Programa de TV Questões da Amazônia 1

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Transcrição:

Programa de TV Questões da Amazônia 1 Alessandro Vasconcelos BANDEIRA 2 Kamila Vasconcelos MENDES 3 Allan Soljenítsin Barreto RODRIGUES 4 Faculdade Boas Novas (FBN) Resumo O programa de televisão Questões da Amazônia foi concebido para se tornar uma espaço privilegiado para as discussões em torno dos problemas, desafios e ameaças ao desenvolvimento sustentado da Região Amazônica. O formato do programa consiste em entrevistas com pessoas que possam esclarecer, diagnosticar e analisar temas como a meio ambiente, a questão indígena, os problemas enfrentados pelas cidades amazônicas, identidade e cultura regional e outros que estão postos para a sociedade e cujo debate em um veículo de comunicação tão importante na região, como a televisão, pode contribuir para o esclarecimento das pessoas e permitir que estas tomem decisões esclarecidas. PALAVRAS-CHAVE: Telejornalismo; Amazônia; Desenvolvimento sustentável; Meio Ambiente; 1 Trabalho submetido ao XVI Prêmio Expocom 2009, na Categoria Jornalismo, modalidade Programa Laboratorial de telejornalismo (conjunto/série). 2 Aluno líder do grupo e estudante do 3º. Semestre do Curso de Comunicação Social, email: a12bandeira@hotmail.com 3 Estudante do 7º. Semestre do Curso de Comunicação Social, email: kmilahmends@yahoo.com.br 4 Professor Orientador do Trabalho email: allan_soljenitsin@yahoo.com.br 1

1 Introdução Intercom Sociedade Brasileira de Estudos Interdisciplinares da Comunicação Desde o seu nascimento, a televisão sempre teve uma missão educativa. O desejo de utilizar a radiodifusão para a formação das pessoas esteve muito presente, pois a primeira emissora de rádio no Brasil nasceu dentro da Academia Brasileira de Ciências, por iniciativa de Roquete Pinto e Henri Moritze, nos idos de 1923, para levar educação e cultura ao povo brasileiro. Na TV, os chamados programas jornalísticos com propostas educativas começam a ganhar espaço no Brasil a partir da década de 70 com o nascimento do Globo Ciência, veiculado pela Rede Globo de Televisão. O programa abriu espaço para a ciência de forma mais sistemática na televisão e, timidamente, começamos a ver uma razoável quantidade dos chamados programas de divulgação científica. O crescimento do número desse tipo de programa, ao longo dos anos, acentuou-se no período que antecedeu a Conferência das Nações Unidas para Meio Ambiente e Desenvolvimento (ECO-92). O jornalismo ambiental, uma das correntes do jornalismo científico, despertou cada vez mais interesse de pessoas no mundo inteiro na medida em que os problemas ambientais passaram a ocupar mais tempo nos telejornais. Durante e após a ECO-92 as emissoras de TV, abertas e por cabo, descobriram uma grande parcela de telespectadores interessados em ciência, e logo trataram de veicular programas voltados para esse nicho de mercado (SANTILLI, 2005). Nesta mesma época, revistas especializadas em divulgação de ciência, como Discovery Magazine, National Geografic e outras, passaram a ter suas versões televisivas. A experiência do Discorvery Channel e do National Geografic Channel, ambos na TV por cabo, além de ampliar o público consumidor de ciência, demonstrou o grande equívoco de alguns pesquisadores de classificar a televisão como espaço inadequado para a divulgação científica. Os receios de alguns setores da comunidade científica em relação à TV devem-se ao fato de algumas emissoras realizarem um jornalismo que procura os fatos mais sensacionais para ocuparem os grandes noticiários, valendo também esta lógica, muitas vezes, para ao jornalismo científico (ERBOLATO, 2003). Daí porque cientistas terem a tendência de se esquivar da questão argumentando ser a mídia, em especial a televisão, espaço inadequado para a divulgação dos fatos ligados ao mundo da ciência. Os documentários premiados do Discovery, da National Geografic e de programas brasileiros como o Repórter Eco, da TV Cultura, mostram o erro em associar de forma direta e linear o meio com o uso mais freqüente que se está fazendo dele (SIQUEIRA, 1999). 2

