DALILA MARTINS DA CUNHA A C Ó R D Ã O



Documentos relacionados
ACÓRDÃO. Poder Judiciário do Estado da Paraíba Tribunal de Justiça Gabinete da Desembargadora Maria das Neves do Egito de A. D.

PARECER 02/0650/2015 MANDADO DE SEGURANÇA N ( ) GOVERNADOR DO ESTADO DE GOIÁS

Vistos etc. Deferida a liminar, foi notificada a autoridade coatora, tendo esta prestado informações e juntado documentos.

EXCELENTÍSSIMO SENHOR DESEMB. FEDERAL RELATOR 3 A TURMA DO E. TRIBUNAL REGIONAL FEDERAL DA 4 A REGIÃO

Nº COMARCA DE FELIZ CONSTRUTORA SC LTDA A C Ó R D Ã O

líquido e certo dos estabelecimentos representados pelo impetrante.

Nº COMARCA DE PORTO ALEGRE BARBARA DE PAULA GUTIERREZ GOOGLE BRASIL INTERNET LTDA A C Ó R D Ã O

/2013/ / (CNJ: )

Superior Tribunal de Justiça

* * Vistos, relatados e discutidos estes autos de. APELAÇÃO CÍVEL n /9-00, da Comarca de GUARULHOS, em

R E L A T Ó R I O RELATEI.

Poder Judiciário do Estado da Bahia Vara dos Feitos de Relação de Consumo, Cíveis e Comerciais da Comarca de Central - Bahia

Poder Judiciário TRIBUNAL REGIONAL FEDERAL DA 5ª REGIÃO Gabinete do Desembargador Federal Geraldo Apoliano

A C Ó R D Ã O Nº (Nº CNJ: ) COMARCA DE PORTO ALEGRE AGRAVANTE LUIS FERNANDO MARTINS OLIVEIRA

AGRAVO INTERNO EM APELACAO CIVEL

TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO DÉCIMA SÉTIMA CÂMARA CÍVEL

PODER JUDICIÁRIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DA PARAÍBA GABINETE DO DESEMBARGADOR LUIZ SÍLVIO RAMALHO JÚNIOR

P R O N U N C I A M E N T O M I N I S T E R I A L

ESTADO DO RIO DE JANEIRO PODER JUDICIÁRIO. NONA CÂMARA CÍVEL Agravo de Instrumento nº Desembargador GILBERTO DUTRA MOREIRA

CÍVEL Nº COMARCA DE PORTO ALEGRE EURO PARTICIPACOES LTDA. MUNICIPIO DE PORTO ALEGRE

PODER JUDICIÁRIO TRIBUNAL REGIONAL FEDERAL DA PRIMEIRA REGIÃO SEÇÃO JUDICIÁRIA DO ESTADO DE GOIÁS SENTENÇA

Conflito de Competência n , de Timbó Relator: Des. Eládio Torret Rocha

PODER JUDICIÁRIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO. Registro: ACÓRDÃO

PODER JUDICIÁRIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO ACÓRDÃO

Colenda Corte Especial Eminente Relator,

PODER JUDICIÁRIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DA PARAÍBA Gabinete do Desembargador Joás de Brito Pereira Filho

ESTADO DO AMAZONAS PODER JUDICIÁRIO Comarca Manaus Juízo de Direito da 1ª Vara da Fazenda Pública Municipal

Poder Judiciário Tribunal Regional Federal da 5ª Região Gabinete do Desembargador Federal Rogério Fialho Moreira

TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO DÉCIMA NONA CÂMARA CÍVEL

Nº COMARCA DE PELOTAS

ACÓRDÃO. Vistos, relatados e discutidos os autos.

