CÓDIGO CIVIL. O Código Civil é divido em duas partes: I. Parte geral: estuda a relação jurídica. Sujeitos: Pessoas naturais Pessoas jurídicas.
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- Lara Silva Canela
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1 CÓDIGO CIVIL O Código Civil é divido em duas partes: I. Parte geral: estuda a relação jurídica. Sujeitos: Objeto: Forma: Pessoas naturais Pessoas jurídicas Bens Negócio jurídico II. Parte Especial: 1. Obrigações 2. Empresa (não será objeto de estudo) 3. Direito das Coisas 4. Direito de Família 5. Direito das Sucessões 1. Pessoa natural: é o ser humano dotado de personalidade jurídica. O indivíduo ganha esse status quando adquire personalidade civil (aptidão genérica para contrair direitos e deveres) - art. 2º do CC/02: o início da personalidade se dá com o nascimento com vida (Resolução n. 1 de Conselho Nacional de Saúde - art. 29, item 6: é a expulsão ou extração completa do produto da concepção, havendo respiração e batimento cardíaco próprio). Dessa forma, não é necessária a forma humana. Se a criança nasce e morre na sequência devem ser lavrados dois registros (de nascimento e de óbito), caso contrário, será feito o registro único de natimorto (demonstra que a criança não adquiriu a plenitude da personalidade). Natimorto tem direito a nome, muito embora não tenha recebido a personalidade jurídica plena, em função do seu nascimento sem vida. Assim, a morte tem resquícios de personalidade jurídica. Ainda, em relação ao natimorto, é importante ressaltar o Enunciado n. 1 do Conselho da Justiça Federal - CJF 1 (órgão ligado ao STJ que, mediante jornadas de Direito Civil, elabora enunciados sobre posicionamentos doutrinários, não se confundindo com as súmulas oriundas do judiciário), o qual ressalta não ser necessário o corte do cordão umbilical para considerar o nascimento com vida (art. 53, 2º, Lei de Registros Públicos) Art. 2º: a proteção que o Código defere ao nascituro alcança o natimorto no que concerne aos direitos da personalidade, tais como nome, imagem e sepultura. 2 Art. 53. No caso de ter a criança nascido morta ou no de ter morrido na ocasião do parto, será, não obstante, feito o assento com os elementos que couberem e com remissão ao do óbito. 1º No caso de ter a criança nascido morta, será o registro feito no livro "C Auxiliar", com os elementos que couberem. 1
2 2. Nascituro Quanto ao nascituro (já foi concebido, mas não nasceu ainda), este já tem os direitos protegidos, desde a concepção. Quais são esses direitos? O nascituro tem ou não personalidade jurídica? Apresentam-se várias teorias, dentes elas destacam-se: I. Teoria Natalista: a personalidade jurídica começa somente com o nascimento com vida. Assim, o nascituro não tem personalidade. Porém, essa teoria não consegue explicar a situação do nascituro, promovendo a coisificação deste. Outra questão que a presente teoria não explica é a reprodução assistida. Nesse caso, o embrião teria personalidade jurídica? Para essa situação, apresenta-se a Lei de Biosegurança n /2005, que estabeleceu o regramento para descarte dos embriões que "sobram" do processo de fertilização, destinando-os para pesquisas com células-tronco, para desenvolvimento da vida humana. Em razão disso, foi proposta a ADI n. 3510/DF, objetivando a inconstitucionalidade do referido dispositivo legislativo. Esse tema deu ensejo à discussão sobre o início da vida humana. Esse julgamento demonstra que o embrião já possui vida humana e também autorizaou a lei de Biossegurança a utilizar os embriões para pesquisas com células-tronco. Em razão dessa constatação, essa teoria foi afastada. II. Teoria Concepcionista: a personalidade se inicia com a concepção. Em face disso, o nascituro já terá personalidade. A personalidade plena = personalidade formal (direitos da personalidade) + personalidade material (direitos patrimoniais). A personalidade formal é adquirida com a concepção, enquanto que a personalidade material é adquirida com o nascimento com vida, conforme o art. 2º do CC\02. Consoante o art. 542 do CC/02, é possível a doação ao nascituro, a qual é ineficaz, pois depende do nascimento com vida. No que tange ao embrião, a aludida teoria estende para este os direitos da personalidade formal, tanto o in vivo como o in vitro (criado para ser armazenado). 