PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE MINAS GERAIS Mestrado Profissional em Administração



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Transcrição:

PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE MINAS GERAIS Mestrado Profissional em Administração O USO DA INTERNET COMO FERRAMENTA DE APOIO À INTELIGÊNCIA COMPETITIVA E INOVAÇÃO: SURVEY NO POLO MOVELEIRO DE UBÁ/MG Marcio Antônio Molica Soares Belo Horizonte 2015

PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE MINAS GERAIS Mestrado Profissional em Administração O USO DA INTERNET COMO FERRAMENTA DE APOIO À INTELIGÊNCIA COMPETITIVA E INOVAÇÃO: SURVEY NO POLO MOVELEIRO DE UBÁ/MG Marcio Antônio Molica Soares Orientador: Prof. Dr. Rodrigo Baroni de Carvalho Belo Horizonte 2015

FICHA CATALOGRÁFICA Elaborada pela Biblioteca da Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais S676u Soares, Marcio Antônio Molica O uso da internet como ferramenta de apoio à inteligência competitiva e inovação: survey no polo moveleiro de Ubá/MG / Marcio Antônio Molica Soares. Belo Horizonte, 2015. 103 f.: il. Orientador: Rodrigo Baroni de Carvalho Dissertação (Mestrado) Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais. Programa de Pós-Graduação em Administração. 1. Inteligência competitiva (Administração). 2. Desenvolvimento Tecnológico. 3. Difusão de inovações. 4. Internet - Serviços de informação. 5. Pequenas e médias empresas - Administração. 6. Indústria madeireira. I. Carvalho, Rodrigo Baroni de. II. Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais. Programa de Pós-Graduação em Administração. III. Título. CDU: 658.012.2

Marcio Antônio Molica Soares Título da dissertação: O USO DA INTERNET COMO FERRAMENTA DE APOIO À INTELIGÊNCIA COMPETITIVA E INOVAÇÃO: SURVEY NO POLO MOVELEIRO DE UBÁ/MG Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Administração da Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais e Fundação Dom Cabral, como requisito para a obtenção do título de Mestre em Administração. Área de concentração: Administração Orientador Prof. Dr. Rodrigo Baroni de Carvalho (Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais) Profª. Dra. Cristiana Fernandes de Muylder (Universidade FUMEC) Profª. Dra. Luciana Castro Gonçalves (ESIEE Paris/ Université Paris-Est/IRG) Profª. Dra. Glaucia Maria Vasconcellos Vale (Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais) Belo Horizonte, 24 de fevereiro de 2015

RESUMO Esta pesquisa teve como objetivo identificar e compreender o uso da Internet para fins de Inteligência Competitiva (IC) e Inovação pelas micro, pequenas e médias empresas (MPEs e PMEs) que formam o polo moveleiro de Ubá/MG. O arranjo produtivo local (APL) dessa região é um importante vetor de desenvolvimento econômico do estado de Minas Gerais, sendo bastante incentivado por órgãos de fomento. O polo é composto em sua maioria por MPEs e PMEs que possuem disponibilidade de acesso a Internet, mas por outro lado têm escassez de recursos humanos e financeiros. A pesquisa utilizou como base construtos derivados do modelo UTAUT (Unified Theory of Acceptance and Use of Technology), que tem sido largamente aplicado como um modelo integrativo para medir a aceitação e uso de tecnologia. O survey aplicado via Internet obteve respostas válidas de 42 empresas. Os resultados indicaram que o principal fator pelo não uso estratégico da Internet é o desconhecimento dos temas IC e Inovação e, secundariamente, a ausência de infraestrutura de TI para suportar esse uso pelas empresas. A pesquisa corrobora a necessidade de criar mecanismos para fornecer consultoria às empresas, visando expandir a compreensão e a aplicação de práticas de IC e Inovação. Palavras chaves: Inteligência Competitiva, Inovação, Desenvolvimento de Novos Produtos (DNP), PMEs, setor moveleiro.

ABSTRACT This research aimed to identify and understand the usage of Internet for Competitive Intelligence (CI) and Innovation purposes by micro, small and medium enterprises (SMEs) of the furniture industry located at the region of Ubá, Minas Gerais state, Brazil. This cluster is an important driver to the economic development of Minas Gerais state, receiving dedicated support from regional agencies and authorities. Most of these furniture enterprises have Internet access, but have problems concerning the scarcity of human and financial resources. The study was based upon UTAUT (Unified Theory of Acceptance and Use of Technology) that has been widely used as an integrative model to measure the technology acceptation and its usage. The survey applied via website resulted in 42 valid answers. The final results showed that the main obstacle for not using Internet for CI and innovation purposes was the lack of knowledge about these concepts and, secondarily, the absence of IT infrastructure. The research confirmed the necessity to provide consulting services in order to leverage the understanding and the application of CI and Innovation practices. Keywords: Competitive Intelligence, Innovation, New Product Development, SMEs, Furniture industry.

LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS ABIMAD ABRAIC AFE AMSTAT APL BI BNDES CAGED DI DNP EI EPP FEMUR FIEMG FIRJAN GC IBGE IC INTERSIND JUCEMG ME MPEs MTE OCDE OISPG P&D PI PINTEC PMEs PNBL RAIS SCIP SEBRAE SI TI UTAUT WWW Associação Brasileira das Indústrias de Móveis de Alta Decoração Associação Brasileira dos Analistas de Inteligência Competitiva Análise Fatorial Exploratória American Statistical Association Arranjo Produtivo Local Business Intelligence Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social Cadastro Geral de Empregados e Desempregados Desempenho Inovativo Desenvolvimento de Novos Produtos Esforço Inovativo Empresa de Pequeno Porte Feira de Móveis de Ubá e Região Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro Gestão do Conhecimento Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística Inteligência Competitiva Sindicato Intermunicipal das Indústrias de Móveis de Ubá e Região Junta Comercial do Estado de Minas Gerais Micro Empresa Micros e Pequenas Empresas Ministério do Trabalho e Emprego Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico Open Innovation Strategy and Policy Group Pesquisa e Desenvolvimento Propriedade Intelectual Pesquisa de Inovação realizada pelo IBGE Pequenas e Médias Empresas Plano Nacional de Banda Larga Relação Anual de Informações Sociais Strategic and Competitive Intelligence Professionals Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas Sistema de Informação Tecnologia da Informação Unified Theory of Acceptance and Use of Technology World Wide Web

LISTA DE FIGURAS Figura 1. Modelo UTAUT, adaptado de Venkatesh, 2003.... 40 Figura 2. Adaptação do modelo UTAUT para a pesquisa. Fonte: elaborado pelo autor.... 51 Figura 3. Representação do resultado de pesquisa... 73 Figura 4. Formulário de solicitação de informações a JUCEMG. Fonte: JUCEMG/2014.... 90 Figura 5. Descrição do código 3101-2/00. Fonte: http://www.cnae.ibge.gov.br/... 91 Figura 6. Descrição do código 3102-1/00. Fonte: http://www.cnae.ibge.gov.br/... 92 Figura 7. Questionário página 1. Fonte: site da pesquisa.... 93 Figura 8. Questionário página 2. Fonte: site da pesquisa.... 94 Figura 9. Questionário página 3. Fonte: site da pesquisa.... 95 Figura 10. Questionário página 4. Fonte: site da pesquisa.... 96

LISTA DE TABELAS Tabela 1 Lacunas de estudos sobre Internet, PMEs, Inovação e IC...17 Tabela 2 Objetivos da pesquisa... 19 Tabela 3 Taxa de inovação do setor moveleiro e afins... 20 Tabela 4 Importância atribuída às fontes de informação... 22 Tabela 5 Conceitos de inovação... 27 Tabela 6 Conceitos de Inovação Aberta... 30 Tabela 7 Cenários adequados para utilização de um website... 46 Tabela 8 Construtos da pesquisa e seu embasamento teórico... 48 Tabela 9 Classificação das empresas pelo faturamento bruto anual... 54 Tabela 10 Classificação das empresas pelo número de funcionários... 54 Tabela 11 Empresas por porte... 57 Tabela 12 Pesquisa via Linkedin... 60 Tabela 13 Pesquisa no Facebook... 60 Tabela 14 Perfil dos respondentes... 62 Tabela 15 Construtos utilizados na pesquisa... 66 Tabela 16 Construtos e Alpha de Cronbach... 68 Tabela 17 Coeficiente Alpha de Cronbach para C1... 68 Tabela 18 Coeficiente Alpha de Cronbach para C2... 69 Tabela 19 Coeficiente Alpha de Cronbach para C3... 69 Tabela 20 Estatísticas dos construtos... 70

SUMÁRIO 1. INTRODUÇÃO... 10 1.1 Contextualização: A importância das MPEs/PMEs e o polo moveleiro de Ubá/MG... 10 1.2 A problemática de pesquisa... 13 1.3 Justificativa... 15 1.4 Objetivos... 18 2. REFERENCIAL TEÓRICO... 20 2.1 Panorama da Inovação na Indústria Brasileira... 20 2.2 Inovação... 25 2.3 Inteligência Competitiva... 33 2.4 Internet como fonte de informação para negócios... 35 2.5 Gerentes como agentes da inovação... 37 2.6 Teoria Unificada de Aceitação e Uso da Tecnologia... 39 3. METODOLOGIA DE PESQUISA... 43 3.1 Estratégia e Método de Pesquisa... 43 3.2 Construção do Modelo de Pesquisa... 46 3.3 Unidade Empírica de Análise... 53 3.4 Validação do questionário... 55 4. ANÁLISE DOS DADOS... 56 4.1 Estruturação da Amostra... 56 4.2 Procedimentos de coleta de dados... 59 4.3 Análise Descritiva dos Resultados... 61 4.4 Análise Quantitativa dos Resultados... 65 5 CONCLUSÕES... 77 REFERÊNCIAS... 83 ANEXOS... 90 I. Formulário de solicitação de informações a JUCEMG... 90 II. Códigos CNAE (Classificação Nacional de Atividades Econômicas)... 91 III. Questionário disponibilizado na Internet... 93 V. Empresas cadastradas no INTERSIND... 97 VI. Empresas com páginas na rede social Facebook.... 99 VII. Questionário... 101

1. INTRODUÇÃO Esta pesquisa buscou identificar a forma como as micros e pequenas empresas (MPEs) e as pequenas e médias empresas (PMEs) que formam o Arranjo Produtivo Local (APL) do polo moveleiro de Ubá/MG utilizam a Internet. De maneira mais específica, o interesse foi verificar se há uso da Internet voltado para atividades de Inteligência Competitiva (IC) e inovação visando o Desenvolvimento de Novos Produtos (DNP), processos ou modelos de negócios. Pesquisa do BCG (The Boston Consulting Group) (2012) sobre o uso da Internet no G-20 (Grupo das 19 maiores economias do mundo mais União Europeia) indica que o Brasil, ao lado da China, é um dos países onde mais aumenta o número de PMEs que fazem uso extensivo da Internet e que os dois países estão à frente dos demais no uso da Internet para aproximação com os clientes (Dean & all., 2012). Isso pode ser um indício de que a Internet é um meio ou recurso amplamente difundido, de baixo custo e que já é utilizado pelas PMEs brasileiras como canal de acesso à informação. Incentivar e ampliar o uso da Internet para abranger não só o simples acesso, mas o uso estratégico da informação como apoio às atividades de IC e inovação é um importante caminho para alavancar a produtividade e a melhoria dos produtos das empresas da região. 1.1 Contextualização: A importância das MPEs/PMEs e o polo moveleiro de Ubá/MG Segundo o Anuário do Trabalho na Micro e Pequena Empresa (Sebrae, 2013): Apesar da moderação na atividade econômica brasileira no período recente, o segmento das micro e pequenas empresas ainda se expande no país, impulsionado pelo crescimento da renda e do crédito. Entre 2002 e 2012, verificou-se aumento de 30,9% no número de estabelecimentos das MPEs, e quase dobrou o número de empregos formais gerados por estes estabelecimentos. Em 2012, as MPEs responderam, em média, por 99% dos estabelecimentos, quase 52% dos empregos formais de estabelecimentos privados não agrícolas do país e cerca de 40% da 10

massa de salários paga aos trabalhadores destes estabelecimentos. Seguindo o movimento de formalização de toda a economia, cresceu também os empregos com carteira de trabalho assinada, assim como o rendimento médio real recebido.... A importância das Micro e Pequenas Empresas na estrutura econômica brasileira para o emprego, que representava em 2012, no Brasil, segundo os dados da Relação Anual de Informações Sociais (Rais), registro administrativo do Ministério do Trabalho, cerca de 6,3 milhões de estabelecimentos responsáveis por 16,2 milhões de empregos formais privados não agrícolas. O polo moveleiro de Ubá/MG é um importante APL formado majoritariamente por MPEs e PMEs que promovem o desenvolvimento econômico e social da região e do estado de Minas Gerais (Junta Comercial do Estado de Minas Gerais [JUCEMG], 2014). No contexto desse trabalho, APL é entendido como uma concentração espacial e setorial de pequenas e médias firmas (Schmitz & Nadvi, 1999), ou mais formalmente, um cluster é uma rede interconectada de empresas distintas de um particular campo industrial contidas em uma área geográfica delimitada (Müller, 2009). Os termos APL de Ubá e polo moveleiro serão utilizados como sinônimos. A importância do polo para a economia do estado é considerável. Composto por aproximadamente 300 empresas de móveis (segundo a JUCEMG, são 619) que geram, aproximadamente, 30 mil empregos (Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais [FIEMG], 2014). Considerado um APL modelo (Sindicato Intermunicipal das Indústrias de Móveis de Ubá e Região - [INTERSIND], 2014), o polo realiza bienalmente a Feira de Móveis de Ubá e Região [FEMUR], que está em sua 11ª edição, completando em 2014 vinte anos de história. Considerada um dos eventos mais representativos do setor moveleiro no Brasil, a Feira apresenta 120 indústrias expositoras, distribuídas em uma área de 18 mil m 2, e já movimentou em todos esses anos cerca de 1,1 bilhão em negócios e atraiu 147 mil visitantes. Para a edição de 11

2014 da FEMUR, estimou-se a presença de 18 mil visitantes com volume de negócios superando a marca de R$ 250 milhões registrados em 2012 (FIEMG, 2014). O Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (SEBRAE), Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (FIEMG) e Sindicato Intermunicipal das Indústrias do Mobiliário de Ubá (INTERSIND) têm buscado incrementar o desenvolvimento do polo por meio da inovação e melhoria da qualidade dos produtos. Tal atuação é condizente com o entendimento de APL feito por Sakamoto (2011) para quem é esperado que o Estado e os órgãos de fomento tenham esse papel indutor, visando o aumento da produtividade e da qualidade dos produtos e opondo-se aos clusters, nos quais as ações indutoras do desenvolvimento partem da iniciativa privada. A FIEMG e o SEBRAE vêm desde 2004 trabalhando no polo de Ubá em conjunto de forma a buscar uma sinergia de esforços, estimulando as empresas a alcançarem níveis cada vez mais eficazes de interação, cooperação e inovação (SEBRAE, 2004). Concomitantemente, a Internet tem sido apontada como importante recurso à disposição das empresas para melhorar seus processos produtivos. As PMEs precisam desenvolver uma cultura voltada para o gerenciamento da informação e, de forma simples e otimizada, definir ações básicas que lhes possibilitem acompanhar seu ambiente de negócios (Nadaes & Borges, 2005). Avanços nas tecnologias baseadas na Internet têm fornecido às PMEs oportunidades sem precedentes para competir com as grandes empresas. A Internet essencialmente nivelou a competição e tornou possível para as PMEs competirem com as grandes empresas, anulando as restrições geográficas, de tamanho de mercado ou os limites financeiros das firmas (Li, Trouff, Brandyberry & Wang, 2011). As oportunidades que a Internet pode fornecer às PMEs incluem: redução de custos; aumento do número dos clientes potenciais; 12

adaptação de produtos e preços; melhoria da posição de mercado através do aumento do relacionamento com clientes; aumento da competitividade global; aumento de ganhos financeiros. Alguns autores indicam que a Internet é um importante recurso à disposição das empresas para incrementar, além da comunicação e do comércio eletrônico, atividades relacionadas à inovação de modo geral, inovação aberta e IC (Cronin et. al, 1994; Sawhney et al, 2005; Aragon-Correaa & Cordon-Pozob, 2005). Entender e estimular o uso efetivo da Internet pelas MPEs e PMEs do polo pode significar um importante fator de desenvolvimento econômico das empresas e da região. O Observatório das Micro e Pequenas Empresas, pesquisa elaborada pelo SEBRAE/SP (2008), mostrou que 71% das PMEs brasileiras têm acesso à Internet e 14% delas usam a rede mundial de computadores para vender produtos ou serviços. O apoio governamental, a maior oferta pelos serviços e a pressão do ambiente competitivo tem feito com que as empresas passassem a adotar as ferramentas baseadas na Internet com apoio aos seus processos produtivos. Entretanto, o uso que tem sido feito pelas PMEs parece não envolver atividades mais refinadas em termos operacionais e gerenciais que poderiam trazer maiores benefícios. Constatar esta afirmação foi um dos principais objetivos dessa pesquisa que visou também identificar as principais causas desse fenômeno. 1.2 A problemática de pesquisa A problemática que esta pesquisa se propôs a esclarecer está relacionada basicamente ao uso eficiente, ou melhor, ao não uso eficiente de um recurso barato e já à disposição das empresas que é a Internet. Sakamoto (2011) e Oliveira (2011) indicam que as PMEs do setor moveleiro e, em especial, as do polo de Ubá/MG (Oliveira, 2011) não possuem alta capacidade inovadora. 13