A requerente sustenta, mais, em síntese:

QUARTACÂMARA CÍVEL REEXAME NECESSÁRIO Nº 33071/ CLASSE CNJ COMARCA CAPITAL ESTADO DE MATO GROSSO

A C Ó R D Ã O Nº XXXXXXXXX (N CNJ: YYYYYYYYYYYYY) COMARCA DE XXX XXXXXXX M.C.L... L.V.B... M.P... APELANTE APELANTE APELADO

Modelo esquemático de ação direta de inconstitucionalidade genérica EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR MINISTRO PRESIDENTE DO SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL

PODER JUDICIáRIO TRIBUNAL REGIONAL FEDERAL DA 5ª REGIÃO

QUINTA CÂMARA CÍVEL DO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO

ESTADO DA PARAÍBA PODER JUDICIÁRIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA Gab. Des. Saulo Henriques de Sá e Benevides. Vistos, etc.

PODER JUDICIÁRIO TRIBUNAL REGIONAL FEDERAL MINUTA DE JULGAMENTO FLS. *** TERCEIRA TURMA ***

VIGÉSIMA SEGUNDA CÂMARA CÍVEL Nº COMARCA DE PORTO ALEGRE TRANSPORTES PANAZZOLO LTDA

ACÓRDÃO. O julgamento teve a participação dos Exmos. Desembargadores ANTONIO CARLOS MALHEIROS (Presidente) e CAMARGO PEREIRA.

PODER JUDICIÁRIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO. Registro: ACÓRDÃO

Tribunal de Justiça de Minas Gerais

Tribunal de Justiça do Estado do Rio de Janeiro 14ª Câmara Cível

Valdisio V. de Lacerda Filho)

R E L A T Ó R I O V O T O

Dados Básicos. Legislação. Ementa. Íntegra

DESENVOLVIMENTO VÁLIDO E REGULAR DO PROCESSO - QUESTÃO DE ORDEM PÚBLICA - EXTINÇÃO DO FEITO SEM JULGAMENTO DO MÉRITO - ART. 557, DO CPC.

PARECER Nº, DE RELATOR: Senador LUIZ HENRIQUE

Recurso: EDITAL DE PREGÃO FÍSICO Nº 22/2015 PROCESSO ADMINISTRATIVO N.º

PODER JUDICIáRIO TRIBUNAL REGIONAL FEDERAL DA 5ª REGIÃO GABINETE DO JUIZ FRANCISCO CAVALCANTI

Poder Judiciário Tribunal Regional Federal da 5ª Região Gabinete do Desembargador Federal Rogério Fialho Moreira

P O D E R J U D I C I Á R I O

PODER JUDICIÁRIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DE SÃO PAULO

Dados Básicos. Ementa. Íntegra

Poder Judiciário TRIBUNAL REGIONAL FEDERAL DA 5ª REGIÃO Gabinete do Desembargador Federal Geraldo Apoliano RELATÓRIO

PODER JUDICIÁRIO TRIBUNAL REGIONAL FEDERAL MINUTA DE JULGAMENTO FLS. *** QUARTA TURMA ***

ORDEM DOS ADVOGADOS DO BRASIL OAB

PROCURADORIA-GERAL DO TRABALHO CÂMARA DE COORDENAÇÃO E REVISÃO

TRIBUNAL DE JUSTIÇA PODER JUDICIÁRIO São Paulo

PODER JUDICIÁRIO TRIBUNAL REGIONAL FEDERAL DA 5.ª REGIÃO Gabinete da Desembargadora Federal Margarida Cantarelli

TRIBUNAL DE JUSTIÇA PODER JUDICIÁRIO São Paulo

Superior Tribunal de Justiça

PODER JUDICIÁRIO TRIBUNAL REGIONAL FEDERAL DA 5ª REGIÃO GABINETE DO DESEMBARGADOR FEDERAL EDILSON PEREIRA NOBRE JÚNIOR

Superior Tribunal de Justiça

Poder Judiciário Tribunal Regional Federal da 5ª Região Gabinete do Desembargador Federal Rogério Fialho Moreira

TRIBUNAL DE JUSTIÇA VIGÉSIMA SÉTIMA CAMARA CIVEL/ CONSUMIDOR JDS RELATOR: DES. JOÃO BATISTA DAMASCENO

A RECUPERAÇÃO JUDICIAL DA PARMALAT.

