CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO EM DIREITO CIVIL.

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Transcrição:

CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO EM DIREITO CIVIL. Aula Ministrada pelo Prof. Durval Salge Júnior (Aula 28/08/2017) Contratos, requisitos de validade, princípios. Conceito de contrato: convergência de declarações de vontade, emitida no propósito de constituir, regular, alterar ou extinguir uma relação jurídica patrimonial de conveniência mútua. (Orlando Gomes). Contrato é uma obrigação de dar, fazer ou não fazer textualizada num negócio jurídico. Negócio jurídico = vontade convergentes. Para que aja negócio jurídico é necessário convergência de vontades para constituir, regular, modificar ou extinguir uma relação jurídica. Observando que ato lícito sem vontade não é negócio jurídico (ex. achar uma joia quando esta indo trabalhar, a vontade está em trabalhar e não achar a joia), e ato ilícito gera responsabilidade civil. Art. 186. Aquele que, por ação ou omissão voluntária, negligência ou imprudência, violar direito e causar dano a outrem, ainda que exclusivamente moral, comete ato ilícito. Pressupostos de validade. Art. 104. A validade do negócio jurídico requer: I - agente capaz; II - objeto lícito, possível, determinado ou determinável; 1

III - forma prescrita ou não defesa em lei. O art. 104 do Código Civil trás os requisitos de validade do negócio jurídico. Se não observar os requisitos de validade o contrato este se torna inválido. Capacidade das partes: o direito prevê a capacidade a partir do binômio idade - emancipação. Na realidade a capacidade está relacionada ao discernimento. A capacidade é instituto criado pela lei, que considera pra efeitos de discernimento e aptidão para os negócios os maiores de 18 anos e os emancipados. Capacidade não é legitimidade. Legitimidade é a habilidade da pessoa em relação ao negócio que pretende realizar. A lei 13146/2015 traça parâmetros diferenciados para as pessoas com deficiência, observando a inclusão social de pessoas com deficiência física, mental, intelectual ou sensorial, garantindo a capacidade civil das pessoas com deficiência. Art. 2 Considera-se pessoa com deficiência aquela que tem impedimento de longo prazo de natureza física, mental, intelectual ou sensorial, o qual, em interação com uma ou mais barreiras, pode obstruir sua participação plena e efetiva na sociedade em igualdade de condições com as demais pessoas. 1 A avaliação da deficiência, quando necessária, será biopsicossocial, realizada por equipe multiprofissional e interdisciplinar e considerará: I - os impedimentos nas funções e nas estruturas do corpo; II - os fatores socioambientais, psicológicos e pessoais; III - a limitação no desempenho de atividades; e IV - a restrição de participação. 2

2 O Poder Executivo criará instrumentos para avaliação da deficiência. A deficiência não afeta a capacidade civil, assim pode por exemplo doar imóvel, receber imóvel, figurar como adotante e adotado e praticar outros atos da vida civil. Art. 6o A deficiência não afeta a plena capacidade civil da pessoa, inclusive para: (grifo nosso) I - casar-se e constituir união estável; II - exercer direitos sexuais e reprodutivos; III - exercer o direito de decidir sobre o número de filhos e de ter acesso a informações adequadas sobre reprodução e planejamento familiar; IV - conservar sua fertilidade, sendo vedada a esterilização compulsória; V - exercer o direito à família e à convivência familiar e comunitária; e VI - exercer o direito à guarda, à tutela, à curatela e à adoção, como adotante ou adotando, em igualdade de oportunidades com as demais pessoas. preconceito. Há não observação da lei 13146/2015 pode gerar crime de Objeto lícito: seria aquele integrado ao ordenamento jurídico. A licitude pode variar segundo o tempo e é determinada por lei. Existem bens fora de comércio exemplo viaduto do Chá, os bens pode ser: bens de uso comum do povo exemplo rua, praia; bens de uso 3