3. Capacidade Civil: subdivide- se em: I. Capacidade geral ou genérica: prática de qualquer ato da vida civil. (parte geral); II. Capacidade especial - legitimação: destina-se para a prática de certo e determinado ato. (parte especial): art capacidade testamentária ativa; único: podem testar os maiores de 16 anos (relativamente incapaz). Nesse caso, o legislador conferiu essa capacidade para o relativamente incapaz testar sem assistência. Ainda, divide-se em: a. capacidade de direito: é a medida jurídica da personalidade. É a que permite a pessoa participar das relações jurídicas (art. 1º do CC\02). Por exemplo: uma criança de três anos pode adquirir um bem, mediante representante legal, sendo parte da relação jurídica. Esta não pode ser recusada. É perdida com a morte. b. capacidade de fato: serve para a prática pessoal dos atos da vida civil. É concedida, consoante o art. 5º, caput, pela maioridade civil, ou seja, aos 18 anos de idade. É possível abreviar essa situação, pelo instituto da emancipação, o qual possibilita a aquisição da capacidade de fato antes da maioridade civil, ou seja, existe a figura do menor capaz (incidência do Estatuto da Criança e do Adolescente - ECA). 2º No caso de a criança morrer na ocasião do parto, tendo, entretanto, respirado, serão feitos os dois assentos, o de nascimento e o de óbito, com os elementos cabíveis e com remissões recíprocas. 2
3 Espécies de Emancipação: Voluntária: por ato dos pais, mediante escritura pública (Tabelionato de Notas). O art. 9º do CC/02 - necessidade de registro no 1º Cartório do Registro Civil do domicílio do emancipado. Idade mínima: 16 anos. Judicial: ocorre por sentença, no caso do pupilo - tutelado. Assim, o tutelado não é emancipado pelo seu tutor. Idade mínima: 16 anos. Legal: decorre da lei. Se houver um fato descrito na lei, a pessoa estará emancipada. São eles (incisos II a V do ú do artigo 5º do CC): Casamento, sem a idade mínima de 16 anos, conforme o art do CC/02, excepcionalmente, é possível, no caso de gravidez. A emancipação é um ato irrevogável. Todavia, somente haverá a sua revogação, na hipótese de casamento putativo; Exercício de emprego público efetivo (não pode ser temporário); Colação de grau no ensino superior; Economia própria por emprego ou estabelecimento comercial (condições de se sustentar); 4. Teoria das Incapacidades: I. Incapacidade absoluta (art. 3º) 3 : não tem vontade jurídica relevante. Deve ser representado, surgindo o instituto da representação, sob pena de ocorrer uma nulidade. Quem pratica o ato por ele é seu representante legal. Atualmente, são somente os menores de 16 anos. II. Incapacidade Relativa (art. 4º) 4 : o relativamente incapaz pratica o ato assistido pelo seu assistente, mediante o instituto da assistência, sob pena de ocorrer um ato anulável (sujeito a um prazo: 4 anos de quando cessar a incapacidade). Em relação ao índio não socializado, este é assistido pela FUNAI, sob pena de nulidade do ato em questão. Observa-se que não é necessário haver a interdição para constatar a incapacidade, basta tão somente o fato descrito na lei. A interdição serve para dar publicidade erga onmes, a qual deve ser registrada (art. 9º do CC/02) no 1º Cartório de Registro Civil de Pessoas Naturais do domicílio do interditado. Lei /2015 Estatuto da Pessoa com Deficiência: alterou o rol dos art. 3º e 4º do CC/02. Art. 2 : Iguala todos os deficientes: Art. 2 o Considera-se pessoa com deficiência aquela que tem impedimento de longo prazo de natureza física, mental, intelectual ou sensorial, o qual, em interação com uma ou mais barreiras, pode obstruir sua participação plena e efetiva na sociedade em igualdade de condições com as demais pessoas. 