1 DIREITO CONSTITUCIONAL PONTO 1: Limites e Restrições dos Direitos Fundamentais PONTO 2: Controle de Constitucionalidade - introdução 1) LIMITES E RESTRIÇÕES DOS DIREITOS FUNDAMENTAIS: Os direitos fundamentais têm limites e restrições, ou seja, há um núcleo essencial informado pela dignidade da pessoa humana (proibição do retrocesso), que não permite atingilos. Pois a regra é de que nenhum direito é absoluto. excessos. Nesse contexto, é importante o princípio da proporcionalidade a fim de que aponte os Classificação quanto às restrições: 1) RESTRIÇÕES EXPRESSAS: Quando a própria CF cuida expressamente acerca daquele limite. O princípio da reserva legal. A própria lei vai restringir. - Restrições Diretas: própria CF consagra o direito e já menciona a sua limitação. CF, Art.5º, IV - é livre a manifestação do pensamento, sendo vedado o anonimato. Primeira parte: o direito e, a segunda parte: a limitação. Quanto às denúncias anônimas para a autoridade policial, o Delegado não pode imediatamente instaurar um inquérito policial. O mesmo ocorre com as declarações anônimas feitas ao Tribunal de Contas, irá ser nomeada uma auditoria para apurar aquele fato. O STF menciona que essas denúncias anônimas permitem que se proceda as investigações. Se desses atos investigatórios surjam ilícitos, fica autorizada a autoridade policial a instaurar o procedimento adequado. (Medida cautelar deferida no H.C. 100.042). CF, Art.5º, XI - a casa é asilo inviolável do indivíduo, ninguém nela podendo penetrar sem consentimento do morador, salvo em caso de flagrante delito ou desastre, ou para prestar socorro, ou, durante o dia, por determinação judicial. A inviolabilidade do domicilio não é um direito absoluto, porém é autorizada nos casos mencionados no artigo.
2 - CF, Art.5º, XVI - todos podem reunir-se pacificamente, sem armas, em locais abertos ao público, independentemente de autorização, desde que não frustrem outra reunião anteriormente convocada para o mesmo local, sendo apenas exigido prévio aviso à autoridade competente. - CF, Art.5º, XVII - é plena a liberdade de associação para fins lícitos, vedada a de caráter paramilitar. - CF, Art.5º, XXII - é garantido o direito de propriedade. - CF, Art.5º, XXIII - a propriedade atenderá a sua função social. social. A CF consagra direito de propriedade e já impõe o seu limite que é cumprir a função - CF, XLVII - não haverá penas: a) de morte, salvo em caso de guerra declarada, nos termos do art. 84, XIX. - Indiretas: A CF consagra o direito e autoriza a Lei restritiva. Exemplos: - Art. 5º, XIII, CF autorização que a lei exigir exigindo qualificações profissionais. CF, Art.5º, XIII - é livre o exercício de qualquer trabalho, ofício ou profissão, atendidas as qualificações profissionais que a lei estabelecer; A lei poderá restringir o direito fundamental, desde que observado o principio da proporcionalidade. CF, Art.5º, XV - é livre a locomoção no território nacional em tempo de paz, podendo qualquer pessoa, nos termos da lei, nele entrar, permanecer ou dele sair com seus bens. CF, Art.5º, VI - é inviolável a liberdade de consciência e de crença, sendo assegurado o livre exercício dos cultos religiosos e garantida, na forma da lei, a proteção aos locais de culto e a suas liturgias. CF, Art.5º, LVIII - o civilmente identificado não será submetido a identificação criminal, salvo nas hipóteses previstas em lei; (Regulamento).