Considerando apenas a utilização da Internet, restou então investigar quais são os motivos que impedem ou dificultam a sua utilização para aumentar a taxa de inovação nas empresas. Existe uma contradição que precisava ser investigada, pois PMEs, por sua natureza e forma organizacional, por ter menos processos estabelecidos quando comparadas as médias e grandes empresas, tendem a possuir menos barreiras à inovação do que as grandes (Scozzi & Garavelli, 2005), porém elas dispõem de menos recursos (humanos e financeiros). Portanto, em teoria, mesmo atuando em um setor tradicional e com baixa propensão ao uso de inovações tecnológicas, as PMEs do polo deveriam utilizar todo o potencial da Internet devido ao baixo custo, universalidade do serviço e grande potencial para alavancar negócios. Segundo o BCG (Dean & all, 2012): Dada a agilidade e a habilidade para inovar, pode-se esperar que as PMEs motor do crescimento da economia em muitos países passem a compreender o poder da Internet para construir seus negócios. Na verdade, muitas têm feito, e estas companhias tem ajudado a Web se tornar um importante veículo para crescimento de receita e criação de empregos. Mas, um número surpreendente não está fazendo isso ou tem se aventurado online somente para um uso limitado. Estas empresas estão deixando em aberto uma enorme oportunidade. Entender o uso que as PMEs do polo moveleiro de Ubá fazem da Internet é um importante passo para buscar a melhoria dos seus processos. Quando se aborda o aspecto da inovação na indústria brasileira, o principal mecanismo para a sua implementação ainda é a aquisição de novas máquinas e equipamentos. Segundo o último estudo Pesquisa em Inovação [PINTEC] (2011) do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística [IBGE], a inovação na indústria se dá majoritariamente pela compra de novos equipamentos ligados diretamente à produção. 14

O setor moveleiro brasileiro é considerado um setor com baixos investimentos em pesquisa e desenvolvimento (P&D) e baixa velocidade evolutiva. É um setor no qual as mudanças tecnológicas não são tão rápidas, nem causam tanto impacto no processo produtivo ou na concorrência, se comparado a um setor de alta velocidade evolutiva como o de telecomunicações. Assim as empresas moveleiras tem um maior tempo para se ajustar às mudanças e aos avanços tecnológicos (Sakamoto, 2011). Segundo Oliveira (2011), é baixa a qualificação média dos gestores das empresas do polo de Ubá. Estes fatores indicam que a Internet pode não estar sendo utilizada em atividades em Inovação e Inteligência Competitiva pelas empresas do polo. A pesquisa visou analisar a não utilização da Internet pelas PMEs em atividades relacionadas à inovação e IC. Custo, tempo, cultura, conhecimento, acesso, infraestrutura, mão de obra especializada, ausência de apoio externo (consultorias) foram algumas das hipóteses iniciais utilizadas para explicar o fenômeno. 1.3 Justificativa A justificativa para a pesquisa abrange aspectos de três naturezas distintas: aspectos acadêmicos derivados da ausência de estudos que envolvam os temas PMEs, Internet, IC, inovação; aspectos estratégicos no sentido de ser um insumo para a revisão de políticas de fomento e desenvolvimento das empresas do polo e, por fim, aspectos econômico-sociais visando o desenvolvimento econômico da região de Ubá/MG. No campo científico, existe uma carência de estudos que analisam o uso da Internet com foco em inovação e IC pelas PMEs. Estudos organizacionais a respeito da adoção de tecnologias na Internet têm ficado restritos às grandes empresas (Li et al., 2011) assim como existem menos estudos em inovação nas PMEs (West, Vanhaverbeke & Chesbrough, 2006, Brio & Junquera, 15

2003, Li et al., 2011) quando comparados ao volume de estudos de inovação em grandes empresas. A discussão acerca de inovação aberta também tem excluído as PMEs (Lee, Park, Yoon & Park, 2010). Adicionalmente, a vasta maioria dos estudos sobre IC focaliza grandes empresas, uma vez que são elas que têm desenvolvido sistemas mais sofisticados nessa esfera (Barbosa, 2006). A Tabela 1 resume a posição de diversos autores sobre a ausência de estudos abrangendo inovação, inovação aberta, Internet e inteligência competitiva nas PMEs. Embora as PMEs, por questões particulares (tamanho, organização e processos), tenham a tendência a serem mais inovadoras do que as grandes firmas (Scozzi & Garavelli, 2005), elas carecem de assessoramento e consultoria para conseguir efetivamente inovar. A forma como assessorar as PMEs tem sido alvo de debate devido às desvantagens de recursos e materiais voltados para inovação (Edwards, Delbridge & Munday, 2005). A ausência de recursos dedicados para efetivamente gerenciar processos de inovação torna difícil para as PMEs identificarem e adotarem métodos adequados a este tipo de trabalho. Portanto, estudar e compreender o uso da Internet e os problemas na utilização da mesma para fins inovativos é ponto de partida para formar uma base científica que possa guiar os órgãos de fomento (SEBRAE, FIEMG, INTERSIND) e a iniciativa privada (consultorias, empresas de infraestrutura de Internet e de sistemas) na criação e desenvolvimento de atividades que suportem as PMEs na utilização da Internet para fins de IC e inovação. 16

Tabela 1 Lacunas de estudos sobre Internet, PMEs, Inovação e IC. Tema de estudo Orientação Autores Internet Inovação Inovação aberta Inteligência Competitiva Inovação Inovação Inovação Os estudos organizacionais a respeito da adoção de tecnologias na Internet têm ficado restritos às grandes empresas. Existem poucos estudos em inovação nas PMEs. A discussão acerca de inovação aberta também tem excluído as PMEs A vasta maioria dos estudos sobre IC focaliza grandes empresas PMEs tendem a ser mais inovadoras que as grandes empresas PMEs precisam de assessoramento em processos inovativos PMEs do polo industrial de Ubá acreditam ser importante inovar. Li et al. (2011) West et al. (2006); Vanhaverbeke e Chesbrough(2006); Brio e Junquera (2003); Li et al. (2011) Lee et al., 2010 Barbosa (2006) Scozzi e Garavelli (2005); Huston e Sakkab (2006); Acs e Audrestch (1991); Inácio (2008) Edwards et al. (2005) Oliveira (2011) Nota. Fonte: Elaborado pelo autor. Considerando o recorte da pesquisa, as empresas que compõem o polo industrial de Ubá acreditam ser importante a busca por novos produtos, processos e mercados, porém, esta busca vem ocorrendo de forma isolada pelas empresas. Além disso, o polo apresenta baixa qualificação da mão de obra. Nos níveis de decisão e de gerência da empresa, 41% do pessoal ocupado possui 2º grau completo e somente 12% nível superior, havendo pouca interação entre as empresas e as universidades (Oliveira, 2011). Do ponto de vista prático, acredita-se que esta pesquisa pode ser justificada como meio de produzir um corpo de conhecimento que auxilie os principais órgãos de fomento ou empreendedores locais na criação de soluções que viabilizem a utilização da Internet para fins de 17

inovação e IC, melhorando os processos produtivos, tornando-os mais eficientes e promovendo o crescimento das empresas do polo. Já na perspectiva teórica, entende-se que a pesquisa se justifica pela carência de estudos relacionando o uso da Internet para IC e Inovação no contexto das PMEs (Tabela 1). 1.4 Objetivos Este trabalho teve como objetivo geral identificar e compreender os fatores que interferem no uso efetivo da Internet para fins de inovação e IC pelas empresas do polo moveleiro de Ubá/MG. É assumida a premissa que a Internet é um meio disponível, acessível, de baixo custo e com grande potencial para ajudar as empresas a melhorarem os seus processos produtivos, serem mais competitivas e a se desenvolverem. Quais são as razões principais para que a Internet seja desconsiderada como meio efetivo para fomentar a IC e a inovação nas PMEs? Dentre as principais hipóteses levantadas para explicação desse fenômeno estão o desconhecimento da importância e dos principais processos em inovação e IC; falta de mão de obra especializada para suporte a estas atividades na Internet; dificuldades no acesso a rede; problemas de infraestrutura de TI; cultura organizacional avessa a investimentos não ligados às atividades operacionais da fábrica; falta de tempo dos profissionais para executar atividades na Internet; descrença no retorno do uso da Internet para fins inovativos. A pesquisa clareou este cenário identificando os principais fatores, entre os listados como hipóteses, que melhor explicaram o não uso da Internet para estes fins específicos. Secundariamente, foram analisadas as relações entre os principais fatores e a associação com as características econômico-sociais da região (Tabela 2). 18

Tabela 2 Objetivos da pesquisa Objetivos Geral Secundário Descrição Identificar e compreender os principais fatores responsáveis pelo não uso da Internet para fins de IC e inovação. Adaptar os construtos do modelo UTAUT (Venkatesh, 2003) à realidade do uso de Internet em PMEs Secundário Propor recomendações para o desenvolvimento do uso da Internet para fins de IC e Inovação nas empresas do polo moveleiro de Ubá. Nota. Fonte: Elaborado pelo autor. O texto da dissertação está organizado da seguinte forma: no capítulo 2, é apresentado o referencial teórico sobre os pilares teóricos que sustentam a pesquisa: Inovação contextualizada pela Pesquisa em Inovação [PINTEC], IC, Teoria Unificada de Aceitação e Uso de Tecnologia - Unified Theory of Acceptance and Use of Technology (UTAUT); no capítulo 3, é explicitada a metodologia utilizada, os motivos para a escolha do survey como método de pesquisa e a adaptação do UTAUT ao contexto desse estudo. No capítulo 4, é feita a análise quantitativa dos dados coletados no survey visando o entendimento da capacidade explicativa do modelo para o perfil da amostra, comparando-o com pesquisas correlatas na literatura. O capítulo 5 engloba conclusão da pesquisa, apresentando uma síntese dos resultados finais obtidos e as perspectivas para trabalhos futuros. 19

2. REFERENCIAL TEÓRICO Este trabalho está ancorado em cinco pilares: Inovação/Inovação aberta ou em rede (termos sinônimos para fins desse trabalho); Inteligência Competitiva (IC); Internet como ferramenta ou meio para atividades inovadoras e em IC; Teoria Unificada para Aceitação e Uso de Tecnologia (Unified Theory of Acceptance and Use of Technology - UTAUT); Gerentes como agentes de inovação nas PMEs. Primeiramente, será apresentado um panorama da inovação da indústria brasileira baseado no último levantamento oficial disponível. O objetivo é entender como o tema Inovação está sendo tratado pela indústria moveleira e afim e qual o tipo de inovação tem sido buscado em primazia. 2.1 Panorama da Inovação na Indústria Brasileira Segundo o último estudo Pesquisa em Inovação [PINTEC] (2011) do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística [IBGE], no período 2009-2011, do universo de 128.699 empresas com 10 ou mais pessoas ocupadas, 45.950 desenvolveram produtos ou processos novos ou significativamente aprimorados, correspondendo a uma taxa geral de inovação de 35,7%. Tomando como referência a indústria, nota-se que houve uma queda em relação à pesquisa de 2008, quando então 38,1% das empresas haviam sido inovadoras, sendo que na pesquisa mais recente o percentual foi de 35,6%. O setor moveleiro apresenta um percentual em inovação de 44,6% bem superior à taxa geral de 35,9% (Tabela 3). O estudo indica que o foco buscado pela indústria tem sido a inovação em 20

produtos e processos (13,4%) ou só processo (18,3%), enquanto que a inovação apenas em produtos alcança somente 3,9% das indústrias. Entre as que implementaram inovações de produto ou processo, as atividades inovativas focam prioritariamente na aquisição de máquinas e equipamentos (75,9%) seguido por treinamento (59,7%) e introdução das inovações tecnológicas no mercado (29,5%). Em resumo, as indústrias têm visado inovar em processos e produtos e a forma de implementação é por meio da aquisição de máquinas, equipamentos e treinamento. O objetivo básico é melhorar ou manter a posição da empresa no mercado (83,4%) e melhorar a qualidade dos bens e serviços (81,7%). Tabela 3 Taxa de inovação do setor moveleiro e afins. Atividade da indústria, do setor de eletricidade e gás e dos serviços selecionados Taxas *(%) de inovação (período 2009-2011) Dispêndios realizados nas atividades (1 000 R$) Receita líquida de vendas dos dispêndios realizados nas atividades (1 000 R$) Inovativas Internas de Internas Inovativas P&D de P&D 2011 Indústria de transformação 35,9 50 124 930 14 719 453 2,46 0,72 Fabricação de produtos de madeira Fabricação de produtos têxteis Preparação de couros e fabricação de artefatos de couro, artigos de viagem e calçados 23,9 584 609 57 285 3,36 0,33 26,6 719 877 91783 1,97 0,25 29,5 642 667 149 748 2,25 0,52 Fabricação de móveis 44,6 668 211 41 097 2,81 6,17 Nota. Fonte: adaptado de PINTEC (2011) As fontes de informação para inovação elencadas pelas empresas e, em especial, pela indústria abrangem um amplo espectro que vai desde redes de informações informatizadas até outra empresa do grupo (Tabela 4). Interessante notar que a grande maioria delas pode ser alcançada pela Internet como, por exemplo, fornecedores, feiras e exposições, concorrentes e clientes (por 21

meio das redes sociais, sites de reclamação e diretamente via e-mail). Processos baseados no ciclo IC, por meio da Internet, podem ser úteis para as empresas como forma de explorar essas fontes de informação. Tabela 4 Importância atribuída às fontes de informação Fontes de informação Indústria % Redes de informações informatizadas 79,8 Clientes 73,3 Outras áreas da empresa 61,6 Concorrentes 54,7 Fornecedores 54,3 Feiras e exposições 51,0 Conferências, encontros e publicações especializadas 47,1 Empresa de consultoria 44,0 Departamento de P&D 31,7 Centros de capacitação profissional 24,1 Universidades ou outros centros de ensino superior 22,9 Instituições de testes 18,6 Instituto de pesquisa ou centros tecnológicos 15,7 Outra empresa do grupo 7,7 Nota. Importância atribuída às fontes de informação para inovação, pelas indústrias que implementaram inovação de produtos ou processos Brasil período 2009-2011. Fonte: adaptado de PINTEC (2011) Segundo a PINTEC (2011), os gastos da indústria com inovação também apresentaram redução quando se considera a relação com a receita líquida das empresas. Foram de 2,54% para 2,37%. Em valores absolutos, porém, os dispêndios aumentaram: de R$ 43,7 bilhões (2006-2008) para R$ 50,9 bilhões (2009-2011). Inácio (2008), baseado na Pesquisa em Inovação [PINTEC] (2005), estudou as PMEs com objetivo de estabelecer um padrão de inovação e analisar a relação existente entre a taxonomia 22

desenvolvida e os resultados econômico-financeiros alcançados. A classificação das PMEs inovadoras brasileiras evidenciou alguns resultados importantes para serem discutidos e levantados. Do ponto de vista mais amplo e geral, o estudo de Inácio (2008) mostrou que há uma grande heterogeneidade tecnológica nas PMEs inovadoras brasileiras. Não se trata somente de uma diversidade de padrões de inovação, mas de uma grande descontinuidade entre o que um ou outro agrupamento faz e o que obtém como resultado. De um lado há um grupo formado por aproximadamente 5% das PMEs brasileiras que respondem por 45% dos dispêndios em Pesquisa e Desenvolvimento (P&D) interno, 43% do pessoal ocupado nessa atividade, 23% do total de todas as inovações tecnológicas de produto e processo novas para o mercado nacional e mundial e 42% de todas as parceiras realizadas com vistas a inovar. No outro extremo, há um grupo de PMEs com parcos dispêndios em atividades inovativas e, consequentemente, um baixo número de pessoal alocado nessa atividade, sem relações efetivas de cooperação, com a totalidade das inovações de produto e processo são novas para a empresa. Adiciona-se a isso, a questão de serem empresas nascentes e que, infelizmente, representam cerca de 15% da população de PMEs brasileiras. Entre os dois extremos, há uma classe intermediária, composta pelo grosso das empresas (77%) com resultados médios, tendendo para baixo, na maioria dos casos. A comparação entre o grupo formado pelas empresas inovadoras com o grupo das empresas não inovadoras mostrou claramente a importância da inovação para o desempenho organizacional. Praticamente todos os indicadores do desempenho organizacional mostram diferenças marcantes entre esses dois grupos, sendo os indicadores das empresas inovadoras, em quaisquer das dimensões, superiores aos de suas contrapartes não inovadoras. Gestores de PMEs deveriam realmente preocupar-se em entender, capacitar-se e direcionar esforços para perseguir estratégias que os levem a inovar, mesmo que ainda com pouco grau de novidade e impactos das inovações 23

de produto e processo (Inácio, 2008). Portanto, inovar é fundamental para o desenvolvimento e sustentabilidade das PMEs. Feldens, Macari e Garcez, (2012) produziram um estudo que identificou as principais barreiras à inovação em produtos nas PMEs do setor de tecnologia no Brasil. O processo de inovação e seus obstáculos foram analisados por meio de entrevistas com vários agentes envolvidos no processo, incluindo empresários, investidores de risco e gerentes de incubadoras de empresas. As análises comparam dois pontos de vista: o dos empresários e o dos investidores. Os principais resultados encontrados foram: dificuldades relacionadas a barreiras jurídicas, custos de capital; falta de investidores para as etapas mais avançadas do desenvolvimento e o aumento dos ciclos de investimento comparados com as médias internacionais; participação dos investidores próxima aos empresários (interferindo) na administração das empresas; dificuldade de encontrar profissionais técnicos e de gestão qualificados para se envolverem em negócios novos e incertos; aversão cultural ao risco, induzindo tanto os empresários quanto os investidores a serem mais conservadores na tomada de decisões, e um sentido de boas perspectivas para o futuro, ligado à disponibilidade de capital. Inovação é um requisito fundamental para a construção de uma organização sustentável (Skinner, 2010), pois é o meio que transforma ideias em resultados (produtos, serviços, novos processos ou modelos de negócios), que agregam valor para o cliente. No entanto, empresas de diferentes portes possuem diferentes níveis de propensão à inovação. As organizações maiores e mais estabelecidas são menos propensas a serem verdadeiramente inovadoras porque elas se sustentam em processos e regras bem estabelecidas (Skinner, 2010). Já as PMEs possuem menos regras e processos o que as beneficiam potencialmente em termos de agilidade. 24

