Palavras-chave: luta. mulheres. extensão. roda de conversa. feminismo.

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RODA DE CONVERSA SOBRE FEMINISMO: VIVÊNCIAS NA LOCALIDADE DE ARERÉ - BARREIRA Anna Erika Rocha Faustino 1, Maria Valdelia Carlos Chagas de Freitas 2, Eduardo Gomes Machado 3 Resumo: O Curso: Fortalecimento político das mulheres para garantir e ampliar os direitos, promover a igualdade no mundo do trabalho e autonomia econômica é uma iniciativa do projeto de Extensão Diálogos Urbanos e do Sindicato dos Servidores Públicos Municipais de Barreira e Acarape SINSEMBA, e tem como objetivo a formação política de mulheres que são trabalhadoras e lideranças populares em várias áreas de atuação. O curso ocorre no município de Barreira, Maciço de Baturité, e está configurado em forma de módulos, com palestras de convidadas que detêm amplas experiências e conhecimentos sobre os temas abordados, e são pesquisadoras e/ou lideranças nas áreas das lutas de mulheres e do feminismo, e rodas de conversa, mediadas por estudantes da Unilab que trabalham temas previamente definidos. O curso articula as referências conceituais da pesquisa-ação e da educação popular. A roda de conversa na localidade de Areré I evidenciou que muitas mulheres participantes vivem em relacionamentos abusivos ou já passaram por situações de desigualdade de gênero. Ao final da roda foi produzido um mural com palavras positivas, como meio de empoderar as mulheres presentes e fortalecer suas lutas, e palavras negativas, sobre o tema abordado na roda de conversa. Conclui-se que o curso é um espaço de formação extremamente importante para a luta das mulheres, por ser um espaço em que há a formação conceitual e política destas mulheres e por constituir instâncias de escuta, solidariedade e constituição de vínculos interpessoais e processos de mobilização social e enfrentamento coletivo dos problemas e questões identificadas e vivenciadas. As rodas de conversa alcançam um público que vai além das mulheres cursistas, difícil de ser alcançado pelo fato de serem mulheres que não somente não acessam facilmente a universidade, como também, em alguns casos, estão distantes das entidades e movimentos da sociedade civil organizada. Palavras-chave: luta. mulheres. extensão. roda de conversa. feminismo. INTRODUÇÃO O Curso de Extensão: Fortalecimento político das mulheres para garantir e ampliar os direitos, promover a igualdade no mundo do trabalho e autonomia econômica é uma iniciativa conjunta entre o Projeto de Extensão Diálogos Urbanos: direito a cidade, espaços e esferas públicas urbanas no Maciço de Baturité, Ceará, o Sindicato dos Servidores Públicos Municipais de Barreira e Acarape SINSEMBA, e o Instituto Bárbara de Alencar, a 1 Humanidades e Letras, Bolsista PIBIC, e-mail: erikaanna@hotmail.com 2 Humanidades e Letras, e-mail: valdelia_chagas@hotmail.com 3 Humanidades e Letras, Coordenador do Curso de Sociologia, e-mail: eduardomachado@unilab.edu.br

