicas torna esse polissacarídeo um material bastante versátil utilizado pelo homem de inúmeras formas, entre elas, na indústria têxtil, farmacêutica, alimentícia, cosmética e na biomedicina [10 11]. O objetivo do presente trabalho foi investigar a capacidade da galactomanana para encapsular o AA pela técnica de secagem por atomização em aparelho de spray drying, como alternativa para um potencial aumento da estabilidade deste fármaco, com melhor desempenho para possíveis aplicações na área de alimentos e de biotecnologia. PARTE EXPERIMENTAL Materiais. O ácido ascórbico (C 6 H 8 O 6 ; 176,12 g mol 1 ) foi adquirido na CAQ (Casa da Química) Brasil; metanol e etanol (VETEC) Brasil. Fonte do polissacarídeo. As sementes da espécie Delonix regia foram coletadas na Universidade Estadual do Ceará (UECE), Fortaleza CE, Brasil, durante janeiro de 2013. Um total de 300 g de sementes foi coletado. A exsicata da espécie em estudo cujo número de identificação é 53140 foi identificada, depositada e autenticada no Herbário Prisco Bezerra da Universidade Federal do Ceará. No laboratório de Química de Produtos Naturais da UECE, as vagens obtidas foram secas, quebradas e as sementes descascadas. Extração da Galactomanana. As galactomananas foram obtidas a partir do endosperma das sementes por extração aquosa, seguido por uma precipitação com etanol de acordo com Vieira e colaboradores, com algumas modificações [10]. Preparação das micropartículas. Para a preparação das micropartículas, 2,0 g de galactomanana liofilizada foi pesada e dissolvida em água destilada em agitação constante e aquecimento de 40ºC por 24 horas. Em seguida foi adicionado 200 mg de ácido ascórbico com agitação por 1 hora. Logo após, a solução foi atomizada em aparelho de spray dryer Buch 290, 158 Rev. Iber. Polímeros, 16(3), 157-163 (2015)

usando temperatura de entrada de 120ºC; temperatura de saída de 90ºC; eficiência do exaustor de 90% e fluxo de bomba de 30%. As micropartículas foram coletadas, armazenadas e cobertas com papel alumínio, a temperatura ambiente para evitar uma possível oxidação sob ação da luz. Espectroscopia da absorção na região do infravermelho. Os espectros de infravermelho (IV) foram obtidos utilizando um espectrofotômetro modelo Shimadzu FTIR 8300. As amostras foram trituradas com brometo de potássio de grau espectroscópico (KBr) em pó para obtenção das pastilhas. A medição IV foi feita no intervalo de números de onda de 500 4.000 cm 1. Morfología. A morfologia das amostras de AA, galactomanana (G), micropartículas de galactomanana contendo ácido ascórbico (GAA) foi mostrada nas micrografias produzidas pelo microscópio eletrônico de varredura, modelo Zeiss DSM 940A (Oberkochen, Alemanha) operando a 15 kv. As amostras foram montadas em stubs, camada metálica de platina (60 nm de espessura) no evaporador EMS. Eficiência de Encapsulamento. Curva padrão. A solução estoque do ácido ascórbico foi preparada em solução de metanol na concentração de 100 µg ml 1. De diferentes alíquotas desta solução foram transferidas para balões volumétricos de 10 ml coberto com papel alumínio e o volume completado com metanol a fim de obter soluções de diferentes concentrações (2, 4, 6, 8, 10, 12, 14, 16, 18, 20, y 22 µg ml 1 ). A absorbância das soluções foi determinada por espectrometria na região UV Vis em 243 nm, usando o metanol como branco. A equação de regressão linear foi obtida através da regressão linear entre o valor da absorbância e a concentração do fármaco em µg ml 1. Quantificação de ácido ascórbico nas micropartículas por espectrofotometria UV Vis. Foi pesado 2 mg de 5 amostras das micropartículas de galactomanana contendo ácido ascórbico e dissolvidas em 10 ml de metanol para obter a solução de 200 µg ml 1 em 5 frascos diferentes, os quais foram analisados em 243 nm (n = 3). A concentração do fármaco foi determinada usando a curva padrão, e a eficiência de encapsulação foi calculada de acordo com a equação 1 a seguir: EE = Eficiência de Encapsulação (%).100 (1) QTD EE QTA QTD = Quantidade de fármaco determinado no sistema polimérico. QTA = Quantidade de fármaco teoricamente adicionado no sistema polimérico. Para calcular o teor de fármaco encapsulado, foi utilizado a seguinte equação (2): 159 Rev. Iber. Polímeros, 16(3), 157-163 (2015)

