CURSO TJMG Nível Médio Oficial de Apoio 2016 (presencial) Nº 01

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1 CURSO TJMG Nível Médio Oficial de Apoio 2016 (presencial) Nº 01 DATA 01/6/2016 DISCIPLINA Direito Constitucional PROFESSOR Renata Abreu MONITOR Gabriela Mendes AULA 01/06 Ementa: Direito constitucional. Definição. Fundamentos da República Federativa do Brasil. Objetivos da RFB. Princípios internacionais que regem a RFB. Direitos e garantias fundamentais. Direitos e deveres individuais e coletivos. Direito constitucional principal ramo do Direito. Tem como objeto o estudo da Constituição da República, que serve como fundamento de validade para todo o ordenamento jurídico. Constituição Leis Princípios fundamentais: Art. 1º a 4º, CRFB Designam as principais características do Estado brasileiro. Valorações políticas fundamentais do legislador constituinte: Art. 1º, CR/88: Fundamentos da República Federativa do Brasil Art. 1º A República Federativa do Brasil, formada pela união indissolúvel dos Estados e Municípios e do Distrito Federal, constitui-se em Estado Democrático de Direito e tem como fundamentos:

2 I - a soberania; II - a cidadania; III - a dignidade da pessoa humana; IV - os valores sociais do trabalho e da livre iniciativa; V - o pluralismo político. Parágrafo único. Todo o poder emana do povo, que o exerce por meio de representantes eleitos ou diretamente, nos termos desta Constituição. - República Federativa do Brasil = nome do Estado brasileiro; - forma de governo: República - República ( Monarquia): na República, o poder não é hereditário, nem vitalício; Há, na República, eleições periódicas (alternância no poder); - forma de Estado: federalismo ( Estado unitário) - existe uma divisão geográfica do poder, que se subdivide entre os entes federativos (União, estados, DF e municípios); - união indissolúvel dos estados, municípios e DF : não é permitido, na forma federativa de Estado, o direito de secessão (direito de retirada); Fundamentos da República: - Soberania; - Cidadania; - Dignidade da pessoa humana; - Valores sociais do trabalho e da livre iniciativa; - pluralismo político; Parágrafo único será tratado na aula de direitos políticos. Artigo 2º - será tratado na aula de Poderes. Artigo 3º - Constituem objetivos fundamentais da República Federativa do Brasil: I construir uma sociedade livre, justa e igualitária; II garantir o desenvolvimento nacional; III erradicar a pobreza e a marginalização e reduzir as desigualdades sociais e regionais; IV promover o bem de todos, sem preconceitos de origem, raça, sexo, cor, idade e quaisquer outras formas de discriminação. Obs.: todos os objetivos são representados por verbos no infinitivo. Artigo 4º - princípios que regem a República em suas relações internacionais: Sempre fazem menção às relações internacionais. Parágrafo único: Mercosul. Art. 4º A República Federativa do Brasil rege-se nas suas relações internacionais pelos seguintes princípios: I - independência nacional;

3 II - prevalência dos direitos humanos; III - autodeterminação dos povos; IV - não-intervenção; V - igualdade entre os Estados; VI - defesa da paz; VII - solução pacífica dos conflitos; VIII - repúdio ao terrorismo e ao racismo; IX - cooperação entre os povos para o progresso da humanidade; X - concessão de asilo político. Parágrafo único. A República Federativa do Brasil buscará a integração econômica, política, social e cultural dos povos da América Latina, visando à formação de uma comunidade latino-americana de nações. DOS DIREITOS E GARANTIAS FUNDAMENTAIS 1 - Direitos e deveres individuais e coletivos artigo 5º, CR 2- Remédios constitucionais artigo 5º, LXVIII a LXXIII, CR 3- Direitos sociais artigo 6º a 11, da CR 4- Nacionalidade artigo 12 e 13, CR 5- Direitos políticos e partidos políticos artigo 14 a 17 da CR 1 - Direitos e deveres individuais e coletivos Direitos fundamentais direitos mais importantes para a humanidade que estão consagrados na Constituição. São aqueles sem os quais o homem não vive, não convive e, muitas vezes, não sobrevive. Ex.: direito à vida, liberdade, igualdade, segurança, direito à nacionalidade, etc. TÍTULO II DOS DIREITOS E GARANTIAS FUNDAMENTAIS CAPÍTULO I DOS DIREITOS E DEVERES INDIVIDUAIS E COLETIVOS Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes: Destinatários dos direitos fundamentais: Texto expresso: brasileiros e estrangeiros residentes no país; Entendimento STF (interpretação sistêmica): não se pode limitar direitos fundamentais tendo como critério a procedência nacional. O caput do artigo 5º diz expressamente que são os brasileiros e os estrangeiros residentes no país. Entretanto, devemos fazer uma interpretação extensiva deste dispositivo para incluir os estrangeiros não residentes no país (ex.: turistas). Por esse motivo, pode o estrangeiro não residente no país impetrar habeas corpus.