2.2 Inovação De acordo com a Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico [OCDE] (2005), o conceito de inovação supõe algum grau de novidade em um produto que, no mínimo, precisa ser novo ou significativamente melhorado para a organização. Isso pode ocorrer em diferentes níveis: novo para a organização, para um determinado mercado ou para o mundo (Feldens et al., 2012). Inovação diz respeito às atividades que ajudam as organizações a crescer. Crescimento é frequentemente mensurado em termos de rotatividade de produtos e serviços e lucro advindo dessa rotatividade, mas pode ocorrer em conhecimento, em experiência, em eficiência e qualidade. Inovação é o processo de fazer mudanças em alguma coisa estabelecida introduzindo algo novo. Assim, ela pode ser radical ou incremental e pode ser aplicada a produtos, processos ou serviços em qualquer organização. Ela pode acontecer em todos os níveis de uma organização, desde equipes de gerenciamento de departamentos ou mesmo no nível individual (O'Sullivan & Dooley, 2008). Ota, Hazama e Samson (2013) definem inovação como a reforma de produtos, processos produtivos e operações visando obter benefícios econômicos e de conveniência para companhias e clientes. Inovações não são simplesmente invenções ou descobertas, mas também a obtenção econômica das invenções e descobertas. Segundo Frankelius (2009), a palavra inovação tem origem na Grécia 400 anos antes de Cristo. O sentido de inovação refere-se a algo que é simultaneamente: novo com um alto grau de 25

originalidade; relevante em qualquer área da sociedade, obtendo apoio e suporte da sociedade, frequentemente via mercado; e é revolucionário para as pessoas. O processo inovativo não é completo até que os clientes ou qualquer um que possa se beneficiar passem a ter conhecimento e aceitem o novo produto ou conceito (Frankelius, 2009). Em linha com essa definição, Nóbrega e Lima (2011) afirmam que inovação se refere a dinheiro novo, isto é, tudo que traz dinheiro novo para a organização é inovação, senão trouxer então se trata apenas de uma boa ideia. Tigre (2006) diferencia invenção de inovação, pois a invenção se refere à criação de um processo, técnica ou produto inédito, enquanto que inovação é o uso efetivo da invenção através da aplicação comercial. A comunicação da inovação aos membros de um sistema social se dá pela difusão. A inovação pode ocorrer em produtos, processos e na estrutura organizacional. A inovação é movida pela habilidade de estabelecer relações, detectar oportunidades e tirar proveito das mesmas, mas a inovação não consiste apenas na abertura de novos mercados pode também significar novas formas de servir a mercados já estabelecidos e maduros (Bessant et al. 2008), como é o caso do setor moveleiro. O desempenho mercadológico está fortemente correlacionado à inserção de novos produtos no mercado, mas no caso de produtos mais maduros e estabelecidos, o crescimento da competitividade nas vendas é resultado não apenas da capacidade de oferecer preços mais baixos, mas de uma infinidade de fatores não econômicos: modelo, customização e qualidade (Bessant et al. 2008). Assim, a inovação em produtos, serviços e/ou processos possui estreita correlação com a vantagem competitiva. A inovação pode ser entendida como um processo sistemático visando à melhoria contínua dos produtos, processos, serviços e modelos de negócios e a consequente obtenção de vantagem 26

competitiva que se materializa sob a forma de ganhos financeiros para a empresa. A inovação também é boa para o cliente, já que permite o fornecimento contínuo de produtos ou serviços melhores, mais eficientes e sofisticados. Tabela 5 Conceitos de inovação Autores Bessant et. al (2008) Feldens et al.(2012) Frankelius (2009) Nóbrega e Lima (2011) O'Sullivan & Dooley (2008) Ota et al.(2013) Tigre (2006) Conceitos de inovação A inovação em produtos, processos e serviços é vista como um instrumento para obtenção de vantagem competitiva. Alguma característica nova ou significativamente melhorada em um produto na visão da organização ou do mercado Algo revolucionário e reconhecido economicamente pelo mercado. Trata-se do processo de criação de algo novo (produto, processos, serviços ou modelo de negócios) que traz dinheiro novo para a empresa, isto é, que consegue capturar valor do mercado para a empresa. É o processo de fazer mudanças (incrementais ou radicais) em alguma coisa (produtos, processos ou serviços) estabelecida introduzindo algo novo. Reforma de produtos, processos produtivos e operações visando obter benefícios econômicos para a empresa Invenções (em processos, produtos ou serviços) que são comunicadas ao mercado através da difusão e que conseguem obter valor econômico para a empresa. Nota. Fonte: elaborado pelo autor. Portanto, inovar envolve criar algo novo para o mercado. Para tal é preciso saber o que o mercado deseja, como construir o produto desejado, onde buscar os insumos e matérias primas utilizados nesta construção, quais processos produtivos devem ser usados, onde buscar os profissionais, máquinas e equipamentos necessários e, por fim, saber se ao final todo o esforço será economicamente viável. A Internet é um meio barato ao alcance das PMEs e que pode ajudar muito na busca dessas informações, bastando saber utilizá-la adequadamente. 27

A inovação é tradicionalmente vista como atividade interna a uma empresa. Porém, o crescimento da Internet, o surgimento do mercado de capital de risco (venture capital), a disponibilidade e mobilidade dos trabalhadores do conhecimento têm afetado o conceito de sistema de inovação tradicional. Neste contexto de mudança, surge a inovação aberta que é caracterizada pela expansão dos limites da companhia. Elas passam a incluir no seu modelo de negócios não somente a comercialização das suas próprias ideias, mas também ideias externas. A discussão acerca de inovação aberta também tem excluído as PMEs (Lee et al., 2010). Chesbrough (2006) argumenta que inovação aberta é um paradigma que assume que firmas podem e devem usar ideias externas assim como ideias internas, e caminhos de mercado internos e externos, enquanto procuram avançar sua tecnologia. A definição de Chesbrough de open innovation (inovação aberta) é a mais comumente utilizada na literatura, pois é ampla e desvenda que ideias valiosas emergem de dentro para fora e de fora para dentro da firma. Open innovation (inovação aberta) representa o uso propositivo de inflows (fluxos de conhecimentos que adentram a empresa) e outflows (fluxos de conhecimentos que saem da empresa) para acelerar inovação. Como o conhecimento é amplamente distribuído, companhias não podem se basear apenas nos seus próprios conhecimentos e pesquisas, mas devem adquirir invenções e propriedades intelectuais (PI) de outras companhias enquanto avançam o seu modelo de negócios (Chesbrough, 2006). Companhias não devem mais manter somente para si seus segredos em inovação. A chave para o sucesso é criar uma plataforma em torno das suas inovações considerando os seus clientes, seus empregados e até mesmo seus competidores para permitir a participação de todos, porque 28

somente assim a empresa criará um ambiente dinâmico com o envolvimento da comunidade de usuários, criadores e desenvolvedores (Rothenberg, 2014). Para o Open Innovation Strategy and Policy Group [OISPG] (2014), open innovation é um modelo inovativo baseado em uma extensa rede co-criativa entre todos os atores em uma sociedade, além de organizações e dos esquemas normais de licenciamento e colaboração. Portanto, para alcançar grandes ideias as companhias/organizações devem compartilhar informações, conhecimento e pesquisa ao invés de mantê-las internamente. OISPG (2014) acredita que colaboração entre um amplo espectro de pessoas proporciona muito mais criatividade. Inovação aberta pode ser compreendida como a antítese do modelo de integração vertical em que as atividades tradicionais em pesquisa e desenvolvimento (P&D) são distribuídas nas empresas. Inovação aberta compreende o uso de fluxos de conhecimento (de fora para dentro e de dentro para fora da empresa) para acelerar a inovação interna e expansão do mercado para uso externo em inovação. Ideias valiosas podem surgir de dentro ou de fora da companhia e também podem alcançar o mercado de dentro ou de fora da companhia. Esta abordagem coloca ideias externas no mesmo nível de importância que internas (Chesbrough, 2006). A Tabela 6 resume os conceitos de inovação aberta a serem considerados por este trabalho. 29

Tabela 6 Conceitos de Inovação Aberta Autores Chesbrough (2006) Lee et al. (2010) OISPG (2014) Rothenberg (2014) Conceitos de Inovação Aberta Firmas podem e devem usar ideias externas assim como ideias internas Caracterizada pela expansão dos limites da companhia Baseado em uma extensa rede co-criativa entre todos os atores em uma sociedade Consiste em criar uma plataforma em torno das suas inovações Nota. Fonte: elaborado pelo autor. De forma geral, os processos em inovação aberta visam mapear as capacidades da empresa em coletar, filtrar, processar e transformar o conhecimento interno ou externo da firma em novos produtos, serviços ou direitos (propriedade intelectual). Além disso, a empresa deve ser capaz de disseminar o seu conhecimento no mundo externo buscando ampliá-lo. A Internet, por seu turno, é um meio que propicia às pessoas e comunidades a troca intensa de informações e conhecimento. Com o advento da Web 2.0 (Web colaborativa baseada em redes sociais e sites com maior grau de interação da empresa com seus clientes), essa característica se acentuou. As redes sociais aproximam as pessoas permitindo a comunicação via Internet de qualquer lugar e a qualquer tempo. Os blogs possuem uma estrutura de comunicação um-paramuitos, onde um tema é apresentado e os leitores podem comentá-lo. Já os sites wiki permitem que o conteúdo seja construído colaborativamente entre aqueles dispostos a participar. A principal característica entre todos eles é o incremento da participação das pessoas. No contexto da Web 2.0, os internautas deixam de ter um papel passivo de mero consumidores das informações para assumir posição ativa, podendo opinar e dar a sua contribuição para o que está sendo exposto. 30

A interatividade, a possibilidade de trocar informações, gerar conhecimento, aprender, obter respostas rapidamente de fornecedores, parceiros e clientes tornam a Internet uma ferramenta muito útil para inovar. A pesquisa de Inácio (2008) sugere que a gestão da inovação tecnológica deveria se preocupar com os estabelecimentos de relações de cooperação entre empresas e perseguir uma estratégia de crescimento conjunta. As empresas e as indústrias estão experimentando novos modelos de negócios baseados na criatividade coletiva por meio da inovação aberta, pois o conhecimento tem como característica o reuso, isto é, ele pode ser utilizado em outro contexto e proporcionar a geração de riqueza nova. Assim surge um ecossistema de empresas empenhadas no processo de criação sob uma coordenação de trabalhos aberta. Os produtos oriundos de um ecossistema criativo tendem a ser superiores àqueles que se originam de uma única companhia no sistema inovativo tradicional (Chesbrough & Appleyard, 2007). Inovação aberta também está ligada à ideia de atuação em rede. As redes globais são a plataforma para a estratégia conectar e desenvolver (connect-and-develop). O uso das redes proporcionam as empresas o meio para buscar novas ideias no governo, laboratórios privados, academia, especialistas e outras empresas. A responsabilidade pela estratégia conectar e desenvolver dentro da organização é da alta gestão (Huston & Sakkab, 2006). A estrutura em redes influencia o potencial para criação de conhecimento. Clusters locais densos aumentam a capacidade de comunicação e cooperação. Firmas envolvidas em redes de cooperação terão melhores resultados em inovação do que aquelas não envolvidas. O suporte a 31

essa afirmação vem do estudo de 1.106 firmas em 11 redes de cooperação (Schilling & Phelps, 2007). Mas como iniciar a captura das informações no ambiente externo? De que forma o processo inovativo pode ter seu início dentro das PMEs? Brio e Junquera (2003) propõem que a falta de literatura de negócios e inovação voltada para PMEs deriva da dificuldade em delimitar as peculiaridades dessas empresas e da limitada percepção das PMEs em relação às suas funções ambientais. Para esses autores, o baixo desenvolvimento das PMEs a respeito da sua estratégia de ambiente de negócios pode ser uma consequência de um grupo de fatores: limitados recursos financeiros; tipo de estrutura organizacional; pouca competência para adaptar-se a mudanças; pouca atenção dos gerentes ao ambiente e orientação a questões de curto prazo; staff com pouco conhecimento e preocupação com o ambiente; baixo status das questões ambientais na companhia; baixa capacidade das PMEs em obter inovações radicais; pouca influência dos processos de manufatura no desenvolvimento da estratégia das empresas; baixa habilidade no relacionamento com os stakeholders externos. Há, portanto, uma clara relação entre monitoramento do ambiente e as atividades inovativas. Por isso, o uso de processos em IC pode ser considerado um importante indutor da inovação nas PMEs. A Internet possui diversos mecanismos tais como blogs, grupos de discussão, wiki, que permitem e favorecem a troca de informações entre as pessoas. Usar estas ferramentas com fornecedores, parceiros, comunidades científicas, pesquisadores e até mesmo concorrentes é uma maneira rápida, eficiente, universalizada, barata de promover atividades em inovação aberta. 32

2.3 Inteligência Competitiva A Inteligência Competitiva (IC) tem se tornado uma atividade importante para as organizações devido a diversos fatores tais como: a alta velocidade de desenvolvimento dos processos de negócios, a sobrecarga de informações, o crescimento global do processo competitivo com o surgimento de novos participantes, a concorrência cada vez mais acirrada e as rápidas transformações tecnológicas (Nadaes & Borges, 2005). Nesses tempos de turbulência e hostilidade competitivas, fatores como rapidez e eficácia decisórias podem ser determinantes para que as organizações consigam obter vantagens competitivas sustentáveis em seus respectivos mercados consumidores e setores industriais. Em decorrência do aumento e da modernização da competição, percebidos em praticamente todos os setores econômicos mundiais nessas últimas décadas, observa-se que a IC tem ganhado força nos meios acadêmicos e organizacionais pela importância da mesma para o processo de formulação de estratégias competitivas (Oliveira e Melo, 2012). Porém, a vasta maioria dos estudos sobre IC focaliza grandes empresas, uma vez que são elas que têm desenvolvido sistemas mais sofisticados nessa esfera (Barbosa, 2006). Os conceitos de IC encontrados na literatura apontam para uma atividade completamente aderente a lei que leva em consideração à ética e baseia-se em informações públicas (Haas, 2000). IC não é espionagem, pois 90% de todas as informações que a empresa necessita para a tomada de decisões críticas são públicas. IC é o processo que visa descobrir o que os concorrentes estão pretendendo fazer e se preparar para enfrentá-los através de planos estratégicos de curto e longo prazo (Teo & Choo, 2001). A Strategic and Competitive Intelligence Professionals [SCIP] (2014) define IC como o processo de monitoramento do ambiente competitivo. Ela habilita a alta gestão nas companhias de 33

qualquer porte a se informarem sobre qualquer assunto desde marketing, pesquisa e desenvolvimento permitindo a construção de estratégias de longo prazo. Conhecimento é o que você é depois. Informação é a matéria-prima que você utiliza para adquirir conhecimento. Inteligência é o meio pelo qual as informações são processadas (Haas, 2000 como citado em Friedman, Friedman, Chapman & Baker, 1997). IC não é espionagem, roubo ou escuta clandestina, também não se trata apenas de coleta de dados brutos e nem é necessariamente fornecedora de relatórios densos e extensos. A mais básica definição de IC é informação analisada. Ela deve ser capaz de permitir que o gerente responda a uma determinada situação com a estratégia de marketing correta ou com política de longo prazo adequada (Fuld, 1995). Segundo a Associação Brasileira de Inteligência Competitiva [ABRAIC] (2014), IC é: É um processo informacional proativo que conduz à melhor tomada de decisão, seja ela estratégica ou operacional. É um processo sistemático que visa descobrir as forças que regem os negócios, reduzir o risco e conduzir o tomador de decisão a agir antecipadamente, bem como proteger o conhecimento gerado. Esse processo informacional é composto pelas etapas de coleta e busca ética de dados, informes e informações formais e informais (tanto do macro ambiente como do ambiente competitivo e interno da empresa), análise de forma filtrada e integrada e respectiva disseminação. O processo de Inteligência Competitiva tem sua origem nos métodos utilizados pelos órgãos de Inteligência governamentais, que visavam basicamente identificar e avaliar informações ligadas à Defesa Nacional. Essas ferramentas foram adaptadas à realidade empresarial e à nova ordem mundial, sendo incorporadas a esse processo informacional as técnicas utilizadas: (1) pela Ciência da Informação, principalmente no que diz respeito ao gerenciamento de informações formais; (2) pela Tecnologia da Informação, dando ênfase as suas ferramentas de gerenciamento de redes e informações e às ferramentas de mineração de dados; e (3) pela Administração, representada por suas áreas de estratégia, marketing e gestão. 34

