XII CONGRESSO BRASILEIRO DE ATEROSCLEROSE SESSÃO DE TEMA LIVRES CONFLITO DE INTERESSE: APOIO FAPESP PROJETO 2008/

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Transcrição:

XII CONGRESSO BRASILEIRO DE ATEROSCLEROSE 2009 - SESSÃO DE TEMA LIVRES CONFLITO DE INTERESSE: APOIO FAPESP PROJETO 2008/51532-4 APRESENTADOR : PAULO MAGNO MARTINS DOURADO

A dieta hipercolesterolêmica aumenta o tamanho do infarto e piora os padrões hemodinâmicos em um modelo experimental de isquemia miocárdica Paulo M. M. Dourado, Mauricio B. P. Landim, Tatiana F. G. Galvão, Antonio Casella Filho, Vera D. Aiello, Jeane M. Tsutsui, Wilson Mathias Junior, Protásio L. da Luz, Antonio Carlos P. Chagas. Laboratório de Investigação em Isquemia Miocárdica da Unidade Clínica de Aterosclerose - Instituto do Coração (InCor)- HCFMUSP, São Paulo

Aprovado pela Comissão Científica do InCor - Protocolo 1152/06-20.12.2006 American Heart Association Guidelines on Research Animals Use (1985)

Introdução A dislipidemia está relacionada com a progressão da aterosclerose e aumento na incidência de complicações cardíacas principalmente em pacientes com doença arterial coronariana 1 Vários estudos indicam que o tratamento da dislipidemia é benéfico em diminuir o número de eventos coronarianos, contudo o papel das vastatinas na proteção miocárdica pós-infarto agudo do miocárdico ainda não está completamente elucidado 2 1 Pekkanen J et al. N Engl J Med 1990; 322: 1700-1807. 2

Introdução A determinação do tamanho do infarto e o remodelamento ventricular são dados preditivos no seguimento pós infarto agudo do miocárdio 3. A ecocardiografia é uma técnica que permite a determinação do tamanho do infarto e o remodelamento ventricular 4. 3 Klonner RA et al, Circulation 1983;68:8-15 4 Dourado PMM et al, Braz J Med Biol Res 2002;36(11):1501-09

Objetivos Avaliar os efeitos da dieta hipercolesterolêmica na determinação de parâmetros hemodinâmicos pela ecocardiografia e o tamanho do infarto pela patologia em um modelo animal de IAM.

Métodos 63 ratos anestesiados foram submetidos à oclusão da artéria coronária descendente anterior, tendo 9 ido à óbito por complicações cirúrgicas e no pós-operatório, permanecendo 54 animais, que foram divididos em seis grupos 3 em dieta normocolesterolêmica e 3 em dieta hipercolesterolêmica

Métodos Dieta normocolesterolêmica Foram divididos em 3 grupos: G1 (n=11)- Grupo submetido a IAM G2 (n=8)-grupo submetido a IAM, tratado com rosuvastatina ( 1 mg/kg/dia) - 30 dias pós-infarto G3 (n=9) - Grupo submetido a IAM, tratado com rosuvastatina ( 1 mg/kg/dia) - 30 dias prévios ao infarto e mantido por mais 30 dias pós-infarto

Métodos Dieta hipercolesterolêmica Foram divididos em 3 grupos: G4 (n=10) - Grupo submetido a IAM G5 (n=8) - Grupo submetido a IAM, tratado com rosuvastatina ( 1 mg/kg/dia) - 30 dias pós-infarto G6 (n=9) - Grupo submetido a IAM, tratado com rosuvastatina ( 1 mg/kg/dia) - 30 dias prévios ao infarto e mantido por mais 30 dias pós-infarto

Métodos Os ecocardiogramas foram realizados previamente ao infarto e antes do sacrifício após 30 dias do IAM a fim de se analisar o tamanho do infarto e o remodelamento ventricular

Métodos A planimetria das áreas do ventrículo esquerdo no final da diástole (ADVE) e sístole (ASVE) foi realizada pela ecocardiografia antes do IAM (pré) e 30 dias após o IAM (pós)

Métodos A área do infarto nos diferentes grupos experimentais foi quantificada através de lâminas coradas com tricrômio de Masson (Azul) e análise com uso de software especifico (ImageQuant - Leica). A área infartada foi definida como porcentagem do ventrículo esquerdo positivo para marcação de colágeno, indicando a presença e a extensão de zona cicatricial em relação à área total do ventrículo esquerdo.

Análise Estatística As variáveis mensuradas (pré e pós), foram avaliadas com análise de variância para medidas repetidas onde as três hipóteses básicas foram testadas 5 : H01: Os perfis de médias são paralelos, ou seja, o comportamento dos grupos é igual ao longo do tempo; H02: Os perfis de médias são coincidentes, ou seja, não existe diferença de médias entre os grupos; H03: Não há efeito de tempo, ou seja, os perfis são paralelos ao eixo das abscissas. Os valores de p<0,05 foram considerados estatisticamente significantes. 5 Rosner, B. FUNDAMENTALS OF BIOSTATISTICS, 4ª ed., New York, 1994, pp. 682

Resultados Em repouso, nenhuma anormalidade contrátil foi observada

Resultados Valores da planimetria ADVE H01 p = 0,086 Os perfis de médias são paralelos H02 p = 0,000 Os perfis de médias não são coincidentes H03 p = 0,000 - Há efeito do fator tempo

ADVE (cm2) Resultados Valores da planimetria ADVE 1,4 1,2 1,0 0,8 0,6 0,4 * * * * * * * * * * * * PRÉ PÓS 0,2 0,0 1 2 3 4 5 6 GRUPOS * p < 0,05

Resultados Valores da planimetria ASVE H01 p = 0,002 Os perfis de médias nao são paralelos

ASVE (cm2) Resultados Valores da planimetria ASVE 1,2 1,0 * * ** ** 0,8 0,6 0,4 0,2 * * * * ** ** * * * * * * PRÉ PÓS 0,0 1 2 3 4 5 6 GRUPOS * p < 0,05

% INF VE Resultados Valores da patologia % do infarto 40 35 30 25 20 15 10 5 0 * * 1 2 3 4 5 6 GRUPO * P < 0,05

Resultados Peso do coração dos ratos Grupo 1 = 1,79 gr Grupo 2 = 1,68 gr Grupo 3 = 1,65 gr Grupo 4 = 1,78 gr Grupo 5 = 1,88 gr Grupo 6 = 1,82 gr p = ns

Conclusões A dieta hipercolesterolêmica causou piora nos parâmetros hemodinâmicos: aumento da ADVE e ASVE, a despeito do uso da rosuvastatina. Houve redução do tamanho do infarto no grupo normocolesterolêmico que fez uso prévio da rosuvastatina em relação ao grupo hipercolesterolêmico não tratado.

Resultados Dosagens de IL-6, MMP-2, TNF-ALFA E ADMA IL - 6 (pg/ml) MMP - 2 (pg/ml) TNF- ALPHA (pg/ml) ADMA (umol/l) (% infarct) G1 6.4* 188.8* 0.36* 0.85 26.29 G2 84.1* 186.5* 1.71 0.84 23.24 G3 26.9 153.2 0.00 0.72* 21.38* G4 39.1 122.8 8.63 0.90 30.26* G5 66.1 103.0* 22.1* 0.85 28.15 G6 23.2 132.5 19.2 1.01* 27.30 P < 0.05* < 0.05* < 0.05* < 0.05* < 0.05*