O crescimento do público interessado em ciência na televisão no Brasil pode ser demonstrado também pela existência, além das emissoras educativas espalhadas em praticamente todos os Estados, de dois canais exclusivos para a educação: o TV Escola (MEC) e o Canal Futura (Fundação Roberto Marinho). Esses dois canais dedicam grande parte de sua programação a divulgação científica das mais variadas áreas do conhecimento e já comemoram índices de audiência competitivos no disputado cenário da concorrência televisiva. A importância da televisão como veículo difusor de conhecimento torna-se ainda maior se levarmos em consideração que no Brasil ela assume a condição de única via de acesso às notícias para a classe baixa (REZENDE, 2000). As razões para isso são: a concentração de renda, o monopólio das emissoras, o baixo nível educacional da população, o regime militar e a homogeinização. A estreita relação entre as classes baixas e a TV está diretamente relacionada ao predomínio da oralidade sobre a escrita nas reportagens, o que não exige aos telespectadores, por exemplo, que estes sejam alfabetizados para compreender as mensagens. O quadro não é diferente nas áreas periféricas de Manaus ou em comunidades ribeirinhas da Amazônia, ou seja, a TV figura como principal fonte de informações. Tendo em vista o que foi apresentado acima, a televisão apresenta-se como um poderoso veículo de difusão do conhecimento em uma região marcada pelas grandes distâncias geográficas e graves dificuldades no ensino formal, como a Amazônia. Por meio do telejornalismo, é possível esclarecer os moradores das áreas urbanas e rurais sobre os problemas, os desafios e as ameaças ao desenvolvimento sustentável da região e também dar-lhes conhecimento dos avanços científicos que podem melhorar suas vidas (BUENO, 1984). Outra vertente dos resultados da difusão do conhecimento através da TV é a possibilidade de atores sociais como as populações caboclo-ribeirinhas de acompanhar questões políticas nacionais e internacionais importantes, viabilizando a tomada de posição em questões, por exemplo, como a legislação brasileira referente à bio-segurança, projeto de concessão de florestas públicas na Amazônia e a política nacional de meio ambiente. Os argumentos expostos até aqui nos levam a conclusão que a televisão apresenta-se como um veículo eficiente para o debate das questões da Amazônia. Em razão disso, escolhemos esse veículo para a difusão de debates a cerca dos desafios, problemas e ameaças para o desenvolvimento da região no Programa Questões da Amazônia. Partindo do pressuposto de que a função do jornalismo é dar as pessoas informações para elas possam de autogovernar (MELO, 2006), o programa Questões da Amazônia pretende levar 3

a população debates a cerca dos problemas da região e permitir um maior esclarecimento a cerca deles. 2 Objetivo O Programa Questões da Amazônia tem como principais objetivos: 1. Promover o debate sobre os desafios, problemas e ameaças ao desenvolvimento sustentável da região amazônica; 2. Dar aos ouvintes condições para se informarem a cerca principais questões referentes ao desenvolvimento da região com fins de que eles possam tomar decisões esclarecidas. 3 Justificativa Um dos maiores problemas, se não o maior, a ser enfrentando pela sociedade reside na busca da conciliação da preservação do meio ambiente e a sustentabilidade das comunidades tradicionais da Amazônia. Para fazer frente a essa tarefa, organizações governamentais e não-governamentais têm investido tempo e dinheiro na busca de um modelo de desenvolvimento realmente sustentável para os povos da floresta. O jornalismo e os jornalistas também não poderiam deixar de dar a sua contribuição nesta empreitada. Faz parte da função social do jornalismo dar condições para que as pessoas possam se autogovernar por meio da democratização das informações necessárias no processo decisório esclarecido. O Programa Questões da Amazônia foi idealizado e executado partindo das seguintes premissas: a necessidade de engajamento da sociedade na busca de modelos sustentáveis para a Amazônia; a função social do jornalismo de informar as pessoas para que estas possam formar opinião e tomar decisões esclarecidas; e o potencial educacional da comunicação. Em relação a primeira premissa, inúmeros autores e fatos poderiam ser citados para embasar tal preocupação, no entanto, por se tratar de uma temática complexa aqui faremos uma exposição de cunho ilustrativo. Batista (2007), já destacava em seu livro O Complexo da Amazônia, produzido no século passado, que para se obter a imagem completa da natureza de um ecossistema é preciso saber como ele funciona (BATISTA, 2007, p. 145). No tocante a segunda premissa, Freyre (1987), outro importante intelectual brasileiro, segue caminho parecido em sua obra Homens, engenharias e rumos sociais, 4

