Medicina Nuclear. Publicado em: 27/08/2007. Autor: Assessores médicos em Neurodiagnósticos

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Medicina Nuclear Publicado em: 27/08/2007 Autor: Assessores médicos em Neurodiagnósticos A Medicina Nuclear vem sendo usada há alguns anos no diagnóstico e acompanhamento das mais diversas patologias neurológicas. Utilizando-se diferentes radiofármacos e técnicas de aquisição de imagem é possível avaliar-se vários aspectos da fisiologia cerebral, destacando-se a perfusão sanguínea, o consumo de glicose, a atividade mitocondrial, o fluxo liquórico, entre outros, com valor tanto na prática clínica como científica. As técnicas de aquisição de imagem passaram por grandes transformações e atualmente a maioria dos serviços de medicina nuclear utiliza a tomografia por emissão de fóton único (SPECT - single photon emission tomography) para a realização dos exames, sendo as imagens planas utilizadas em algumas poucas situações ou em caráter complementar às técnicas tomográficas - vale lembrar que nos últimos anos a utilização das técnicas de tomografia por emissão de pósitrons (PET) tem aumentado muito na prática clínica, e podem ser de muita utilidade em algumas indicações específicas. Na prática clínica, os radiofármacos que mais têm sido usados são aqueles relacionados à avaliação da perfusão sanguínea cerebral (ECD-Tc99m e HMPAO-Tc99m), utilizando-se a SPECT como técnica de aquisição da imagem (Figura 1). O estudo da perfusão sanguínea cerebral é muito útil na avaliação de algumas patologias cerebrais como: doenças vasculares, demências, epilepsias, entre outras. No Brasil, devido à disponibilidade e ao preço usa-se preferencialmente o ECD-Tc99.

Figura 1: SPECT cerebral utilizando como radiofármaco o ECD-Tc99m para a avaliação da perfusão sangüínea. Observa-se distribuição homogênea do radiofármaco por todo o córtex cerebral, núcleos da base e cerebelo. O metabolismo cerebral, principalmente o consumo de glicose, pode ser avaliado utilizando-se como radiofármaco a 18-FDG (um análogo radioativo da glicose) e a PET (Figura 2). Este tipo de exame pode ser útil no diagnóstico diferencial de recidiva tumoral e radionecrose, no diagnóstico diferencial das demências e na localização de foco epiléptico; infelizmente, esta ainda é uma metodologia cara e pouco difundida em nosso meio.

Figura 2: PET cerebral utilizando como radiofármaco a 18-FDG, um análogo radioativo da glicose, para a avaliação de metabolismo. Observa-se distribuição homogênea do radiofármaco por todo o córtex cerebral e núcleos da base. No caso específico dos quadros demenciais, os métodos cintilográficos, tanto pela técnica de SPECT como pela PET, podem apresentar padrões de captação que ajudam a estabelecer as diferentes causas deste distúrbio. Nas demências de origem vascular pode-se encontrar áreas de hipocaptação dispersas pelo parênquima cerebral correspondendo aos territórios infartados (Figura 3). Nas demências frontais, a hipocaptação se localiza predominantemente nos lobos frontais e na porção anterior dos lobos temporais (Figura 4). Na demência de Alzheimer, o padrão considerado provável para a patologia é a hipocaptação parieto-temporal bilateral (Figura 5), no entanto outras patologias como a demência do Parkinson e a demência por corpos de Lewis, podem mostrar

padrão semelhante a este. Figura 3: Cortes transversais de SPECT cerebral com ECD-Tc99m mostrando distribuição heterogênea do radiofármaco no córtex cerebral, com áreas de hipocaptação acentuada em regiões temporal e parietal direitas, e núcleos da base ipsilateral (ver ponta de seta). O padrão observado é sugestivo de lesão isquêmica nestas regiões. Figura 4: Cortes transversais de SPECT cerebral com ECD-Tc99m mostrando hipocaptação do radiofármaco em regiões frontais. Este padrão é sugestivo de demência frontal. Figura 5: Cortes transversais de SPECT cerebral com ECD-Tc99m mostrando hipocaptação do