Para efeito desse trabalho, será utilizada a definição da ABRAIC (2014) considerando a Internet como fonte das informações a serem exploradas e analisadas pela gerência da PMEs, visando subsidiar a tomada de decisões e o desenvolvimento de novos produtos [DNP]. A IC é entendida como o ponto de partida no processo inovativo das PMEs. Ela é a bússola que vai orientar a empresa a buscar o desenvolvimento de novos produtos, visando a sua sustentabilidade. 2.4 Internet como fonte de informação para negócios Apesar da presença cada vez maior de recursos de tecnologia da informação [TI] nas empresas, as pessoas continuam a serem, em geral, as fontes mais utilizadas e aquelas vistas como mais relevantes. Entre as pequenas empresas, o foco está nos clientes e pouca atenção é dada aos demais componentes do ambiente externo da empresa. Já entre as grandes empresas, o foco está voltado para os setores regulatórios, econômicos e sócio-cultural. Em termos informacionais, existe certa pobreza no uso de informações pelas empresas de pequeno porte em relação às grandes (Barbosa, 2006). Mas a utilização da Internet como fonte de informações é uma boa ideia? Um estudo de Cendón (2003) teve como objetivo levantar informações em bases de dados brasileiras nas áreas jurídica e financeira, sobre empresas e produtos, de estatísticas e indicadores econômicos, oportunidades de negócios, vocabulário, investimento, biográficas e bases de dados bibliográficas em área de interesse para negócios, como administração e economia. A principal característica deste projeto foi o uso da Internet como principal fonte de informação. Entre os passos da metodologia estavam: pesquisa na Internet para identificação dos sites das instituições alvo; varredura do site 35

das instituições à procura de bases de dados por elas produzidas e coleta inicial de dados; tentativa de confirmação e complementação dos dados obtidos na Internet mediante contato direto, por e-mail; pesquisa direta nos motores de busca na Web com palavras-chave. Entre os problemas encontrados, a pesquisadora citou: a falta de padronização da terminologia na Internet contribuiu para a dificuldade de localizarem as bases; o site da organização produtora não mencionava a base de dados propriamente, mas os serviços dela derivados; o dinamismo do setor já que as informações nos sites podiam mudar rapidamente, novas bases de dados apareciam, sites eram reestruturados ou saíam do ar, informação sobre as bases de dados desapareciam; de maneira genérica, a maioria das bases (voltadas para o usuário final) de dados não eram dirigidas a profissionais da informação por terem documentação pobre ou inexistente. Apesar de todas essas dificuldades, a pesquisa revelou um número relativamente expressivo de bases. Porém, a farta disponibilidade de informações não assegura, em si, que elas sejam efetivamente valiosas para seus usuários. Estas informações precisam ser analisadas e processadas antes de se transformarem em base sólida para o processo decisório (Barbosa, 2006). A Internet também é uma ferramenta importante para inovar. Segundo Bessant et al. (2008), com o advento da Internet, o alcance da inovação no setor de serviços cresceu muito não é sem razão que é chamada de a solução em busca de problemas, indicando que existem uma série de usos para a Internet que ainda não foram devidamente explorados pelas empresas. Bessant et al. (2008) salientam que o uso da Internet para inovar é um desafio para as grandes empresas como bancos e setores varejistas, mas pode ser considerado uma questão de sobrevivência para as pequenas empresas (grifo nosso). Eles exemplificam como a Internet pode alterar o modelo de negócios das pequenas empresas operadoras de viagens de turismo. Por exemplo, as empresas do setor moveleiro poderiam utilizar a Internet para capturar opiniões dos clientes; criar um 36

ambiente virtual em que os clientes poderiam carregar fotos dos ambientes para os quais os clientes desejam adquirir um móvel e mobiliá-lo virtualmente com os móveis vendidos pela empresa; criar um portal com fornecedores com objetivo de discutir as melhores alternativas para os insumos utilizados; usar um fórum virtual com os demais concorrentes para estabelecerem diretrizes para o setor. Para Bessant et al. (2008), a Internet quebra o paradigma de ter que escolher entre oferecer um produto para um mercado muito amplo ou para um mercado muito menor, porém de alto poder aquisitivo. Por meio da Internet é possível acessar ambos os mercados indistintamente. 2.5 Gerentes como agentes da inovação Quem, nas PMEs, são os principais indutores da inovação? Quais são os sujeitos que buscam informações e novas ideias, que puxam o desenvolvimento de novos produtos, serviços e processos? Tan e Arnott, (1999) na sua classificação dos papeis gerenciais sustenta que gerentes periodicamente monitoram o ambiente e coletam informações de diversas fontes. Quanto mais alto o gerente está na hierarquia da organização, maior a probabilidade dele enfrentar as incertezas (situações onde o problema pode ser bem compreendido, mas a falta de informações relevantes impede a sua solução) do ambiente. Gerentes tendem a buscar canais de informação mais ricos e complexos quando o problema a ser resolvido for complexo, e os meios mais pobres quando os problemas são conhecidos ou mais simples. Por outro lado, gerentes atuam em um ambiente de extrema pressão por tempo. Quando enfrentam situações urgentes, eles tendem a buscar informações nos canais mais pronta e convenientemente acessíveis. Eles então oscilam entre fontes de alta acessibilidade, porém de 37

baixa qualidade e outro de baixa acessibilidade e alta qualidade. Além disso, gerentes possuem preferência por um meio e o utilizarão a menos que um bom motivo para mudar apareça. As informações fornecidas por processos de IC, para se tornarem úteis a empresa, devem ser aceitas e usadas pelos seus empregados (Venkatesh, 2003). Dentre todos os funcionários, os gerentes são os trabalhadores que são as fontes de informação mais importantes em uma organização (Tan & Arnott, 1999). Eles obtêm informações de uma variedade de fontes, ou canais de informação, que incluem reuniões face-a-face, chamadas telefônicas, documentos em papel, e-mails, sistemas de informação gerencial e Web. Os gerentes possuem maior discernimento na seleção de suas fontes de informação do que qualquer outra classe de trabalhadores (Tan e Arnott, 1999). A gerência de nível médio desempenha um papel crítico na criação de novos conceitos através da rede de informações e conhecimentos codificados. Usos criativos de redes de comunicação computadorizadas e bancos de dados em larga escala facilitam esse modo de conversão do conhecimento (Nonaka & Takeuchi, 1997). Considerando o papel do gerente na captura, tratamento e disseminação de informações (Tan e Arnott, 1999), uma pesquisa em IC deve ser primordialmente endereçada aos gerentes de nível médio de uma organização. Nas PMEs, esta função, não raro, é exercida por um dos proprietários ou alguém de sua confiança. 38

2.6 Teoria Unificada de Aceitação e Uso da Tecnologia Qual método ou modelo aplicar visando encontrar as respostas a respeito do não uso da Internet para fins de Inovação e IC? Como descobrir os motivos pelos quais a Internet é ou não bem aceita pelos gerentes das PMEs? Os modelos de aceitação da tecnologia têm evoluído e se transformado ao longo dos anos. A Teoria Unificada de Aceitação e Uso da Tecnologia [UTAUT] foi criada com o intuito de unir os principais estudos da área de aceitação da tecnologia (Bobsin, Visentini, & Rech, 2009) e contribuiu para o avanço da pesquisa sobre a aceitação individual da TI, unificando as perspectivas teóricas mais difundidas na literatura e incorporando moderadores para controlar as influências do contexto organizacional, a experiência do usuário e as características demográficas (Bobsin et al., 2009). UTAUT é uma teoria que visa explicar as intenções dos usuários em usar um determinado sistema de informações e seu subsequente comportamento de uso (Venkatesh, 2003). Ela se baseia em quatro construtos: expectativa de desempenho; expectativa de esforço; influência social; condições facilitadoras. Os três primeiros construtos são determinantes da intenção de uso e do comportamento e o quarto construto apenas do comportamento. Gênero, idade, experiência e vontade de usar são os moderadores do impacto dos quatro construtos na intenção de uso e comportamento. 39

Figura 1. Modelo UTAUT, adaptado de Venkatesh, 2003. Resumidamente, os construtos do UTAUT (Figura 1) significam: Expectativa de desempenho (Performance Expectancy) é a crença individual que o uso do sistema o ajudará e trará ganhos no desempenho de seu trabalho. Compreende a percepção de utilidade da tecnologia, elemento esse muito importante em estudos de adoção tecnológica; Expectativa de esforço (Effort Expectancy) é definida como o grau de facilidade/esforço associado ao uso do sistema. Compreende a percepção de facilidade de uso, elemento relevante em estudos de usabilidade e interface homem-máquina; Influência social (Social Influence) é definida como a percepção individual da influência dos outros no uso do novo sistema. Por exemplo, o uso da rede social Facebook e do aplicativo 40

WhatsApp ilustra bem esse construto em que o indivíduo é praticamente impelido pelos seus contatos a adotar a tecnologia; Condições facilitadoras (Facilitating Conditions) é definida pelo grau de percepção individual de que existe uma infraestrutura técnica e organizacional para suportar o uso do sistema. Em empresas de grande porte com uma área própria de TI, tais condições costumam ser mais favoráveis. Há também os quatro construtos moderadores da intenção e uso da TI: o gênero, a idade, a experiência do indivíduo e a voluntariedade do uso (o grau pelo qual o uso da tecnologia é voluntário ou livre, ou seja, não obrigatório). Identificados os construtos do modelo, Venkatesh (2003) realizou estudos empíricos para validá-los. Os resultados do estudo confirmaram a existência de três determinantes diretos da intenção de uso e dois determinantes diretos do uso, além da influência das quatro variáveis moderadoras. Os autores identificaram que o modelo explica 70% da variância da intenção de uso. Dessa forma, o modelo é uma ferramenta útil para os gestores que necessitam avaliar a probabilidade de sucesso de uma nova tecnologia e auxilia na compreensão dos fatores determinantes da aceitação do uso, bem como no desenho de intervenções nas tecnologias (Bobsin et al., 2009). Bobsin et al. (2009) estudaram o panorama teórico acerca da aplicação do modelo UTAUT na aceitação do uso de tecnologia. Para atingir tal objetivo, uma base de dados internacional foi pesquisada buscando as publicações da área de Sistemas de Informação (SI) que abordavam a sigla UTAUT. Todos os estudos realizaram pesquisa survey, sendo a maioria dos dados analisados por meio de equações estruturais. Foram consultados os periódicos internacionais considerados como os mais importantes da área de Sistema de Informação: MIS Quarterly, 41

Information & Management, Management Science, Decision Sciences, Journal of Management Information Systems, Information Systems Management, Journal of Computer Information Systems e Journal of Systems Management. Nem todos os estudos que citaram o UTAUT efetivamente o utilizaram na pesquisa, porém uma unanimidade entre os estudos é a referência a esse modelo como um avaliador da aceitação da tecnologia da informação. Os objetos de análise desses artigos variam consideravelmente, mas observou-se que há certa tendência de estudos relacionados a tecnologias móveis e ambientes virtuais. Poucos foram os trabalhos que citaram o UTAUT abordando o uso de Sistemas de Informação nas organizações. A pesquisa de Bobsin et al.(2009) indicou ampla aceitação do UTAUT para estudo de intenção de uso de tecnologia. Além disso, todos os estudos analisados utilizaram survey e indicaram ser este método apropriado para pesquisa em ambientes virtuais e Internet, que é exatamente o tipo de pesquisa desenvolvido no presente trabalho. O UTAUT serviu como base para a identificação e definição dos construtos da pesquisa. As perspectivas (expectativas de desempenho e de esforço, influência social, condições facilitadoras e os construtos moderadores: idade, gênero, experiência e voluntariedade de uso) fornecidas pelo modelo para indicar a aceitação e uso de uma tecnologia foram adaptadas e confrontadas com o contexto da indústria moveleira de Ubá. Dessa adaptação, surgiu o modelo utilizado na pesquisa que será apresentado no próximo capítulo. 42

3. METODOLOGIA DE PESQUISA 3.1 Estratégia e Método de Pesquisa Os métodos de pesquisa quantitativa, de modo geral, são utilizados quando se quer medir opiniões, reações, sensações, hábitos e atitudes de um universo (público-alvo) através de uma amostra que o represente de forma estatisticamente comprovada. Isto não quer dizer que ela não possa ter indicadores qualitativos. Os métodos e estratégias para obtenção dos dados podem ser, entre outros (Manzato & Santos, 2012): entrevistas pessoais; entrevistas por telefone; através de cartas; questionário estruturado fechado; questionários semiestruturados e perguntas abertas; com apresentação de cartões, objetos, material promocional. Quanto ao propósito, a pesquisa survey pode ser classificada em (Freitas et al., 2000): explanatória tem como objetivo testar uma teoria e as relações causais; estabelecer a existência de relações causais, mas também questiona porque a relação existe; exploratória o objetivo é familiarizar-se com o tópico ou identificar os conceitos iniciais sobre um tópico, dar ênfase na determinação de quais conceitos devem ser medidos e como devem ser medidos, buscar descobrir novas possibilidades e dimensões da população de interesse; descritiva busca identificar quais situações, eventos, atitudes ou opiniões estão manifestos em uma população; descreve a distribuição de algum fenômeno na população ou entre os subgrupos da população ou, ainda, faz uma comparação entre essas distribuições. Neste tipo de survey, a hipótese não é causal, mas tem o propósito de verificar se a percepção dos fatos está ou não em acordo com a realidade. Entende-se que a presente pesquisa survey pode ser classificada como exploratória, pois apesar de ser baseada fortemente em um modelo já validado (UTAUT), as contextualizações feitas ao modelo requererem uma nova validação. 43

Quanto ao número de momentos ou pontos no tempo em que os dados são coletados, a pesquisa pode ser (Guyette, 1983, Palmquist, 2014, & Freitas et al., 2000): longitudinal a coleta de dados ocorre ao longo do tempo em períodos ou pontos especificados, buscando estudar a evolução ou as mudanças de determinadas variáveis ou, ainda, as relações entre elas. Esse tipo se subdivide em: estudos de tendências (analisa as tendências ou evolução do fenômeno estudado), estudos de grupos (analisa o fenômeno em momentos distintos no tempo) e estudos de painel (analisa o motivo das mudanças através da pesquisa com os mesmos indivíduos); Corte-transversal a coleta dos dados ocorre em um só momento, pretendendo descrever e analisar o estado de uma ou varias variáveis em um dado momento. Os dados podem ser coletados de uma amostra ou da população inteira. Partindo da análise das variáveis coletadas a partir da literatura, foi estruturado um questionário fechado, via Internet, e aplicado às empresas convidadas. Uma ou mais questões estão atreladas a cada uma das variáveis de pesquisa previamente identificadas. Portanto, uma ou várias questões foram analisadas (somadas) para atribuir valor a variável a qual elas estão atreladas. O questionário foi baseado no UTAUT e aplicado aos gerentes das empresas por meio de um formulário eletrônico hospedado na Internet construído pelo autor especialmente para esta pesquisa. As respostas foram classificadas em uma escala intervalar de sete categorias tipo Likert, variando de 1-Discordo totalmente a 7-Concordo Totalmente, seguindo indicação de Lopes (2013). Para cada resposta, foram calculadas a média e o desvio padrão em relação às demais respostas. Buscou-se identificar respostas outliers a fim de expurgá-las da pesquisa. O uso de website tem a possibilidade de permitir que os respondentes permaneçam anônimos e que o pesquisador acompanhe regularmente o número de acesso ao site, comparando aqueles que responderam o questionário completamente com aqueles que apenas visitaram o site. Além disso, 44

os dados podem ser imediatamente armazenados em banco de dados, facilitando a fase posterior de análise (Eysenbach & Wyatt, 2002). Eysenbach e Wyatt (2002), no entanto, argumentam que a população na Internet não é representativa da população geral o que restringe o uso da Internet para estudos quantitativos. Porém, este estudo visa entender como as PMEs utilizam a Internet em seus processos produtivos. As empresas que não utilizam a Internet ou não puderem responder ao questionário na Web estarão natural e automaticamente fora do escopo dessa pesquisa. A Tabela 7 apresenta os cenários para os quais Eysenbach e Wyatt (2002) indicaram ser adequado um survey utilizando um website. Os autores consideraram três dimensões: respondentes, survey e pesquisadores. Para esta pesquisa, assumiu-se que os respondentes já eram usuários da Internet, estão espalhados por uma área geográfica relativamente grande e que eles representam o que a pesquisa busca descobrir. Quanto ao survey, a utilização do website trará mais rapidez na validação do piloto, maior controle nas respostas e mais rapidez e confiabilidade na coleta e armazenamento dos dados em banco de dados. Essa pesquisa dispôs de orçamento limitado, o que levou o próprio pesquisador a construir o website. 45

Tabela 7 Cenários adequados para utilização de um website Respondentes Survey Pesquisadores Adequado São usuários da Internet; São entusiastas e não precisam de incentivos monetários para responder questionários na Internet; Estão espalhados em uma grande área geográfica; A opinião dos respondentes que usam a Internet é muito próxima daqueles que não usam. Quando envolve multimídia ou questionários interativos; Quando o desenvolvimento deve ser rápido; Não exigem resultados representativos. Necessárias respostas e análises rápidas; Orçamento limitado; Quando é importante controlar o número de respostas por participantes; Quando o piloto demonstrou ser satisfatório mesmo através do uso de diferentes plataformas, browsers e velocidades e características de acesso Inadequado Grupos alvos não são representativos na Internet; Grupos alvos apresentam preocupação quanto a aspectos de segurança e privacidade; Grupos alvos necessitam de incentivo para completar o survey; Falta de uma amostra representativa. Necessário que as respostas sejam rigidamente espaçadas no tempo; Questionário em papel já esta disponível, validado e aceito pelo grupo alvo; Necessidade de capturar dados qualitativos ou observações sobre os participantes; Necessário alcançar o mesmo grupo de participantes através do mesmo modo no futuro. Falta de know-how para construção do website Nota. Fonte: adaptado de Eysenbach e Wyatt (2002) 3.2 Construção do Modelo de Pesquisa Este trabalho avaliou a Pesquisa em Inovação [PINTEC] (2011) do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística [IBGE], no período 2009-2011, buscando analisar os problemas encontrados pelas empresas nacionais em suas atividades inovativas. Foi dado enfoque à indústria moveleira. O referencial teórico buscou identificar o envolvimento das PMEs em atividades de 46

