Linfoma não Hodgkin em países em desenvolvimento: Maiores desafios e piores resultados? Flavio Luisi

Documentos relacionados
Boas-vindas e Introdução

Como sonhos podem transformar idéias ias em projetos solidários. Combatendo e vencendo o câncer infantil

PROTOCOLOS DE TRATAMENTO DE DOENÇAS HEMATOLÓGICAS

Qual a melhor combinação de quimioterapia quando associada à radioterapia para tumores localmente avançados (pulmão)?

10. Congresso Unimed de AUDITORIA EM SAÚDE. Curso Pré-Congresso Oncologia e MBE Bevacizumab no câncer de pulmão NPC

Chat com o Dr. Rodrigo Dia 2 de junho de 2011

LINFOMAS NA INFÂNCIA E ADOLESCÊNCIA

Comissão de Processos Vestibulares DIA - 09/02/2014. Médico Oncologista Pediátrico

PLANO DE CURSO. CURSO DE ENFERMAGEM Reconhecido pela Portaria nº 270 de 13/12/12 DOU Nº 242 de 17/12/12 Seção 1. Pág. 20

PLANO DE CURSO. CURSO DE ENFERMAGEM Reconhecido pela Portaria nº 270 de 13/12/12 DOU Nº 242 de 17/12/12 Seção 1. Pág. 20

XXIII Jornadas ROR-SUL. 15, 16 e 17 Fevereiro 2016 Lisboa

Câncer: sinais, sintomas e diagnóstico

A RELAÇÃO ENTRE O DIAGNÓSTICO PRECOCE E A MELHORIA NO PROGNÓSTICO DE CRIANÇAS COM CÂNCER

LINFOMA 08/11/2016 ONCOLOGIA FELINA ONCOLOGIA LINFOMA - INTRODUÇÃO LINFOMA - INCIDÊNCIA LINFOMA - INCIDÊNCIA. CUIDADO!!!! Parece...mas não é!!!

Princípios gerais da ação de quimioterápicos citotóxicos

PALAVRAS-CHAVE Processos Linfoproliferativos. Linfoma não Hodgkin. Epidemiologia

Tema: Tratamento da Doença Leptomeníngea

RADIOTERAPIA EM TUMORES DE CABEÇA E PESCOÇO LOCALMENTE AVANÇADOS E IRRESSECÁVEIS (IVB): QUANDO EVITAR TRATAMENTOS RADICAIS?

Linfoma de Hodgkin. 154 Guia Prático para o Oncologista Clínico

INTRODUÇÃO AO LINFOMA EM GATOS

Vigilância ativa em câncer de próstata. Marcos Tobias Machado Setor de Uro-oncologia

Alexandra Paúl Oncologia Pediátrica, Hospital Pediátrico de Coimbra

Pereira J et al Rev. bras. hematol. hemoter. 2004;26(3):

PROTOCOLOS DO CEP/CEPON 2006

LEUCEMIA LINFOCÍTICA AGUDA NA INFÂNCIA Conceitos atuais no tratamento e experiência do Instituto da Criança

Programa de Residência Médica CANCEROLOGIA PEDIÁTRICA. Comissão de Residência Médica COREME

Investigação Laboratorial de LLA

ALTERAÇÃO DA TABELA DE PROCEDIMENTOS, MEDICAMENTOS E OPM DO SUS Diário Oficial da União Nº 249, Seção I, de 30 de dezembro de 2009

UNIVERSIDADE FEDERAL DE CAMPINA GRANDE CONCURSO PÚBLICO

câncer de esôfago e estômago Quais os melhores esquemas?