radiofármaco em regiões parieto-temporais bilaterais (ver pontas de setas). Este padrão é considerado provável para doença de Alzheimer. Nos quadros de epilepsia, tanto os métodos cintilográficos utilizando SPECT como aqueles utilizando a PET, são úteis na localização do foco, sendo métodos considerados complementares às outras técnicas utilizadas com esta finalidade. Imagens da perfusão cerebral utilizando SPECT podem ser realizadas na fase ictal, quando se espera aumento da perfusão sanguínea para o foco de origem, ou na fase interictal, quando se espera diminuição da perfusão no foco. A técnica ictal é mais sensível e específica do que a técnica interictal, no entanto tem como principal inconveniente a necessidade de internação e monitorização do paciente, a fim de se injetar o radiofármaco no momento da crise. Além dos já citados, outros exames utilizando radiofármacos são de grande utilidade na prática clínica da neurologia como, por exemplo, a avaliação de recidiva tumoral e a caracterização de massas cerebrais utilizando-se SPECT com MIBI-Tc99m (um marcador relacionado ao metabolismo mitocondrial) (Figuras 6 e 7) ou Tálio (relacionado à atividade da bomba de sódio e potássio); e a avaliação do fluxo liquórico, pela injeção de radiofámacos intratecais, técnica de grande utilidade na avaliação de fístula liquórica, no diagnóstico de hidrocefalia de pressão "normal" (Figura 8) e na caracterização de cistos de aracnóide (Figuras 9 e 10). Figura 6: Cortes transversais e coronais mostrando a distribuição normal do MIBI-Tc99m no cérebro. Nota-se captação no escalpe e no plexo coróide.

Figura 7: SPECT cerebral com MIBI-Tc99m mostrando captação anômala em região parietal esquerda. A biopsia da lesão mostrou recidiva tumoral nesta localização. Ao contrário do ECD- Tc99m, que é captado normalmente no córtex cerebral, o MIBI-Tc99m não é captado em situações normais. Figura 8: Imagens planas em projeção anterior de exame de cisternocintilografia mostrando a entrada progressiva do radiofármaco nos ventrículos laterais (setas). Esta imagem é considerada

sugestiva de hidrocefalia de pressão normal. Figura 9: Imagem de tomografia computadorizada de crânio mostrando formação cística em região fronto-parietal direita.

Figura 10: Imagens da cisternocintilografia obtidas 1, 6 e 24 horas após a injeção do radiofármaco no espaço liquórico mostrando chegada progressiva do radiofármaco na formação cística descrita na tomografia computadorizada de crânio (Figura 9). Desta forma, a medicina nuclear tem contribuído para o diagnóstico de diversas patologias neurológicas, e esta contribuição tende a aumentar ainda mais com o barateamento e a difusão dos recentes avanços tecnológicos que ocorreram na especialidade. Atualmente, no Fleury, os seguintes exames de medicina nuclear são realizados rotineiramente para avaliação de patologias neurológicas: CINTILOGRAFIA CEREBRAL PARA AVALIAÇÃO DE PERFUSÃO Definição e principais indicações Este exame é realizado pela técnica de SPECT utilizando como radiofármaco o Etilenodicisteína Dietil Éster marcado com Tc-99m (ECD-Tc99m) - um composto lipofílico que cruza a barreira hemato-encefálica e vai ser captado no córtex cerebral proporcionalmente ao fluxo sangüíneo e a quantidade de neurônios presentes. Como já descrito acima, este exame é muito útil para a avaliação de algumas patologias cerebrais se destacando a avaliação de quadros demenciais, a

localização de focos epilépticos e a avaliação de seqüelas de traumas e acidentes vasculares. Orientações necessárias Por 30 minutos antes da administração do radiofármaco e por 15 minutos após, o paciente permanecerá em quarto escuro e silencioso para que estímulos externos não interfiram no padrão de distribuição do radiofármaco no encéfalo. A aquisição das imagens será feita depois de decorrido este período inicial e durará aproximadamente 30 minutos. Durante a realização das imagens o paciente deverá permanecer com a cabeça completamente imóvel e alguns deles necessitam de sedação para tolerar está situação. A sedação é realizada por médico anestesista experiente que define o esquema de sedativo a ser utilizado baseando-se no perfil de cada paciente. Como a sedação é realizada decorrido algum tempo da injeção do radiofármaco, esta não alterará o padrão das imagens. Não é preciso que o paciente esteja em jejum para a realização do exame, a não ser que haja a necessidade de sedação. É importante que o paciente traga exames anteriores relacionados, como tomografia computadorizada e ressonância magnética de crânio. O exame é contra-indicado em gestantes ou durante o período de amamentação, só devendo ser realizado em caso de extrema necessidade, quando os riscos da exposição radioativa ao feto ou recém-nascido sejam justificados pela importância dos resultados obtidos. Não existem reações adversas relacionadas com a utilização deste radiofármaco. Interpretações Em um exame normal observa-se captação simétrica do radiofármaco, principalmente na substância cinzenta (Figura 1). Áreas hipocaptantes ou hipercaptantes são consideradas anormais (Figuras 3, 4, 5 e 11).