4 Questão de prova literal: A constituição traz expressamente, como destinatários dos D.F., Direitos individuais e coletivos brasileiros e estrangeiros residentes no país = assertiva verdadeira. - Direito à vida (art. 5º, caput): o termo vida possui duas acepções. A primeira delas é o direito de permanecer vivo, sem que ninguém, seja particular ou o Estado, intervenha em sua existência. A segunda acepção é a de que às pessoas têm direito a uma vida digna. Assim como todos os direitos fundamentais, não é um direito absoluto. Todos os direitos fundamentais comportam relativizações (ex.: pena de morte em caso de guerra declarada, legítima defesa, etc.) - Direito à igualdade (ou isonomia) (art. 5º, caput e inciso I 1 ): A ideia de que todos são iguais perante a lei é uma ideia de igualdade em sentido meramente formal. Entretanto, devemos observar, também, a igualdade material, que considera que as pessoas podem ser diferentes entre si e a lei deve buscar reduzir estas desigualdades. - Direito à liberdade - Subdivide-se em: Liberdade de ação: princípio da legalidade ninguém será obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma coisa senão em virtude de lei (art. 5º, II): Para os particulares: podem fazer o que quiserem, a menos que a lei proíba. Para a administração pública: só pode fazer aquilo que está autorizado pela lei. Liberdade de manifestação do pensamento: é livre a manifestação do pensamento, sendo vedado o anonimato. Não é permitida nenhuma censura institucionalizada (incisos III 2 e IX). A vedação ao anonimato significa que o direito de manifestação não é absoluto, sendo assegurado direito de resposta ao ofendido proporcional ao agravo (inciso V e X). Liberdade de consciência e de crença (inciso VI e VII) VI: é assegurada, nos termos da lei, a prestação de assistência religiosa nas entidades civis e militares de internação coletiva 1 Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes: I - homens e mulheres são iguais em direitos e obrigações, nos termos desta Constituição; 2 III - ninguém será submetido a tortura nem a tratamento desumano ou degradante; IX - é livre a expressão da atividade intelectual, artística, científica e de comunicação, independentemente de censura ou licença;

