PODER JUDICIÁRIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO ACÓRDÃO

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Transcrição:

Registro:2012.0000631995 ACÓRDÃO Vistos, relatados e discutidos destes autos do Apelação nº, da Comarca Apiaí, em que é apelante ZILDA ROSA IZIDORO LEITE, é apelado TIAGO AMILCAR DE PAULA SOUZA LEITE. ACORDAM, em 3ª Câmara de Direito Privado do Tribunal de Justiça de São Paulo, proferir a seguinte decisão: "Deram provimento ao recurso. V. U.", de conformidade com o voto do Relator, que integra este acórdão. O julgamento teve a participação do Exmos. Desembargadores DONEGÁ MORANDINI (Presidente sem voto), BERETTA DA SILVEIRA E EGIDIO GIACOIA. São Paulo, 27 de novembro de 2012 João Pazine Neto RELATOR Assinatura Eletronica

Apelação Nº Comarca: Apiaí Apelante: Zilda Rosa Izidoro Leite Apelado: Tiago Amilcar de Paula Souza Leite Apelação. Prestação de contas. Seguro DPVAT. Morte do segurado ocorrida na vigência da Lei 6.194/74. Inteligência do artigo 4º da referida lei. Indenização que deve ser paga, quando o óbito se deu na constância do casamento, ao cônjuge sobrevivente. Correto, pois, o pagamento realizado à Apelante. Ré que não está obrigada a prestar contas, pois o valor era apenas a ela destinado. Sentença reformada. Sucumbência invertida. Recurso provido. Trata-se de apelação tirada de ação de prestação de contas, contra a r. sentença de fls. 84/86, cujo relatório adoto, que rejeitou as contas apresentadas pela Ré e condenou-a ao pagamento da importância de R$ 3.433,33, a ser corrigida monetariamente pela Tabela Prática do E. TJSP a contar do ajuizamento e acrescida de juros de mora de 1% ao mês a contar da citação. Sucumbência à Ré, observada a gratuidade processual concedida. Apela a Ré para alegar, em síntese, que o dinheiro recebido a título de seguro obrigatório foi usado para saldar um pouco das contas deixadas por seu falecido esposo, como pode ser constatado pelos documentos de fls. 43 a 58. Afirma que o valor dos cheques totaliza R$ 9.477,99 e que foram juntados os cheques originais para comprovar que os mesmos foram pagos junto a seus credores. Afirma que, graças a ela, o nome do falecido está limpo e que em nenhum momento o

Apelado se preocupou com as dívidas deixadas pelo pai. Assevera que o Apelado só tem direito a receber R$ 205,50, pois sua própria defensora assim o requereu, à fl. 82. Sustenta que as contas apresentadas estão corretas e que não pode ser condenada em honorários advocatícios. Recurso recebido e processado em seus regulares efeitos (fl. 93). Isento de preparo, ante a gratuidade processual concedida à Apelante (fl. 86). Sem contrarrazões (fl. 95). Conforme designação da Presidência da Seção de Direito Privado, publicada no DJE de 01.06.12 (fls. 12), c.c. a Portaria 04/2012 da mesma Presidência, estes autos foram redistribuídos a este Relator. É o relatório. Ressalvado o entendimento do n. Magistrado sentenciante, a insurgência da Apelante deve ser acolhida, embora por outro fundamento. Dispõe o artigo 914 do CPC: A ação de prestação de contas competirá a quem tiver: I o direito de exigi-las; e II a obrigação de prestálas. Ensina Pontes de Miranda (Comentários ao Código de Processo Civil, t. XIII, pág. 135): Na ação de prestação de contas há duas fases bem distintas, cada qual com seu objeto próprio. Na fase inicial do processo não está em causa, ainda, o problema de saber-se quem deve a quem e quanto, exatamente por ser tema a ser decidido na segunda fase do procedimento. A obrigação de prestar contas nada tem a ver com o fato de ser o réu devedor ou não do autor. Pode até ser credor, mas não fica eximido de prestá-las, quando estiver obrigado. Vale lembrar que o pedido de prestação de contas cabe à pessoa que administra ou geriu bens ou interesses alheios, como àquela em nome da