Figura 11: SPECT cerebral utilizando como radiofármaco o ECD-Tc99m para a avaliação da perfusão sangüínea. Observa-se hipocaptação em regiões parietal e temporal esquerdas (pontas de setas). Este padrão é considerado possível para doença de Alzheimer. CINTILOGRAFIA CEREBRAL PARA AVALIAÇÃO DE METABOLISMO Quando realizada com agente metabólico (MIBI-Tc99m ou Tálio-201) e utilizando a técnica SPECT, a cintilografia cerebral pode ser útil no diagnóstico diferencial de recorrência tumoral e radionecrose, ou no diagnóstico diferencial entre lesões malignas e benignas. Em nosso meio é possível realizar a cintilografia cerebral utilizando qualquer um dos dois radiofármacos citados. Dados de literatura mostram que a sensibilidade e a especificidade dos dois métodos se equivalem e a imagem final é muito parecida. A única diferença entre os dois agentes em termos de imagem é a captação do MIBI-Tc99m nos plexos coróides, o que pode dificultar a avaliação de massas próximas a estas estruturas. Por ser utilizado rotineiramente na avaliação da perfusão miocárdica, o MIBI-Tc99m costuma ser mais disponível para a realização de imagens enquanto o Tl-201 precisa ser especialmente encomendado para este propósito.

Orientações necessárias O paciente terá que permanecer imóvel por período de aproximadamente 30 minutos durante a aquisição das imagens; alguns pacientes necessitam de sedação para tolerar está situação. Não é preciso estar em jejum a não ser se houver necessidade de sedação. É importante que o paciente traga exames anteriores relacionados, como tomografia computadorizada e ressonância magnética de crânio. O exame é contra-indicado em gestantes ou durante o período de amamentação, só devendo ser realizado em caso de extrema necessidade, quando os riscos da exposição radioativa ao feto ou recém nascido sejam justificados pela importância dos resultados obtidos. Reações aos radiofármacos utilizados são extremamente raras e na maioria das vezes brandas, não justificando maiores preocupações. Interpretações e comentários Em exames normais não se observa captação expressiva no córtex cerebral. Com a MIBI observase algum grau de captação em plexos coróides (Figura 6). Em exames alterados observa-se área de hipercaptação cerebral (Figura 7). TOMOGRAFIA POR EMISSÃO DE PÓSITRONS (PET) COM 18F- FLUORDEOXIGLICOSE (FDG) PARA AVALIAÇÃO DO METABOLISMO CEREBRAL Definição e principais indicações A tomografia por emissão de pósitrons (PET) é um método diagnóstico que cria imagens tridimensionais e tomográficas da distribuição no organismo de radiofármacos emissores de pósitrons. Quando se utiliza a PET para avaliação do metabolismo cerebral ou tumores do sistema nervoso central, administra-se por via endovenosa um análogo da glicose marcado com Flúor-18 (FDG- F18) e imagens são obtidas em câmara de cintilação em modo de coincidência. Em tumor cerebral, os estudos com PET podem ser utilizados na determinação do grau de malignidade e na determinação do prognóstico de pacientes. O exame de FDG-PET é útil na determinação do local apropriado para biópsia em pacientes com lesões múltiplas e lesões heterogêneas. É acurado na diferenciação entre tumor recorrente e necrose em pacientes que foram submetidos à radioterapia e quimioterapia.

Útil, também, na avaliação interictal de pacientes epilépticos para localização do foco, na avaliação de pacientes com distúrbios de memória e na avaliação de pacientes com distúrbios cognitivos póstrauma craniano e acidentes vasculares cerebrais. Orientações necessárias Após a injeção endovenosa do radiofármaco aguarda-se 1 hora antes da realização dos exames; O paciente terá que permanecer imóvel por período de aproximadamente 50 minutos; alguns pacientes necessitam de sedação para tolerar está situação. Como a sedação é realizada após 1 hora da injeção do radiofármaco não ocorre interferência expressiva nas imagens. O exame é contra-indicado em gestantes ou durante o período de amamentação, só devendo ser realizados em caso de extrema necessidade, quando os riscos da exposição radioativa ao feto ou recém nascido seja justificado pela importância dos resultados obtidos. É importante que o paciente traga exames anteriores relacionados, como tomografia computadorizada e ressonância magnética de crânio. Não existem reações adversas relacionadas com a utilização deste radiofármaco. Interpretações e comentários No exame normal nota-se distribuição simétrica do radiofármaco no córtex cerebral e cerebelo (Figura 2).