MED. CAUT. EM AÇÃO CAUTELAR SÃO PAULO RELATOR

11175,1;.-.' - ESTADJDA-PARAÍBA PODER JUDICIÁRIO GABINETE DO DES. NILO LUIS RAMALHO VIEIRA

Superior Tribunal de Justiça

PODER JUDICIáRIO TRIBUNAL REGIONAL FEDERAL DA 5ª REGIÃO GABINETE DO DESEMBARGADOR FEDERAL FRANCISCO WILDO

Vistos. demais fases do certame, após ter sido considerado inapto no exame de saúde. Juntou documentos às fls. 06/26.

EXCELENTÍSSIMO SENHOR PRESIDENTE DO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DO PARANÁ.

(ambas sem procuração).

PODER JUDICIÁRIO TRIBUNAL REGIONAL FEDERAL DA 5ª REGIÃO GABINETE DO DESEMBARGADOR FEDERAL UBALDO ATAÍDE CAVALCANTE

TRIBUNAL DE JUSTIÇA PODER JUDICIÁRIO São Paulo

APELAÇÃO. UNIÃO ESTÁVEL. PARTILHA. DERAM PARCIAL PROVIMENTO. Nº COMARCA DE MONTENEGRO A C Ó R D Ã O

UARDO SA PIUIS =gsndevrl Relator

PODER JUDICIÁRIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO ACÓRDÃO

DECISÃO DO STJ NO RECURSO ESPECIAL Nº Relatora Ministra ASSUSETE MAGALHÃES Trata-se de Recurso Especial interposto por MARIA ALICE MARQUES

PODER JUDICIÁRIO TRIBUNAL REGIONAL FEDERAL DA PRIMEIRA REGIÃO SEÇÃO JUDICIÁRIA DO ESTADO DO TOCANTINS

MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL PROCURADORIA-GERAL DA REPÚBLICA

LINDOMAR FERNANDES DIAS DA SILVA

Nº COMARCA DE CACHOEIRINHA

Poder Judiciário TRIBUNAL REGIONAL FEDERAL DA 5ª REGIÃO Gabinete do Desembargador Federal Geraldo Apoliano RELATÓRIO

R E L A T Ó R I O A EXMA. SRA. DESEMBARGADORA FEDERAL NILCÉA MARIA BARBOSA MAGGI (RELATORA CONVOCADA): É o relatório.

ARNOBWALVESTEU. Poder Judiciário Tribunal de Justiça da Paraíba Gabinete do Des. ARNÓBIO ALVES TEODÓSIO ACÓRDÃO

ACÓRDÃO. O julgamento teve a participação dos Desembargadores DONEGÁ MORANDINI (Presidente sem voto), VIVIANI NICOLAU E CARLOS ALBERTO DE SALLES.

Supremo Tribunal Federal

PEDIDO DE UNIFORMIZAÇÃO N. º

Superior Tribunal de Justiça

EMB. DECL. EM AC CE ( /01). RELATÓRIO

Superior Tribunal de Justiça

ESTADO DO ESPÍRITO SANTO PODER JUDICIÁRIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA GAB. DESEMB - DAIR JOSÉ BREGUNCE DE OLIVEIRA 26 de agosto de 2014

PODER JUDICIÁRIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO. Vistos, relatados e discutidos estes autos de RECURSO

PORTARIA N 003/2009 CONSIDERANDO

Gabinete do Desembargador Federal Vladimir Souza Carvalho

Tribunal de Justiça de Minas Gerais

ESTADO DA PARAÍBA PODER JUDICIÁRIO GABINETE DO DES. SAULO HENR1QUES DE SÁ E BENEVIDES

Transcrição:

REEXAME NECESSÁRIO. MANDADO DE SEGURANÇA. ELEIÇÃO PARA O CARGO DE CONSELHEIRO TUTELAR. VEDAÇÃO DE INSCRIÇÃO. AUSÊNCIA DE IDONEIDADE MORAL. CERTIDÃO NEGATIVA CÍVEL. Vedação de inscrição em processo de eleição para o cargo de Conselheiro Tutelar, em razão de se encontrar o candidato a responder ação judicial na esfera cível, que encerra violação à garantia constitucional de proibição de restrições antecipadas ao direito do cidadão. Irrazoabilidade. Precedente. Segurança concedida na origem. SENTENÇA CONFIRMADA EM REEXAME NECESSÁRIO. REEXAME NECESSÁRIO Nº 70056788383 (N CNJ: 0403465-88.2013.8.21.7000) JUIZ(A) DE DIREITO DALILA MARTINS DA CUNHA PRESIDENTE DO CONS. MUNIC. DOS DIR. DA CRIANCA E DO ADOLESC. G. CA QUARTA CÂMARA CÍVEL COMARCA DE GENERAL CÂMARA APRESENTANTE AUTOR R A C Ó R D Ã O Vistos, relatados e discutidos os autos. Acordam os Desembargadores integrantes da Quarta Câmara Cível do Tribunal de Justiça do Estado, à unanimidade, confirmar a sentença em reexame necessário. Custas na forma da lei. 1

Participaram do julgamento, além do signatário, os eminentes Senhores DES.ª AGATHE ELSA SCHMIDT DA SILVA (PRESIDENTE E REVISORA) E DES. JOSÉ LUIZ REIS DE AZAMBUJA. Porto Alegre, 27 de novembro de 2013. DES. EDUARDO UHLEIN, Relator. R E L A T Ó R I O DES. EDUARDO UHLEIN (RELATOR) DALILA MARTINS DA CUNHA impetrou mandado de segurança contra suposto ato ilegal do PRESIDENTE DO CONSELHO MUNICIPAL DOS DIREITOS DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE DO MUNICÍPIO DE GENERAL CÂMARA, consubstanciado na negativa de inscrição da Impetrante para a eleição do Conselho, ao fundamento de não apresentação de certidão negativa cível. O comando sentencial restou assim redigido: Ante o exposto, torno definitiva a liminar e CONCEDO A SEGURANÇA postulada por DALILA MARTINS DA CUNHA para o efeito, confirmando a liminar, determinar à autoridade apontada que permita a inscrição da impetrante ao certame para escolha dos membros do Conselho Tutelar, dispensando a certidão negativa cível. Custas pelo impetrado, sem honorários em razão do disposto nas súmulas 512 do STF e 105 do STJ. Cumpram-se as providências da parte final do caput, do art. 13 da Lei 12.016/2009. Sentença sujeita a reexame necessário, nos moldes do 1º, do art. 14, da Lei n. 12.016/2009. Publique-se, registre-se e intimem-se. 2

Transcorrido o prazo recursal voluntário, seguiu-se a remessa dos autos a esta Corte sem recurso das partes. O Ministério Público opina pela confirmação da sentença. É o relatório. V O T O S DES. EDUARDO UHLEIN (RELATOR) Como se retira do Edital de fls. 13-20, a vedação da inscrição da Impetrante para concorrer ao cargo de Conselheiro Tutelar tem fundamento na não apresentação de certidão negativa cível, com o que não teria atendido ao requisito de idoneidade moral. Ocorre que tal exigência encerra, com efeito, violação à garantia constitucional de proibição de restrições antecipadas ao direito do cidadão, em razão de se encontrar a responder ação judicial na esfera cível, o que, consoante destacado pelo eminente Julgador monocrático, soa desarrazoado, já que em nada referencia se este alguém terá idoneidade moral conceito dotado de alguma elasticidade a desempenhar os misteres de conselheiro tutelar. E nesse sentido decidiu este Colegiado no Reexame Necessário nº 70036727402, na esteira da jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça, recebendo o acórdão a seguinte ementa: REEXAME NECESSÁRIO. MANDADO DE SEGURANÇA. ELEIÇÃO AO CONSELHO TUTELAR DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE DE NOVA PALMA. NÃO ATENDIMENTO AO REQUISITO DE INSCRIÇÃO DE IDONEIDADE MORAL DIANTE DA CERTIDÃO POSITIVA JUDICIAL DO CARTÓRIO CIVIL. AUSÊNCIA DE 3