5 VIII - ninguém será privado de direitos por motivo de crença religiosa ou de convicção filosófica ou política, salvo se as invocar para eximir-se de obrigação legal a todos imposta e recusar-se a cumprir prestação alternativa, fixada em lei. o Estado deve respeitar o direito de crença do cidadão e não obrigá-lo a fazer o que sua religião não permite, todavia, havendo obrigação imposta pelo Estado que ele não puder cumprir em razão da religião ou crença, deverá ele realizar prestação alternativa imposta pelo Estado (ex.: cidadão não pode se alistar no exército por motivos de religião). Tal prestação alternativa que não poderá ser descumprida, sob pena de privação de direitos políticos (vide artigo 15, IV, da CR/88). Obs.: O Brasil é um estado laico. Estado laico é aquele que respeita o direito de crença e de não crença. Liberdade de profissão (inciso XIII) é livre o exercício de qualquer trabalho, ofício ou profissão, atendidas as qualificações profissionais que a lei estabelecer; o exercício da profissões é livre, mas pode ser restringido 3 pela lei (ex.: o exercício da profissão de advogado é livre, mas a lei restringe tal direito àqueles que, graduados em Direito, sejam aprovados em Exame de Ordem). É resguardado o sigilo profissional (inciso XIV): é assegurado a todos o acesso à informação e resguardado o sigilo da fonte, quando necessário ao exercício profissional. Liberdade de locomoção, ou direito de ir e vir (inciso XV): é livre a locomoção no território nacional em tempo de paz, podendo qualquer pessoa, nos termos da lei, nele entrar, permanecer ou dele sair com seus bens assim como todos os direitos fundamentais, não é absoluto, podendo ser restringidos nas hipóteses previstas em lei. Liberdade de reunião (inciso XVI): todos podem reunir-se pacificamente, sem armas, em locais abertos ao público, independentemente de autorização, desde que não frustrem outra reunião anteriormente convocada para o mesmo local, sendo apenas exigido prévio aviso à autoridade competente o direito de reunião vai além da mera ideia de aglomeração de pessoas. Engloba o direito de manifestação e de protesto. A reunião deverá ser (características): a) pacífica, b) sem armas, c) em locais abertos ao público. Há, contudo, restrições: a) deve haver prévio AVISO à autoridade competente (DESNECESSÁRIA AUTORIZAÇÃO), b) não pode frustrar outra reunião anteriormente convocada para o mesmo local. 3 Norma constitucional de eficácia contida prevê o direito mas admite que ele seja restringido por lei.

6 Liberdade de associação (inciso XVII ao XXI) XVII - é plena a liberdade de associação para fins lícitos, vedada a de caráter paramilitar. XVIII a criação de associações e, na forma da lei, a de cooperativas independem de autorização, sendo vedada a interferência estatal em seu funcionamento. XIX - as associações só poderão ser compulsoriamente dissolvidas ou ter suas atividades suspensas por decisão judicial, exigindo-se, no primeiro caso, o trânsito em julgado; Suspensão das atividades Dissolução compulsória Decisão judicial Desnecessário trânsito em julgado. Decisão judicial Com trânsito em julgado A reunião possui caráter episódico. A associação, por sua vez, é o encontro de caráter permanente para atividades com fins lícitos. XXI as entidades associativas, quando expressamente autorizadas, têm legitimidade para representar seus filiados judicial ou extrajudicialmente. Regra: a associação pode representar seus associados, mediante autorização. Exceção: mandado de segurança coletivo não precisa de autorização. - Direito à privacidade Direito à intimidade, à vida privada, à honra e à imagem (inciso X) são invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra e a imagem das pessoas, assegurado o direito a indenização pelo dano material ou moral decorrente de sua violação. Direito à inviolabilidade de domicílio (inciso XI) a casa é asilo inviolável do indivíduo, ninguém nela podendo penetrar sem consentimento do morador, salvo em caso de flagrante delito ou desastre, ou para prestar socorro, ou, durante o dia, por determinação judicial - relativizações (situações nas quais é permitida a entrada na residência do cidadão sem a autorização deste: a) caso de flagrante delito, desastre, prestação de socorro ou [a qualquer hora, desnecessária autorização judicial], b) durante o dia, por determinação judicial (mandado). Obs.: casa possui conceito amplo -> local onde não há acesso irrestrito ao público (escritórios/consultórios profissionais, quarto de hotel ocupado pelo hóspede, etc.).

7 Direito ao sigilo (inciso XII) é inviolável o sigilo da correspondência e das comunicações telegráficas, de dados e das comunicações telefônicas, salvo, no último caso, por ordem judicial, nas hipóteses e na forma que a lei estabelecer para fins de investigação criminal ou instrução processual penal. Resguarda: - correspondências (epistolar) - comunicações telegráficas - dados - comunicações telefônicas Direito passível de relativização pela interceptação das comunicações telefônicas: salvo, no último caso, por ordem judicial, nas hipóteses... Obs.: não é possível a realização de interceptação em processo administrativo. Todavia, uma vez realizada em processo penal ou investigação criminal, pode ser utilizada no processo administrativo como prova emprestada. É necessário que a interceptação das comunicações telefônicas seja precedida de autorização judicial.