ANÁLISE DA SOLUBILIDADE DA UREIA COM A VARIAÇÃO DA TEMPERATURA EM SOLUÇÕES ISOPROPANOL+ÁGUA

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Transcrição:

ANÁLISE DA SOLUBILIDADE DA UREIA COM A VARIAÇÃO DA TEMPERATURA EM SOLUÇÕES ISOPROPANOL+ÁGUA J. B. RODRIGUES 1, L. G. FONSECA 1 e R. A. MALAGONI 1 1 Universidade Federal de Uberlândia, Faculdade de Engenharia Química E-mail para contato: malagoni@feq.ufu.br RESUMO A ureia é um composto orgânico com muito destaque na área de fertilizantes e que possui alta solubilidade em água. Neste trabalho estudou-se a solubilidade da ureia em soluções de isopropanol+água contendo 10 e 40 % de isopropanol m/m em uma faixa de temperatura que variou de 278 a 333 K. Os experimentos consistiram em colocar a solução de isopropanol+água em uma célula de vidro borossilicato encamisada, juntamente com ureia em excesso. Os tempos de agitação e repouso foram de 2 h cada. Com os dados obtidos em cada amostragem por gravimetria, determinou-se o valor de solubilidade na temperatura investigada. Os resultados apresentaram baixos desvios padrão o que comprovou a eficiência do método e dos equipamentos utilizados no trabalho. 1. INTRODUÇÃO A ureia é um composto orgânico muito presente em seres vivos e a determinação de sua concentração em amostras de sangue é essencial para diagnósticos médicos, principalmente para obter informações sobre doenças renais (Kuralay et al., 2005). Pesquisas também mostram que vários gases de hidrocarbonetos são mais solúveis em soluções de ureia+água do que em água pura (Soper et al., 2003). Dados de solubilidade de compostos orgânicos podem ser obtidos tanto por meio de medições quanto pela realização de cálculos, porém a predição de dados de solubilidade é restringida pela disponibilidade de dados termodinâmicos de compostos puros e pelos valores de coeficientes de atividade (Sapoundjiev et al., 2005). A solubilidade da ureia em misturas hidroalcoólicas não foi estudada em amplas faixas experimentais de temperatura e concentração do álcool e os dados disponíveis na literatura são bastante dispersos. O estudo de sistemas ureia-álcool é importante para o projeto de equipamentos industriais de separação, cristalização e de extratores. Yin et al. (2006) utilizou sistemas ureia-álcool para preparar fotocatalisadores de titânio mais eficientes na decomposição de substâncias poluentes como o monóxido de nitrogênio. Os pesquisadores Lee e Lahti (1972) analisaram a solubilidade da ureia em água, metanol, etanol, isopropanol e em diversas soluções hidroalcoólicas. Para a mistura de isopropanol+água, foram estudadas as concentrações de 33,3% e 66,7% de isopropanol em volume em temperaturas de 0 a 60 ºC. De acordo com Silva et al. (2015) a solubilidade da ureia é diretamente proporcional a constante dielétrica dos solventes. A constante dielétrica é uma propriedade intrínseca e está

relacionada com a resposta dos materiais aos campos elétricos. A água possui uma constante dielétrica alta (78,54), enquanto que a do isopropanol é de 18,30 (Storm et al., 1970). O objetivo deste trabalho consistiu em determinar a solubilidade da ureia em soluções de isopropanol+água para as percentagens de 10 e 40% em massa de isopropanol em uma faixa de temperatura de 278 a 333 K. O interesse nestas concentrações se deve ao fato de não existirem dados sobre a mesma na literatura. O método escolhido para analisar as amostras coletadas foi o método analítico gravimétrico que se mostrou bastante eficaz e consistente para a determinação da solubilidade da ureia. 2. MATERIAL E MÉTODOS 2.1. Reagentes e Unidade Experimental Os reagentes utilizados nos experimentos apresentados neste trabalho foram ureia (Fabricante Sigma) com pureza de 99,9%, isopropanol (Vetec) com pureza de 99,5% e água deionizada e bi-destilada. A Figura 1 apresenta a unidade experimental em que foram realizados os ensaios de solubilidade. Os experimentos foram feitos com o uso de duas células de equilíbrio encamisadas de vidro borossilicato, com volume interno de 50 ml, que foram conectadas em série e um banho termostatizado (Tecnal, TE-184) foi responsável por manter o sistema na temperatura desejada. O banho termostatizado foi conectado na entrada da primeira célula e na saída da segunda. A ligação entre as duas células foi feita por meio do uso de uma mangueira de látex. A verificação da temperatura foi feita através do uso de dois termopares FullGauge (TIC-17RGTi) que foram acoplados em cada uma das células e mediam a temperatura na região central. Para cada uma das células utilizou-se um agitador eletromagnético (Ika, RH D-KT/C) e uma barra magnética (1,512 cm de comprimento e 0,607 cm de diâmetro) revestida com teflon que promoveram a agitação da mistura por um período de 2 h seguido de 2 h de repouso. Estes períodos foram definidos por Silva et al (2015). Figura 1 Unidade experimental.