Investigação ou não? Nuno Reis Farinha Unidade de Hematologia e Oncologia Pediátrica Centro Hospitalar São João

Honneur - Championnat Territorial Phase Préliminaire

4ª Reunião do GT de Oncologia. Projeto OncoRede

QuímioRadioterapia nos tumores de cabeça e pescoço. Guy Pedro Vieira

EPIDEMIOLOGIA, ESTADIAMENTO E PREVENÇÃO DO CÂNCER

UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL FACULDADE DE MEDICINA PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM SAÚDE DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE

Materiais e Métodos As informações presentes neste trabalho foram obtidas a partir de revisão bibliográfica e do prontuário

Reirradiação após recidiva de tumor em cabeça e pescoço : Indicações e Resultados. Priscila Guimarães Cardoso R3 - Radioterapia

Braquiterapia ginecológica guiada por imagem (IGBT): estabelecimento de rotina por meio da avaliação da resposta tumoral

Administração de Quimioterápicos: Tempo e Ordem de Infusão. Enfa. Ms. Shirlei Ferreira HUPE/UERJ INCA

HOSPITAL INFANTIL ALBERT SABIN - CE

Boas-vindas e Introdução

Alessandra Comparotto de Menezes IHOC-2013

ESTUDO DE UTILIZAÇÃO DE ANTINEOPLÁSICOS NA PEDIATRIA DE UM HOSPITAL UNIVERSITÁRIO

AVALIAÇÃO FARMACOTERAPÊUTICA DOS PACIENTES PEDIÁTRICOS DE UM SETOR ONCOLÓGICO

Protocolo de Tratamento do Câncer de Mama Metastático. Versão eletrônica atualizada em Dezembro 2009

Incidência das Doenças Onco-Hematológicas no Brasil

Desafios para a promoção, prevenção e tratamento do câncer: O panorama global e o Brasil

II Congresso Internacional de Neuro-Oncologia. Tema: Tratamento da doença Leptomeníngea

SOCORRO MARIA PEDRO DE SOUSA

I. Este protocolo envolve: QUIMIOTERAPIA EM ALTAS DOSES COM RESGATE DE CÉLULAS TRONCO HEMATOPOÉTICAS

HEMIPARESIA E DÉFICITS NEUROLÓGICOS ASSIMÉTRICOS

Chat com a Dra. Sandra Dia 08 de outubro de 2015

Chat com o Dr. Abrahão Dia 14 de agosto de 2014

Desenvolvimento psicossocial do adolescente e do adulto jovem - Apoio ao estudante Disciplina Tópicos em Educação nas Profissões da Saúde II

Câncer e Sistema Imune

PROTOCOLOS DE TRATAMENTO DE DOENÇAS HEMATOLÓGICAS

O que é e para que serve a Próstata

Quimioterapia no tratamento dos gliomas de alto grau: Há algo além do temodal?

R3 HAC Thaís Helena Gonçalves Dr Vinícius Ribas Fonseca

Colheita de Células Hematopiéticas

Dentista Laserterapia

Luciana Bento, Ricardo Melo, Hedi Liberato, Eduardo Pires, Michelle Silva, Amélia Almeida, Manuela Baptista, Sofia Loureiro dos Santos SERVIÇO DE


CÂNCER DE PRÓSTATA CASTRAÇÃO RESISTENTE: OPÇÕES DISPONÍVEIS E MELHOR SEQUENCIAMENTO DANIEL DE CASTRO MONTEIRO ONCOLOGISTA CLÍNICO

TEMA: RITUXIMABE PARA LINFOMA NÃO HODGKIN DE PEQUENAS CÉLULAS

PROTOCOLO DE ATENDIMENTO

Políticas de expansão do atendimento oncológico

UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ CIRURGIA DE CABEÇA E PESCOÇO QUIMIOTERAPIA EM CABEÇA E PESCOÇO UBIRANEI OLIVEIRA SILVA

Valéria Mika Massunaga Enfermeira do setor da Radioterapia do Centro de Oncologia e Hematologia do Hospital Israelita Albert Einstein

Registro Hospitalar de Câncer - RHC HC-UFPR Casos de 2007 a 2009

26/08/2016. Clínica Médica em Exercícios para Concursos

I Data: 09/01/2006. II Grupo de Estudo:

Linfomas. Claudia witzel

Atualização do tratamento das vasculites ANCA associadas

BENEFIT e CHAGASICS TRIAL

Tumores do mediastino em crianças *

Remissão prolongada da atividade metabólica da Doença de Paget. tratamento com Risendronato oral e Pamidronato endovenoso.