3 2) LIMITES IMANENTES OU IMPLICITOS: São aqueles que decorrem do aparente conflito entre direitos fundamentais. Quando a CF consagra os direitos, mas não de forma expressa, sendo identificados em cada caso concreto. Assim, com o auxilio do princípio da proporcionalidade se constata qual a eficácia de cada direito fundamental. Exemplos: CF, Art.5º, IX - é livre a expressão da atividade intelectual, artística, científica e de comunicação, independentemente de censura ou licença. Não há de forma expressa qualquer restrição, apenas consagrando a liberdade de expressão, parecendo ser direito absoluto. Porém, deverá conviver com outros direitos, como por exemplo, no art. 5º, X, CF. CF, Art.5º, X - são invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra e a imagem das pessoas, assegurado o direito a indenização pelo dano material ou moral decorrente de sua violação. Assim, ao mesmo tempo, protege a intimidade dos indivíduos, devendo ser conciliados dois direitos antagônicos, com o auxílio da proporcionalidade (ponderação). CF, Art. 5º, LXIII - o preso será informado de seus direitos, entre os quais o de permanecer calado, sendolhe assegurada a assistência da família e de advogado. O STF se manifestou não ser um direito absoluto. Nas CPIs, as partes tem feito H.C. preventivo, para que não seja obrigado a prestar informações daquilo que lhe for auto-incriminar. Nos casos da limitação implícita pode haver lei restringida quando a CF não restringir? Alguns autores entendem que não. Porém, outros entendem que sim, não sendo abusivo quando a lei for de acordo com a interpretação dada pelo STF. CF, Art.5º, XII - é inviolável o sigilo da correspondência e das comunicações telegráficas, de dados e das comunicações telefônicas, salvo, no último caso, por ordem judicial, nas hipóteses e na forma que a lei estabelecer para fins de investigação criminal ou instrução processual penal. Não há restrição direta ou indireta.
4 (H.C 70.814 do STF, ano de 1994)- há uma lei que diz que é possível interceptar a correspondência no caso dos presídios. O STF refere que é constitucional, pois fundada em outros princípios que incidem, como segurança publica, disciplina prisional e ordem jurídica. Admitiu-se essa restrição sendo adequada. (art. 41, parágrafo único 1, LEP). - Cláusulas de Reserva Judicial ou Jurisdicional: Alguns direitos fundamentais em face de sua importância recebem um tratamento, uma proteção especial. Não significa que são direitos absolutos, pois admitem restrições. Porém, somente são admitidas essas restrições mediante autorização Judicial. O poder judiciário poderá restringir porque o seu membro é o único dotado de imparcialidade, assegurado pela CF, para cuidar e apurar o princípio da proporcionalidade. Exs: - art. 5º, XI 2, última parte, CF Inviolabilidade do domicilio (durante o dia, mediante autorização judicial). Conceito casa e domicilio STF é um conceito amplo: qualquer local que encontre o individuo que não encontre acesso público. Domicilio é onde o individuo tem expectativa de privacidade. Art. 5º, LXVI 3, CF inadmissibilidade de provas obtidas por meio ilícito. O STF não admite, em hipótese alguma, a prova ilícita (sequer proporcionalidade, não havendo ponderação). Trata-se de uma garantia absoluta. - art. 5º, XII 4, CF (última parte) inviolabilidade de interceptação telefônica. Só será prova lícita se for autorizada por um Juiz. 1 Art. 41, Parágrafo único. Os direitos previstos nos incisos V, X e XV poderão ser suspensos ou restringidos mediante ato motivado do diretor do estabelecimento. 2 CF, Art.5º, XI - a casa é asilo inviolável do indivíduo, ninguém nela podendo penetrar sem consentimento do morador, salvo em caso de flagrante delito ou desastre, ou para prestar socorro, ou, durante o dia, por determinação judicial. 3 CF, Art.5º, LVI - são inadmissíveis, no processo, as provas obtidas por meios ilícitos. 4 CF, Art.5º, XII - é inviolável o sigilo da correspondência e das comunicações telegráficas, de dados e das comunicações telefônicas, salvo, no último caso, por ordem judicial, nas hipóteses e na forma que a lei estabelecer para fins de investigação criminal ou instrução processual penal.