especial exemplo quartel, prédio da administração pública; bens dominicais que estão vazios, podem ser vendidos em processo licitatório. É necessário ser objeto lícito, possível, determinado (que já existe) ou determinável (bem futuro) exemplo apartamento na planta. Forma prescrita em lei: trata-se dos contratos ditos nominados ou típicos (existe uma lei para ele, lei esta que lhe dá o nome) exemplo contrato de compra e venda. Ou não proibida em lei (são os contratos ditos inominados ou atípicos) não há ainda lei para eles, mas se observarem os incisos I e II do artigo 104 CC, serão válidos exemplo contrato de franquia que surgiu primeiro no mundo dos negócios e só depois veio a ter legislação para regular. Ainda que o negócio jurídico observe fielmente os três incisos do artigo 104 CC, se possuir evidência dos vícios cíveis pode ser nulo ou anulável. PRINCÍPIOS Quebrar um princípio iguala-se a torna nulo um instituto. (Pontes de Miranda) I- Princípio da autonomia da vontade, apenas limitado pela supremacia da Ordem pública, é a Prerrogativa conferida às pessoas de realizarem negócios com base em sua liberdade, ainda que possam recorrer a um negócio que ainda não existe ou, combinar várias espécies de contratos, criando um novo, observando os artigos 421 e 425 do Código Civil. Art. 421. A liberdade de contratar será exercida em razão e nos limites da função social do contrato. 4

Art. 425. É lícito às partes estipular contratos atípicos, observadas as normas gerais fixadas neste Código. II- Princípio da relatividade das convenções, os efeitos dos contratos somente produzem efeitos entres os contratantes, não beneficiando nem prejudicando terceiros estranhos ao contrato. Este princípio não se aplica ao CDC (Código de Defesa do Consumidor), fornecedor de produtos e serviços versus consumidor, exemplo, hospital o que ele tem haver entre você e o convênio, quando este nega realização de um procedimento, o hospital é parte ilegítima, pois não contratou com o cliente do convênio, relatividade das convenções. III- Princípio da força vinculante das convenções "pacta sunt servanda": o contrato se torna obrigatório entre as partes, que dele não pode se eximir se não por outro contrato. Os pactos devem ser cumpridos. Este princípio dá estabilidade aos negócios jurídicos. "Rebus sic stantibus", assim como as coisas estão, princípio contrário ao "pacta sunt servanda", é possível através de ação judicial conseguir desfazer a força vinculante dos contratos com fundamento no "rebus sic stantibus", desde de que preenchidos os requisitos do artigo 478 CC. Art. 478. Nos contratos de execução continuada ou diferida, se a prestação de uma das partes se tornar excessivamente onerosa, com extrema vantagem para a outra, em virtude de acontecimentos extraordinários e imprevisíveis, poderá o devedor pedir a resolução do contrato. Os efeitos da sentença que a decretar retroagirão à data da citação. 5

O artigo 478 "rebus sic stantibus", a prestação é dar fazer ou não fazer, tem que provar excessivamente onerosa, extrema vantagem para outra parte e ainda acontecimentos extraordinários e imprevisível. Os efeitos da sentença são retroativos a data da citação. quando for ingressar com a ação com fundamento em "Rebus sic stantibus", recomenda-se entrar logo, pois os feitos não retroagem a data da assinatura do contrato. IV- Princípio da Boa-fé nos contratos Ação de nulidade do contrato ou da cláusula contratual por violação do princípio da boa-fé, que é o dever dos contratantes de agir de forma correta, antes, durante e depois do contrato. Art. 422. Os contratantes são obrigados a guardar, assim na conclusão do contrato, como em sua execução, os princípios de probidade e boa-fé. (grifo nosso) A Boa-fé dos contratantes se traduz na confiança positiva de que as partes vão agir segundo as regras do mercado. Regras de Interpretação I- Subjetiva: neste caso o interprete deve buscar qual foi a real intenção das partes "voluntas spectanda", quando houver um entrave a primeira 6

regra aplicada é a subjetiva, contudo, só pode aplicar quando as partes concorda com a sua aplicação. II- Objetiva: a interpretação é realizada coma ajuda de regras editadas pela lei, doutrina, ou jurisprudência. Classificação Bons Estudos!!! Adriana Aparecida Duarte 7