partir da necessidade de formar as mulheres politicamente, fortalecer as lutas pela garantia e ampliação de direitos, promover a igualdade de gênero no mundo do trabalho, e pela necessidade de levar a universidade para além de seus muros, dando maiores subsídios para uma melhor formação dos estudantes envolvidos. Aliando extensão universitária, ensino e pesquisa, o Curso visa a formação política das mulheres selecionadas, denominadas cursistas, e o aprofundamento e ressignificação de questões, temas e experiências vividas, promovendo a mobilização social, a constituição de vínculos sociais e a coletivização de ações, pautando a organização e melhor atuação das mulheres nos espaços em que vivem, trabalham e atuam. METODOLOGIA O curso ocorre no município de Barreira, no Ceará, e foi configurado na forma de módulos e rodas de conversa. Os módulos ocorrem em um sábado de cada mês, organizados em três momentos. O primeiro deles que ocorre na parte da manhã é caracterizado em formato de palestras em que são convidadas mulheres acadêmicas, sindicalistas, lideranças políticas, representantes de entidades populares e movimentos sociais ou gestoras públicas, que discorrem sobre um tema previamente definido. No segundo momento, no período da tarde, são realizadas oficinas, abrindo espaço para maiores reflexões sobre os temas abordados pelas palestrantes, e constituindo espaços de escuta e reflexão coletiva. Por fim é dedicado um tempo para organização e atuação nas rodas de conversa que se seguirão. As rodas de conversa ocorrem uma vez por mês, em cinco territórios: Arerê, Centro, Córrego, Lagoa do Barro e Lagoa Grande, mobilizando, além das cursistas, outras mulheres, de todas as idades. Nas rodas de conversa, as ações ocorrem em torno de temas e palavras geradoras, definidas pelas cursistas e mediadoras, que tem um papel fundamental nesse processo de educação popular. Os temas e palavras geradoras permitem que sejam socializados e apropriados conceitos teóricos e relatos de experiências das mulheres das localidades. As mediadoras, discentes da Unilab que assumem o papel de formadoras, buscam, através dessa experiência educacional, trabalhar uma, [...] concepção problematizadora da realidade social, que valorize as articulações entre educação, pesquisa e conhecimento. Assim a educação popular evidencia-se enquanto uma pedagogia da pesquisa, envolvendo apropriação de referências conceituais, investigação e produção, difusão, apropriação e aplicação de novos conhecimentos. (MACHADO, 2017, p.106.)

Foram convidadas para participar do curso seis mediadoras, estudantes dos cursos da área de Humanidades, que já tinham contato com o Diálogos Urbanos e que tinham afinidade e vivência com a organização e luta das mulheres por direitos e com os temas a serem abordados no curso. Estas mediadoras participam da formação que ocorre nos módulos e posteriormente atuam nas rodas de conversa. Para participar do curso foram indicadas 40 mulheres, filiadas ao sindicato, representantes das mais diversas categorias trabalhistas das cidades de Barreira e Acarape. A metodologia do Curso busca envolver educação popular e pesquisa-ação. A pesquisa ação articula investigação e ação, de modo que as mediadoras devem conhecer e estudar uma dada situação social e agir. A Educação Popular baseada em Paulo Freire é um referencial metodológico bastante utilizado no curso. Com relação as rodas de conversa, o tema, a data e o horário são definidos entre as cursistas e a mediadora responsável pela localidade. As cursistas de cada localidade ficam responsáveis por convidar as mulheres da região, organizam espaço, material a ser utilizado e lanche. As mediadoras fazem estudo de material, indicado pelos professores orientadores do curso, sobre educação popular baseado no método de Paulo Freire e sobre o tema a ser tratado naquela roda de conversa. A primeira roda de conversa realizada na localidade de Areré teve como tema Carga Mental e a desigualdade no mundo do trabalho. E como metodologia: apresentação do curso, sua justificativa e objetivo, posteriormente uma apresentação de todas as mulheres presentes e em seguida exibição do vídeo intitulado: Era só pedir. Logo após a exibição, as mulheres iniciaram uma discussão sobre o vídeo, as mediadoras utilizaram algumas palavras geradoras para que o debate fosse adiante, tais como: Mãe, Mulher, Trabalho, Amor, Marido, Violência, Política, Filhos, Feminismo, Empoderamento e Solidariedade. Nesse momento partiu-se do princípio de fugir da educação bancária, onde as mediadoras fornecem conceitos e o agente externo apenas escuta, objetivava-se acima de tudo ouvir as experiências, para posteriormente confronta-las com os conceituais teóricos apropriados. Após o relato de todas as mulheres presentes, uma das mediadoras explicou sucintamente alguns conceitos abordados na roda de conversa, como feminismo, sororidade e tipos de violência contra a mulher. Por fim foi feito um mural com palavras positivas e negativas sobre o tema abordado.