IC e Inovação, bem como os principais problemas e dificuldades encontradas. Por fim, buscou-se entender o cenário das PMEs do polo moveleiro de Ubá/MG. O principal objetivo dessa pesquisa foi responder a seguinte questão: por que a Internet não é utilizada, pelas PMEs do polo moveleiro de Ubá, em atividades de IC para fins inovativos no desenvolvimento de novos produtos? A partir da análise e adaptação dos construtos identificados no UTAUT (Unified Theory of Acceptance and Use of Technology) (Venkatesh, 2003) e da compilação de estudos encontrados na literatura sobre IC e Inovação, foram identificados seis construtos causas utilizados na tentativa de entender o uso da Internet para fins inovativos pelas PMEs desse polo industrial. São eles: conhecimento em inovação e IC (Conhecimento), propensão para investimentos em TI (Custo), cultura em TI (Cultura), contexto para inovação (Tempo), infraestrutura (Infraestrutura) e intenção de uso (Desejo). Para cada construto foi sugerido um conjunto de variáveis de forma a permitir a sua validação. As variáveis foram compostas por questões que foram utilizadas em um questionário disponibilizado na Internet. Os construtos são apresentados na Tabela 8. Os construtos causas foram então confrontados com três outros construtos objetivos que melhoram a capacidade das PMEs em inovar e se desenvolver. São eles: Inovação, IC (Inteligência Competitiva) e DNP (Desenvolvimento de Novos Produtos). A pesquisa buscou identificar quais variáveis relacionadas aos construtos causas mais afetam ou prejudicam as PMEs a não desenvolver os construtos objetivos. Isso se faz necessário porque a presente pesquisa não está interessada apenas no simples uso da Internet, mas no comportamento de uso (construto do UTAUT) da Internet para atividades de Inovação, IC e DNP. 47

Tabela 8 Construtos da pesquisa e seu embasamento teórico Construto Variável Descrição Questões Suporte Teórico Li et al.(2011), Sehgal Autores que dão suporte teórico mais amplo ao construto (2010) e Duranti (2013) Conhecimento em Inovação e IC (C1) Formação acadêmica (V11) Desenvolvimento Gerencial (V12) Formação acadêmica do gestor Participa de treinamentos formais ou informais com frequência 21. A falta de qualificação dos colaboradores impede o melhor uso da Internet para fins de Inteligência Competitiva e Inovação 26. Conheço os principais conceitos e processos relacionados ao tema Inteligência Competitiva 22. A empresa está disposta a treinar colaboradores nas áreas de Inteligência Competitiva e Inovação Oliveira (2011) Edwards et al. (2005) Entendimento em Inovação (V13) O gerente sabe da existência das áreas de conhecimento em Inovação e IC 2. Considero muito importante criar novos produtos e serviços em conjunto com outras empresas e fornecedores 27. Conheço os principais conceitos e processos relacionados ao tema Inovação Oliveira (2011) Entendimento em IC (V14) 1. É fundamental para o futuro da empresa empreender atividades em Inteligência Competitiva e Inovação Feldens, Macari e Garcez, (2012); Oliveira, (2011), Brio e Junquera (2003) Propensão para investimentos em TI (C2) Financiamento (V21) PME possui acesso a linha de créditos especiais voltadas para Internet 14. O custo de infraestrutura de Tecnologia da Informação para acessar a Internet e processar dados é muito elevado 30. A empresa reserva recursos humanos e financeiros para o Desenvolvimento de Novos Produtos e a melhoria de processos produtivos Li, Trouff, Brandyberry & Wang (2011) Prioridade (V22) Qual a priorização orçamentária da empresa? Quanto é dedicado ao acesso a Internet? 15. Existem empresas terceiras especializadas em pesquisas na Internet e com custo acessível a uma Pequena e Média Empresa 16. O custo para contratar/treinar/reter pessoal qualificado para exercer atividades relacionadas a Internet é elevado Brio e Junquera (2003); Tan e Arnott, (1999) Cultura em TI (C3) Risco (V23) Tecnologia (V31) Propensão da empresa em assumir risco de obter baixo retorno sobre o investimento em infraestrutura de TI e acesso a Internet Empresa faz uso de recursos tecnológicos em seu dia-adia 9. A cultura de investimentos da empresa (proprietários e diretores) prioriza a aquisição de máquinas e equipamentos 6. Utilizo diariamente planilhas eletrônicas, banco de dados e sistemas gerenciais como ferramentas para o desenvolvimento do meu trabalho PINTEC (2011); Feldens, Macari e Garcez, (2012) Barbosa (2006) 48

Processos (V32) Modelo de negócio (V33) A empresa possui muitos processos manuais? A empresa visa a criação de novos produtos ou está inserida em uma cadeia em que atua como braço operacional de uma empresa maior 17. As atividades operacionais e administrativas são o foco do meu trabalho e tomam a maior parte do meu tempo na empresa 10. O modelo de negócios atual da empresa tem como base o desenvolvimento de novos produtos Nadaes & Borges (2005) Sakamoto (2011) Contexto para inovação (C4) Balanço (V41) Distribuição (V42) Balanceamento entre tempo gasto em atividades operacionais e inovativas Como é dividido o tempo produtivo do gerente? 19. Consigo facilmente redistribuir minhas atividades entre outros colegas para ter tempo de me dedicar a atividades na Internet 20. A contratação de consultores externos voltados para atividades em Inteligência Competitiva é plenamente viável para a empresa 8. Os gerentes da empresa executam pesquisas na Internet visando melhoria dos processos produtivos Oliveira (2011) Tan e Arnott (1999); Nonaka & Takeuchi (1997) Ociosidade (V43) Existe tempo livre durante o expediente? 18. Os colaboradores da empresa possuem tempo disponível para utilizar a Internet Oliveira (2011) Infraestrutura (C5) Autores que dão suporte teórico mais amplo ao construto Hardware (V51) Software (V52) Existem equipamentos (computadores, firewall, modens) apropriados para o acesso a Internet? Existem aplicativos (BD ) apropriados para o acesso a Internet? 13. A empresa possui departamento de Tecnologia da Informação organizado capaz de prover o suporte as atividades 12. O site da empresa possui recursos de comércio eletrônico (catálogo de produtos, cotação de preços e opções em comércio eletrônico) Nadaes e Borges, (2005); PNBL (2008); Cendón (2003) Observatório das Micro e Pequenas Empresas, SEBRAE/SP (2008) Acesso (disponibilidade e velocidade V53) O acesso a Internet é adequado (velocidade, disponibilidade )? 11. O acesso a Internet a partir da empresa onde trabalho é eficiente e de boa qualidade Cronin et. al, (1994); Sawhney et al, (2005); Aragon-Correaa & Cordon-Pozob, (2005) Intenção de Uso (C6) Crença (V61) O gerente acredita que o uso da Internet é potencialmente proveitoso para a empresa 3. A Internet é o principal meio para troca de conhecimento e comunicação com outras empresas e fornecedores 23.A Internet é um canal fundamental de informações sobre concorrentes, feiras, exposições e Governo Brio e Junquera (2003); Lichtenthaler e Lichtenthaler (2009); Nadaes e Borges, (2005); Fuld (2000) 49

Inteligência Competitiva (C7) Inovação (C8) DNP (Desenvolvimento de Novos Produtos C9) Aptidão (V62) Interesse (V63) Monitoramento (V71) Rastreamento (V72) Colaboração (V81) Execução (V91) Nota. Fonte: elaborado pelo autor. Está aberto e utiliza serviços na Internet O gerente acredita que é possível implementar processos em inovação dentro da empresa A empresa monitora, via Internet, o ambiente em busca de novas ideias para os processos em DNP? A empresa monitora, via Internet, parceiros, concorrentes e fornecedores em busca de novos métodos produtivos? A empresa coopera, via Internet, com parceiros e forncedores visando melhoria de processos, modelos de negocio e DNP? A Internet é utilizada como ferramenta nos processos de DNP? 5. Uso diariamente computadores e a Internet em atividades profissionais e de lazer 7. Tenho conhecimento para fazer uma pesquisa eficiente sobre assunto específico usando os mecanismos de busca 4. A Tecnologia da Informação e a Internet são ferramentas fundamentais para o desenvolvimento da empresa 25. Acompanhamos pela Internet os principais eventos e feiras de móveis que acontecem no país e/ou no exterior 24. Acompanhar os passos do governo, concorrentes, fornecedores e clientes é fundamental para o negócio da empresa 29. A empresa deve ter como prioridades gerar novos produtos e aprimorar os processos produtivos 28. A empresa possui processos definidos para o desenvolvimento de novos produtos Oliveira (2011) Brio e Junquera (2003); Barbosa (2006); Tan e Arnott, (1999) Oliveira e Melo (2012) Oliveira e Melo (2012) Bessant et al. (2008) Bessant et al. (2008) O modelo de pesquisa foi baseado no UTAUT que é mais utilizado para estudos de sistemas de informação internos às empresas, mas seus construtos tiveram de ser adaptados ao uso de Internet para fins de IC e Inovação e contextualizados ao perfil empresarial do polo moveleiro de Ubá (MG). O modelo adaptado está ilustrado na Figura 2. Assim, por exemplo, o construto 50

moderador originário do UTAUT, Experiência, e a análise da literatura relacionada ao escopo da pesquisa levaram a identificação do construto adaptado Conhecimento. Da mesma forma, o construto original Condições Facilitadoras foi mapeado para esta pesquisa em Custo, Tempo e Infraestrutura. Para melhor ilustrar o raciocínio utilizado, caso o UTAUT apresentasse o construto Curso de Graduação do Usuário da Tecnologia em seu modelo, o pesquisador iria procurar identificar na literatura quais seriam os principais cursos na região e incluiria no questionário perguntas relacionadas a esse tema e iria analisar e utilizar como construtos adaptados no modelo os principais fatores associados ao curso predominante. Como tal construto não existe no UTAUT, nenhuma pesquisa na literatura sobre curso de graduação no polo foi feita e, por conseguinte, nenhuma pergunta sobre isso foi incluída no questionário. Esse foi o raciocínio utilizado na montagem do modelo do UTAUT adaptado à pesquisa (Figura 2). Figura 2. Adaptação do modelo UTAUT para a pesquisa. Fonte: elaborado pelo autor. 51

Dos quatro construtos moderadores de impacto do UTAUT, gênero e idade não foram contemplados no âmbito dessa pesquisa, pois na varredura feita na literatura, entre os autores utilizados, não foram identificados resultados que indicassem que o gênero ou a idade fossem fatores relevantes para o uso da Internet para fins de IC e inovação. Cada construto foi associado a um conjunto de variáveis que, por sua vez, se desdobrou em um conjunto de questões que foram aplicadas aos gerentes das PMEs do polo industrial de Ubá/MG. Após a aplicação do questionário, foi feita uma análise dos dados coletados em busca da definição dos fatores mínimos que impedem ou atrapalham a utilização da Internet como importante ferramenta para inovar e desenvolver novos produtos. Diferentes técnicas de Análise Fatorial Exploratória (AFE) foram utilizadas visando reduzir e identificar os fatores que explicam o não uso da Internet para fins de inovação. A AFE é normalmente utilizada em estágios mais embrionários de pesquisa, no sentido literal de explorar os dados. Visa buscar as relações entre um conjunto de variáveis, identificando padrões de correlação e formando os fatores (Figueiredo Filho & Silva Júnior, 2010). O tipo de pesquisa que foi julgado o mais adequado para esta investigação foi o survey, pois eles devem ser utilizados em pesquisas com propósitos descritivos, explanatórios e exploratórios. São usados principalmente em estudos onde os indivíduos (respondentes ou informantes) são a unidade de análise. É provavelmente o melhor método disponível para o pesquisador social interessado em coletar dados originais para descrever uma população muito grande para ser observada diretamente. São excelentes veículos para medir atitudes e orientações em uma grande população (Babbie, 2010). Survey é um termo frequentemente utilizado para descrever um método de obtenção de informações a partir de uma amostra de indivíduos. Amostra, neste contexto, significa uma fração da população que está sendo estudada (American Statistical 52

Association [AMSTAT], 2014). Survey é um método de pesquisa descritivo não experimental e é útil quando o pesquisador deseja coletar dados de um fenômeno que não pode ser diretamente observado. A base da pesquisa recai na amostragem da população que é um conjunto de indivíduos ou objetos que possuem ao menos uma característica em comum (Palmquist, 2014). É um método de coleta consistente ou sistemático de dados úteis para documentar as características e condições de uma população. Adicionalmente, Bobsin et al. (2009) identificaram o survey como o método predominante em estudos baseados no UTAUT. Os resultados de um survey podem além de descrever o fenômeno atual, servir de linha de base para demonstrar progressos futuros. Mais especificamente, surveys podem ser úteis para (Guyette, 1983): determinar as características de uma população ou comunidade; definir as condições existentes em uma população ou região; documentar a opinião da comunidade; comparar grupos na população. As características gerais da pesquisa survey são (Babbie, 2010): os dados facilitam a aplicação cuidadosa do pensamento lógico; a pesquisa deve assumir uma postura determinística baseada nas relações de causa e efeito; surveys amostrais são realizados para entender-se a população maior da qual a amostra foi inicialmente selecionada. Essa pesquisa por sua característica iminentemente inicial e exploratória se enquadrou na definição encontrada na literatura como sendo um típico survey. 3.3 Unidade Empírica de Análise Localizada na Zona da Mata Mineira, a cidade de Ubá, junto com mais sete cidades (Guidoval, Piraúba, Rio Pomba, Rodeiro, São Geraldo, Tocantins e Visconde do Rio Branco) é considerada o principal Polo Moveleiro de Minas Gerais. Formado, em sua maioria, por micro e pequenas 53

indústrias, faz do setor a principal atividade econômica da região e o mais importante arrecadador de impostos. O polo industrial é composto em sua maioria por PMEs, mas possui algumas empresas de grande porte, tornando-se relevante esclarecer os critérios a serem utilizados na classificação do que é uma PMEs. Para tal, serão utilizadas as classificações de PMEs segundo o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social [BNDES] quanto ao faturamento (Tabela 9) e do SEBRAE para o número de empregados (Tabela 10). Tabela 9 Classificação das empresas pelo faturamento bruto anual. Porte da empresa Microempresa Pequena empresa Média empresa Média-grande empresa Grande empresa Receita operacional bruta anual Menor ou igual a R$ 2,4 milhões Maior que R$ 2,4 milhões e menor ou igual a R$ 16 milhões Maior que R$ 16 milhões e menor ou igual a R$ 90 milhões Maior que R$ 90 milhões e menor ou igual a R$ 300 milhões Maior que R$ 300 milhões Nota. Fonte: BNDES (2014) Tabela 10 Classificação das empresas pelo número de funcionários. Porte da Empresa Números de Empregados Comércio e Serviços Indústria Micro Empreendedor Individual Até 2 Até 2 Microempresa Até 9 Até 19 Empresa de Pequeno porte 10 a 49 20 a 99 Empresa de Médio porte 50 a 99 100 a 499 Empresa de Grande porte >99 >499 Nota. Fonte SEBRAE (2014). 54

3.4 Validação do questionário Após a fase revisional, o questionário (Anexo VII) foi validado por meio de um teste piloto aplicado a duas empresas da região no mês de julho de 2014. Os dados colhidos nesta fase foram utilizados apenas e exclusivamente na validação do geral do questionário, revisão das questões e valores das categorias, sendo que após isso foram descartados. O processo de amostragem é probabilístico ou aleatório. Foi feita uma pesquisa na Internet à procura dos e-mails das empresas que compõem o polo industrial. Convites foram enviados nas principais redes sociais em fóruns específicos onde profissionais e empresas do polo podiam estar presentes tais como: LinkedIn, grupo APL Ubá Móveis de Minas ; Facebook, páginas: Ubá e TudoPraMóveis;Telelistas.net, com filtro para empresas em Ubá; Expositores da 17ª Associação Brasileira das Indústrias de Móveis de Alta Decoração [ABIMAD]. Foram feitos convites também por meio do auxílio de órgãos de fomento local, tais como INTERSIND (Sindicato das Empresas do Polo) e SEBRAE local. 55

4. ANÁLISE DOS DADOS 4.1 Estruturação da Amostra A pesquisa sustenta-se na análise de informações obtidas em três fontes distintas que são: A JUCEMG (Junta Comercial do Estado de MG), O INTERSIND (Sindicato Intermunicipal das Indústrias do Mobiliário de Ubá/MG) e Survey realizado via Internet entre as empresas do polo. A JUCEMG disponibiliza um serviço para pesquisa de dados sobre as empresas cadastradas na Junta. O serviço pode ser adquirido em http://www.jucemg.mg.gov.br/ibr/servicos, filtros podem ser aplicados para localização das empresas de interesse cujos dados serão recuperados. O solicitante deve preencher uma planilha com os dados que deseja obter sobre as empresas. Para intuito dessa pesquisa, foram solicitados em setembro de 2014 os seguintes dados: Nome Empresarial; Endereço Completo; E-mail (quando disponível); Porte da Empresa O período utilizado na pesquisa foi o dos últimos 10 anos (2004 2014). Foram solicitadas informações das empresas ativas de todos os tipos jurídicos e quanto ao porte, ME (Micro Empresa) e EPP (Empresa de Pequeno Porte). Em relação ao ramo de atividade, foram selecionados (http://www.cnae.ibge.gov.br/), Anexo II os seguintes códigos CNAE (Classificação Nacional de Atividades Econômicas) que abarcam a diversidade da indústria moveleira: 3101-2/00 56