RAZOABILIDADE. PRECEDENTES DO STJ. ORDEM CONCEDIDA. SENTENÇA MANTIDA EM REEXAME NECESSÁRIO. (Reexame Necessário Nº 70036727402, Quarta Câmara Cível, Tribunal de Justiça do RS, Relator: Agathe Elsa Schmidt da Silva, Julgado em 15/12/2010) Nesse panorama, estou em manter a sentença da lavra do douto Juiz de Direito Gustavo Borsa Antonello, por seus próprios e jurídicos fundamentos, verbis: [...] O writ é ação de rito especial, conhecido como o remédio processual que serve para salvaguardar os direitos ameaçados ou violados, cuja certeza e liquidez se demonstram de plano. O mandado de segurança será concedido, nos termos do art. 5º LXIX, para proteger direito líquido e certo, não amparado por habeas corpus ou habeas data, quando o responsável pela ilegalidade ou abuso de poder for autoridade pública ou agente de pessoa jurídica no exercício de atribuições do poder público. Indispensável que se traga à luz a lição do saudoso mestre Hely Lopes Meirelles 1 : "Direito líquido e certo é o que se apresenta manifesto na sua existência, delimitado em sua extensão e apto a ser exercido no momento da impetração. Por outras palavras, o direito invocado, para ser amparável por mandado de segurança, há de vir expresso em norma legal e trazer em si todos os requisitos e condições de sua aplicação ao impetrante: se sua existência for duvidosa; se sua extensão ainda não estiver delimitada; se seu exercício depender de situações e fatos ainda indeterminados, não rende ensejo à segurança, embora possa ser defendido por outros meios judiciais. Quando a lei alude a direito líquido e certo, está exigindo que esse direito se apresente com todos os seus requisitos para o seu reconhecimento e o seu exercício no momento da impetração. Em última análise, direito líquido e certo é direito comprovado de plano. Se depender de comprovação posterior, não é líquido nem certo para fins de segurança. (in 'MANDADO DE SEGURANÇA, AÇÃO POPULAR, AÇÃO CIVIL PÚBLICA, MANDADO DE INJUNÇÃO E HABEAS DATA, AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADES, AÇÃO DECLARATÓRIA DE CONSTITUCIONALIDADE E ARGÜIÇÃO 4