Indicações de tratamento paliativo em pacientes oncológicos

Radioterapia baseada em evidência no tratamento adjuvante do Câncer de Endométrio: RT externa e/ou braquiterapia de fundo vaginal

Franciele Kipper e Andrew Silva III Curso de Sinalização Celular no Câncer

TratamentoAtual do Seminoma de Testículo

PSICO ONCOLOGIA: VIVÊNCIAS PARA ALÉM DO DIAGNÓSTICO

GBECAM. O Câncer de Mama no Estado de São Paulo

Religiosidade/Espiritualidade e Prevenção do Suicídio

Vincizina CS sulfato de vincristina VIA DE ADMINISTRAÇÃO: USO INJETÁVEL APENAS POR VIA INTRAVENOSA

Hepatite alcoólica grave: qual a melhor estratégia terapêutica

CÂNCER DE MAMA COM METÁSTASE ÓSSEA EM TRATAMENTO COM BISFOSFONATOS: FATOR DE RISCO E SUAS MANIFESTAÇÕES

HOSPITAL DE CLÍNICAS DE PORTO ALEGRE EDITAL N.º 01/2016 DE PROCESSOS SELETIVOS GABARITO APÓS RECURSOS

Total de processo analisados pela Câmara Técnica Nacional de Intercâmbio. Quantidade de Processos

Medidas de Epidemiologia Geral Parte I

Transcrição:

Linfoma não Hodgkin em países em desenvolvimento: Maiores desafios e piores resultados? Flavio Luisi

Declaração de Conflito de Interesse Declaro que não possuo conflito de interesse em nenhuma das categorias Flavio Luisi

Relação da taxa de incidência de leucemia infantil X renda nacional bruta. A incidência relatada de leucemia infantil varia significativamente de acordo com o renda. Em países de baixa renda existe uma grande variedade de leucemia registrada incidência. Essa faixa é muito mais estreita nos países de renda média alta, que relatam uma média de 37 casos por milhão de crianças por ano, e de alta renda Países, que relatam uma média de 41 casos por milhão por ano.

Valores em R$ Esferas de Governo 2013 2014 União 97.166.766,09 100.874.606.991,88 Estados 79.389.384.658,82 83.233.688.754,28 Municípios 116.465.650.416,34 106.179.144.556,50 Gasto Total 293.021.801.752,25 290.287.440.302,67 Gasto per capita/ano 1.445,10 1419,84 Gasto per capita/dia 3,96 3,89 Secretaria do Tesouro Nacional: Despesas na Função Saúde

Rev Assoc Med Bras 2015; 61(5):417-422

Guerra civil Taxa de mortalidade infantil : 262/mil nascidos vivos + comum: L Burkitt bioquímica isolamento. Para cada 36 crianças internadas:1 médico, 1 enfermeira e 1 auxiliar;

Anátomo Patológico ; O diagnóstico e estadiamento; CTX é de 40 mg/kg. 1ª dose EV com hiper-hidratação e allopurinol. As outras doses são VO 1x/semana/ 2 meses. custo baixo

Entre 2005 e 2008 96 crianças tratadas como Burkitt. (3 Tb, 2 Nbl, 2 LNH - T, 1 PNET e 1 fibroma ossificante juvenil); 42% desnutridos, 86% esfregaço sangue espesso para P falciparum; 16% HIV +; morte súbita na indução, ausência de resposta, abandono de tratamento; Conclusão : monoterapia com CTX em baixas doses não é efetiva.

Probabilidade de sobrevida global em crianças com linfoma de Burkitt de acordo com o estadiamento de St Jude. M. San Roman et al. Trans R Soc Trop Med Hyg

Sobrevida de crianças com cancer 90 Curva de sobrevida 80 70 60 50 Países desenvolvidos Chances desiguais!! 40 30 20 10 Países subdesenvolvidos ou em desenvolvimento 0 1955 1960 1965 1970 1975 1980 1985 1990 1995 2000 2005 2010 2012

Cancer January 1, 2014

Barreiras para o tratamento eficaz de tumores pediátricos em países de renda média: Podemos dar sentido ao espectro de fatores não biológicos que influenciam os resultados? Cancer, 120r, 1, pages 112-125, 16 OCT 2013

Cancer, 120r, 1, pages 112-125, 16 OCT 2013

Cancer, 120r, 1, pages 112-125, 16 OCT 2013

parcerias entre instituições médicas ; programas pediátricos de câncer adaptadas aos recursos de cada país; sustentabilidade a longo prazo ( de fontes locais e internacionais, públicas e privadas); líder local, um oncologista pediátrico bem treinado; enfermeiros treinados no tratamento do câncer pediátrico; organização dedicada exclusivamente à oncologia pediátrica.; as relações entre os líderes da parceria e indivíduos influentes na comunidade.