3102-1/00 A pesquisa foi restrita as cidades que formam o polo moveleiro de Ubá/MG que são: Ubá, Piraúba, Rodeiro, Guidoval, Tocantins, Visconde do Rio Branco, São Geraldo, Rio Pomba e Guiricema. Segundo os dados obtidos, são 612 empresas de móveis discriminadas conforme Tabela 11: Tabela 11 Empresas por porte. Tipo Soma Microempresa 462 Empresa de Pequeno Porte (EPP) 101 Empresa de Médio Porte (EMP) 19 Empresa de Grande Porte (EGP) 9 Sem classificação 21 Total 612 Nota. Fonte: JUCEMG/2014 No cadastro da JUCEMG, as 612 empresas possuem apenas 150 e-mails distintos entre si, isto é, um único e-mail foi utilizado no cadastramento de diversas empresas. Isto ocorreu porque o processo de abertura das empresas foi feito por empresas de contabilidade que informaram os próprios e-mails no cadastro ao invés de informar os e-mails das empresas moveleiras que estavam sendo criadas. Destes 150 e-mails, 50 deles são de empresas de contabilidade que provavelmente foram responsáveis pelo processo de criação das empresas moveleiras. Entre os e- mails não ligados a empresas de contabilidade, 11 não estão em funcionamento. 57

Portanto, a grande maioria das empresas do polo é formada por empresas de micro e pequeno porte e sequer possuem um e-mail oficial. Entre as 612 empresas retornadas na pesquisa, existem apenas 89 e-mails válidos e distintos. Segundo o site do sindicato (http://www.intersind.com.br/), existem aproximadamente 90 empresas associadas a ele (Anexo IV). Destas, 26 não possuem sites informados na página do INTERSIND e uma não possui site e nem e-mail cadastrado. Há uma discrepância sobre o número de empresas que compõem o polo moveleiro de Ubá/MG. Pela FIEMG são 400, enquanto que pela JUCEMG são 612. Possivelmente a diferença pode ser atribuída aos momentos em que os levantamentos foram feitos. A pesquisa via JUCEMG foi executada em meados de 2014 e, portanto, é bem atual e recente. O número de 612 empresas será considerado como o universo das empresas do polo. Convém ressaltar que o número de empresas resultante da pesquisa na JUCEMG foi obtido considerando as empresas com status aberto na junta comercial. Porém, não se pode afirmar que todas essas empresas estejam ativas ou produzindo. Assim, para fins da pesquisa, o total de empresas na JUCEMG foi considerado como valor máximo ou o teto do total de empresas do polo, pois é muito provável que o número de empresas ativas seja inferior ao das abertas. Destas 612 empresas, as três fontes indicam que aproximadamente, 90 delas utilizam a Internet de alguma forma. Através dos dados coletados junto a JUCEMG, foram identificados apenas 89 e-mails válidos e distintos entre as empresas. Pelo INTERSIND, são aproximadamente 90 empresas cadastradas no sindicato e que possuem site na Internet. Já a pesquisa via rede social Facebook apontou 73 empresas. Para fins dessa pesquisa, o número aproximado de empresas que 58

faz algum uso da Internet será considerado como sendo de 90 empresas, ou apenas 14,70% do total de empresas do polo identificadas pela JUCEMG. 4.2 Procedimentos de coleta de dados A pesquisa partiu da análise dos dados obtidos junto a JUCEMG. Os dados indicam que a grande maioria das empresas do polo é formada por micro e pequenas empresas que não possuem sequer um e-mail. Diante desse cenário, onde a maioria das empresas não usa a Internet nem mesmo como meio de comunicação, optou-se por pesquisar as empresas ligadas ao INTERSIND, pois estas possuem site e e-mail públicos e, portanto, apresentam algum uso da Internet. Todas as empresas listadas no site do sindicato foram contatadas via página da empresa na Internet (seção contatos), e-mail, telefone e redes sociais. A alternativa menos eficiente de comunicação foi o contato telefônico, pois os gestores em geral não estavam disponíveis para atender a ligação. O contato via site oficial da empresa na Internet também foi infrutífero, pois aparentemente os e-mails enviados por este canal, via de regra, não foram respondidos. As redes sociais Facebook e Linkedin foram vasculhadas visando obter respondentes para a pesquisa. A maior parte das respostas foi obtida por meio de contatos feitos por este meio. A pesquisa via Linkedin teve uma maior taxa de retorno especialmente quanto a mensagens enviadas ao grupo APL Ubá Móveis de Minas. Foram feitas pesquisas pelos nomes das empresas do polo. Os profissionais filtrados receberam uma solicitação de amizade e uma mensagem solicitando a resposta ao questionário online. 59

Tabela 12 Pesquisa via Linkedin. Linkedin Pontos positivos Permite a pesquisa mais apurada por profissionais e empresas É uma rede social mais monitorada pelos profissionais (eles respondem as mensagens com mais frequência) Nota. Fonte: elaborado pelo autor. Pontos negativos Não permite a interação online via chat com os respondentes No Facebook, após pesquisa feita pelos nomes das empresas, as páginas pesquisadas eram encontradas e uma solicitação de amizade enviada. Após o aceite da solicitação de amizade, uma mensagem padrão solicitando participação na pesquisa era enviada e quando possível, era feito o contato direto via chat online com o responsável pela página. A desvantagem observada é que a pesquisa pelos nomes não se mostrou eficiente, pois em alguns casos retornou empresas homônimas que não pertenciam ao polo. As páginas no Facebook parecem atrair menor atenção das empresas em relação ao Linkedin. Tabela 13 Pesquisa no Facebook. Facebook Pontos positivos Pontos negativos Permite interação on-line A filtragem não é apurada Possui menor relevância para as empresas e profissionais Nota. Fonte: elaborado pelo autor. A relação de empresas identificadas no Facebook encontra-se listada no Anexo V. O acesso e a análise dos sites das empresas mostraram o uso superficial da Internet feito pelas empresas. De maneira geral, os sites possuem as seguintes seções: Apresentação da empresa; Catálogo de produtos; Seção de contatos onde são solicitados o nome, e-mail, endereço assunto e mensagem. 60

Todas as empresas cadastradas no INTERSIND receberam uma mensagem solicitando participação na pesquisa por meio da seção contatos das respectivas páginas na Internet. As mensagens enviadas por este canal normalmente são enviadas ao setor comercial ou de marketing das empresas. Para incentivar uma maior participação na pesquisa, os primeiros 60 participantes receberam um número de 1 a 60 que se fosse sorteado em um concurso da Megasena da Caixa Econômica Federal, daria ao sorteado uma camisa de uma das seleções que participaram da Copa do Mundo Fifa Brasil 2014. Esta estratégia se mostrou acertada visto que foram recebidos e-mails dos participantes interessados na contrapartida oferecida. 4.3 Análise Descritiva dos Resultados Entre os meses de agosto a outubro de 2014, a pesquisa coletou um total de 53 respostas, porém apenas 42 delas foram consideradas válidas. Para ser válida, a resposta dada às perguntas 31 e 32 deveriam ser SIM, isto é, a empresa do respondente está localizada no polo moveleiro de Ubá/MG e atuar no ramo de fabricação de móveis. Esse filtro se faz necessário, pois como o questionário estava em um link público compartilhado em redes sociais. Entre as respostas válidas, 29 respondentes afirmaram estar envolvidos de alguma forma em processos de DNP (Desenvolvimento de Novos Produtos). 61

Tabela 14 Perfil dos respondentes Quanto ao faturamento das empresas 70 60 # Qtde. Resp Faturamento % 1 27 Entre 2,4 e 16 milhões 64 2 5 Entre 16 e 90 milhões 12 3 2 Entre 90 e 300 milhões 5 4 8 Mais de 300 milhões 19 42 100 50 40 30 20 10 0 Entre 2,4 e 16 milhões Entre 16 e 90 milhões Entre 90 e 300 milhões Mais de 300 milhões Quanto ao número de funcionários 35 30 # Qtde. Respostas Funcionários % 1 3 Até 2 7 25 20 2 4 Até 19 10 3 10 Entre 20 e 99 24 4 10 Entre 100 e 499 24 15 10 5 15 Mais que 499 35 42 100 5 0 Até 2 Até 19 Entre 20 e 99 Entre 100 e 499 Mais que 499 62

Quanto à faixa etária # Qtde. Respostas Faixa etária % 1 3 Até 20 7 2 20 Entre 20 e 30 48 3 14 Entre 30 e 40 33 4 3 Entre 40 e 50 7 5 2 Acima de 50 5 42 100 50 45 40 35 30 25 20 15 10 5 0 Até 20 Entre 20 e 30 Entre 30 e 40 Entre 40 e 50 Acima de 50 Quanto à formação acadêmica 50 40 # Qtde. Respostas Formação % 1 2 1o grau 5 2 5 2o grau 12 3 18 3o grau completo 43 30 20 10 4 2 3o grau incompleto 5 5 15 Pós graduação 36 0 42 100 63

Quanto ao cargo # Respostas Cargo % 1 15 Gerente 36 2 3 Diretor 7 3 2 Operador 5 4 22 Outros 52 42 100 60 50 40 30 20 10 0 Gerente Diretor Operador Outros Nota. Fonte: Dados da pesquisa. O perfil majoritário dos respondentes é composto por funcionários de empresas que faturam até R$16 milhões e possuem mais de 20 funcionários. Em sua maioria, os respondentes tem faixa etária entre 20 e 40 anos, curso superior completo e pós-graduação, possuem cargo de gerente ou outros (designers) e participam de atividades de DNP (71% dos respondentes). Curiosamente, nem mesmo esse perfil bastante jovem dos gestores respondentes irá implicar em um uso mais elaborado da Internet para atividades de IC e Inovação, como será relevado em maiores detalhes mais adiante. Quanto à classificação das empresas, segundo os critérios do SEBRAE, houve certa contradição nas respostas. Segundo o critério de faturamento, a maioria dos respondentes indicou pertencer a uma micro ou pequena empresa (64%), mas em relação ao número de funcionários, a maioria (35%) indicou ser de grande empresa. No entanto, se forem somadas as repostas dadas as duas categorias (3 e 4) que indicam a faixa de 20 a 499 funcionários (24% + 24%), a maioria dos respondentes pertencem a pequena ou média empresa. 64

Em resumo, considerando as respostas, pode-se concluir que os respondentes pertencem a PMEs do polo moveleiro de Ubá/MG, são gerentes ou designers, possuem curso superior completo ou pós-graduação. O perfil dos respondentes indicou o cenário em que no conjunto de todas as MPEs e PMEs do polo, há um subconjunto pequeno de empresas (aproximadamente 14,70% delas) em que existe uma melhor formação acadêmica dos funcionários (gerente, diretores e designers), mas que ainda fazem uso rudimentar da Internet. Basicamente a Internet serve como catálogo eletrônico de produtos e comunicação, via e-mail (formulários eletrônicos), com clientes. Em nenhum dos sites pesquisados foram observadas funções ligadas a, por exemplo, obter sugestões de clientes para produtos, comércio eletrônico, chat online com atendentes, portal para empresas parceiras. 4.4 Análise Quantitativa dos Resultados O objetivo dessa etapa da pesquisa foi analisar a utilização da internet pelas PMEs como ferramenta ou fonte de informações nas atividades relacionadas à Inovação, IC e DNP. 4.4.1 Caracterização das Etapas Quantitativas Este é um estudo quantitativo desenvolvido a partir da aplicação de questionários on-line a 42 empresas do Polo Moveleiro de Ubá. O estudo quantitativo se dividiu em três etapas: a primeira verificou a confiabilidade das escalas empregadas no questionário e apontou possibilidades para sua melhoria; a segunda produziu indicadores para cada uma das nove escalas utilizadas e a terceira calculou o relacionamento entre elas. Foi utilizado para analisar os dados o software estatístico SPSS v. 20. 65

A confiabilidade das escalas é analisada por meio da verificação do coeficiente alfa, ou Alpha de Cronbach, que busca mostrar até que ponto a escala produz resultados consistentes (Malhotra, 2001). A produção dos indicadores é feita a partir da aplicação da técnica de Análise Fatorial, que é uma técnica de estatística multivariada que tem como objetivo principal descrever a variabilidade original do vetor aleatório X, em termos de um número menor de m variáveis aleatórias que estão relacionadas com o vetor original X através de um modelo linear (Mingoti, 2005). O modelo de mensuração utilizado é do tipo confirmatório, sendo especificado a priori pelo pesquisador os itens ou variáveis associadas a cada construto, a partir da teoria produzida sobre o assunto. O relacionamento entre as escalas ou construtos segue padrão estabelecido pelo modelo analítico especificado previamente. A natureza de relação nele encontrada é de dependência, de forma a se utilizar modelo de análise de regressão para a verificação se ocorre esta forma de relacionamento entre os construtos e, se ocorrer, mensurar a sua intensidade. A Tabela 15 apresenta a relação entre os construtos, sua descrição e as questões (Anexo VII) aos quais cada construto está ligado ao questionário aplicado através do site desenvolvido especialmente para esta pesquisa em: http://www.iideias.com/surveyuba.php?id=1&qid=13&qnu=1 Tabela 15 Construtos utilizados na pesquisa Construto Descrição Questões C1 Conhecimento Q21, Q26, Q22, Q2, Q27, Q1 C2 Custo Q14, Q30, Q15, Q16, Q9 C3 Cultura Q6, Q17, Q10 C4 Tempo Q19, Q20, Q8, Q18 C5 Infraestrutura Q13, Q12, Q11 C6 Desejo Q3, Q23, Q5, Q7, Q4 C7 IC Q25, Q24 C8 Inovação Q29 C9 DNP Q28 Nota. Fonte: elaborado pelo autor. 66

4.5.2 Análise de Confiabilidade A verificação da confiabilidade das escalas adotadas é feita por meio da análise do coeficiente alfa, ou Alpha de Cronbach, que pode variar de zero a um. Quanto maior é a medida, melhor é a sua confiabilidade e, de acordo com Malhotra (2001), valores inferiores a 0,6 indicam confiabilidade insatisfatória da consistência interna. Dos nove construtos do modelo, três apresentaram níveis satisfatórios de confiabilidade C4 (Tempo), C5 (Infraestrutura) e C6 (Desejo) e outros quatro não possuem o valor mínimo de referência para tal medida (Tabela 16). Ainda os construtos C8 (Inovação) e C9 (DNP) pelo fato de que são exigidos ao menos dois itens, ou questões, para o cálculo. De fato, os construtos C7 (IC), C8 (Inovação) e C9 (DNP) são os construtos objetivos da pesquisa, isto é, representam o uso qualificado que as empresas deveriam fazer da Internet e ao qual a pesquisa objetivou verificar ou confirmar. Ficou claro durante a execução da pesquisa que as empresas do polo não fazem nenhum uso da Internet para fins de IC, Inovação e DNP. Assim, o construto C7 (IC) passou a representar além de IC, também Inovação e DNP e contemplou as questões Q24, Q25, Q28 e Q29 (Anexo VII) e o objetivo da pesquisa passou a ser identificar o(s) motivo(s) pelos qual(is) a Internet é subutilizada pelas empresas do polo. 67

Tabela 16 Construtos e Alpha de Cronbach Construtos Número de itens Alpha de Cronbach C1 Conhecimento 6 0,587 C2 Custo 5 0,516 C3 Cultura 3 0,471 C4 Tempo 4 0,692 C5 Infraestrutura 3 0,602 C6 Desejo 5 0,814 C7 IC, Inovação e DNP 4 0,682 Nota. Fonte: Banco de dados da pesquisa. A alternativa utilizada para melhorar os coeficientes alfa dos construtos que não apresentam medidas satisfatórias de confiabilidade é a exclusão de iten(s). Considerando o primeiro construto, cujo Alpha de Cronbach é 0,587, a extração de dois itens Q21 e Q2 (Anexo VII) implica em aumento do coeficiente (Tabela 17). Feita a exclusão dos itens Q21 e Q2 (Anexo VII), o coeficiente alfa relacionado a esse construto, agora com quatro variáveis, passa a ser igual a 0,678. Tabela 17 Coeficiente Alpha de Cronbach para C1(Conhecimento) Item Alpha de Cronbach excluindo o item Q21,652 Q26,406 Q22,479 Q2,631 Q27,445 Q1,563 Nota. Fonte: Banco de dados da pesquisa. 68

Da mesma forma, permite-se ao construto C2 (Custo) aumentar seu coeficiente alfa a partir da exclusão das variáveis Q30 e Q9 (Anexo VII) ver Tabela 18. Feita a exclusão de ambos, o Alpha de Cronbach passa a ser 0,640. Tabela 18 Coeficiente Alpha de Cronbach C2 (Custo) Item Alpha de Cronbach excluindo o item Q14,294 Q30,552 Q15,452 Q16,413 Q9,536 Nota. Fonte: Banco de dados da pesquisa. O construto C3 (Cultura), associado ao construto Influência Social do UTAUT, apresenta coeficiente alfa igual a 0,471 e não apresenta nenhum item que possa ser excluído de forma que se aumente tal medida do construto (Tabela 19). Tabela 19 Coeficiente Alpha de Cronbach C3 (Cultura) Item Alpha de Cronbach excluindo o item Q6,427 Q17,373 Q10,319 Nota. Fonte: Banco de dados da pesquisa. Assim, o construto C3 (Cultura) foi desconsiderado na análise dos principais ofensores pelo não uso da Internet em atividades inovativas. 69

