CARGA ESPECÍFICA DO ELÉTRON

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DEPARTAMENTO DE FÍSICA DO ESTADO SÓLIDO - IFUFBa 009 ESTRUTURA DA MATÉRIA I (FIS101) EMN CARGA ESPECÍFICA DO ELÉTRON 1. Objetivo do Experimento Estudar a deflexão de elétrons em um campo magnético e determinar a carga especifica do elétron.. Fundamentação Teórica Denomina-se carga específica à razão carga/massa, o que é denotado por e/m no caso do elétron. J. J. Thomson, foi quem primeiro determinou a razão e/m em um experimento realizado em 1897 [1]. Em uma série de experimentos ele utilizou campos magnéticos para defletir raios catódicos produzidos em ampolas preenchidas por diferentes gases e notou que a razão m/e não dependia do gás contido na ampola. Verificou ainda que o seu valor era muito pequeno comparado com o valor obtido para o hidrogênio na eletrolise, que era o menor valor conhecido na época. Vinte anos mais tarde Millikan mediu a carga do elétron permitindo a determinação da sua massa. A carga especifica do elétron pode ser determinada experimentalmente de uma maneira relativamente fácil. Um elétron movendo-se com velocidade v perpendicularmente a um campo magnético uniforme B fica sujeito a uma força magnética, F = e v B (1) ( ) que é perpendicular ao campo magnético B e à velocidade v. Esta atua como força centrípeta mantendo o elétron em uma órbita de raio r, isto é Notar que v B v e v evb = m = () r m rb No experimento os elétrons são acelerados por um potencial V, de modo que a sua energia cinética é dada por

De () e (3) obtemos a carga específica do elétron como ev 1 = mv (3) e V = (4) m ( rb) assim conhecendo-se a intensidade do campo magnético B, o potencial acelerador V, e o raio da órbita do elétron determinamos a razão e/m. 3. O Experimento O aparato experimental consiste de um tubo de raios catódicos preenchido com hidrogênio a baixa pressão, o qual através de colisões com o feixe de elétrons emite luz permitindo-nos a visualização das trajetórias. Figura 1: 1a base, 1b placas de deflexão, 1c anodo, 1d catodo O campo magnético é gerado por um par de bobinas de Helmholtz sendo o módulo de campo no ponto médio entre as bobinas dado por 8 µ 0NI B = (5) 15 R onde R é o raio das bobinas e I a corrente que nelas circula. Este campo é então proporcional à corrente que circula nas bobinas B = k I, de modo que da equação (4) o potencial de aceleração pode ser escrito em função da corrente I como e V = r k I (6) m A constante k pode ser obtida da equação (5) para N e R definidos, k 4 µ 5 = 0 3 N R (7)

ou através da inclinação do gráfico de B x I obtido pela medida de B em função da corrente I. A equação (6) permite então determinar a razão e/m a partir da inclinação da curva nosso caso N=130 espiras e R=150 mm. Apresentamos nas figuras a seguir o aparato experimental e o painel de ligações. V I. Em Figura : 1 tubo de raios catódicos, bobinas de Helmholtz, 3 suporte, 4 dispositivo de medida Figura 3: A fonte de alimentação, B aparato de medida, C fonte de alimentação para as bobinas, D mede a tesão de aceleração, E mede a corrente nas bobinas de Helmholtz Figura 4: a anodo, b catodo, c aquecimento do catodo, d cilindro de Wehnelt, e placas de deflexão, g bobinas de Helmholtz 3

CUIDADOS IMPORTANTES: 1. O tubo de raios catódicos utiliza tensões elevadas (~300V) para acelerar os elétrons. Por sua vez os contatos no painel e nas bobinas de Helmholtz estão conectados com esta tensão. Evite manuseá-los quando o tubo estiver em operação.. O tubo de raios catódicos é um recipiente de paredes finas sob vácuo e apresenta risco de implosão se submetido a tensões mecânicas. Não submeta o tubo a esforços mecânicos ou a choque. 4. Medida da razão e/m Ajuste o potencial de aceleração para 300 V. Após alguns segundos iniciará a emissão dos elétrons. Otimize o foco ajustando a tensão no cilindro de Wehnelt (0 a 10 V) até obter um feixe fino e bem definido. Variando a corrente nas bobinas de Helmholtz procure obter um feixe de elétrons defletido em uma órbita fechada. Caso os elétrons sejam defletidos na direção errada, desligue as fontes de tensão e inverta a polaridade na saída da fonte que alimenta as bobinas a fim de inverter a polaridade do campo magnético. Posicione o marcador esquerdo do dispositivo de medida de modo a alinhar a sua borda interna com a sua imagem e a saída do feixe de elétrons. Posicione o marcador direito de modo a ficar a uma distância de 8 cm do marcador esquerdo. Ajuste a corrente das bobinas até obter uma trajetória circular tangenciando o marcador direito do dispositivo (fig. 5). Figura 5: Dispositivo de medida. 4

Reduza o potencial de aceleração V, em passos de 10 V, até 00 V e ajuste a corrente I nas bobinas para obter uma órbita com raio igual a 8 cm. Anote os valores de V e I em cada caso. A partir dessas medidas determine o valor da carga específica do elétron. 4. Bibliografia e sugestões de leitura [1] J. J. Thomson, Phil. Mag., 44, 93 (1897) ( fac-símile pode ser encontrado em http://web.lemoyne.edu/~giunta/thomson1897.html) [] CARUSO, Francisco; OGURI, Vitor. Física moderna: origens clássicas e fundamentos quânticos. Rio de Janeiro: Campus, 006. [3] LOPES, José Leite. A estrutura quântica da matéria: do átomo pré-socrático às partículas elementares.. ed. Rio de Janeiro: UFRJ Ed., Academia Brasileira de Ciências, ERCA, 1993. [4] EISBERG, Robert Martin.. Fundamentos da física moderna. Rio de Janeiro: Guanabara Dois, 1979. 5