F(%) = Teor de fármaco encapsulado TTF(%) = Teor teórico de fármaco encapsulado EE(%) = Eficiência de Encapsulação TTF EE TF (%) (2) 100 Calorimetria explanatória diferencial (DSC). As propriedades térmicas das amostras foram determinadas usando calorimetria explanatória diferencial (DSC). As curvas de DSC foram realizadas em um equipamento Shimadzu modelo DSC 50, utilizando cadinho de platina e atmosfera de nitrogênio, com um a vazão de 50 ml min 1 no intervalo de temperatura de 25 500 C, a uma taxa de aquecimento de 10 C min 1. A massa das amostras foi de 5 mg. RESULTADOS E DISCUSSÕES Eficiência de encapsulação. A eficiência de encapsulação da mistura GAA foi de 90,98% na proporção 1:10. Este resultado está próximo ao de Lee et al. (2004) quando relatou a microencapsulação do ácido ascórbico dentro poliacilglicerol mono estearato para a fortificação do leite. O poliacilglicerol mono estearato foi utilizado como um material de revestimento para microencapsular o ácido ascórbico e complexo de ferro. A maior eficiência (94,2%) de microencapsulação foi encontrada com a relação de (5:1) [12]. Figura 1. Espectro no IV do AA, galactomanana e a mistura de galactomanana e AA (GAA). Espectroscopia na região do infravermelho. A Figura 1 mostra o espectro do IV da galactomanana (G) analisada, AA e a mistura GAA. A análise espectral indicou que as absorbâncias 160 Rev. Iber. Polímeros, 16(3), 157-163 (2015)

específicas da G na superfície das micropartículas têm quase as mesmas características químicas da G pura. Estes estudos revelaram que não houve interação molecular significativa entre a droga e polímero. Microscopia eletrônica de varredura (MEV). O AA, a galactomanana (G) e a misturas de G/ AA foram analisadas por microscopia eletrônica de varredura (MEV) (Figura 2). Foram observadas algumas características morfológicas. A imagem MEV do AA mostra a presença de cristais de forma cúbica. As micrografias da G revelam uma aparência fibrosa. As fibras são dispostas de forma aleatória, com variação de tamanho e espessura. A imagem GAA apresenta imagem com forma esférica regular e com um tamanho médio de 1,39 ± 0,77 µm, pode se observar que o tamanho médio das esferas está dentro da curva normal (Figura 3). Figura 2. Micrografias de microscopia eletrônica de varredura do AA, galactomanana (G), mistura G/AA. Figura 3. Curva normal da tamanho das microesferas. Calorimetria explanatória diferencial (DSC). As análises de DSC foram realizadas a fim de compreender o comportamento térmico e análise das micropartículas. A Figura 4 mostra os termogramas de DSC do AA) galactomanana (G), a mistura de G/AA. DSC foi usado para estudar as transições térmicas que ocorrem sob uma atmosfera inerte. AA exibiu um pico agudo 161 Rev. Iber. Polímeros, 16(3), 157-163 (2015)

endotérmico (T = 193,78 C) na temperatura correspondente ao seu ponto de fusão, o que explica a sua cristalinidade. O termograma DSC da G apresenta picos típicos de polissacarídeo natural [13-15]. O termograma DSC da mistura G/AA exibiu uma ausência do pico de fusão AA, indicando que o AA pode ter sido completamente encapsulado. Figura 4. DSC do AA, galactomanana (G) e da mistura de G/AA. CONCLUSÕES A técnica e as condições do método spray drying selecionados neste estudo foram eficazes em microencapsular o ácido ascórbico com relevante eficiência de encapsulação das micropartículas. Agradecimentos. Ao Laboratório de polímeros e inovação da UFC coordenado pela Prof. Dra. Nágila Ricardo, ao Laboratório de Química de Produtos Naturais da UECE coordenado pela Prof. Dra. Selene Maia de Morais e a EMBRAPA pelo uso do spray drying e do MEV. REFERÊNCIAS 1. Pierucci AP, Andrade LR, Baptista EB, Volpato NM, Rocha Leão MH, J. Microencapsulation, 23, 654 (2006) 2. Agnihotri N, Mishra R, Goda C, Arora M, Indo Global J. Pharm. Sci., 2, 1 (2012) 3. Desai KGH, Park HJ, J. Microencapsulation, 22, 179 (2005) 4. Ho BT, Joyce DC, Bhandari BR, Food Chem., 127, 572 (2011) 5. Bharadwaj TR.,Kanwar M, Lal R, Gupta A, Drug Dev. Ind. Pharm.,26, 1025 (2000) 6. Davison E, Aridus, 16, 1 (2003) 7. Kapoor VP, Phytochemistry, 11, 1129 (1972) 8. Shashkov AS, Streshinskaya GM, Kosmachevska YA, Senchenkova SN, Evutushenko LI, Naumova IB, Carbohydr. Res., 338, 2021 (2003) 9. Giménez Abién MI, Bernabé M, Leal JA, Jiménez Barbero J, Prieto A, Carbohydr. Res, 342, 2599 (2007) 10. Vieira IGP, Mendes FNP, Gallão MI, Brito ES NMR study of galactomannas from the seeds of mesquite tree ( Prosopis juliflora (Sw) DC), Food Chem., 101, 70 (2007) 11. Srivastava M, Kapoor VP, Chem. Biodiversity, 2, 295 (2005) 12. Lee J B, Ahn J, Lee J, Kwak H S, Biosci., Biotechnol., Biochem., 68, 495 (2004) 13. Zohuriaan MJ.; Shokrolahi F. Polymer Testing, 23, 575 (2004) 14. Chaires ML, Salazar MJA, Ramos REG, Eur. Food Res. Technol., 227, 1669 (2008) 162 Rev. Iber. Polímeros, 16(3), 157-163 (2015)

15. Vendruscolo CW, Ferrero C, Pineda EAG, Silveira JLM, Freitas RA, Jiménez Castellanos MR, Bresolin TMB, Carbohydr. Polym.,76, 86 (2009) 163 Rev. Iber. Polímeros, 16(3), 157-163 (2015)