mas destaca o papel dos meios de comunicação no processo de disseminação de conhecimentos necessários para haver mudanças na relação do homem com o meio ambiente na região amazônica: O rádio, a televisão, o cinema deverão desempenhar um papel nada insignificante na educação de agricultores de um novo tipo assim como é evidente noutros tipos de educação do brasileiro amazônico (FREYRE, 1987, p.143). Quanto ao papel educacional do jornalismo no esclarecimento da sociedade, Medina (1998), considera que ele (jornalismo) como forma social de conhecimento apreende sua responsabilidade diante da sociedade. É uma atribuição social à sua função de produtor e reprodutor de conhecimento com vistas à conscientização, educação e transmissão de informações de interesse difuso em linguagem acessível à população. A responsabilidade social do jornalismo tem suas premissas na Escola de Chicago, por seus teóricos considerarem a comunicação como mediadora de processos que promovem a cidadania e a democracia. A proposta do programa, portanto, se ampara na possibilidade do jornalismo se impor como mediador entre a atualidade do mundo e os indivíduos, por meio de seu caráter dinâmico, singular e universal, sem pretensão de produzir conhecimento, tal qual a ciência, mas com a intenção de relacionar este conhecimento com a realidade, que se vê uma função social da profissão. 4 Métodos e Técnicas Utilizados O Programa Questões da Amazônia surgiu no âmbito da disciplina de mesmo nome que compõe a estrutura curricular do Curso de Comunicação Social da Faculdade Boas Novas (FBN). Está previsto em sua ementa o estudo da história social e cultural do Amazonas; a importância da Amazônia no contexto nacional e mundial; culturas, povos e línguas da Amazônia; os ribeirinhos; os modelos históricos de desenvolvimento econômico; questões atuais: educação, política, economia, ocupação e meio ambiente; a política de desenvolvimento sustentável da Amazônia; a biodiversidade da Amazônia; e desafios e perspectivas. Como proposta metodológica, discutida e aprovada pelos alunos, após a discussão em sala de aula dos tópicos previstos na ementa, seriam produzidos uma séria de 10 programas de rádio e TV com vistas a atender ao último item citado na ementa: desafio e perspectivas. Os temas escolhidos para os programas de rádio e TV foram definidos com base nos principais problemas, desafios e ameaças ao processo de desenvolvimento da região. Os temas escolhidos foram: questão ambiental; questão indígena; desenvolvimento regional; e cidades na selva. Para cada temática foram produzidas três entrevistas, sendo cinco delas 5

produzidas para o formato radiofônico e as outras cinco para o formato televisivo. Trataremos aqui apenas dos programas produzidos para a televisão. As entrevistas realizadas versaram sobre: combate ao desmatamento na Amazônia, índios urbanos, problemas dos índios na Amazônia, mudanças climáticas e ameaças ao modelos Zona Franca de Manaus (ZFM). Os entrevistados foram selecionados tendo como critério suas experiências profissionais, formação acadêmica, cargo público ou liderança de entidade de classe e notório saber sobre o tema abordado. O tipo do programa segue o que é preconizado por Barbeiro (2002) no tocante aos programas de entrevista no TV. De acordo com o autor, este modelo representa parcela significativa da programação das emissoras dedicadas ao jornalismo. Nele, é fundamental a figura do apresentador que conduz as entrevistas, chama repórteres (não é o caso do Questões da Amazônia) e, quando necessário, emite opiniões. No entanto, a interpelação de protagonista dos fatos ou de analista ocupa a maior parte da emissão (FERRARETO, 2001, p. 56). Quanto ao formato escolhido, trata-se do Educativo-Cultural, pois, de acordo ainda com o mesmo autor supracitado, o programa está voltado a uma programação que pretende formar o ouvinte, ampliando seus horizontes educativos e culturais. Em relação ao tipo de entrevista realizada no programa, as mesmas são classificadas como de opinião. Isso porque colhe o ponto de vista do entrevistado sobre um assunto. Neste caso, a relevância da fonte determina, em parte, a qualidade e a credibilidade das declarações (FERRARETO, 2001, p.272). As fases de produção das entrevistas envolveram contatos planejados com os entrevistados. Os apresentadores prepararam-se para elas e seguiram um roteiro de perguntas previamente discutidas em sala de aula, no entanto, houve espaço para o improviso, dependendo do tempo disponível e da interação com o entrevistado. A preparação para as entrevistas, como citado acima, ocorreu em sala de aulas durante as discussões dos conteúdos previstos na ementa da disciplina Questões da Amazônia. A escolha do formato de programa de entrevistas deu-se pelo motivo do mesmo transmitir o que o jornalismo impresso nem sempre consegue: a exposição da intimidade do entrevistado e a possibilidade do aprofundamento dos temas (BARBEIRO, 2002). A meta do programa foi realizar boas entrevistas no sentido das mesmas revelarem conhecimentos, esclarecerem fatos e marcarem opiniões (Ib idem). As entrevistas foram gravadas nos estúdios da Rede Boas Novas (RBN), pertencente ao mesmo grupo da FBN e onde são realizadas as atividades laboratoriais. A técnica utilizada foi a de câmeras cruzadas, ou seja, entrevistador e entrevistado sentam-se de frente 6