DE DESCUMPRIMENTO DE PRECEITO FUNDAMENTAL, Revista dos Tribunais, São Paulo, 2003, 25ª edição, pág. 37). Cumpre, então, o exame da existência de abuso ou ilegalidade da autoridade apontada como coatora violando direito líquido e certo da impetrante. A decisão concessiva do pedido de liminar merece integral confirmação, a qual reproduzo a fim de evitar repetição desnecessária de argumentos: É forçoso reconhecer que deva ser deferida a tutela de urgência. No caso concreto, dispõe o edital do certame como exigência para registro de candidatura (fl. 14) a) Somente poderão concorrer os candidatos registrados e que preencham os seguintes requisitos: 1º Reconhecida idoneidade moral, com apresentação das respectivas certidões: (...) b) Justiça Estadual certidão negativa cível e criminal.(...) - grifei. É certo que o Estatuto da Criança e do Adolescente, em seu art. 133, I, estabelece como requisito para aquele que deseje se candidatar à árdua e especial função de Conselheiro Titular, tenha o candidato idoneidade moral. Quer parecer, no entanto, que condicionar a idoneidade moral de quem quer que seja à inexistência de ações cíveis soa desarrazoado, já que em nada referencia se este alguém terá idoneidade moral conceito dotado de alguma elasticidade a desempenhar os misteres de conselheiro tutelar. E a jurisprudência do e. TJRS, já sinalizou esta desproporcionalidade, consoante ementa acostada na inicial, que ora se transcreve: REEXAME NECESSÁRIO. MANDADO DE SEGURANÇA. ELEIÇÃO AO CONSELHO TUTELAR DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE DE NOVA PALMA. NÃO ATENDIMENTO AO REQUISITO DE INSCRIÇÃO DE IDONEIDADE MORAL DIANTE DA CERTIDÃO POSITIVA JUDICIAL DO CARTÓRIO CIVIL. AUSÊNCIA DE RAZOABILIDADE. PRECEDENTES DO STJ. ORDEM CONCEDIDA. SENTENÇA MANTIDA EM REEXAME 5

NECESSÁRIO. (Reexame Necessário Nº 70036727402, 4ª Câmara Cível, TJRS, Rel. Desa. Agathe Elsa Schmidt da Silva, Julgado em 15/12/2010) Em igual sentido: ADMINISTRATIVO. MANDADO DE SEGURANÇA. ELEIÇÃO. CONSELHO TUTELAR. REQUISITOS. LEI MUNICIPAL. RESERVA LEGAL. EDITAL. ILEGALIDADE. O Conselho Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente não tem poder para fixar requisitos para a candidatura a membro do Conselho Tutelar. Trata-se de matéria sujeita ao princípio da reserva legal. Hipótese em que o Conselho inseriu em edital a exigência de apresentação de atestados a fim de comprovar a idoneidade moral de candidato para o Conselho Tutelar. Sentença confirmada em reexame necessário por ato do Relator. Art. 557 do Código de Processo Civil. (Reexame Necessário Nº 70021408232, 22ª Câmara Cível, TJRS, Rel. Desa. Maria Isabel de Azevedo Souza, J. em 14/12/2007) Nesse quadro, tem-se que está presente o fundamento relevante da impetração e do ato impugnado resultar eficácia da medida se não concedido em sede liminar, na medida em que as eleições se avizinham. Por essas razões, nos exatos termos do inciso III, do art. 7.º, da Lei 12.016/2009, defiro a liminar determinando à autoridade apontada como coatora que dispense a necessidade de apresentação de certidão negativa cível, inscrevendo a impetrante no certame, se presentes os demais requisitos editalícios. Em suma, entende-se como ilegal o ato da autoridade apontada como coatora de vedar a inscrição ao certame àqueles que apresentem certidão positiva cível, na medida em que eventuais ações em tramitação contra os candidatos ao cargo de membro do Conselho Tutelar não possuem o condão de afastar sua idoneidade. Não é exagero dizer, pois, que o edital do certame extrapolou os limites estatuídos em lei, o que não pode ser admitido. O mais já foi dito e repetido. Nesse quadro, havendo ofensa a direito líquido e certo da impetrante, é de se conceder a segurança. [...] 6

O voto, pois, na esteira do que exposto, é no sentido de confirmar a sentença em reexame necessário. DES.ª AGATHE ELSA SCHMIDT DA SILVA (PRESIDENTE E REVISORA) - De acordo com o(a) Relator(a). DES. JOSÉ LUIZ REIS DE AZAMBUJA - De acordo com o(a) Relator(a). DES.ª AGATHE ELSA SCHMIDT DA SILVA - Presidente - Reexame Necessário nº 70056788383, Comarca de General Câmara: "CONFIRMARAM A SENTENÇA EM REEXAME NECESSÁRIO. UNÂNIME." Julgador(a) de 1º Grau: GUSTAVO BORSA ANTONELLO 7