4.5 Análise Fatorial A segunda etapa consistiu em aplicar a técnica estatística de Análise Fatorial confirmatória, a partir da análise simultânea de todas as variáveis de forma a produzir uma medida que as represente conjuntamente. A validação é realizada por meio da aplicação do Teste de Esfericidade de Bartlett, que verifica se as variáveis de cada escala são correlacionadas entre si, e da medida de adequação da amostra Kaiser-Meyer-Olkin (KMO), que mostra coeficiente de ajuste dos dados ao modelo de análise fatorial. Valores desta medida na faixa de 0,5 podem exigir medidas de correção nos dados amostrais por meio da exclusão ou inclusão de novas variáveis, enquanto que coeficientes em torno de 0,9 seriam considerados excelentes (Mingoti, 2005). A aplicação da referida técnica junto aos seis construtos (foi desconsiderado o construto C3 (Cultura) pelo fato de não possuir medida satisfatória de confiabilidade da escala) apresenta a estatística KMO, o Teste de Bartlett e a variância total explicada pelo modelo (Tabela 20). Tabela 20 Estatísticas dos construtos Construto KMO Teste de Bartlett Variância explicada (%) C1 (Conhecimento) 0,542 0,000 52,5 C2 (Custo) 0,516 0,000 59,7 C4 (Tempo) 0,534 0,000 52,5 C5 (Infraestrutura) 0,593 0,002 56,5 C6 (Desejo) 0,771 0,000 58,7 C7 (IC, Inovação e DNP) 0,631 0,000 52,2 Nota. Fonte: Banco de dados da pesquisa. 70

A produção de medida única para cada um dos construtos é feita a partir da utilização das cargas fatoriais encontradas, de forma que as fórmulas 1 são mostradas adiante: C1 = [(0,875 x Q26) + (0,668 x Q22) + (0,861 x Q27) + (0,386 x Q1)] / 2,790 C2 = [(0,902 x Q14) + (0,530 x V15) + (0,834 x Q16) / 2,266 C4 = [(0,853 x Q19) + (0,611 x Q20) + (0,546 x Q8) + (0,837 x Q18)] / 2,847 C5 = [(0,831 x Q13) + (0,728 x Q12) + (0,688 x Q11)] / 2,247 C6 = [(0,766 x Q3) + (0,669 x Q23) + (0,660 x Q5) + (0,859 x Q7) + (0,852 x Q4)] / 3,806 C7 = [(0,733 x Q25) + (0,776 x Q24) + (0,739 x Q24) + (0,739 x Q29) + (0,634 x Q28) / 2,882 4.5.4 Análise de Regressão A partir das medidas referentes a cada construto que compõe o modelo analítico adotado, procede-se ao cálculo de todos os relacionamentos estabelecidos. Pela natureza de dependência das relações, foi utilizada a análise de regressão linear para se verificar o efeito de uma variável independente na variável dependente. A Figura 3 apresenta o modelo final juntamente com o coeficiente de regressão β e sua respectiva significância entre parênteses. Pode-se afirmar que o aumento de uma unidade no construto C6 (Desejo) representa um aumento de 0,569 no construto C7 (IC, Inovação, DNP). Por sua vez, o incremento de uma unidade no construto C1 (Conhecimento) representa um aumento de 0,535 no construto C6 (Desejo). Da mesma maneira, o construto C5 (Infraestrutura) aumenta, a cada unidade, 0,389 o construto C7 (IC, Inovação, DNP). 1 O denominador de cada construto é referente ao somatório de suas cargas fatoriais, o que estabelece que seus valores fiquem compreendidos no mesmo intervalo utilizado nas escalas de cada item (zero a seis). 71

Os resultados da pesquisa indicaram que a falta de conhecimento dos gestores sobre os temas IC, Inovação afetam o desejo (no sentido de iniciativa) de utilizar a Internet para fins inovativos. A infraestrutura é apontada como ofensor secundário para o não uso. Curiosamente, as relações mais fortes ocorreram entre dois construtos baseados nos construtos moderadores do UTAUT (experiência do indivíduo e a voluntariedade do uso) e não entre os quatro construtos independentes. O construto C1 (Conhecimento) visou mapear o conhecimento dos gestores nos temas IC e Inovação voltada para o DNP. O resultado obtido confirma a literatura (Sakamoto, 2011; PINTEC, 2011; Oliveira, 2011) que indicam que as PMEs e, em especial, as do polo de Ubá não possuem alta capacidade inovadora. Esta lacuna de conhecimento acaba por afetar o desejo das PME em utilizar a Internet como meio inovativo. 72

Figura 3. Representação do resultado de pesquisa Entretanto, o subconjunto das MPEs e PMEs pesquisadas contrariou Oliveira (2011) em relação à formação dos gerentes. A pesquisa de Oliveira (2011) indicou a baixa formação acadêmica dos gestores do polo de Ubá, enquanto que a amostra que compôs o presente survey conseguiu alcançar profissionais bem mais qualificados. A suposta contradição pode ser explicada pela amplitude dos trabalhos. Esta pesquisa acabou restrita às empresas de maior porte e faturamento, o que consequentemente deve atrair profissionais de melhor formação. Portanto, este trabalho não pode ser entendido como um contra-argumento à Oliveira (2011). O fato concreto é que os gestores não podem desejar implementar processos e práticas gerenciais que eles nem ao menos conhecem. Neste ponto, os órgãos de fomento (INTERSIND, SEBRAE e FIEMG) poderiam criar 73

um plano para desenvolvimento dos gestores e diretores das empresas do polo, visando informálos dos benefícios da IC e dos processos inovativos baseados na Internet. Interessante notar que a pergunta Q1 (Anexo VII) indicou uma concentração do nível de concordância média à afirmação 1. É fundamental para o futuro da empresa empreender atividades em Inteligência Competitiva e Inovação. A média ficou em 5,2115, ou seja, algo entre concordo e concordo totalmente. Os respondentes também informaram opções neutro e concordo parcialmente, quando perguntados se conheciam IC (Q26) e Inovação (Q27), indicando terem baixo conhecimento sobre os assuntos. Assim, os gestores do polo têm consciência da importância dos temas IC e Inovação, porém podem não estar tão confiantes na maneira de implementar processos sistemáticos nestas áreas devido ao desconhecimento sobre os assuntos. As respostas das questões Q21 e Q22 indicam que as PMEs apontam a falta de qualificação da mão de obra como um empecilho para uma melhor utilização da Internet, mas que elas não estão dispostas a treinar as suas equipes nestes temas. Existe claramente uma conexão com a literatura sobre a questão da forma de como auxiliar as PMEs via consultorias (Edwards, Delbridge, & Munday, 2005; Scozzi & Garavelli, 2005). A lacuna de conhecimento identificada acabou por se refletir no construto C6 (Desejo ou Intenção de Uso) que teve como objetivo identificar o quão válido e útil seria utilizar a Internet. Paradoxalmente as questões Q3, Q4, Q5, Q7 e Q23 tiveram alto grau de concordância a respeito da importância e utilização da Internet como meio de comunicação pela empresa. Este fato reforça o entendimento que os gestores, embora reconhecendo a importância da Internet para o 74

seu negócio, desconhecem os fundamentos dos temas IC e Inovação, não reconhecendo as potencialidades do uso a Internet para estes fins. As questões relacionadas ao construto C5 (Infraestrutura de TI) buscaram identificar os seguintes aspectos: se o acesso a Internet é eficiente e de boa qualidade; se a empresa já faz algum uso mais elaborado da Internet e a empresa possui alguma organização do departamento de TI (Tecnologia da Informação) com competência para suportar um uso mais eficiente da Internet. O construto C5 está associado ao construto condições facilitadoras original do UTAUT. Quanto ao acesso a Internet, a região é suprida por três companhias de acesso via rádio. As respostas tiveram uma média de 4,4808 e desvio padrão de 1,2125 indicando um resultado entre concordo parcialmente e concordo para a questão Q11 (Anexo VII), ou seja, o acesso a Internet não foi apontado como um problema, corroborando o resultado em linha com o observado na pesquisa do Observatório das Micro e Pequenas Empresas (SEBRAE/SP, 2008). Já a Q12 (Anexo VII) apresentou média de 3,8077 e desvio padrão de 2,0488 indicando uma resposta entre posição neutra e concordo parcialmente quanto ao desenvolvimento de ferramentas de comércio eletrônico, catálogo eletrônico de produtos, ferramentas para cotação de preços e opções em comércio eletrônico. De fato, a observação e análise dos sites das empresas indicou que eles são bastante elementares, possuindo apenas a função de catálogo eletrônico de produtos. Assim, a resposta encontrada está coerente com a observação feita. Este resultado vem reforçar o PINTEC (2011) que indica que a inovação na indústria é usualmente buscada via aquisição de novos equipamentos e maquinário. Para a amostra analisada, o investimento em um 75

website mais moderno, atrativo e pleno de funcionalidades para clientes e fornecedores parece não estar entre as prioridades. Em relação a Q13 (Anexo VII), os resultados foram semelhantes ao da Q12, ou seja, média de 3,8462 e desvio padrão de 1,9239, respostas oscilando entre neutro e concordo parcialmente Portanto, as empresas não apresentam um departamento de TI suficientemente organizado para suportar atividades mais sofisticadas executadas na Internet. O resultado confirma a visão de Nadaes & Borges (2005) que afirmam que as PMEs precisam desenvolver uma cultura voltada para o gerenciamento da informação. A saída mais eficiente para esta lacuna poderia ser dada por consultorias externas, trazendo a discussão de Edwards, Delbridge, & Munday (2005) e Scozzi & Garavelli (2005) sobre como fornecer ajuda as PMEs via consultorias. 76

5 CONCLUSÕES Esta pesquisa surgiu da constatação da expansão do uso da Internet pelas PMEs no país. É um recurso acessível, de baixo custo e à disposição das empresas tanto em âmbito nacional quanto no âmbito das empresas que formam o polo moveleiro de Ubá/MG. Por outro lado, as MPEs e PMEs possuem escassez de recursos, sofrem com a ausência de mão de obra qualificada, mas são potencialmente mais inovadoras que as grandes empresas devido à sua forma organizacional mais simplificada. A Internet é um meio reconhecidamente importante para a execução de atividades em IC e Inovação, além das atividades tradicionais de comunicação, comércio e atendimento eletrônicos. Portanto, é razoável imaginar que as PMEs deveriam utilizar a Internet para fins de inovação, mas estranhamente não o fazem. A pesquisa vislumbrou entender esse cenário. A fim de viabilizar a pesquisa e obter o maior rigor científico possível, buscou-se adaptar o UTAUT, que é um modelo integrativo amplamente reconhecido e aceito para medir a aceitação e uso de uma tecnologia, à realidade da pesquisa. Assim, a pesquisa partiu das hipóteses iniciais sobre quais poderiam ser os motivadores para o não uso eficiente da Internet. Estas hipóteses surgiram da análise do UTAUT bem como de informações obtidas no referencial teórico analisado. O caráter exploratório da pesquisa, que visava encontrar respostas a um fenômeno amplo que atinge a uma população de empresas em uma área geográfica relativamente grande, acabou por ditar a forma de implementação a ser adotada. O survey foi escolhido por atender a estas características. Adicionalmente, levantamento feito por Bobsin et al. (2009), em uma base de dados internacional considerando os principais periódicos em Sistemas de Informação, mostrou que todas as pesquisas envolvendo o UTAUT até então haviam sido feitas por meio de survey. 77

A operacionalização do survey se deu por meio da construção de um website. As empresas e profissionais do polo foram convidados a responder a pesquisa. Eles foram identificados nos sites das empresas, das principais redes sociais Facebook e Linkedin e pelos organismos de fomento local (INTERSIND e SEBRAE). Após a aplicação do questionário, os dados obtidos foram analisados utilizando técnicas de AFE e os resultados finais foram apurados. Assim, este trabalho analisou o uso que as PMEs do polo moveleiro de Ubá fazem da Internet e concluiu que os dois principais motivadores para a não utilização da Internet como ferramenta para atividades em IC e Inovação são: primeiramente, o desconhecimento dos conceitos e processos relacionados aos temas e a importância deles para o negócio. Tal desconhecimento pode ser consequência do nível precário de formação dos gestores das PMEs do polo (Oliveira, 2011). As PMEs precisam compreender os principais conceitos e processos em IC e Inovação e, principalmente, enxergar benefícios na utilização dessas práticas para os negócios da empresa. Secundariamente, existe uma carência de infraestrutura de TI que possa suportar as PMEs nestas atividades. Embora as PMEs possuam acesso a Internet considerado de boa qualidade, elas carecem de maior organização e competência em TI para suportar atividades em IC e Inovação baseadas na Internet. Em suma, o uso da Internet não é percebido pelas empresas do polo como estratégico do ponto de vista do monitoramento do ambiente competitivo, da percepção de ameaças e oportunidades ao negócio, do desenvolvimento de novos produtos, processos, serviços e modelos de negócios. Paradoxalmente, os respondentes afirmaram ser muito importante o uso da Internet. Isso induz a conclusão de que as empresas sabem que a Internet é uma ferramenta útil, porém eles não sabem exatamente como extrair o máximo dessa plataforma. 78

Segundo Bessant et al. (2008), o uso da Internet para inovação representa um desafio para as empresas de grande porte e, possivelmente, uma questão de sobrevivência para os pequenos negócios. Buscar a inovação via Internet pode revolucionar o mercado moveleiro, trazer vantagem competitiva ao APL de Ubá/MG e colocá-lo a frente do mercado tanto no País quanto no exterior. Para tal, seria importante estreitar a rede de conexões entre as empresas do polo e fomentar o desenvolvimento de uma plataforma de serviços voltada para a construção, comercialização e divulgação dos produtos. Este trabalho indica que há necessidades não atendidas em relação ao tema da pesquisa e que podem ser melhor exploradas em diversas áreas (fomento, acadêmica e novos negócios) tais como: Oportunidade para desenvolvimento das PMEs do polo - as empresas carecem de maior conhecimento sobre os temas IC, Inovação e as vantagens em sua utilização em seus processos de negócio; Perspectivas para trabalhos acadêmicos futuros - a imensa maioria das MPEs (aproximadamente 85% delas) do polo ainda não faz qualquer uso da Internet. Assim, um novo survey poderia ser feito para compreender esse fenômeno; Oportunidade para atuação de consultorias como as PMEs possuem limitados recursos, sofrem com mão de obra escassa e desqualificada (Brio e Junquera 2003, Oliveira 2011, Sakamoto 2011), abre-se espaço para a atuação de consultorias que possam oferecer serviços relacionados aos temas no modelo pague-pelo-uso em que as PMEs teriam a disposição serviços em IC e ferramentas voltadas para Inovação. 79

Parece certo que o ponto de partida para melhorar o uso da Internet e o correspondente desenvolvimento das PMEs do polo é difundir o conhecimento em IC e Inovação e criar mecanismos de suporte, especialmente em TI, ao seu uso. As limitações da pesquisa estão relacionadas ao nível dos respondentes da amostra que em sua maioria possuem nível superior ou pós-graduação divergindo, portanto do perfil empresarial mais básico encontrado por Oliveira (2011). Este fato confirma o que foi descrito por Eysenbach e Wyatt (2002) que indica que a pesquisa, via Internet, pode não representar a população. A pesquisa focou na figura do gerente, conforme sugerido por Tan & Arnott (1999), mas obteve muitas respostas de designers e isso pode ser explicado pela grande importância desses profissionais nas atividades de inovação e desenvolvimento de novos produtos nas empresas do setor moveleiro. A forma de implementação da pesquisa, via website, afastou a participação dos gestores das MPEs do polo que não tem acesso ou não fazem uso algum da Internet. Por outro lado, o modo de contato dos respondentes por meio de redes sociais como o Linkedin se mostrou bem mais efetivo do que os contatos por e-mail, ficando assim uma recomendação de uso desse modo para surveys baseados na Web. Pode-se supor que o cenário de não uso da Internet para fins de IC e Inovação no polo moveleiro seja ainda mais desanimador, visto que a amostra pesquisada apresentou gestores mais plugados a Internet e com formação acima da média encontrada por Oliveira (2011). Por opção do pesquisador, o questionário foi aplicado via Internet, portanto, somente as empresas com acesso a rede poderiam respondê-lo. Os convites para participação na pesquisa foram enviados a aproximadamente 15% das MPEs e PMEs do polo. O contato por telefone se mostrou infrutífero. Assim, apenas esse percentual das empresas pode ser alcançado de alguma forma via Internet. 80

Outro ponto de restrição foi assumir que os respondentes ao menos já ouviram falar de IC e Inovação. Assim, nenhum texto explicativo ou nenhuma orientação sobre esses assuntos foi feita. Desta forma, a pesquisa acabou por atingir uma elite de empresas do polo e, portanto, não pode ser considerada um retrato da utilização da Internet pelas PMEs e MPEs da região, mas sim um retrato da utilização das empresas que mais despontam em termos de uso da Internet. Este fato de certa forma é desolador, pois, nem mesmo entre as melhores, foi identificado um uso efetivo da Internet para fins de IC e inovação, que poderia representar uma enorme oportunidade de desenvolvimento e melhoria a baixo custo para estas empresas. A adoção de práticas de IC e inovação suportadas pela Internet é uma possibilidade concreta e potencialmente acessível que contribuiria para a melhoria de processos, DNP e gestão estratégica das empresas do polo. O cenário atual indica que as empresas podem estar perdendo uma grande oportunidade ao não explorar esse recurso enquanto continuam a gerir os negócios atrelados a modelos produtivos tradicionais. Usar a Internet como plataforma para IC e inovação é uma prática que deve ser adotada pelas PMEs e apoiada pelos órgãos de fomento regionais. A relação entre os custos e os benefícios associados com tal iniciativa indica que é o momento de investir sob pena de solapar a capacidade competitiva e perder mercado para outros APLs ou mesmo indústrias internacionais. Segundo frase atribuída a Peter Drucker: Existem dois tipos de riscos: Aqueles que não podemos nos dar ao luxo de correr e aqueles que não podemos nos dar ao luxo de não correr. Certamente, deixar de utilizar a Internet como plataforma de apoio à Inteligência Competitiva e à Inovação constitui um risco que não deveria estar sendo corrido pelas empresas do polo moveleiro de Ubá. A inclusão digital das empresas do polo não compreende apenas o acesso a Internet, mas a plena formação e conscientização dos seus gestores dos parâmetros de competitividade em uma 81

economia digital. Como é característico da Sociedade da Informação e do Conhecimento, o acesso à tecnologia não constitui fator diferencial, mas sim o seu uso pleno e consciente. A questão que se coloca é a viabilização da sobrevivência das empresas em um ambiente globalizado e integrado pela Internet. 82

