AULA 05-2017. 2 EFICÁCIA DA CONSTITUIÇÃO 1)Conceito: considerada a lei fundamental de uma Nação, seria, então, a organização dos seus elementos essenciais: um sistema de normas jurídicas, escritas ou costumeiras, que regula a forma do Estado, a forma de seu governo, o modo de aquisição e o exercício do poder, o estabelecimento de seus órgãos, os limites de sua ação, os direitos fundamentais do homem e as respectivas garantias; em síntese, é o conjunto de normas que organiza os elementos constitutivos do Estado. Inspiração: a conduta humana motivada nas relações sociais Objetivo: a realização dos valores de uma comunidade Força que a impulsiona: o poder que emana do povo 2) EFICÁCIA DA CONSTITUÇÃO Eficácia Social É o cumprimento efetivo do Direito por parte de uma sociedade, o reconhecimento do Direito pela comunidade ou, mais especificamente, aos efeitos que uma regra opera através do seu cumprimento. Eficácia Social é a concretização do comando normativo, sua força realizadora no mundo dos fatos. Deliberadamente, ao estudar a capacidade de produzir efeitos, deixou-se de lado a cogitação de saber se estes efetivamente se produzem. Eficácia Jurídica É a eficiência quanto a aplicabilidade na norma constitucional no ordenamento jurídico. O propósito para o qual a norma constitucional foi elaborada.
CLASSIFICAÇÃO DAS NORMAS CONSTITUCIONAIS Todas as normas constitucionais são dotadas de eficácia; Aplicabilidade: que tem aplicação Logo, todas as normas constitucionais são aplicáveis, pois todas são dotadas de eficácia jurídica (serão aplicadas no mundo jurídico). Porém, esta capacidade de incidir imediatamente sobre os fatos regulados, não é uma característica de todas as normas constitucionais. As normas constitucionais são classificadas quanto à sua eficácia em: Normas Constitucionais de Eficácia Jurídica Plena: - são aquelas de aplicabilidade imediata, direta, integral, independentemente de legislação posterior para sua inteira operatividade; - produzem ou têm possibilidades de produzir todos os efeitos que o constituinte quis regular; - tem autonomia operativa e idoneidade suficiente para deflagrar todos os efeitos a que se preordena; - conformam de modo suficiente a matéria de que tratam, ou seja, seu enunciado prescrito é completo e não necessita, para atuar concretamente, da interposição de comandos complementares. Nesse sentido, o doutrinador Pedro Lenza explica que: Normas constitucionais de eficácia plena e aplicabilidade direta, imediata e integral são aquelas normas da Constituição que, no momento em que esta entra em vigor, estão aptas a produzir todos os seus efeitos, independentemente de norma integrativa infraconstitucional (situação esta que pode ser observada, também, na hipótese do art. 5º, 3º). Como regra geral, criam órgãos ou atribuem aos entes federativos competências. Não têm a necessidade de ser integradas.