3 Art. 3 o São absolutamente incapazes de exercer pessoalmente os atos da vida civil os menores de 16 (dezesseis) anos. (Redação dada pela Lei nº , de 2015) (Vigência) I - (Revogado); (Redação dada pela Lei nº , de 2015) (Vigência) II - (Revogado); (Redação dada pela Lei nº , de 2015) (Vigência) III - (Revogado). (Redação dada pela Lei nº , de 2015) (Vigência) 4 Art. 4 o São incapazes, relativamente a certos atos ou à maneira de os exercer: (Redação dada pela Lei nº , de 2015) (Vigência) I - os maiores de dezesseis e menores de dezoito anos; II - os ébrios habituais, os viciados em tóxicos, e os que, por deficiência mental, tenham o discernimento reduzido; III - os excepcionais, sem desenvolvimento mental completo; II - os ébrios habituais e os viciados em tóxico; (Redação dada pela Lei nº , de 2015) (Vigência) III - aqueles que, por causa transitória ou permanente, não puderem exprimir sua vontade; (Redação dada pela Lei nº , de 2015) (Vigência) IV - os pródigos. Parágrafo único. A capacidade dos índios será regulada por legislação especial. Parágrafo único. A capacidade dos indígenas será regulada por legislação especial. (Redação dada pela Lei nº , de 2015) (Vigência) 3
4 1 o A avaliação da deficiência, quando necessária, será biopsicossocial, realizada por equipe multiprofissional e interdisciplinar e considerará: (Vigência) I - os impedimentos nas funções e nas estruturas do corpo; II - os fatores socioambientais, psicológicos e pessoais; III - a limitação no desempenho de atividades; e IV - a restrição de participação. 2 o O Poder Executivo criará instrumentos para avaliação da deficiência. Artigos 6º e 84 dão capacidade civil plena (a luz do art. 2º do Estatuto) aos deficientes: Art. 6 o A deficiência não afeta a plena capacidade civil da pessoa, inclusive para: I - casar-se e constituir união estável; II - exercer direitos sexuais e reprodutivos; III - exercer o direito de decidir sobre o número de filhos e de ter acesso a informações adequadas sobre reprodução e planejamento familiar; IV - conservar sua fertilidade, sendo vedada a esterilização compulsória; V - exercer o direito à família e à convivência familiar e comunitária; e VI - exercer o direito à guarda, à tutela, à curatela e à adoção, como adotante ou adotando, em igualdade de oportunidades com as demais pessoas. Art. 84. A pessoa com deficiência tem assegurado o direito ao exercício de sua capacidade legal em igualdade de condições com as demais pessoas. 1 o Quando necessário, a pessoa com deficiência será submetida à curatela, conforme a lei. 2 o É facultado à pessoa com deficiência a adoção de processo de tomada de decisão apoiada. 3 o A definição de curatela de pessoa com deficiência constitui medida protetiva extraordinária, proporcional às necessidades e às circunstâncias de cada caso, e durará o menor tempo possível. 4 o Os curadores são obrigados a prestar, anualmente, contas de sua administração ao juiz, apresentando o balanço do respectivo ano. A interdição passa a ser uma medida excepcional, em função do Estatuto. Surge o instituto da Tomada de Decisão Apoiada 5 : substitui o instituo da interdição. O deficiente (mental ou intelectual) escolhe duas pessoas de sua confiança e pede ao magistrado que essas pessoas sejam nomeadas como seus Apoiadores. O Apoiador somente atua quando solicitado pelo deficiente, ou seja, ele não representa, nem assiste ao deficiente. 5 Art A. A tomada de decisão apoiada é o processo pelo qual a pessoa com deficiência elege pelo menos 2 (duas) pessoas idôneas, com as quais mantenha vínculos e que gozem de sua confiança, para prestar-lhe apoio na tomada de decisão sobre atos da vida civil, fornecendo-lhes os elementos e informações necessários para que possa exercer sua capacidade. (Incluído pela Lei nº , de 2015) (Vigência) 1 o Para formular pedido de tomada de decisão apoiada, a pessoa com deficiência e os apoiadores devem apresentar termo em que constem os limites do apoio a ser oferecido e os compromissos dos apoiadores, inclusive o prazo de vigência do acordo e o respeito à vontade, aos direitos e aos interesses da pessoa que devem apoiar. (Incluído pela Lei nº , de 2015) (Vigência) 2 o O pedido de tomada