Pela Figura 1, pode-se observar que (1) são as células de equilíbrio, (2) as barras magnéticas, (3) os agitadores eletromagnéticos, (4) os termopares, (5) as rolhas que vedam a célula, (6) o banho termostatizado e (7) a mangueira de látex que conecta as células. 2.1. Procedimento Experimental Foram realizados experimentos em uma faixa de temperatura de 278,15 a 333,15 K para soluções de isopropanol+água contendo 10 e 40% em massa de isopropanol. A massa dos solventes era medida em béqueres separados com o uso de uma balança analítica (Shimadzu, AUW320) com precisão de 0,0001g, considerando-se a pureza de cada um e depois eram transferidos para um balão volumétrico de 250 ml onde era feita a homogeneização da mistura através de agitação manual. Em cada uma das células colocavam-se as respectivas soluções de isopropanol+água na proporção em que se desejava analisar e ureia em excesso para garantir obtenção de uma solução saturada. O período de agitação das soluções foi de duas horas seguido de duas horas de repouso. Após terminado o tempo de repouso foram retiradas quatro amostras de 4 a 5 ml de cada solução com o auxílio de uma seringa de vidro com capacidade de 10 ml. Durante o experimento a seringa foi mantida submersa em uma água com a mesma temperatura do banho para evitar a cristalização da ureia dentro da seringa o que levaria a erros. Para cada amostra um béquer de 25 ml foi lavado, seco, pesado e numerado. Cada amostra foi retirada da célula e logo em seguida colocada no respectivo béquer para que sua pesagem fosse efetuada. Logo depois da pesagem do béquer com a amostra foi feita a etapa de secagem em que os béqueres foram colocados na estufa (Marconi, MA-033) a 338,15 K. As amostras foram deixadas na estufa (Marconi, MA-033) por um período de 24 h na temperatura de 338,15 K. Após esse período as amostras foram colocadas em um dessecador com sílica por 30 min e então foi feita a pesagem do béquer contendo ureia cristalizada para determinar a massa de ureia seca. As amostras foram pesadas por cerca de 4 dias até massa constante assim como foi feito por Silva et al. (2015). Com a massa do béquer vazio, a massa do béquer com a solução e a massa do béquer com a ureia seca foi possível determinar a solubilidade para cada concentração de isopropanol e para cada temperatura. O resultado de solubilidade obtido foi a média aritmética dos valores de solubilidade encontrados para cada amostra. 3. RESULTADOS E DISCUSSÃO Com o uso dos dados coletados: massa dos béqueres, massa da amostra com o solvente e massa da amostra seca, juntamente com a Equação 1, foi possível calcular a solubilidade da ureia para todas as temperaturas e percentagens gravimétricas de isopropanol estudadas. mu S 100 (1) m s sendo: S a solubilidade em (g/100 g), m u a massa da ureia (g) e m s a massa do solvente (g).

As Tabelas 1 e 2 apresentam os resultados de solubilidade para as concentrações de 10 e 40 % (m/m) de isopropanol, respectivamente. Tabela 1 Solubilidade da ureia em isopropanol+água (10% isopropanol m/m). T±δ (K) S±δ (g ureia/100g solvente) 278,5±0,2 66,1569±0,0186 283,3±0,1 79,1430±0,2430 288,3±0,0 88,4284±0,1930 293,2±0,2 98,1323±1,5126 298,1±0,2 103,6148±1,7900 303,4±0,2 125,9579±0,2386 307,9±0,1 140,0652±0,7371 312,8±0,4 153,1213±1,2367 318,4±0,3 161,1721±4,4737 322,5±0,5 185,1029±0,8107 327,9±0,2 192,8883±5,1605 332,6±0,5 226,7360±0,2805 Tabela 2 Solubilidade da ureia em isopropanol+água (40% isopropanol m/m). T±δ (K) S±δ (g ureia/100g solvente) 278,2±0,1 37,8215±0,2496 283,2±0,0 54,3019±0,0810 293,1±0,1 68,4791±0,2206 298,2±0,2 79,2912±0,1237 303,4±0,2 88,3213±0,2837 307,7±0,1 98,1705±0,8727 313,1±0,4 106,2550±4,8082 318,4±0,3 127,1020±0,2741 322,7±0,2 138,0328±0,7339 328,0±0,2 149,8612±4,2601 333,0±0,1 174,2320±3,8795 Analisando-se as Tabelas 1 e 2 é possível observar que os resultados de solubilidade para ambos os sistemas químicos estudados apresentaram desvios baixos, desvio médio de 0,95% para a solução de 10% (m/m) e de 1,17% para a solução de 40% (m/m) de isopropanol.