(PEDRO, Lenza. Direito Constitucional Esquematizado. 15ª Ed. revista atualizada e ampliada, Editora Saraiva, 2011, pg. 199) Exemplos: O artigo 132, caput, da Carta Magna, cuja redação segue in verbis : Art. 132 Os Procuradores dos Estados e do Distrito Federal, organizados em carreira, na qual o ingresso dependerá de concurso público de provas e títulos, com a participação da Ordem dos Advogados do Brasil em todas as suas fases, exercerão a representação judicial e a consultoria jurídica das respectivas unidades federadas. Outros exemplos de normas constitucionais de eficácia plena os seguintes artigos da Carta da República: art. 1º, art 2º, art. 14, art. 15, art. 44, art. 45, art. 77, etc.. Normas Constitucionais de Eficácia Jurídica Contida: - são aquelas que têm aplicabilidade imediata, integral, direta, mas que podem ter o seu alcance reduzido pela atividade do legislador infraconstitucional. - São também chamadas de normas de eficácia redutível ou restringível. José Afonso da Silva, explica a eficácia contida: Normas de eficácia contida, portanto, são aquelas em que o legislador constituinte regulou suficientemente os interesses relativos a determinada matéria, mas deixou margem à atuação restritiva por parte da competência discricionária do Poder Público, nos termos que a lei estabelecer ou nos termos de conceitos gerais nelas enunciados. Tais normas constitucionais têm total eficácia por si, contudo, por expressa disposição constitucional, podem, eventualmente, sofres restrições por outras normas. Exemplo:
Artigo 5º, XIII, da Constituição Federal: Art. 5º (...) XIII É livre o exercício de qualquer trabalho, ofício ou profissão, atendidas as qualificações profissionais que a lei estabelecer; (grifamos) Outros exemplos de normas constitucionais de eficácia contida: Carta Magna - art. 5º, incisos VII, VIII, XXV, XXXIII, art. 15, inciso IV, art. 37, inciso I, etc. Normas Constitucionais de Eficácia Limitada: - são aquelas que dependem da emissão de uma normatividade futura; - apresentam aplicabilidade indireta, mediata e reduzida, pois somente incidem totalmente após normatividade ulterior que lhes dê aplicabilidade - o legislador ordinário, integrando-lhes a eficácia, mediante lei complementar, dá-lhes a capacidade de execução em termos de regulamentação daqueles interesses visados pelo constituinte; - a utilização de certas expressões como a lei regulará, ou a lei disporá, ou ainda na forma da lei, deixa claro que a vontade constitucional não está integralmente composta. Nas palavras do doutrinador Pedro Lenza: São aquelas normas que, de imediato, no momento em que a Constituição é promulgada (ou diante da introdução de novos preceitos por emendas à Constituição, ou na hipótese do art. 5º, 3º), não têm o condão de produzir todos os seus efeitos, precisando de uma lei integrativa infraconstitucional. São, portanto, de aplicabilidade mediata ou reduzida, ou, segundo alguns autores, aplicabilidade diferida. (PEDRO, Lenza. Obra citada, pg. 202) E, essas normas constitucionais de eficácia limitada, são dividas pela doutrina em:
I - normas constitucionais de princípio institutivo (ou organizativo) As normas constitucionais de princípio institutivo ou organizativo, contém apenas comandos de estruturação geral da instituição de determinado órgão, entidade ou instituição, de forma que a efetiva criação, organização ou estruturação, por expressa disposição constitucional, deve ser feita por normas infraconstitucionais. Citamos o 2º do artigo 18 da Carta Maior, como um exemplo de norma constitucional de eficácia limitada de princípio institutivo: Art. 18 A organização político-administrativa da República Federativa do Brasil compreende a União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios, todos autônomos, nos termos desta Constituição. (...) 2º - Os Territórios Federais integram a União, e sua criação, transformação em Estado ou reintegração ao Estado de origem serão reguladas em lei complementar. (grifamos) Outros exemplos normas constitucionais de eficácia limitada de princípio institutivo: art. 33, art. 90, 2º, art. 109, inciso VI, art. 113, art. 121, art. 224, etc., todos da Constituição Federal. II - normas de princípio programático. As normas constitucionais de eficácia limitada de princípio programático, são aquelas que estabelecem programas a serem implementados pelo Estado, objetivando a realização de fins sociais, como o direito à saúde, educação, cultura, etc.. Exemplo: a norma constitucional de eficácia limitada programática presente no artigo 196 da Carta Magna, que estabelece: Art. 196 - A saúde é direito de todos e dever do Estado, garantido mediante políticas sociais e econômicas que visem à redução do risco de doença e de outros agravos e ao acesso universal e igualitário às ações e serviços para sua promoção, proteção e recuperação.
Outros exemplos de norma constitucional de eficácia limitada programática são encontrados nos seguintes artigos da Carta da República: art. 6º, art. 205, art. 227, etc..