de decisão apoiada será requerido pela pessoa a ser apoiada, com indicação expressa das pessoas aptas a prestarem o apoio previsto no caput deste artigo. (Incluído pela Lei nº , de 2015) (Vigência) 3 o Antes de se pronunciar sobre o pedido de tomada de decisão apoiada, o juiz, assistido por equipe multidisciplinar, após oitiva do Ministério Público, ouvirá pessoalmente o requerente e as pessoas que lhe prestarão apoio. (Incluído pela Lei nº , de 2015) (Vigência) 4 o A decisão tomada por pessoa apoiada terá validade e efeitos sobre terceiros, sem restrições, desde que esteja inserida nos limites do apoio acordado. (Incluído pela Lei nº , de 2015) (Vigência) 5 o Terceiro com quem a pessoa apoiada mantenha relação negocial pode solicitar que os apoiadores contra-assinem o contrato ou acordo, especificando, por escrito, sua função em relação ao apoiado. (Incluído pela Lei nº , de 2015) (Vigência) 6 o Em caso de negócio jurídico que possa trazer risco ou prejuízo relevante, havendo divergência de opiniões entre a pessoa apoiada e um dos apoiadores, deverá o juiz, ouvido o Ministério Público, decidir sobre a questão. (Incluído pela Lei nº , de 2015) (Vigência) 7 o Se o apoiador agir com negligência, exercer pressão indevida ou não adimplir as obrigações assumidas, poderá a pessoa apoiada ou qualquer pessoa apresentar denúncia ao Ministério Público ou ao juiz. (Incluído pela Lei nº , de 2015) (Vigência) 8 o Se procedente a denúncia, o juiz destituirá o apoiador e nomeará, ouvida a pessoa apoiada e se for de seu interesse, outra pessoa para prestação de apoio. (Incluído pela Lei nº , de 2015) (Vigência) 9 o A pessoa apoiada pode, a qualquer tempo, solicitar o término de acordo firmado em processo de tomada de decisão apoiada. (Incluído pela Lei nº , de 2015) (Vigência) 10. O apoiador pode solicitar ao juiz a exclusão de sua partcipação do processo de tomada de decisão apoiada, sendo seu desligamento condicionado à manifestação do juiz sobre a matéria. (Incluído pela Lei nº , de 2015) (Vigência) 11. Aplicam-se à tomada de decisão apoiada, no que couber, as disposições referentes à prestação de contas na curatela. (Incluído pela Lei nº , de 2015) (Vigência) 4
5 Em função do advento do Estatuto dos Deficientes, como fica a situação das pessoas que já foram interditadas? Numa posição mais conservadora, entende-se que o Estatuto não pode romper com a coisa julgada, o ato jurídico perfeito e a coisa julgada. Assim, deve-se conservar as interdições, até então realizadas. 5. Domicílio Residência: é um conceito fático, pois não está previsto em lei. É verificada no local em que a pessoa é encontrada. Domicilio: é um conceito jurídico, estando previsto no art. 70 do CC/02. Domicílio = residência + ânimo definitivo (preceito legal indeterminado: é subjetivo) É o local onde a pessoa realiza a maioria de suas relações jurídicas obrigacionais dentro de uma determinada circunscrição municipal. Ser dono de um imóvel confere ânimo definitivo. O art. 71 do CC autoriza a pluralidade de domicílios. Ainda, o art. 72 trata do domicílio profissional - local onde as atividades profissionais são exercidas. O art. 73 fala sobre as pessoas que não têm residência habitual, sendo considerada onde for localizada. Espécies de domicílio: I. Domicílio voluntário: é aquele escolhido voluntariamente pelo sujeito. II. Domicílio necessário (legal): é aquele imposto pela lei. Exemplos: Do incapaz: é o domicílio de seu representante ou assistente; Do servidor público: é o local em que este exerce permanentemente as suas funções; Do militar: é o local onde ele servir, mas, sendo da aeronáutica ou marinha será a sede do comando a que se encontrar subordinado; Do marítimo: é o do local em que o navio está matriculado; Do preso: é o local em que ele cumpre sentença. Obs.: o preso temporário ou provisório não tem domicílio necessário, já que estes não estão cumprindo sentença. III. Domicílio de eleição (art. 78 do CC): pode ser fixado por contrato. 5
I (revogado); II (revogado); III (revogado)...
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