5 O STF distingue a interceptação da gravação clandestina. A interceptação ocorre quando nenhum dos interlocutores tem conhecimento, sendo autorizada pelo Juiz, estando na companhia monitorando. Outra coisa é a gravação clandestina ocorre quando um dos interlocutores está gravando ou autorizou terceiro. Neste caso entende que a prova é lícita. As gravações ambientais em locais públicos ou locais de trabalho são lícitas, pois ninguém tem a expectativa de privacidade neste caso. Obs: - Rext. 251.445 caso do dentista e provas de pedofilia encontradas sem autorização Judicial prova ilícita. - HC. 74.678 utilização de gravação de conversa telefônica feita por terceiro com autorização de um dos locutores e desconhecimento do outro prova lícita gravação clandestina. Interceptação telefônica só pode ocorrer se instaurado a investigação (o IP) ou o processo penal. Após degravada, servem como prova emprestada para eventual processo civil, bem como para PAD (entendimento do STF, e em decorrência dessas provas entendeu a possibilidade de instauração de PAD contra aqueles citados nas interceptações). OBS: - Inquérito 2424 permitiu o ingresso no escritório do advogado na madrugada para a instalação de equipamento para interceptação. O STF entendeu possível a interceptação entre advogado e cliente, quando o advogado também é suspeito do crime. decisão relativizou a questão da prova ilícita. Art. 5º, XIX - as associações só poderão ser compulsoriamente dissolvidas ou ter suas atividades suspensas por decisão judicial, exigindo-se, no primeiro caso, o trânsito em julgado. A dissolução da empresa somente poderá ser mediante ordem judicial. Art. 5º, LXI - ninguém será preso senão em flagrante delito ou por ordem escrita e fundamentada de autoridade judiciária competente, salvo nos casos de transgressão militar ou crime propriamente militar, definidos em lei. A prisão preventiva somente poderá ser por ordem judicial escrita e fundamentada por autoridade judicial.
6 (CPIs): A questão dos poderes atribuídos as Comissões Parlamentares de Inquérito Art. 58, 3º, CF. As comissões parlamentares de inquérito, que terão poderes de investigação próprios das autoridades judiciais, além de outros previstos nos regimentos das respectivas Casas, serão criadas pela Câmara dos Deputados e pelo Senado Federal, em conjunto ou separadamente, mediante requerimento de um terço de seus membros, para a apuração de fato determinado e por prazo certo, sendo suas conclusões, se for o caso, encaminhadas ao Ministério Público, para que promova a responsabilidade civil ou criminal dos infratores. A função das CPIs é somente investigatória, não processa e nem condena. Caso encontre indícios, encaminhará ao MP. A CF quando refere ter a CPI os mesmos poderes de investigação das autoridades judiciais, tem também os mesmo deveres, ou seja, dever de fundamentar as suas decisões. O STF menciona que as comissões podem quebrar sigilos documentais que envolvem extratos bancários (demonstrando remessa e ingresso de valores), sigilo fiscal (IR) e sigilo telefônico (extratos das contas telefônicas fornecidos pelas companhias telefônicas). Porém, a CPI não pode determinar busca e apreensão domiciliar, bem como interceptação telefônica e determinar prisão, com exceção flagrante delito. O STF não permitiu as CPIs tomar medidas de natureza cautelar, sendo permitida apenas a atividade jurisdicional. OBS: A LC 105 autoriza alguns agentes públicos à quebra de sigilo documental. Tal lei ainda não teve sua constitucionalidade afirmada pelo STF. 2) CONTROLE DE CONSTITUCIONALIDADE - INTRODUÇÃO: Sistema que atribui instrumentos de controle ao poder judiciário, bem como ao legislativo e ao executivo. O poder judiciário, em regra, exerce um controle repressivo de constitucionalidade. Nota-se que há uma grande mutação no controle de constitucionalidade, principalmente no difuso. Por isso, há uma doutrina atual chamada abstração ou objetivação do controle difuso de constitucionalidade, mostra que possui instrumentos como o poder concentrado, como por exemplo: a Súmula Vinculante, instituto da repercussão geral nos recursos extraordinários.