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ANEXOS I. Formulário de solicitação de informações a JUCEMG Figura 4. Formulário de solicitação de informações a JUCEMG. Fonte: JUCEMG/2014. 90

II. Códigos CNAE (Classificação Nacional de Atividades Econômicas) Pesquisa por: 3101-2/00 Código Descrição CNAE Registros Encontrados: 62 3101-2 ARCAS DE MADEIRA DE USO RESIDENCIAL, FABRICAÇÃO DE 3101-2 ARMÁRIOS DE MADEIRA, FABRICAÇÃO DE 3101-2 ARMÁRIOS MODULADOS DE MADEIRA, FABRICAÇÃO DE 3101-2 ARQUIVOS DE MADEIRA, FABRICAÇÃO DE 3101-2 BALCÕES DE MADEIRA SEM INSTALAÇÕES FRIGORÍFICAS, FABRICAÇÃO DE 3101-2 BANCADAS DE MADEIRA, FABRICAÇÃO DE 3101-2 BANCOS DE MADEIRA, FABRICAÇÃO DE 3101-2 BANCOS E BANQUETAS DE MADEIRA, FABRICAÇÃO DE 3101-2 BANHEIROS PLANEJADOS (EM MADEIRA), FABRICAÇÃO DE 3101-2 BAÚ, FABRICAÇÃO DE 3101-2 BELICHE DE MADEIRA, FABRICAÇÃO DE 3101-2 BERÇOS DE MADEIRA, FABRICAÇÃO DE 3101-2 BI-BOX (BICAMA) EM MADEIRA, FABRICAÇÃO DE 3101-2 BICAMA DE MADEIRA, FABRICAÇÃO DE 3101-2 CADEIRA GIRATÓRIA DE MADEIRA, FABRICAÇÃO DE 3101-2 CADEIRA LONGARINA DE MADEIRA, FABRICAÇÃO DE CADEIRAS DE MADEIRA PARA BARBEIROS E CABELELEIROS,FABRICAÇÃO 3101-2 DE 3101-2 CADEIRAS DE MADEIRA PARA PRAIA, FABRICAÇÃO DE 3101-2 CADEIRAS DE MADEIRA, FABRICAÇÃO DE 3101-2 CAIXAS DE MADEIRA PARA COLETA DE ROUPA SUJA, FABRICAÇÃO DE 3101-2 CAIXAS E GABINETES DE MADEIRA PARA RÁDIOS, TELEVISORES, MÁQUINAS DE COSTURA, ETC, FABRICAÇÃO DE 3101-2 CAMA-BAÚ EM MADEIRA, FABRICAÇÃO DE 3101-2 CAMAS DE MADEIRA, FABRICAÇÃO DE 3101-2 CAMAS-BELICHE DE MADEIRA, FABRICAÇÃO DE 3101-2 CAMISEIROS (MOVEIS), FABRICAÇÃO DE Figura 5. Descrição do código 3101-2/00. Fonte: http://www.cnae.ibge.gov.br/ 91

Pesquisa por: 3102-1 Registros encontrados: 25 Código Descrição CNAE 3102-1 ARMÁRIOS METÁLICOS, FABRICAÇÃO DE 3102-1 ARQUIVOS METÁLICOS, FABRICAÇÃO DE BALCÕES METÁLICOS SEM INSTALAÇÕES FRIGORÍFICAS, FABRICAÇÃO 3102-1 DE 3102-1 BANCADAS METÁLICAS, FABRICAÇÃO DE 3102-1 BANCOS METÁLICOS, FABRICAÇÃO DE 3102-1 BANHEIROS PLANEJADOS (EM METAL), FABRICAÇÃO DE 3102-1 BELICHE DE FERRO TUBULAR, FABRICAÇÃO DE 3102-1 BICAMA METÁLICA, FABRICAÇÃO DE 3102-1 CADEIRA GIRATÓRIA DE METAL, FABRICAÇÃO DE 3102-1 CADEIRA LONGARINA DE METAL, FABRICAÇÃO DE 3102-1 CADEIRA PARA BEBE, PARA VEICULO, FABRICAÇÃO DE 3102-1 CADEIRAS DE METAL PARA PRAIA, FABRICAÇÃO DE CADEIRAS METÁLICAS PARA BARBEIROS E CABELELEIROS, 3102-1 FABRICAÇÃO DE 3102-1 CADEIRAS METÁLICAS, FABRICAÇÃO DE 3102-1 CAMA DOBRÁVEL EM FERRO TUBULAR, FABRICAÇÃO DE 3102-1 CAMAS METÁLICAS, FABRICAÇÃO DE 3102-1 CONJUNTO COPA, DE METAL, FABRICAÇÃO DE 3102-1 CONJUNTO ESTOFADO EM METAL, FABRICAÇÃO DE 3102-1 COZINHAS PLANEJADAS (EM METAL), FABRICAÇÃO DE 3102-1 DORMITÓRIO METÁLICO, FABRICAÇÃO DE 3102-1 ESTANTE RACK DE METAL, FABRICAÇÃO DE 3102-1 ESTANTES METÁLICAS, FABRICAÇÃO DE 3102-1 GABINETES DE METAL, FABRICAÇÃO DE GÔNDOLAS E OUTRAS INSTALAÇÕES COMERCIAIS SEMELHANTES DE 3102-1 METAL 3102-1 LATERAL (MESINHA) DE METAL, FABRICAÇÃO DE Figura 6. Descrição do código 3102-1/00. Fonte: http://www.cnae.ibge.gov.br/ 92

III. Questionário disponibilizado na Internet Figura 7. Questionário página 1. Fonte: site da pesquisa. 93

Figura 8. Questionário página 2. Fonte: site da pesquisa. 94

Figura 9. Questionário página 3. Fonte: site da pesquisa. 95

Figura 10. Questionário página 4. Fonte: site da pesquisa. 96

V. Empresas cadastradas no INTERSIND ARTE MÓVEIS João Padilha Teixeira ART & LUXO Art & Luxo Móveis Ltda APOLO - Indústria de Móveis Apolo S/A ALBANO Albano Móveis de Aço Ltda - ME ACQUARELLA - Móveis Acquarella Ubaense Ltda - ME ACÁCIA MÓVEIS LTDA ME BOM PASTOR Móveis B.P. Ltda BOARETO - S.B. Transp. Ind.e Com. de Ubá Ltda. BM BM Tubulares Ltda BIANCHI - Bianchi Ind. e Com. de Móveis Ltda BETTIO - Primóbile Ind. e Transp. de Móveis Ltda. B.M.C BMC Máquinas e Equipamentos Ltda CORBELLI E PEREIRA - Corbelli e Pereira Ltda CEL Cel Móveis Ltda CASA NOBRE Casa Nobre Ind. e Com. Ltda CAROLINA BABY CARIOCA - Carioca Móveis Ind. Comércio Ltda DIOSSIL - Diossil Indústria de Móveis Ltda DIMETAL Dimetal Acessórios de Ubá EPP DELLARI Dellari Ind. de Móveis de Metal Ltda. DECOR - Júlio Sérgio de Araújo Jr. e Cia Ltda. ME D DORO Dahier Musse Ind. e Comércio EUROPA - Ind. e Comércio de Móveis Europa Ltda. ESTRELA DE MINAS- Estrela de Minas Ind. de M. de M ESTOFART - Almar Ind. e Com. de Estofados Ltda ESTOFADOS SUPREMA Mauad Moveis Ltda EQUILÍBRIO - EQUILÍBRIO MÓVEIS SG LTDA FRATELLI INDÚSTRIA DE ESTOFADOS FAGUS - Ind. Móveis Rodrigues e Moura Ltda. GRUPO RUFATO LTDA GREICE - Greice Móveis Ltda HELMIX Helmix Móveis e Estofados Ltda EPP ITATIAIA - Itatiaia Móveis S.A. JOSEP Móveis Josep Ltda JCM Movelaria KIPLAC Kiplac Ind. e Comércio e Transportes Ltda KASLIANC Kaslianc Móveis Tubulares Ltda KAIKI Kaiki Móveis Industria e Comercio Ltda LUMAFER MOVEIS LTDA LUFER Lufer Ind. e Com. Moveis e Estofados LOURO - Louro Móveis Ltda LOPAS - Com. Ind. Transp. Lopas Ltda LEIFER MÓVEIS 97

LARA - Lara Móveis Ltda LANES - Lanes Móveis Ind. e Com. Ltda L.J. Móveis Ltda MOVELANO Movelano Ind. de Móveis Ltda MODECOR - Modecor Ind. e Com. Ltda MN ESTOFADOS MINASTEX BENEFICIAMENTO DE MADEIRAS LTDA MINAS OFFICE IND. E COM. DE MÓVEIS LTDA EPP MÓVEIS PLATAFORMA LTDA MAVAULAR MÓVEIS E TRANSPORTE LTDA MATOS E LOPES- Móveis Matos e Lopes Ltda MAGUIMOVEIS - Daniel Paiva Magalhães e Cia Ltd MADMELOS IND. DE MÓVEIS DE METAL LTDA. EPP MADEMÓVEIS - Mademóveis Ind. e Com. Ltda MADEMARQUES - Mademarques Móveis Ltda M.C - M.C. Móveis Ltda NOVO HORIZONTE - Móveis Novo Horizonte Ltda NOVA AMÉRICA - Móveis e Estof. Nova América de Ubá N A ANDRADE - N A Andrade e CIA.LTDA PLAMA - Indústria de Móveis Plama Ltda PHOENIX Rodrigo Soares Azevedo- EPP PAROPAS Ind. e Com. Copas S.A PARMA Parma Móveis Ltda PAONANDA LTDA. PAOLIANA - Paoliana Ind. e Com. Ltda. PALMEIRA - Palmeira Ind. e Com. de Móveis Ltda RONDOMÓVEIS - Rondomóveis Ltda RODMIX Rodmix Móveis Ltda SPERANDIO Sperandio Ind. e Transp Ltda SOL MÓVEIS- Sol Móveis Solução Ltda SILMAG ESTOFADOS Silmag Ind. e Com de Móveis SIER- Sier Móveis Ltda SALLETO- Salleto Industria e Comércio de Móveis SALA ESTOFADOS LTDA SAGITARIUS TUBULARES TUBULARES TEIXEIRA - Tubulares Teixeira Ltda TUBULARES GOL IND. COM. IMP. E EXP. DE MÓVEIS LTDA TRIUNFO INDÚSTRIA DE MÓVEIS TUBULARES (TORNESSOL) TRADIÇÃO- Ind. e Com. de Móveis Tradição Ltda THINASSI Thinassi Móveis Ltda TCIL Tcil Móveis Ltda UNIERRE-Unierre Móveis Ltda VALVERDE - Valverde Indústria e Transporte Ltda VALDEMÓVEIS- Valdemóveis Ind. de Móveis Ltda Wilmar Móveis Ltda. EPP ZARB Zarb Móveis Ltda 98

VI. Empresas com páginas na rede social Facebook. 1. Acquarella stofados 2. Amatto Móveis 3. Augusto Damas 4. Candian Móveis 5. Carioca Móveis 6. Casa Nobre 7. Decorare Interiores 8. Del Rey Interiores 9. Dellari Móveis 10. Diviscrita Móveis 11. Duda Móveis 12. Eletro Economico 13. Elo Móveis 14. Estofados Fratelli 15. Estofart Estofados 16. Estofartes 17. Fagus 18. Fagus Marcenaria 19. Gustavo Estofart 20. IMOP Móveis 21. JCM Movelaria 22. Kaiki Móveis 23. Lar Nobre 24. LaraMoveis 25. Leifer Móveis 26. Luca s Móveis 27. Ludmila Sperandio 28. Lufer Estodados 29. Lumafer móveis 30. Mademóveis 31. Maguimóvel 32. Marco Pollo Interiores 33. Marina Fagus 34. Mateus Parma 35. Mavaular Móveis 36. MC Móveis Planejados 37. MN Móveis Sob Medida 38. Modecor Móveis 39. Moveis Matos e Lopes Ltda 40. Móveis Apolo 99

41. Moveis Bom Pastor 42. Móveis Everest 43. Móveis Lopas 44. Moveis Plameira 45. Moveis Rufato 46. Móveis Tradição 47. Movelano Design 48. Nivea Thinassi Carneiro 49. Nova America 50. Novo horizonte moveis 51. Odair Josep Alves da Silva 52. Perin Móveis 53. Rafael Boia Móveis 54. Rodmix Móveis 55. Rondomoveis 56. Sagitarius Tubulares 57. Salleto Móveis 58. Silmag Estofados 59. Sol Móveis 60. Sol Móveis Solução 61. SPJ Móveis Planejados 62. Taylor Louro 63. TCIL Móveis 64. TigusBaby 65. Tubulares Teixeira 66. Ubá Móveis 67. Uniart Estofados 68. Unierre Moveis 69. Unierre Planejados 70. Villa Décor 71. WG Móveis Planejados 72. Zarb Móveis 100

VII. Questionário Aplicado através da url: http://www.iideias.com/surveyuba.php?id=1&qid=13&qnu=1 É fundamental para o futuro da empresa empreender atividades em Inteligência Competitiva e 1 Inovação Considero muito importante criar novos produtos e serviços em conjunto com outras empresas e 2 fornecedores A Internet é o principal meio para troca de conhecimento e comunicação com outras empresas e 3 fornecedores A Tecnologia da Informação e a Internet são ferramentas fundamentais para o desenvolvimento da 4 empresa 5 Uso diariamente computadores e a Internet em atividades profissionais e de lazer Utilizo diariamente planilhas eletrônicas, banco de dados e sistemas gerenciais como ferramentas 6 para o desenvolvimento do meu trabalho Tenho conhecimento para fazer uma pesquisa eficiente sobre assunto específico usando os 7 mecanismos de busca 8 Os gerentes da empresa executam pesquisas na Internet visando melhoria dos processos produtivos A cultura de investimentos da empresa (proprietários e diretores) prioriza a aquisição de máquinas 9 e equipamentos 10 O modelo de negócios atual da empresa tem como base o desenvolvimento de novos produtos 11 O acesso a Internet a partir da empresa onde trabalho é eficiente e de boa qualidade O site da empresa possui recursos de comércio eletrônico (catálogo de produtos, cotação de preços 12 e opções em comércio eletrônico) A empresa possui departamento de Tecnologia da Informação organizado capaz de prover o 13 suporte as atividades O custo de infraestrutura de Tecnologia da Informação para acessar a Internet e processar dados é 14 muito elevado Existem empresas terceiras especializadas em pesquisas na Internet e com custo acessível a uma 15 Pequena e Média Empresa O custo para contratar/treinar/reter pessoal qualificado para exercer atividades relacionadas a 16 Internet é elevado As atividades operacionais e administrativas são o foco do meu trabalho e tomam a maior parte do 17 meu tempo na empresa 18 Os colaboradores da empresa possuem tempo disponível para utilizar a Internet Consigo facilmente redistribuir minhas atividades entre outros colegas para ter tempo de me 19 dedicar a atividades na Internet A contratação de consultores externos voltados para atividades em Inteligência Competitiva é 20 plenamente viável para a empresa A falta de qualificação dos colaboradores impede o melhor uso da Internet para fins de Inteligência 21 Competitiva e Inovação 22 A empresa está disposta a treinar colaboradores nas áreas de Inteligência Competitiva e Inovação A Internet é um canal fundamental de informações sobre concorrentes, feiras, exposições e 23 Governo Acompanhar os passos do governo, concorrentes, fornecedores e clientes é fundamental para o 24 negócio da empresa 101

Acompanhamos pela Internet os principais eventos e feiras de móveis que acontecem no pais e/ou 25 no exterior 26 Conheço os principais conceitos e processos relacionados ao tema Inteligência Competitiva 27 Conheço os principais conceitos e processos relacionados ao tema Inovação 28 A empresa possui processos definidos para o desenvolvimento de novos produtos 29 A empresa deve ter como prioridades gerar novos produtos e aprimorar os processos produtivos A empresa reserva recursos humanos e financeiros para o Desenvolvimento de Novos Produtos e a 30 melhoria de processos produtivos 31 Minha empresa está localizada no Polo Industrial de Ubá/MG 32 Minha empresa atua no ramo de fabricação de móveis? 33 Participo de atividades de desenvolvimento de novos produtos e/ou processos na empresa 34 Faixa de faturamento da empresa 35 Número de funcionários 36 Minha faixa etária 37 Formação acadêmica 38 Meu cargo 39 Meu e-mail Escala para as questões de 1 a 30: Considere a escala: 0-Discordo Totalmente ate 6-Concordo Totalmente 0 1 2 3 4 5 6 Escala para as questões 31 a 33 SIM NAO Questão 34 (opções) Questão 35 (opções) 102

Questão 36 (opções) Questão 37 (opções) Questão 38 (opções) 103