A solução de 10% de isopropanol (m/m) também apresentou uma solubilidade maior, o que indica que a solubilidade da ureia é maior em água do que em isopropanol. Nota-se que houve um aumento na solubilidade da ureia com o aumento da temperatura. O motivo de tal comportamento se deve ao fato de que a dissolução da ureia é um processo endotérmico, o qual necessita de uma absorção de energia para ocorrer, portanto, o aumento da temperatura favorece esse processo. 4. CONCLUSÃO Com os resultados experimentais de solubilidade constatou-se que houve um decréscimo no valor de solubilidade da ureia com o aumento da percentagem de isopropanol, o que demonstra que a ureia é mais solúvel em água do que em isopropanol. Isso se deve ao fato de que a água apresenta uma constante dielétrica maior que a do isopropanol e a solubilidade da ureia é diretamente proporcional a constante dielétrica dos solventes. Verificando-se a influência da temperatura na solubilidade da ureia foi possível concluir que a solubilidade da ureia aumentou significativamente com o aumento da temperatura para ambas as soluções estudadas. Esse comportamento era esperado devido ao fato de que a dissolução da ureia é um processo endotérmico. Como os desvios padrão encontrados foram baixos, pode-se constatar que o método gravimétrico e a unidade experimental foram eficientes para a determinação dos resultados de solubilidade da ureia. Os dados obtidos neste trabalho podem ser muito úteis para a técnica de quimigação que consiste em distribuir uma solução de um fertilizante ou herbicida através do sistema de irrigação. Essa técnica precisa de dados sobre o comportamento da solubilidade do composto para ser bem empregada e os dados obtidos neste trabalho podem ajudar na otimização desta técnica, assim como no desenvolvimento de novos equipamentos. 5. AGRADECIMENTOS Agradecemos a Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Minas Gerais (FAPEMIG) pela bolsa de Iniciação Científica e também à Faculdade de Engenharia Química da Universidade Federal de Uberlândia pelo incentivo a pesquisa e estrutura física oferecida para o desenvolvimento desta pesquisa no Laboratório de Cristalização. 6. REFERÊNCIAS KURALAY, F.; ÖZYÖRÜK, H.; YILDIZ, A. Potentiometric enzyme electrode for urea determination using immobilized urease in poly( vinylferrocenium ) film. Sens. Actuators B, v. 109, p. 194-199, 2005. LEE, F. M.; LAHTI, L. E. Solubility of urea in water-alcohol mixtures. J. Chem. and Eng. Data, v. 17, p. 304-306, 1972. SAPOUNDJIEV, D.; LORENZ, H.; SEIDEL-MORGENSTERN, A. Determination of solubility data by means of calorimetry. Thermochim. Acta, v. 436, p. 1-9, 2005.

SILVA, A. P. Determinação da solubilidade do fertilizante ureia em solventes puros e em misturas hidro alcoólicas. 2015. 118 p. Dissertação de Mestrado, Faculdade de Engenharia Química, Universidade Federal de Uberlândia, Uberlândia, 2015. SOPER, A.K.; CASTNERB, E. W.; LUZAR A. Impact of urea on water structure: a clue to its properties as a denaturant? Biophys. Chem., v. 105, p. 649-666, 2003. STORM, T. D.; HAZLETON, R. A.; LAHTI, L. E. Some effects of solvent properties on nucleation. J. Cryst. Growth, v.7, p. 55-60, 1970. YIN, S.; AITA, Y.; KOMATSU, M.; SATO, T. Some effects of solvent properties on nucleation. J. Eur. Ceram. Soc., v.26, p. 2735-2742, 2006.