qual se realiza ou se realizou a administração. A respeito do tema, discorre o eminente jurista Antonio Carlos Marcato: O procedimento da ação de exigir contas é composto, em regra, de duas fases: na primeira delas verifica-se se o réu está, ou não, obrigado a prestá-las, sendo impertinente apurar-se quem é devedor e em quanto monta o débito. Resolvida a questão da existência da obrigação de prestar contas, inicia-se a segunda fase procedimental, ocasião em que as contas serão prestadas em forma mercantil, com a apuração do saldo favorável ou desfavorável ao autor (Procedimentos especiais, 11ª ed., Atlas, pag. 138). Pelo que se infere dos autos, a controvérsia se restringe ao recebimento pela Apelante do seguro DPVAT, diante do falecimento de seu então marido (fl. 04). É sabido que a indenização recebida como prêmio de seguro DPVAT não constitui herança. Sobre o assunto, importante transcrever os ensinamentos de Euclides Benedito de Oliveira e Sebastião Luiz Amorim, em sua renomada obra "Inventários e Partilhas Direito das Sucessões Teoria e Prática" (Editora Leud, São Paulo, 2006, pág. 499): "O capital do seguro de vida não pertence ao espólio, pois não faz parte do patrimônio constitutivo da herança. Cuida-se de benefício de jure próprio, como autêntica estipulação em favor de terceiro (arts. 1.098 e 1.471 a 1.476 do CC/16)." Desse modo, não há que se falar em partilha do montante recebido a título de seguro DPVAT, nos termos em que pretende o Autor. Ressalvado o convencimento do i. Representante do Ministério Público de primeira instância (fl. 64), a partilha, que não é o caso aqui tratado, somente teria aplicação caso o fato tivesse ocorrido após a vigência da Lei nº 11.482, de 2007, que atribuiu ao artigo 4º, da Lei nº 6.194/74, a seguinte redação: "Art. 4. A indenização no caso de morte será paga de acordo com o disposto no art. 792 da Lei na 10.406, de 10 de janeiro de 2002 -

Código Civil. Dispõe o atual artigo 792 do CC que: Na falta de indicação da pessoa ou beneficiário, ou se por qualquer motivo não prevalecer a que for feita, o capital segurado será pago por metade ao cônjuge não separado judicialmente, e o restante aos herdeiros do segurado, obedecida a ordem da vocação hereditária. Cumpre esclarecer que o falecimento do genitor do Autor desta ação ocorreu em 27/07/2005, conforme certidão de óbito acostada à fl. 04. Em tal época, era a redação antiga do artigo 4º da Lei n 6.194/74 que vigorava, Referido artigo, assim dispunha: "A indenização no caso de morte será paga, na constância do casamento, ao cônjuge sobrevivente; na sua falta, aos herdeiros legais. (...)" Nesses termos, em respeito ao princípio do "tempus regit actum", a esposa do falecido, ora Apelante, é a beneficiária preferencial para o recebimento do seguro obrigatório, nos termos da antiga redação do artigo 4º, da Lei n 6.194/74, acima mencionado, direito que lhe é próprio e exclusivo, a título singular e não mortis causa. Embora o Apelado também seja herdeiro legal da vítima, há que se observar a regra especial trazida na referida lei, em que a cônjuge possui primazia em relação aos herdeiros. Desse modo, não há que se falar em solidariedade entre o Autor da ação, os demais herdeiros e a viúva, já que a relação entre os beneficiários é, segundo o regramento contido no artigo 4º, acima exposto, de subsidiariedade, ou seja, na ausência de algum deles, qualificam-se os seguintes. análogos: Nesse sentido, a jurisprudência deste Tribunal, em casos SEGURO OBRIGATÓRIO (DPVAT) ILEGITIMIDADE ATIVA "AD CAUSAM" - Carência de ação - Demanda ajuizada pelo filho do acidentado - A esposa da vítima na data do infortúnio, que figurou como