Linfoma não Hodgkin E III e IV Ano Autor Pacientes SLE 1999 Reiter (BFM) 56 95% 2002 Patte (SFOF) 62 90% 2002 Cairo (CCG) 46 80% 2013 Goldman 7 (*) 95% 1988 De Andrea 74 65% 1994 Maluf Jr 39 92% 1997 Sandlund 78 42% 2003 Klumb 36 74% 2004 Luisi 161 78%

Protocolo do Grupo Brasileiro para Tratamento do Linfoma não Hodgkin na Infância e Adolescência (LNH2016) Linfoma de Burkitt GRUPO C: (ALTO RISCO) Qualquer envolvimento do SNC (qq blasto L3, paralisia ou compressão de pares cranianos, massa intracerebral e ou compressão parameníngea); Envolvimento da medula óssea >=25%; Qualquer paciente de Risco Intermediário que não atinja remissão após o primeiro ciclo de quimioterapia; COP > R CA > R D > R CA > R D > R CA > R D > - I > - II > - I > - II

Protocolo do Grupo Brasileiro para Tratamento do Linfoma não Hodgkin na Infância e Adolescência (LNH2016) GRUPO C: (ALTO RISCO) : COP > R CA > R D > R CA > R D > R CA > R D > I > II > I > II Droga mg/m² Apresentação por mg Número de FA Preço/FA Total Vincristina 8,5 1 8,5 R$ 9,30 R$ 79,05 Ciclofosfamida 13300 1000 13,3 R$ 37,50 R$ 498,75 Adriamicina 300 50 6 R$ 48,20 R$ 289,20 Etoposide 1700 100 17 R$ 5,20 R$ 88,40 Aracytin 38750 100 387,5 R$ 7,30 R$ 2.828,75 Metotrexate 34000 500 68 R$ 80,00 R$ 5.440,00 MADIT 11 11 R$ 17,00 R$ 170,00 TOTAL R$ 9.394,15

Protocolo do Grupo Brasileiro para Tratamento do Linfoma não Hodgkin na Infância e Adolescência (LNH2016) GRUPO C: (ALTO RISCO) : COP > R CA > R D > R CA > R D > R CA > R D > I > II > I > II Droga mg/m² Apresentação por mg Número de FA Preço/FA Total Vincristina 8,5 1 8,5 R$ 9,30 R$ 79,05 Ciclofosfamida 13300 1000 13,3 R$ 37,50 R$ 498,75 Adriamicina 300 50 6 R$ 48,20 R$ 289,20 Etoposide 1700 100 17 R$ 5,20 R$ 88,40 Aracytin 38750 100 387,5 R$ 7,30 R$ 2.828,75 Metotrexate 34000 500 68 R$ 80,00 R$ 5.440,00 MADIT 11 11 R$ 17,00 R$ 170,00 Rituximabe 2.250 100 22,5 R$ 1.201,00 R$ 27.022,50 TOTAL R$ 36.416,65

Protocolo do Grupo Brasileiro para Tratamento do Linfoma não Hodgkin na Infância e Adolescência (LNH2016) GRUPO C: (ALTO RISCO) : COP > R CA > R D > R CA > R D > R CA > R D > I > II > I > II Droga Total TOTAL R$ 9.394,15 Rituximabe R$ 27.022,50 TOTAL c/ Rituximabe R$ 36.416,65 03.04.07.001-7 - QUIMIOTERAPIA DE CANCER NA INFÂNCIA E ADOLESCÊNCIA - 1ª LINHA 1700,00/mes 10 meses R$ 17.000,00 TOTAL R $ -13. 383,35

Instituto de Oncologia Pediátrica luisi@osite.com.br