para as câmeras (duas, uma para cada) com as cadeiras formando ângulos retos (WATTS, 1990). As câmeras então trabalharam cruzadas, isto é, cada uma sobre uma pessoa mais distante, te tal forma que os campos que cada câmera cobre parecem cruzados (daí o nome da técnica). O plano de enquadramento do entrevistador e do entrevistado escolhido foi o médio. Após a etapa de gravação, o material passou por uma fase de tratamento da informação em que os trechos mais significativos foram selecionados e montados em uma seqüência lógica, sem comprometer o teor dos depoimentos. A produção de vinhetas de abertura e encerramento, bem como trilha sonora também fizeram parte do processo de edição do programa. Vencidas as etapas descritas acima, os programas foram levadas ao ar aos sábados de 7h ás 7h30 aproximadamente. 5 Descrição do Produto ou Processo O programa Questões da Amazônia apresenta uma entrevista em profundidade com duração máxima de 20 minutos e mínima de 15 minutos. Os temas abordados dizem respeito aos desafios, problemas e ameaças ao desenvolvimento sustentável da região amazônica. Em cada programa, um(a) apresentador(a) entrevista um especialista, representante de classe ou ocupante de cargo público a respeito de um assunto relacionado aos objetivos do programa. A linguagem utilizada é sempre a mais acessível possível, uma vez que o público da RBN é heterogêneo. 6 Considerações Tomando como ponto de partida a idéia do jornalismo como mediador do conhecimento, o Programa de Rádio Questões da Amazônia encaixa-se perfeitamente no tema do XXXII Congresso Brasileiro de Ciências da Comunicação. Freire (1980) afirma em seu livro Educação como Prática da Liberdade que o homem relaciona-se a todo o tempo com os outros homens e a natureza, sobretudo com o contexto em que se inserem as partes como a história e a cultura. É esta relação que permite integrar o homem na sociedade, e não somente estar em contato com a mesma. Ao passo em que considera a relação como forma de inserção do homem na sociedade, o autor pensa uma Pedagogia da Comunicação, que objetiva o diálogo para a compreensão do mundo pelo ser humano. Logo, o diálogo entre a educação e o homem é o que define a comunicação. Assim, a promoção de debates a cerca dos problemas, desafios e ameaças ao desenvolvimento sustentável da Região Amazônia pode ser compreendida como um processo educacional já 7

que se constitui de conhecimento sistematizado e possui potencial de transmissão para aprendizagem. Referências Bibliográficas BATISTA, Djalma. O complexo da Amazônia análise do processo de desenvolvimento. 2ª Ed. Manaus: Editora Valer, Edua e Inpa, 2007. BARBEIRO, Heródoto; LIMA, Paulo Rodolfo. Manual de Telejornalismo: os segredos da notícia na TV. Rio de Janeiro: Elsevier, 2002. FERRARETO, Luiz Antônio. Rádio: o veículo, a história e a técnica. Porto Alegre: Editora Sagra Luzzato, 2001. FREIRE, Paulo. Educação como prática da liberdade. 10ª ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1980. FREYRE, Gilberto. Homens, engenharias e rumos sociais. Rio de Janeiro: Record, 1987. MEDINA, Cremilda. Notícia, um produto à venda: Jornalismo na Sociedade Urbana e Industrial. 4ª ed. São Paulo: Summus, 1998. MELO, José Marques. Teoria do Jornalismo: Identidades Brasileiras. São Paulo: Paulus, 2006. BUENO, Wilson da Costa. Jornalismo Científico no Brasil: os compromissos de uma prática dependente. São Paulo: USP, 1984. Dissertação (Doutorado em Comunicação e Artes), Escola de Comunicação e Artes, Universidade de São Paulo, 1984. ERBOLATO, L. Mário. Técnicas e Codificação em Jornalismo. 5ª edição. São Paulo: Editora Ática, 2003. REZENDE, Guilherme Jorge de. Telejornalismo no Brasil: um perfil editorial. São Paulo: Summus, 2000. SIQUEIRA, Denise da Costa. A Ciência na Televisão: Mito, Ritual e Espetáculo. São Paulo: Ammablume, 1999. SANTILLI, Juliana. Socioambientalismo e novos direitos. São Paulo: Petrópolis, 2005. WATTS, Harris. On Camera: curso de produção de vídeo da BBC. São Paulo: Summus, 1990. 8