Áreas com hiper ou hipocaptação são consideradas anormais (Figura 12). Figura 12: Cortes transversais e coronais de exame de FDG-PET cerebral evidenciando a presença de áreas com hiperconcentração do radiofármaco em porções póstero-medial e ântero-medial do lobo temporal direito, circunjacente a área de resseção cirúrgica (ver setas), sugerindo recorrência tumoral. CINTILOGRAFIA DE ESPAÇOS LIQUÓRICOS Definição e principais indicações Consiste na injeção intratecal do radiofármaco - ácido dietilenotriaminopentacético marcado com Tecnécio-99m (DTPA-Tc99m) -, que pode ser realizada por punção lombar ou suboccipital (no Fleury realizamos preferencialmente punção lombar), e na realização de imagens representativas do fluxo liquórico 1, 6 e 24 horas após a injeção. Este exame é útil para a avaliação dos espaços liquóricos e da dinâmica do líquor. Pode ser utilizado no diagnóstico da hidrocefalia de pressão normal e no acompanhamento terapêutico de indivíduos portadores de hidrocefalia. Também pode ser utilizado para o estudo das derivações dos espaços liquóricos. Orientações necessárias

Não é preciso estar em jejum. Trazer exames anteriores relacionados. O exame é contra-indicado em gestantes ou durante o período de amamentação, só devendo ser realizados em caso de extrema necessidade, quando os riscos da exposição radioativa ao feto ou recém nascido sejam justificados pela importância dos resultados obtidos. Interpretações e comentários No exame normal observa-se progressão do radiofármaco pela cisterna basal, fissuras sylvianas e inter-hemisféricas, e pela convexidade cerebral. Não se deve observar refluxo expressivo para os ventrículos. Retardos ou assimetrias na progressão do radiofármaco, assim como refluxo persistente para os ventrículos, são considerados anormais (Figura 8). CINTILOGRAFIA PARA AVALIAÇÃO DE FÍSTULA LIQUÓRICA Definição e principais indicações A pesquisa de fístula liquórica é feita pela administração, por médico especializado, do radiofármaco ácido dietilenotriaminopentacético-99mtc (DTPA-99mTc), que pode ser realizada por punção lombar ou sub-occipital (no Fleury realizamos preferencialmente punção lombar), colocação de tampões de algodão nasais e/ou auriculares e aquisição de imagens em gama-câmera 1, 6 e 24 horas após. Orientações necessárias Não é preciso estar em jejum. Trazer exames anteriores relacionados. O exame é contra-indicado em gestantes ou durante o período de amamentação, só devendo ser realizados em caso de extrema necessidade, quando os riscos da exposição radioativa ao feto ou recém nascido sejam justificados pela importância dos resultados obtidos. Interpretações e comentários

Análise qualitativa das imagens e quantificação da contagem radioativa nos tampões nasais e/ou auriculares. Assimetrias expressivas nas contagens dos tampões são sugestivas de fístula (Figura 13 e Tabela 1). Figura 13: Imagens da cisternocintilografia obtidas 1, 6 e 24 horas após a injeção do radiofármaco no espaço liquórico mostrando acúmulo anômalo na fossa anterior direita, nas imagens de 24 horas (pontas de setas). Tabela 1: Contagens radioativas nos tampões nasais e auriculares mostrando assimetria das contagens nos tampões nasais, com aumento expressivo das contagens à direita, sugestivo de fístula liquórica nesta localização. TEMPO (H) NARINA D NARINA E OUVIDO D OUVIDO E 4 183 79 24 30 5 390 50 11 328 116 35 37

REFERÊNCIAS 1. Chugani HT, Hatazawa J, Uemura K, et al.: The Brain. In: Wagner HN, Szabo Z, and Buchanan JW eds. Principles of Nuclear Medicine, 2nd ed. Philadelphia: W.B. SAUNDERS COMPANY, 1995, pp 483-594. 2. Tonami N, Sumiya H: Brain Tumors. In: Aktolun C and Tauxe WN eds. Nuclear Oncology, 1st ed. Pittsburgh: Springer, 1999, pp 33-57. 3. Van Heertun RL, Tikofsky RS: Functional Cerebral SPECT and PET Imaging. LIPPINCOTT WILLIANS & WILKINS, Philadelphia, 2000.