beneficiária no recebimento da indenização pela via administrativa, é a parte legítima para postular em juízo o recebimento da diferença reputada devida, ainda que tenha contraído novas núpcias - Situação em que o cônjuge possui primazia em relação aos herdeiros, a teor do que dispõe o art. 4º, 1º, da Lei n 6.194/74 - Ilegitimidade ativa "ad causam" reconhecida - Preliminar acolhida, para o fim de julgar extinta a ação, sem resolução de mérito (Apelação nº 9124442-75.2006.8.26.0000 Des. Rel. Walter César Exner julgado em 02/10/2008). precedentes: No mesmo voto acima, foram transcritos os seguintes "SEGURO OBRIGATÓRIO (DPVAT) COBRANÇA - LEGITIMIDADE ATIVA - MANTIDA - EXEGESE DO ARTIGO 4º DA LEI 6194/74 - LEGITIMIDADE DOS HERDEIROS APENAS NA FALTA DO CÔNJUGE SOBREVIVENTE. Segundo preceitua o art. 4º da Lei n. 6.194/74, 'a indenização no caso de morte será paga, na constância do casamento, ao cônjuge sobrevivente; na sua falta, aos herdeiros legais', não podendo, pois, os herdeiros pleitearem a indenização pela morte de um dos pais se o outro ainda estiver vivo" (Apelação sem Revisão 1119770200, Relator Artur Marques, julgado em 13/08/2007); "SEGURO OBRIGATÓRIO - COBRANÇA DE DIFERENÇA DE INDENIZAÇÃO - AÇÃO MOVIDA PELA CUNHADA DO SEGURADO - CÔNJUGE SUPÉRSTITE QUE JÁ HAVIA RECEBIDO O PAGAMENTO ANTES DE FALECER - DIREITO DE PLEITEAR EVENTUAL COMPLEMENTO TRANSMITIDO AOS HERDEIROS LEGAIS DA ESPOSA DO 'DE CUJUS' - AUTORA QUE NÃO FIGURA NA LINHA SUCESSÓRIA DA BENEFICIARIA DO SEGURO - ILEGITIMIDADE ATIVA 'AD CAUSAM' RECONHECIMENTO - EXTINÇÃO DO PROCESSO SEM JULGAMENTO DE MÉRITO. Nos termos da antiga redação do artigo 4º, da Lei n 6.194/74, vigente à época, em caso de morte, a indenização do seguro DPVAT deverá ser paga ao

cônjuge sobrevivente e, na sua falta, aos herdeiros legais. Todavia, se a beneficiária já houver recebido o pagamento da indenização antes de falecer, o direito de pleitear em juízo eventual complemento é transmitido aos seus herdeiros legais, e não àqueles do segurado, que não possuem legitimidade ativa 'ad causam' (Apelação Sem Revisão 1066722006, Relator Mendes Gomes, julgado em 22/10/2007). Nesse sentido também a manifestação do Superior Tribunal de Justiça: DPVAT. BENEFICIÁRIA ÚNICA. COMPANHEIRA. Na vigência da Lei n. 6.194/1974, a companheira da vítima falecida em acidente automobilístico, mostrando-se incontroversa a união estável, era a única beneficiária e detinha o direito integral à indenização referente ao seguro DPVAT, não importando a existência de outros herdeiros (art. 3º e 4º da citada lei). A novel Lei n. 11.482/2007 alterou dispositivos da Lei n. 6.194/1974 e passou a dispor que, nos acidentes posteriores a 29/12/2006, o valor da indenização deve ser dividido simultaneamente e em cotas iguais entre o cônjuge ou companheiro e os herdeiros. Precedente citado: REsp 218.508-GO, DJ 26/6/2000 (REsp 773.072-SP, Rel. Min. Luis Felipe Salomão, julgado em 16/9/2010). Observados esses aspectos, outra não poderia ser a beneficiária, já que o artigo 4º, da Lei n 6.194/74, com sua redação original, dispõe que a indenização no caso de morte será paga, na constância do casamento, ao cônjuge sobrevivente; e na sua falta, aos herdeiros legais. À viúva, portanto, cabia o direito de levantar a quantia relativa ao Seguro Obrigatório, por direito próprio e de forma exclusiva. Nesses termos, a Apelante não está obrigada a prestar contas, conforme pretendeu o Autor. Assim, de rigor seja acolhido o apelo da Ré, para a improcedência da ação, uma vez que inexistente seu dever de prestar contas.

processual concedida ao Autor (fl. 13). Fica invertida a sucumbência, observada a gratuidade Ante o exposto, dou provimento ao recurso. João Pazine Neto Relator