7 O controle de constitucionalidade é feito pela Ação Direta de Constitucionalidade, temos também a ação declaratória de constitucionalidade, arguição de descumprimento de preceito fundamental, ação direta de constitucionalidade por omissão e o mandado de injunção para tornar viável os direitos assegurados pela CF. Há como princípio basilar a supremacia da CF, dotada de rigidez, proveniente do poder originário. A CF transforma-se em fundamento de validade de todo ordenamento jurídico. Por isso, não se admite que qualquer ato normativo produza efeitos jurídicos válidos caso contrarie dispositivos constitucionais. Assim, há instrumentos para afastar do ordenamento jurídico ou do caso concreto aquela norma constitucional. A CF se autogarante, sendo a garantia esse sistema de controle de constitucionalidade. Há instrumentos atribuídos além do poder judiciário, ao poder legislativo e executivo. O controle não jurisdicional (legislativo e executivo) é preventivo de constitucionalidade, ou seja, antes da existência da lei, durante o processo legislativo. Quando um projeto de lei ingressa no Congresso Nacional, há uma comissão de constituição e justiça que examinará o projeto de lei sobre sua constitucionalidade, emitindo um parecer dizendo se compatível ou não com a CF. Mesmo depois de aprovado o projeto de lei pode sofrer o veto presidencial (art. 66, 1º 5, CF). Há dois vetos: o veto político (incompatível com interesse publico) e o veto jurídico (Presidente considerar o projeto inconstitucional). Portanto, um controle preventivo de constitucionalidade. Na doutrina há mecanismos de controle repressivo atribuídos ao poder legislativo: 5 Art. 66, 1º - Se o Presidente da República considerar o projeto, no todo ou em parte, inconstitucional ou contrário ao interesse público, vetá-lo-á total ou parcialmente, no prazo de quinze dias úteis, contados da data do recebimento, e comunicará, dentro de quarenta e oito horas, ao Presidente do Senado Federal os motivos do veto.
8 - art. 52, X 6, CF: Resolução do Senado Federal que suspende a lei declarada inconstitucional pelo STF); - art. 49, V 7, CF há um controle repressivo atribuído ao C.N. trata-se de um controle de constitucionalidade indireto, sendo primeiramente um controle de legalidade. - art. 62, 5º 8, CF processo legislativo de conversão em lei das Medidas Provisórias. Atos legislativos editados pelo Presidente da Republica em casos de relevância e urgência, as quais tem força de lei, sendo submetidas ao Congresso Nacional. Há um processo legislativo de conversão em lei das medidas provisórias, sendo rejeitadas quando ausentes os requisitos constitucionais (relevância e urgência) necessários para adoção da medida provisória. Nesta situação, a sua rejeição seria um controle repressivo de constitucionalidade exercido pelo poder legislativo. Podendo questionar se não trata de um controle preventivo de constitucionalidade. O poder Judiciário, em regra, exerce o controle repressivo de constitucionalidade. Ou seja, só poderá declarar a inconstitucionalidade de uma norma após o seu ingresso no ordenamento jurídico. No nosso sistema poderá fazê-lo no controle concreto (dado a qualquer tribunal) ou no controle abstrato (STF). Por isso, refere-se que nosso sistema de controle jurisdicional de constitucionalidade é misto ou híbrido. Deve-se ter cuidado com a expressão controle misto, pois há outra conotação, inexistente nos sistema repressivo brasileiro de constitucionalidade, como na França (também chamado de controle político, pois exercido por mais de um órgão, não se referindo às vias de controle). 6 Art. 52. Compete privativamente ao Senado Federal: X - suspender a execução, no todo ou em parte, de lei declarada inconstitucional por decisão definitiva do Supremo Tribunal Federal; 7 Art. 49. É da competência exclusiva do Congresso Nacional: V - sustar os atos normativos do Poder Executivo que exorbitem do poder regulamentar ou dos limites de delegação legislativa; 8 Art. 62, 5º - A deliberação de cada uma das Casas do Congresso Nacional sobre o mérito das medidas provisórias dependerá de juízo prévio sobre o atendimento de seus pressupostos constitucionais.