RESULTADOS E DISCUSSÃO Durante a discussão sobre a carga mental na roda de conversa de Areré I as mulheres além de reconhecerem que se identificavam com o vídeo informavam que haviam diversas mulheres em uma situação mais complicada que a delas, em que o marido não deixa a mulher ter contato com os familiares e que se estas mulheres desobedecessem seus conjugues acabariam sofrendo violência física. Dentre os relatos sobre violência uma das mulheres apresentou o relato da vida dela sobre desigualdade de gênero no mundo do trabalho, em que após várias tentativas de trabalhar no serviço interno, em que só trabalhavam homens, de uma empresa de ônibus ela teve a chance de trabalhar no cargo que antes era destinado aos homens e que atualmente a empresa já emprega outras mulheres a partir da experiência dela. Ao final da roda de conversa foi construído um mural com palavras negativas de um lado e palavras positivas do outro, esta produção foi de suma importância para que as mulheres pudessem enxergar que comportamentos como ciúmes excessivo, desconfiança, machismo e submissão são comportamentos que acabaram se banalizando em nossa sociedade, mas que não devem ser continuados. Com relação às palavras positivas foram utilizadas como forma de simbolizar os conceitos abordados e como forma de empoderar as mulheres participantes. CONCLUSÕES Os relatos reforçam a importância da luta feminista, que tem como objetivo a igualdade de direitos, durante a roda de conversa podemos observar que para a maioria das mulheres não há o reconhecimento de que a violência psicológica seja tão grave quanto a violência física, já que esta ao invés de deixar marcas na pele, deixa marcas que muitas das vezes não podem ser reconhecidas facilmente. Na maioria das vezes a mulher é vítima de violência e nem percebe, pois aquilo já faz parte do seu cotidiano e é visto de forma naturalizada, no decorrer das exposições dos conceitos abordados as mulheres iam se reconhecendo como personagens daquela história. Também foi evidenciado que algumas mulheres se reconhecem como vítimas, mas que muitas das vezes não sabem como intervir para tentar resolver determinadas situações por acreditarem que estão sozinhas.

O curso de formação de mulheres tem uma grande missão a cumprir por ser um espaço em que há a formação conceitual e política destas mulheres e as rodas de conversa são um espaço extremamente importante por fazer com que a universidade chegue a locais que por muitas vezes a academia não alcança, pois neste caso temos um público-alvo que são donas de casa que não teriam a oportunidade de contato com o espaço físico da universidade. Mais uma vez se consolida o saber fazer do tripé fundamental da academia que é o ensino a pesquisa e extensão. AGRADECIMENTOS Agradecemos ao Projeto Diálogos Urbanos, na pessoa do professor Eduardo Gomes Machado que com paciência e dedicação nos apresentou as maravilhas que a extensão pode nos proporcionar, nos fazendo entender a importância de sair dos muros da universidade levando um pouco do conhecimento obtido nesse espaço e trazendo muito da sabedoria popular para a academia. Agradecemos também a parceria com o SINSEMBA e a Unilab pela oportunidade de participação no projeto de extensão e pelo crescimento acadêmico obtido. REFERÊNCIAS MACHADO, Eduardo Gomes. Desafios da intervenção acadêmica no planejamento urbano: diálogos sociológicos com a educação popular em paulo freire. In Paulo Freire: construindo pontes. No prelo. MACHADO, Eduardo Gomes. DIÁLOGOS URBANOS, DIREITO A CIDADE E ESFERAS PÚBLICAS URBANAS: UMA EXPERIÊNCIA DE EXTENSÃO UNIVERSITÁRIA NO MACIÇO DE BATURITÉ, CEARÁ, BRASIL. In Ensino, pesquisa e extensão na Unilab: caminhos e perspectivas. No prelo. et all. Diálogos Urbanos: direito a cidade, espaços e esferas públicas urbanas no Maciço de Baturité, Ceará. Redenção, CE: Digitado, 2016. MIRANDA FILHO, Vamberto Ferreira; MURICY, Jalícia Lima Santos. Mulheres na História da Capoeira: contribuição ao necessário debate sobre mulheres nas lutas sociais. UNIVERSIDADE E SOCIEDADE: Mulheres em movimento nas lutas sociais e sindicais v. 13, n. 58, p. 42 47. 2016. Disponível em: http://www.andes.org.br/imprensa/publicacoes/imp-pub- 327852328.pdf BRASIL. Lei Maria da Penha. Lei Nº 11.340, de 7 de Agosto de 2006. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2004-2006/2006/lei/l11340.htm. Acessado em: 15/07/2017.